a partir de maio 2011

sábado, 6 de abril de 2013

Abraham Lincoln, Victor Hugo e a conspiração do silêncio


Dois relevantes personagens da História com registros de atividades de comunicação com os Espíritos.
 •  Sonia Theodoro da Silva
Os filmes Lincoln, parte da biografia do famoso presidente norte-americano e Os Miseráveis, musical extraído do romance best-seller de Victor Hugo, retratam momentos históricos de grande importância para as nações envolvidas: Estados Unidos e França. 
Ambos concorreram ao Oscar 2013 e a outros diversos prêmios que antecedem ao primeiro, porém, é evidente que estão atraindo multidões ao cinema; sem nos prendermos aos comentários dos críticos especializados vamos direto ao ponto: Abraham Lincoln, que viveu entre 1809 e 1865, portanto contemporâneo de Allan Kardec, e Victor Hugo (1802-1885), que era médium e igualmente contemporâneo ao lançamento de O Livro dos Espíritos (1857); sem dúvida alguma, também deve ter tomado conhecimento dos fenômenos que ocorreram em Hydesville (1848). Os fenômenos que ocorriam consigo davam-lhe a certeza de que “acreditava-se o instrumento de uma Inteligência situada para além de sua compreensão pessoal. Por esse motivo nunca se perturbou e caminhou com serenidade e tristeza para o seu sacrifício final, sem nenhuma preocupação em ocultar as suas tendências para a pesquisa psíquica, suas premonições, sonhos, visões, suas experiências em sessões de comunicação mediúnica, seus diálogos com os desencarnados e sua – até certo ponto discômoda – faculdade de intuitivo.” (Rodrigues, 1967) 
O livro Was Abraham Lincoln a Spiritualist?, de Nettie Colburn Maynard, foi traduzido pelo escritor brasileiro Wallace L. Rodrigues1 e é um manancial de revelações acerca da vida do Presidente norte-americano, que, em meio a dramas pessoais, ao enfrentamento de uma guerra civil que priorizava a separação dos Estados do sul e do norte, com a morte, ao seu final, de quase 40.000 soldados, além de outros tantos civis (veja-se A Guerra Civil Americana, excelente documentário exibido pela TV Univesp) e que tinha como motivo a escravidão nefanda dos negros nas fazendas sulinas, ainda teve forças para libertá-los, através da Emenda Constitucional no 13. 
A emenda no 13 é de 1865 e determinou a abolição da escravidão. A emenda no 15 é de 1870 e estendeu o direito de voto para ex-escravos2, portanto, de nada adiantando os protestos e as conspirações que acabaram por levar ao assassinato do presidente. 
Mas, infelizmente, o que o filme não relata – nem sequer cita – é o fato de que Lincoln realmente realizava sessões mediúnicas na Casa Branca, onde buscava, junto aos Espíritos, aconselhar-se quanto aos destinos do país que jurara manter unido e em Paz. Após a sua morte (por ele prevista em sonho), sua esposa continuou os contatos com os Espíritos, sendo fotografada por um precursor da fotografia espírita de nome Mumler, com o Espírito do marido ao seu lado, sendo que o próprio fotógrafo desconhecia a identidade da Sra. Lincoln. 
O livro de Maynard, traduzido sob o título Sessões Espíritas na Casa Branca e que também traz os testemunhos verbais e documentais de contemporâneos e pesquisadores da época e posteriores, é um atestado cabal da interferência dos Espíritos Superiores – interferência necessária à época – para que a grande nação não sucumbisse ante o ódio sectarista que sempre ameaçou os seus alicerces, e que se estende até os dias atuais. 
Victor Hugo dispensa apresentações. Sua personalidade poderia ser definida hoje como pacifista e ativista de direitos humanos, da defesa dos oprimidos, e da liberdade democrática – a legítima e tão distante liberdade democrática em nossos dias. Defensor da abolição da pena de morte em seu país, traça em Os Miseráveis vários aspectos de seu tempo: a miséria moral e material reinante nas camadas sociais mais desprovidas e abandonadas pelos governos e a assistência social praticamente limitada e quase inexistente, a crueldade reinante nas instituições penais3, bem como nas demais instituições, sem mencionar a sua inadequação, o que levava o prof. Rivail, futuro Allan Kardec, seu contemporâneo, a buscar alternativas na Educação, além do sempre presente, intenso e escravizante preconceito contra a mulher. 
Victor Hugo, durante o seu exílio4, dá início às sessões mediúnicas onde recebia os mais eminentes Espíritos da história humana, e que estão em parte relatados no livro de Eduardo Carvalho Monteiro, Victor Hugo e seus Fantasmas, bem como de Humberto Mariotti, Victor Hugo Espírita. 
A única possibilidade de se captar o lado “transgressor” de Hugo está na cena final do filme que mencionamos há pouco, quando do momento da morte do personagem Jean Valjean, a presença do Espírito Fantine vem lhe dar a certeza de que ele cumprira a sua missão de vida, ao dar à sua filha, Cosette, toda a dedicação de um verdadeiro pai. 
Infelizmente, o materialismo ainda credita a comunicação dos Espíritos à superstição e à fantasia. 
Triste “conspiração silenciosa” que dificulta, entrava, retarda, estende e mantém a ignorância e o sofrimento às suas milhares de vítimas, no mundo inteiro. 

1. MAYNARD, Nettie Cobunr. Sessões Espíritas na Casa Branca. 1 ed. Casa Editora O Clarim, 1967.
2. http://jus.com.br/revista/texto/10282/direito-comparado#ixzz2KWP37IEf.
3. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 12 ed. Ed. Vozes.
4. http://www.filosofiaespirita.org/site/?p=281

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