O enunciado “violência gera violência” tornou-se, pela evidência dos fatos, uma verdadeira lei sociológica em todas as épocas da Humanidade.
• José Ferraz
Um tema que vem provocando muita polêmica em todos os segmentos da sociedade atual é o da violência. Desfilam, no vídeo da televisão, figuras representativas da nossa sociedade, emitindo suas opiniões a respeito de como se encontrar uma saída para frear este mal que tanto inquieta e traumatiza as populações das grandes metrópoles.
Dentre as medidas apresentadas para solucionar o problema, enumeram-se, dentre outras: a instituição da pena de morte, o aparelhamento policial para uma repressão mais eficaz, a modificação na estrutura administrativa das penitenciárias, tornando-as mais humanizadas, a organização do poder judiciário para uma ação mais rápida no andamento dos processos criminais, etc.
Embora não tenhamos a intenção de entrar no mérito das diversas correntes de opinião pública, podemos afirmar que todas estas soluções apresentadas sejam respeitáveis, porém são de caráter paliativo.
De referência à pena de morte, as estatísticas demonstram que, nos países onde é adotada, a incidência da violência não tem diminuído. Além disso, o enunciado “violência gera violência” tornou-se, pela evidência dos fatos, uma verdadeira lei sociológica em todas as épocas da Humanidade.
Por isso, estamos interessados em expor conceitos e princípios éticos que pairam acima do comum, numa tentativa oportuna para sairmos por alguns instantes da trajetória horizontal em que ainda vivemos.
Através do conhecimento espírita sabemos, na atualidade, que o violento é alguém cuja alma enfermou por fatores antropossociopsicológicos de evidentes complexidades.
Tomando-se uma atitude extremada contra este tipo de sociopata, com o intuito de livrar-nos da sua presença indesejável, cometemos dois erros simultâneos: o primeiro, porque perdendo a vestimenta física, na morte biológica, o ser humano não se consome na sepultura, e neste caso particular, ressurgindo, no outro lado da vida, na sua forma perispiritual, apresenta-se tresloucado pelo ódio, mais agressivo do que antes, ficando imantado à psicosfera da Terra, na qualidade de fomentador dos processos brutais, hediondos, que acontecem nas comunidades humanas; o segundo, de maior gravidade, diz respeito à transgressão da lei de Deus, desde que, não sendo o homem o criador da vida não tem o direito de exterminá-la, sob nenhum pretexto.
A única maneira da sociedade se pôr a salvo da fúria do violento é confiná-lo em local específico, a fim de tratá-lo com os recursos das ciências médica, psicológica, educativa e espiritual, embebidas no “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, conforme preceituou Jesus Cristo, tentando a recuperação ideal, para um retorno ao convívio social dentro da normalidade desejada. Matar, nunca!
Vale salientar que o vírus desta enfermidade de fundo psíquico está presente em estado latente na maioria dos seres inteligentes, encarnados no globo terrestre, por uma contingência evolutiva, propensos, por este motivo, a serem acometidos deste mal, tão logo surjam os fatores predisponentes, intrínsecos e extrínsecos que lhe dão origem.
Desta forma, o que se deve fazer é tomar providências imediatas de caráter profilático, para restringir a intensidade da sua consequência maléfica, epidêmica e devastadora, agindo na mente humana de todas as maneiras ao nosso alcance, para modificar os panoramas sombrios da ignorância que aí têm a sua sede.
Para tanto, não se deve perder a oportunidade de inocular, na alma humana, por meio da evangelização, o remédio imunizador e neutralizador desta enfermidade espiritual, tão esquecido por nós, já recomendado por Jesus Cristo no Sermão do Monte, chamado brandura; assistindo esses filhos de ninguém, que perambulam pelas ruas das cidades, carentes, infelizes e predispostos, por necessidades básicas da criatura humana, a agredirem para roubar, chegando à criminalidade, porque não lhes foram dispensadas uma migalha da atenção que merecem, como gente que são; e, por fim, utilizar-se este veículo extraordinário de comunicação, que é a televisão, para através da educação de massa povoar a paisagem interior dos indivíduos com as belezas incomparáveis da mansuetude, da afabilidade, da delicadeza, da moderação e da paciência, subtraindo da programação diária tudo aquilo que dá um sabor sensacionalista à violência.
Mohandas Karamchand Ghandi – O “Mahatma”, que significa “Alma Grande”, utilizando a arma da “não violência” conseguiu libertar a Índia do domínio do Império Britânico. Amando a Deus e ao próximo como a si mesmo, acreditando na imortalidade da alma humana e na reencarnação, perseverou até ao fim, afirmando sempre: “A brandura vence a violência”.
Os seus inimigos poderiam matar o corpo, mas a ideia é indestrutível e continuaria viva, não permitindo a escravização dos restantes. Baseando-se nessa filosofia de vida, Gandhi ultrapassou as barreiras, ao ponto de perdoar os inimigos, ajudando-os quando se encontravam em má situação. Objetivava o missionário hindu liquidar o inimigo, transformando-o em amigo.
Em várias ocasiões foi espancado, inclusive pelos seus patrícios, que não entendiam as atitudes daquele homem singular. Certa vez, a turba o tratou tão brutalmente, que foi dado por morto e atirado num fosso.
O General Smuts, comandante-militar inglês, na Índia, que lutara contra Gandhi, escreveu: “Auxiliaste-nos em nossos momentos de dificuldades. Como poderemos tratar-vos com violência?... Recusais fazer mal ao inimigo... Desejais a vitória pelo sofrimento e nunca transpondes os limites da cortesia e cavalheirismo que vos impusestes. E isso nos reduziu à completa impotência”.
Foi a Londres (1914) organizar um corpo indiano de ambulância para auxiliar a Inglaterra na luta contra a Alemanha. O governo inglês, num gesto amistoso, prometeu-lhe a independência da Índia depois da guerra. Mas, quando se declarou a paz, em 1918, os ingleses voltaram atrás.
Ridicularizado por aqueles que discordavam dos seus métodos, respondeu com a virtude da paciência, adquirida pelo esforço pessoal: “Esperai e vereis. Vitórias permanentes não são alcançadas num dia. Nenhum inimigo pode ser bastante feroz para resistir à força do amor”.
Numa praça pública da cidade de Amristar, reuniram-se, naquele feriado nacional, homens, mulheres e crianças para a realização de uma cerimônia religiosa. O general Dyer, que nessa época comandava as forças inglesas, na Índia, descontrolou-se emocionalmente e mandou metralhar o povo indefeso, bombardeando-o, em seguida, com a aviação. Morreram, na hecatombe, cerca de quinhentas pessoas, na sua maioria mulheres e crianças.
A doutrina de Gandhi foi posta à prova com esse acontecimento desagradável. Sorriam, zombeteiros, os seus adversários, bradando eufóricos – “De que serve agora a tua brandura, contra as balas e as bombas do inimigo?”.
Respondeu, muito lúcido, o líder hindu: “Que importa se perder a vida na resistência pacífica? Também, na resistência violenta, muitos milhares de soldados perdem a vida. Mas a nossa batalha será ganha – não pelo número de inimigos mortos por nós, porém pelo número de inimigos em que matarmos o desejo de matar”.
Limitou-se a pedir ao governo inglês a remoção do militar e prontamente foi atendido. Gandhi deu o testemunho pelo ideal abraçado, pagando com o tributo da vida física os princípios que defendia, e antes de trasladar-se para o plano espiritual, ainda proferiu palavras de perdão endereçadas ao seu assassino.
Retornou, tragicamente, à pátria verdadeira, porém o seu exemplo ficou indelével na História Universal, numa demonstração evidente de ser possível a vitória da brandura sobre a violência, quando se está tomado pela força irresistível do amor ao semelhante.
Na impossibilidade de exterminar o gérmen da agressividade, na personalidade alheia, façamo-lo, em nós próprios, ingerindo o medicamento salutar que Jesus nos ofereceu, a brandura, antídoto eficaz contra os impulsos animalescos que ainda somos possuídos, e, então, estaremos concorrendo objetivamente para a formação de uma Humanidade futura livre deste valor negativo
Dentre as medidas apresentadas para solucionar o problema, enumeram-se, dentre outras: a instituição da pena de morte, o aparelhamento policial para uma repressão mais eficaz, a modificação na estrutura administrativa das penitenciárias, tornando-as mais humanizadas, a organização do poder judiciário para uma ação mais rápida no andamento dos processos criminais, etc.
Embora não tenhamos a intenção de entrar no mérito das diversas correntes de opinião pública, podemos afirmar que todas estas soluções apresentadas sejam respeitáveis, porém são de caráter paliativo.
De referência à pena de morte, as estatísticas demonstram que, nos países onde é adotada, a incidência da violência não tem diminuído. Além disso, o enunciado “violência gera violência” tornou-se, pela evidência dos fatos, uma verdadeira lei sociológica em todas as épocas da Humanidade.
Por isso, estamos interessados em expor conceitos e princípios éticos que pairam acima do comum, numa tentativa oportuna para sairmos por alguns instantes da trajetória horizontal em que ainda vivemos.
Através do conhecimento espírita sabemos, na atualidade, que o violento é alguém cuja alma enfermou por fatores antropossociopsicológicos de evidentes complexidades.
Tomando-se uma atitude extremada contra este tipo de sociopata, com o intuito de livrar-nos da sua presença indesejável, cometemos dois erros simultâneos: o primeiro, porque perdendo a vestimenta física, na morte biológica, o ser humano não se consome na sepultura, e neste caso particular, ressurgindo, no outro lado da vida, na sua forma perispiritual, apresenta-se tresloucado pelo ódio, mais agressivo do que antes, ficando imantado à psicosfera da Terra, na qualidade de fomentador dos processos brutais, hediondos, que acontecem nas comunidades humanas; o segundo, de maior gravidade, diz respeito à transgressão da lei de Deus, desde que, não sendo o homem o criador da vida não tem o direito de exterminá-la, sob nenhum pretexto.
A única maneira da sociedade se pôr a salvo da fúria do violento é confiná-lo em local específico, a fim de tratá-lo com os recursos das ciências médica, psicológica, educativa e espiritual, embebidas no “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, conforme preceituou Jesus Cristo, tentando a recuperação ideal, para um retorno ao convívio social dentro da normalidade desejada. Matar, nunca!
Vale salientar que o vírus desta enfermidade de fundo psíquico está presente em estado latente na maioria dos seres inteligentes, encarnados no globo terrestre, por uma contingência evolutiva, propensos, por este motivo, a serem acometidos deste mal, tão logo surjam os fatores predisponentes, intrínsecos e extrínsecos que lhe dão origem.
Desta forma, o que se deve fazer é tomar providências imediatas de caráter profilático, para restringir a intensidade da sua consequência maléfica, epidêmica e devastadora, agindo na mente humana de todas as maneiras ao nosso alcance, para modificar os panoramas sombrios da ignorância que aí têm a sua sede.
Para tanto, não se deve perder a oportunidade de inocular, na alma humana, por meio da evangelização, o remédio imunizador e neutralizador desta enfermidade espiritual, tão esquecido por nós, já recomendado por Jesus Cristo no Sermão do Monte, chamado brandura; assistindo esses filhos de ninguém, que perambulam pelas ruas das cidades, carentes, infelizes e predispostos, por necessidades básicas da criatura humana, a agredirem para roubar, chegando à criminalidade, porque não lhes foram dispensadas uma migalha da atenção que merecem, como gente que são; e, por fim, utilizar-se este veículo extraordinário de comunicação, que é a televisão, para através da educação de massa povoar a paisagem interior dos indivíduos com as belezas incomparáveis da mansuetude, da afabilidade, da delicadeza, da moderação e da paciência, subtraindo da programação diária tudo aquilo que dá um sabor sensacionalista à violência.
Mohandas Karamchand Ghandi – O “Mahatma”, que significa “Alma Grande”, utilizando a arma da “não violência” conseguiu libertar a Índia do domínio do Império Britânico. Amando a Deus e ao próximo como a si mesmo, acreditando na imortalidade da alma humana e na reencarnação, perseverou até ao fim, afirmando sempre: “A brandura vence a violência”.
Os seus inimigos poderiam matar o corpo, mas a ideia é indestrutível e continuaria viva, não permitindo a escravização dos restantes. Baseando-se nessa filosofia de vida, Gandhi ultrapassou as barreiras, ao ponto de perdoar os inimigos, ajudando-os quando se encontravam em má situação. Objetivava o missionário hindu liquidar o inimigo, transformando-o em amigo.
Em várias ocasiões foi espancado, inclusive pelos seus patrícios, que não entendiam as atitudes daquele homem singular. Certa vez, a turba o tratou tão brutalmente, que foi dado por morto e atirado num fosso.
O General Smuts, comandante-militar inglês, na Índia, que lutara contra Gandhi, escreveu: “Auxiliaste-nos em nossos momentos de dificuldades. Como poderemos tratar-vos com violência?... Recusais fazer mal ao inimigo... Desejais a vitória pelo sofrimento e nunca transpondes os limites da cortesia e cavalheirismo que vos impusestes. E isso nos reduziu à completa impotência”.
Foi a Londres (1914) organizar um corpo indiano de ambulância para auxiliar a Inglaterra na luta contra a Alemanha. O governo inglês, num gesto amistoso, prometeu-lhe a independência da Índia depois da guerra. Mas, quando se declarou a paz, em 1918, os ingleses voltaram atrás.
Ridicularizado por aqueles que discordavam dos seus métodos, respondeu com a virtude da paciência, adquirida pelo esforço pessoal: “Esperai e vereis. Vitórias permanentes não são alcançadas num dia. Nenhum inimigo pode ser bastante feroz para resistir à força do amor”.
Numa praça pública da cidade de Amristar, reuniram-se, naquele feriado nacional, homens, mulheres e crianças para a realização de uma cerimônia religiosa. O general Dyer, que nessa época comandava as forças inglesas, na Índia, descontrolou-se emocionalmente e mandou metralhar o povo indefeso, bombardeando-o, em seguida, com a aviação. Morreram, na hecatombe, cerca de quinhentas pessoas, na sua maioria mulheres e crianças.
A doutrina de Gandhi foi posta à prova com esse acontecimento desagradável. Sorriam, zombeteiros, os seus adversários, bradando eufóricos – “De que serve agora a tua brandura, contra as balas e as bombas do inimigo?”.
Respondeu, muito lúcido, o líder hindu: “Que importa se perder a vida na resistência pacífica? Também, na resistência violenta, muitos milhares de soldados perdem a vida. Mas a nossa batalha será ganha – não pelo número de inimigos mortos por nós, porém pelo número de inimigos em que matarmos o desejo de matar”.
Limitou-se a pedir ao governo inglês a remoção do militar e prontamente foi atendido. Gandhi deu o testemunho pelo ideal abraçado, pagando com o tributo da vida física os princípios que defendia, e antes de trasladar-se para o plano espiritual, ainda proferiu palavras de perdão endereçadas ao seu assassino.
Retornou, tragicamente, à pátria verdadeira, porém o seu exemplo ficou indelével na História Universal, numa demonstração evidente de ser possível a vitória da brandura sobre a violência, quando se está tomado pela força irresistível do amor ao semelhante.
Na impossibilidade de exterminar o gérmen da agressividade, na personalidade alheia, façamo-lo, em nós próprios, ingerindo o medicamento salutar que Jesus nos ofereceu, a brandura, antídoto eficaz contra os impulsos animalescos que ainda somos possuídos, e, então, estaremos concorrendo objetivamente para a formação de uma Humanidade futura livre deste valor negativo
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