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domingo, 22 de julho de 2012

Análise do livro “A Vida Viaja na Luz”Médium Carlos A. Baccelli


Ao longo desta análise, deveriam ser colocados entre aspas os nomes dos Espíritos 
citados, pelo fato de suas palavras e atitudes não nos convencerem da identidade a eles 
atribuída. Entretanto, para facilitar a redação deste texto, deixamos de fazê-lo. 
Esse Espírito, que se fez passar pelo Dr. Inácio Ferreira, depois de achincalhar a 
mediunidade, de atacar os espíritas, de inventar materialização a partir de ectoplasma 
haurido de um cadáver de um bêbado, de inventar reencarnação no Mundo Espiritual, de 
usar uma linguagem absolutamente incompatível com a sobriedade, a dignidade e a nobreza da Doutrina Espírita, agora coloca-se, em linguajar bem mais moderado, como defensor do Chico, esquecido de que no livro “Chico Xavier Responde” colocou na boca do 
médium uma clara defesa ao aborto.   
- É uma tentativa de lançar ao descrédito toda a mensagem dele, via mediúnica. 
Veja: contestam alguns livros de sua lavra psicográfica – tendo o visível intuito de que não 
sejam admitidos por complemento da Codificação... (22) 
Se esse Espírito fosse realmente o ilustre Dr. Inácio Ferreira, deveria valorizar a obra do médium Chico Xavier, estudando e desdobrando as teses apresentadas por André 
Luiz, que se apresentam como um desdobramento da Codificação. Mas, numa tentativa de 
valorizar o trabalho equivocado do médium que lhe serve de instrumento, primeiro defende a tese de que Chico Xavier foi Kardec, e agora apresenta-se como médium de Chico, 
logo, do próprio Kardec, que viria complementar sua obra. 
Quem estuda a obra de André Luiz tem uma visão clara de como se organiza a vida 
no Mundo Espiritual. O Dr. Inácio nunca se refere à bela organização delineada na comunidade “Nosso Lar” e noutras colônias, em que são ressaltados os valores espirituais, a 
vivência evangélica, a ordem, a seriedade, o merecimento, a obediência.  
Os textos do livro serão transcritos em negrito. As páginas, entre parênteses. 
- No outro dia, bem cedo, na companhia de Modesta e Manoel Roberto, fui 
ver, nas imediações do Hospital, uma chácara que conseguíramos em regime de 
comodato, para a realização de velho sonho. (25)  


- O Hospital dos médiuns será a instituição mantenedora da Sociedade 
Protetora dos Animais “Francisco de Assis”! 
– Uma Sociedade Protetora dos Animais no Além! (27)
- O Hospital dos Médiuns, do ponto de vista jurídico, responderá pela Sociedade “Francisco de Assis”. (30) 
O Dr. Inácio, em seu consultório, encontrou sobre sua mesa uma carta confidencial 
de Chico Xavier, como se houvesse lá um serviço postal. (33-35) 

Essa, uma das inúmeras tentativas que faz no sentido de tornar a vida espiritual 
semelhante à vivida na Terra, numa tentativa clara de minimizar as revelações de André 
Luiz. Depois, recebe um homem que havia sido condenado a 200 anos de prisão no Mundo Espiritual, e que havia obtido licença do juiz para uma consulta.: 


- Jamais poderia supor que, na Vida de Além-Túmulo, a justiça funcionasse como funciona na Terra. Assim que me vi fora do corpo, deram-me voz de 
prisão e fui para uma penitenciária, onde fiquei aguardando julgamento. (49)
Observe-se a continuação do relato do madeireiro desencarnado:

-Conforme lhe disse, assim que me vi fora do corpo – tive oportunidade 
de ver meu corpo imóvel, caído no banheiro de uma das minhas propriedades -, 
dois detetives se aproximaram e me perguntaram se eu era o dono daquelas 
propriedades e da serraria. 
- Os detetives pronunciaram o meu nome completo. Noutras circunstâncias, como fugi inúmeras vezes, eu teria fugido, mas... Eu tinha inúmeros contatos na polícia,Doutor! (50) 
- Conforme lhe disse, deram-me voz de prisão e me algemaram. 
- E você foi algemado? 

- Conduzido na viatura? 
-Levaram-me para o presídio. Tiraram-me as algemas, um médico me examinou e prescreveu alguns medicamentos. Devo ter dormido uns quatro ou 
cinco dias seguidos... (51) 
A estória prossegue, dando-nos a impressão de que o Dr. Inácio tornou-se um novelista...
Mais adiante, diz que foi a Uberaba e, tendo materializado um ouvido e 
um olho (por que?), ouviu umas conversas de espíritas e presenciou algumas 
cenas triviais, cuja descrição, como muitas outras, serve apenas para encher 

páginas de livros. (58) 

Lecionando bons costumes, diz de leu nos jornais (sic) da localidade onde habita:

- Você leu, nos jornais, a lei que foi aprovada recentemente? – Quem for 
pego jogando papel no chão, ou cuspindo, além de ser multado, será condenado a um mês de serviços comunitários! (60) 

Difícil de comentar é a afirmativa da possibilidade de afogamento seguido de morte 
na colônia “Nosso Lar”. Depois da morte, o sepultamento, ou a cremação 

- Será que, sem saber nadar, se algum de nós cair nas águas do Rio Azul, 
poderá se afogar e morrer?  Doutor, se o corpo espiritual é dotado de sistema
pulmonar e tudo mais, se continuamos a inflar os pulmões de oxigênio, a resposta é lógica: sim, poderá se afogar e morrer ! (87) 



E não só morre, mas é enterrado ou cremado... 
- Morre e é enterrado! Vai para o cemitério, ou, como neste Outro Lado, é 
mais comum, para o forno crematório! (119)

Mas como pode haver desencarnação se não há carne? Apesar do absurdo, o Dr. 
Inácio prossegue no seu raciocínio falacioso, aproveitando para reafirmar sua tese da reencarnação no Mundo Espiritual: 
-Minha gente, reflita comigo. Se do Lado de Cá se morre, ou seja, desencarna-se, o que impede que também se reencarne? (119)

Paulo, na sua Primeira Carta aos Coríntios (15: 40), faz distinção entre corpo carnal 
e corpo espiritual, demonstrando que este sobrevive à morte: “E há corpos celestes e corpos terrestres (...)”. Mas, O Dr. Inácio cita a passagem apenas pela metade, tentando 
confundir o leitor:
- “ ... também há corpos celestiais”! (121)

 “ 
Continuando na sua campanha de disseminar descontentamento no meio espírita, 
faz acusações, como se houvesse algum órgão censor:

- Sim. Sob o pretexto, por exemplo, de pureza doutrinária, em substitui-
ção à fraternidade, a intolerância vem sendo adotada. Estamos quase a repetir 
os erros cometidos pela Igreja, no campo da censura às novas ideias com o cerceamento da liberdade de expressão. (133) 






  Logo adiante, o Dr. Odilon afirma justamente o contrário, ou estará fazendo um 

mea culpa em nome do Dr. Inácio e advertindo o seu médium?: 

- É sumamente desagradável falarmos, mas os médiuns, notadamente os 
psicógrafos, deveriam ser mais comedidos. Nem todo médium nasceu para escrever sob a inspiração dos espíritos. Em consequência, pressionados pelas editoras, os médiuns perdem todo o critério de avaliação quanto ao que se refere à 
conveniência ou não de se publicar esta ou aquela obra de sua coautoria. (137)

No cap. 19, o Dr. Inácio faz uma interpretação curiosa da Parábola do Filho Pródigo, na qual se aventura como teólogo e produz afirmativas como esta, em que nega a 
encarnação como necessidade evolutiva, quando diz que só depois de o filho ter deixado a 
casa paterna é que necessitou da reencarnação (será esta uma nova versão da “queda 
dos anjos”?): 

- Em tradução metafísica, deixando o Plano Etéreo, ele reencarna! Mergulha, de cabeça, na experiência da reencarnação! Até então, ele não possuía 
carma, estava isento! (158)
Note-se como é “terreno” o plano espiritual em que o Dr. Inácio se situa:

- Meu caro, por onde é que você andava? – perguntei ao Cássio. 
- Por aí, Doutor. 
- O que está fazendo agora? 
- Lecionando e cuidando da Clínica. 
- Você abriu uma clínica por aqui? (178) 

Na obra “Nosso Lar” há uma observação de Lísias a André Luiz, no sentido de serem evitados comentários que não sejam construtivos. No livro “Fundação Emmanuel”, o 
Dr Inácio faz referência a um jornal, intitulado “Resenha”, que circularia naquela região, 
levando comentários feitos na Terra. Ao tomar conhecimento de apreciações que lhe foram desagradáveis, o Dr. Inácio dá uma banana aos espíritas que não concordam com 
suas teses. No livro em estudo, há uma afirmação equivocada, afirmando a existência de 
imprensa na colônia “Nosso Lar”, o que não é verdade: 

- A lembrança de Altiva é interessante, Inácio- falou Modesta -, o pessoal 
que lê a obra “Nosso Lar” pouco comenta sobre a Imprensa no Mundo Espiritual. (179)
O Dr. Inácio, sempre diminuindo o valor dos espíritas, e dando-se importância...

- Ultimamente, muitos espíritas recém-desencarnados marcam consulta 
comigo. Não que estejam propriamente doentes, mas desejam ajustar certas 
ideias em conflito com a realidade da Vida, ante a qual se deparam na existência de Além-Túmulo. (184)

Esse Espírito, que se diz Dr. Inácio, moderou um tanto os ataques aos espíritas e as 
piadas que fazia em seus livros anteriores, mas não as deixou de todo, como se vê nesses 
diálogos que diz ter tido com um espírita recém-desencarnado: 

- Você não podia: sorrir era contra a pureza doutrinária! Aliás, para muitos espíritas, fumar é mais contra a pureza da Doutrina do que contra a pureza 
dos pulmões! 
O amigo agora passou a rir sonoramente. 
- Eu mesmo, Doutor – ponderou -, já combati muito o hábito de se comer 
carne... Chego a este Outro Lado e percebo que certos espíritos... 
- Espíritos , não – homens! – consertei. 
- Correto. Percebo que muitos homens estão se desabituando aos poucos... (189)
Prosseguindo a conversa, passou a entrevistar o Espírito:

- Você é espírita?  
- Sim, há mais de 40 anos...  
- Desencarnou, e daí? 
- Não aconteceu absolutamente nada. Estou na mesma 
- Não volitou? 
- Mal me arrastei e estou me arrastando... 
- Come e dorme? 
- E bebo água! 
- Faz sexo? 
- Faço! 
- Com o que? 
- Doutor, o senhor é louco! 
- Responda. 
- Com as coisas, ué! 
- Você é espírito vampiro? 
-Não, eu sou normal. 
- Então, você faz sexo é com desencarnado? 
- É! Pensou o quê? Eu não sou íncubo... 
- Tem orgasmo?... 
Bem, desculpem-me, mas o restante da entrevista é proibido para menores e não quero poluir a cabeça desse nosso pessoal beato, que considera pecado ter orgasmo num só lado da Vida, quanto mais nos Dois! (190-191)
Numa entrevista concedida a um jornal (sic) da colônia espiritual onde se encontrava, o Dr. Inácio declara algo inusitado, como o fato de um Espírito desencarnado normalmente não se lembrar de sua última encarnação: 

-Se estamos vindo da Terra – de sua contraparte mais materializada -, 
por que não nos lembramos? 
- Pela mesma razão que, ao reencarnar, o espírito não se recorda de onde 
vem! (202) 

Imaginemos a confusão que causa em alguém que se está iniciando no Espiritismo, 
ao ter conhecimento de que um Espírito, que se diz médico e orientador de grupos espirituais, se apresente resfriado, com o nariz escorrendo: 

Percebendo que eu estava com o nariz escorrendo, o  companheiro me 
perguntou: 
- O senhor se resfriou? 
- Não sei – respondi - se é a “suína”, com a qual o pessoal anda preocupado lá embaixo, mas estou todo entupido, a cabeça pesada, respirando mal... 
(209) 
- Logo pela manhã daquela quinta-feira, depois de me ter afastado do 
consultório por três dias consecutivos, a fim de me recuperar de um forte resfriado, Nelson compareceu para mais uma consulta. (227)

- Em toda a obra de André Luiz não há nem um relato de doença em Espíritos trabalhadores do Bem. O Dr. Inácio apresenta essa novidade. 
A informação abaixo é errada, pois “Nosso Lar” é apenas uma das milhares de cidades espirituais. De fato, não se pode fazer paralelo com a paródia apresentada na obra: 

A referida colônia é uma organização sui generis ! Não se tem paralelo a 
respeito em nenhuma outra obra de cunho espiritualista, transmitida para a 
Terra mediunicamente. (213)

O capítulo 28 é dedicado a uma crítica ao Movimento Espírita Unificado, e aos espí-
ritas em geral. Depois de muito se queixar do trabalho que tem como Diretor-Médico de 
um hospital, recusa-se a filiá-lo a uma entidade de unificação existente no Mundo Espiritual. Seu interlocutor, buscando aproximar-se do Dr. Inácio, se declara, também ele, ma-
çom (sic). Imaginando que seu interlocutor falasse em intervenção no hospital, o Dr. Iná-
cio, não perdeu a oportunidade para uma bravata: 

Não é meu receio, porque, primeiro, vocês teriam que passar por cima de 
mim. Enquanto eu estiver na direção deste nosocômio, exceto Jesus e os Maiores que nos orientam, ninguém se intromete. Nesse sentido, se fosse o caso, 
não hesitaria em recorrer aos préstimos de um bom advogado! (240)

Parece que o Dr. Inácio quer materializar o Mundo Espiritual a ponto de torná-lo inverossímil... Finalmente, depois de muita conversa, o Dr. Inácio sai-se com esta, como se 
circulasse dinheiro no Mundo Espiritual:

Vocês podem contar conosco, inclusive, se for o caso, com dinheiro para 
as promoções em pauta, mas não nos filiaremos. (243)
E continua com seus ataques à Unificação: 

Quase me arrisquei a dizer que nos moldes com que vem sendo conduzido, o Movimento de Unificação é mais prejudicial do que útil ao Espiritismo. 
(244)

Usa todo o capítulo 29 para descrever uma conversa informal com a cozinheira do 
sanatório, o que dá ao leitor ideia de que o hospital está no plano físico... Além do mais, 
diz que a cozinheira chegara com a criança pela mão, com fome! Não é isso que se aprende com André Luiz, notadamente nas obras “Entre a Terra e o Ceu” e “Libertação”, 
relativamente a crianças desencarnadas. 

- Lembra-se de como cheguei aqui, trazendo o Benedito pela mão? Medrosa e retraída feito uma cadelinha assustada... O senhor me olhou, brincou 
com o Benedito, perguntou se estávamos com fome e nos trouxe justamente 
para cá, a Cozinha – o senhor mesmo fez o prato do Benedito!... 
-... que comeu feito um leão! 
-Estávamos com fome, Doutor. A maioria das pessoas não sabe o que é 
passar fome e chegar escorraçada do mundo... (260)

Algo que não encontra explicação no livro é o fato de o Dr. Inácio receber cartas de 
encarnados e de desencarnados, como essa que ele responde abaixo: 

“Confesso que as suas obras muito me têm auxiliado  a entender o que 
André Luiz escreveu através de Chico Xavier. (...) E o senhor é o único espírito a 
defender a obra mediúnica de Chico Xavier – Não generalizando, a maioria não 
diz uma única palavra, a não ser para exaltar a si mesma! Receba meu abraço e 
bola para a frente!” (264 - 265) 
Respondendo a carta recebida, ataca médiuns e o Movimento Unificador:

- O Espiritismo, meu amigo, para muita gente, hoje virou meio de vida. A 
inquisição que os “cardeais” do movimento vêm fazendo aos novos médiuns, no 
fundo, é luta pelo poder e – pasme! – pelo vil metal! Muitos deles, sem que percebam, estão sendo usados pelos lobos disfarçados de ovelhas... (268) 
Mais adiante, continuando a resposta à “carta” que recebera, faz uma defesa da obra mediúnica de Chico Xavier, como se aquela que ele recebeu quando encarnado, como médium, estivesse sendo contestada. Mas a defesa que ele 
faz é dessas obras pretensamente atribuídas ao Chico desencarnado, recebidas 
por Baccelli, materializadas em aberrações como “Chico Xavier Responde”: 
Mas, antes do ponto-final, preciso lhe dizer mais uma coisa: não duvide 
de que, no próprio meio espírita, haja uma conspiração contra as obras mediú-
nicas da lavra de Chico Xavier! (270) 
No final de sua resposta, retoma aquele linguajar rasteiro dos seus primeiros livros:

- Seja você mesmo e, conforme disse, ”bola para a frente”! Permita-me 
apenas pluralizar a palavra “bola”, concitando-o a ser digno representante dos 
que, sem serem machistas, são machos o suficiente para dizerem o que pensam. 
P.S: No que se refere à coragem do testemunho e verdadeiro amor à Causa, não posso deixar de reconhecer que, por seus ovários, muitas mulheres possuem mais “bolas” do que muitos homens! (271) 
Depois de falar, noutras obras, em reencarnação no Mundo Espiritual, Dr. 
Inácio agora tenta amenizar a tese, misturando reencarnação com materializa-
ção, argumentando com o que relata André Luiz em “Nosso Lar” e em “Liberta-
ção”: 
- Em suas bases o fenômeno é o mesmo; o que difere é o processo... daí, 
em passant, nós podermos conjeturar em torno da reencarnação nos diferentes 
planos espirituais da Vida, sem que, para tanto, o sexo concorra, nos padrões 
com que concorre na Terra, noutros mundos e dimensões. (287)
No cap. 36 há uma curiosa carta que Chico, desencarnado, teria dirigido 
ao Dr. Inácio. Sempre a tentativa do Dr. Inácio de “materializar” o Mundo Espiritual. (314) 
Sempre atacando e ridicularizando os espíritas que estudam e que seguem uma linha moral : 

- Os ortodoxos, no campo da Filosofia Espírita, estão impedindo o nosso 
povo de pensar – estão cometendo um crime! Essa turma de clérigos reencarnados, que se cansou de ajoelhar, mas não de ter os outros ajoelhados diante 
de si, acha que a Lei de Causa e Efeito funciona sozinha! Se fosse assim, também a Lei da Reencarnação também funcionaria – não  haveria necessidade 
nem de relação sexual! O espermatozóide – eu não sei por que orifício -, sairia 
sozinho perguntando em cada esquina: - “Vocês viram um óvulo dando sopa 
por aí?...” Ora, não façam pouco da minha já tão pouca inteligência...  
- Os espíritas precisam mesmo atualizar sua concepção de vida além da 
morte! (319)

Noutra tentativa de “materializar” a Vida Espiritual, fala de força policial no Além, 
que viria à Terra aprisionar Espíritos: 

 Iremos, mas vou entrar em contato com o Dr. Elpídio, amigo meu e Delegado de Polícia, para que providencie um destacamento policial. Aquelas entidades necessitam ser presas! (319)
- Conforme combinado, Odilon veio me encontrar no hospital e, em companhia de Elpídio, previamente contatado por mim e mais três detetives sob o 
seu comando, partimos em direção à Crosta (324)- Enquanto “descíamos”, fomos, naturalmente, integrando-nos no ambiente, de tal maneira a sermos identificados na condição de entidades recémdesencarnadas. Inalando fluidos menos rarefeitos, na atmosfera da Terra, promovemos relativa condensação em nossos corpos espirituais e, então, confundimo-nos com os transeuntes da cidade que visitávamos. (324)

“Confundimo-nos com os transeuntes”. Então materializaram-se, como disse no livro “Por Amor ao Ideal”, referindo-se a Edgar Alan Poe, que se teria materializado com o 
ectoplasma do cadáver de um bêbado e teria andado pelas ruas de Uberaba, a fim de 
consultar-se, como se fosse um paciente encarnado. Se é assim como fala o Dr. Inácio, 
fica difícil saber se estamos vendo um Espírito encarnado ou um desencarnado materializado! 
Afinal, trata-se de um trabalho grosseiro, emanado de um Espírito que pretende informar equivocadamente aqueles que estão se interessando pelo Espiritismo, ao tempo 
que conta com a falta de cuidado daqueles que, conhecendo a Doutrina, nada fazem para 
coibir sua ação nefasta. 



José Passini 
passinijose@yahoo.com.br 


































terça-feira, 19 de junho de 2012

Crítica Literária:O Espírito de Chico Xavier


O Espírito de Chico Xavier

Autor: Chico Xavier
Médium: Carlos Baccelli
Editora: Leepp
Número de Páginas: 158
Lançamento: 2009
Análise de José Sola*
O médium Bacceli escreveu um livro novo em que afirma peremptoriamente que Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec.
Para ser franco e sincero, não sei se devo me sentir feliz ou infeliz com um acontecimento como este, pois afirmar algo de forma peremptória sem haver provas cabais; é estatuir um dogma, e um dogma é indiscutível, só nos resta aceitá-lo como verdade absoluta.
Conforme Allan Kardec, os postulados da doutrina espírita se sustentam na lógica, na razão e no bom senso, eliminando de seus princípios postulares toda e qualquer premissa que não responda a estes quesitos.
Alguns confrades estão aceitando tudo o que vem escrito pelas entidades desencarnadas, através dos médiuns, como verdade absoluta, como se a mediunidade fosse um parâmetro de aferição desta verdade. A mediunidade pode ser sim, um parâmetro de aferição da verdade, desde que a comunicação apresentada se sustente no campo da lógica, da razão e do bom senso, neste caso ela é um meio e não um fim.
Embora respeitando a idoneidade do médium Bacceli, como também dos espíritos que o assistem, particularmente o espírito de Inácio Ferreira, no entanto, não podemos nos esquecer de que temos que passar pelo crivo da razão, da lógica e do bom senso, tudo o que ouvirmos dos homens ou dos espíritos; e infelizmente isto não está acontecendo.
Ao fazer estas citações, não às faço com outra intenção, que não a de estarmos buscando a verdade, embora parcial, pois a verdade absoluta pertence a Deus; e no que concerne a verdade, temos que submeter tudo o que nos seja mais caro, até mesmo a amizade, como nos alerta André Luiz em seu livro Conduta Espírita (pg. 72). “Render culto à amizade e a gentileza estendendo-as, quanto possível, aos companheiros e as organizações, mas sem escravizar-se a ponto de contrariar a própria verdade, em matéria de doutrina, para ser agradável aos outros. O espiritismo é caminho libertador”.
Se somos verdadeiramente amigos do médium Bacceli, vamos buscar a verdade, onde quer que ela esteja, se estiver em seus enunciados, vamos dar-lhe a sustentação necessária, para que esplenda cada vez mais, se não responder aos quesitos da lógica, da razão e do bom senso, vamos alertá-lo, pois nisto reside ainda, o espírito de caridade.
Não podemos nos esquecer que idoneidade não é sinônimo de perfeição, um espírito idôneo é suscetível de engano, e isto tem acontecido muitas vezes em questões doutrinárias.
Analisemos sem espírito preconcebido, alguns tópicos do livro “O Espírito de Chico Xavier”, procurando similitude entre o escrito através do médium Bacceli e a conduta de Chico enquanto encarnado; vejamos:
“Muitos me diziam que eu era Allan Kardec reencarnado. Ora, evidentemente eu não podia concordar. Santificaram o homem!...”.
Contraditório, pois foi pelas mãos do próprio Chico Xavier, que Humberto de Campos em seu livro “Cartas e Crônicas”, destacou a superioridade de Kardec, nestes dizeres: “Imediatamente uma estrada de luz, a maneira de ponte levadiça, projetou-se do céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes. Em alcançando o solo delicado”, contudo esses astros se transformaram em seres humanos, nimbados de claridade celestial. Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza... (este é Kardec)".
Parece-nos estranha esta postura de Chico Xavier, pois enquanto encarnado, foi sempre humilde e disciplinado, não questionou em momento algum as comunicações obtidas por seu intermédio, comunicações estas em que Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos e muitos outros espíritos reverenciaram sempre o espírito iluminado de Allan Kardec, falando de sua superioridade espiritual.
Haveria Chico Xavier depois de desencarnado, se apercebido que foi vítima de engano quando encarnado? Esta postura de Chico Xavier não está colocando em xeque tudo aquilo que foi escrito por suas mãos?
Vamos analisar esta outra colocação de Chico, pelas mãos do médium Bacceli:
“Muita gente argumenta que, sendo Allan Kardec, Chico Xavier nada teria que aprender com Emmanuel. Ora, Allan Kardec tinha e tem muito que aprender até com um indigente da esquina”.
Com todo respeito, mas esta colocação de Chico Xavier, afirmando que Kardec tinha e tem muito que aprender até com um indigente da esquina, faz de Kardec um retrógrado, a lógica nos diz que esses aprendizados ele já os adquiriu, hoje busca conhecimentos e aprendizados em nível superior, que o indigente da esquina ainda não adquiriu.
Mesmo querendo enquadrar esta colocação como uma atitude de humildade da parte de Chico, em que este por sua vez, deseja destacar a humildade de Kardec, não há como, pois humildade não é de forma alguma ignorância ou miserabilidade, humildade é um estado de espírito, que independe da condição social ou cultural do homem.
Ser humilde é agir com naturalidade em todos os momentos de nossa existência, seja no que concerne a nossa cultura, ou no que respeita a nossa posição social.
Se humildade fosse apanágio de ignorância e miserabilidade, a evolução seria um contra senso, pois a evolução tem como finalidade prioritária enriquecer o espírito de valores morais e intelectivos, que por consequência, resultam em conforto, bem estar e prosperidade.
Ainda estranha se nos apresenta esta preocupação de Chico Xavier:
“Sei que haverão de dizer que aqui não sou eu, mas um mistificador em meu lugar”.
Se fosse assim, haveria de ser um cisco mistificador... Um cisco mistificador astuto! – exclamarão. Peço-lhes, porém licença para discordar com relação a pequeno detalhe: astuto, não; matuto! Um cisco mistificador matuto!....
Chico Xavier foi sempre um médium disciplinado, entregando-se a espiritualidade como um instrumento dócil, vivendo uma única e só preocupação, servir.
Em momento algum, se demorou preocupado com o que pudessem pensar dele, pois sabia com certeza que o valor literário, ou a temática apresentada, não lhe pertencia, era obra da espiritualidade, e compreendia ainda que haviam muitos que desacreditavam de sua mediunidade. O que haverá levado Chico Xavier a preocupar-se com o que iam pensar dele?
Emmanuel foi para Chico Xavier um pai espiritual, dando-lhe sustentação, orientando-o sempre com muito amor.
Chico Xavier respondeu ao chamamento da espiritualidade, tornando-se um instrumento dócil e disciplinado, tomando sempre o máximo cuidado para que seu pronunciamento não se fizesse com leviandade, evitando ferir ou magoar seus semelhantes.
Quando Chico se pronunciava a respeito da doutrina espírita o fazia com meticulosidade, de forma inteligente, atento à responsabilidade de que estava revestido, e, pelo que analisamos nestes tópicos, nos parece que Chico se tornou rebelde; será que desertou à proteção de Emmanuel e se sente livre para dizer tudo o que quer sem responsabilidade alguma?
Se quando encarnado Chico Xavier se postava com responsabilidade e disciplina em questões doutrinárias, é natural que depois de desencarnado, essas virtudes hajam se dilatado, e não desaparecido, pois a evolução é ininterrupta, e se manifesta ainda mais acentuada, para o espírito que como ele, já havia conquistado tantos valores morais e espirituais.
Não acredito de forma alguma em misticismo da parte do médium Bacceli, tampouco duvido de sua idoneidade, e acredito mesmo, que suas afirmativas sejam sinceras, mas infelizmente não corresponde à lógica, a razão e ao bom senso.
O que parece estar acontecendo, é interferência anímica da parte do médium, isto, porém, de maneira inconsciente.
Acreditamos que a ideia fixa, em que se demora nosso respeitável confrade Bacceli, de que Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec, ideia esta respeitável, mas que infelizmente não encontra embasamento na lógica, na razão e no bom senso, é que provoca esta atuação anímica inconsciente.
Outra questão a ser analisada, é de uma entrevista de nosso confrade Carlos Bacceli a “Folha Espírita”, vejamos:
“... discutíamos o assunto, falando que Kardec havia se casado, etecétera e tal. Ele (Chico Xavier) parou de autografar, olhou-nos por cima dos óculos e disse: ‘É, de fato, ele se casou, mas com uma mulher nove anos mais velha, que tinha por ele verdadeiro zelo material e não teve filhos...”
Com todo o respeito, mas o que podemos interpretar destes dizeres, é que Kardec casou-se, mas não conviveu maritalmente com sua esposa, esta lhe foi uma mãe zelosa, deu-lhe apenas o carinho maternal, e por consequência não teve filhos, lógico.
Ou Chico Xavier representava em público, e não apresentava a mesma coerência quando na intimidade com os amigos, ou Bacceli deve ter se equivocado, pois estas palavras são incoerentes.
Não vemos nenhum impedimento em ser a esposa de Kardec nove anos mais velha que ele, e não ter filhos não significa de maneira alguma que não esteja acontecendo o relacionamento entre o casal e, para completar, Kardec sabia com certeza, que sexo é harmonia e vida no conjunto do Universo.
Amigos, estas arestas que estão sendo adicionadas à doutrina espírita precisam ser aparadas, pois do contrário, não vai demorar muito e o espiritismo vai se transformar em uma doutrina dogmática, pois infelizmente já existem muitos equívocos na interpretação das obras básicas, muitos achismos, muitas revelações insustentáveis, muita gente escrevendo sem atentar para a responsabilidade, e uma grande maioria aceitando tudo o que é escrito ou dito, sem fazer uso da lógica.
Infelizmente o que tem acontecido é que aceitamos uma revelação, ou uma extrapolação do postulado doutrinário do espiritismo, pelo nome de quem o escreve ou diz, esquecendo-nos de que o próprio Kardec nos pede para tomarmos cuidado, pois às vezes espíritos mistificadores se utilizam de nomes famosos; amigos, atenhamo-nos um pouco mais a lógica e a razão, e tudo se resolve.
*José Sola é escritor e colaborador da revista Espiritismo & Ciência.

Crítica Literária:Rencarnação no Mundo Espiritual


Rencarnação no Mundo Espiritual

Autor: Inácio Ferreira
Médium: Carlos Baccelli
Editora: Leepp
Número de Páginas:
Lançamento:
Análise de José Sola*
A pedido de alguns amigos me propus a tarefa de analisar o livro "Reencarnação no Mundo Espiritual" escrito pelo espírito Inácio Ferreira através da psicografia do médium Baccelli. O titulo do livro causa a principio certa estranheza, pois reencarnar é retornar a um corpo de carne, será que existe corpo carnal na espiritualidade? Procurei de alguma forma, antes de ler o livro, aceitar o titulo como uma metáfora, talvez no decorrer das narrativas meu querido amigo Inácio Ferreira explicasse como se processa o renascimento no mundo espiritual, pois eu imaginei que ele fosse explicar esse renascimento de maneira lógica e racional. Entretanto fiquei desiludido, pois havendo lido o livro todo, com muita atenção e carinho, verifiquei que o Dr. Inácio Ferreira fez apenas quatro citações a respeito da reencarnação no mundo espiritual, e uma sobre a gravidez, mas fez apenas citações, pois não explicou, não detalhou como acontece a reencarnação e a gravidez na espiritualidade.
O Dr. Inácio Ferreira apresenta em seu livro algumas palavras de Chico Xavier, espírito, quando estavam na noite de natal visitando algumas entidades infelizes, distribuindo alimento e a pomada Vovô Pedro a essas entidades, acredito que na intenção de apresentar um álibi à teoria da reencarnação no mundo espiritual. Em visita chegaram a casa de um anão chamado Sinfronio, foram atendidos por esse espírito que os recebeu desconfiado, Chico se apresentou acalmando-o pedindo-lhe que chamasse a esposa Lucélia, também anã, e que trouxesse o filhinho, pois estariam recebendo assistência. Depois da assistência necessária, Chico explica ao Dr. Inácio Ferreira que Sinfronio houvera encontrado esta companheira na espiritualidade e depois arrumaram o Fininho, que é o nome do anãozinho, esse garotinho estava com um ano de idade. Vejamos o que diz Chico a Dr. Inácio:
“Os três são espíritos muito ligados, Doutor... Fininho deve ter vindo para ajudar - comentou Chico. Um filho é sempre uma benção, não é? - disse fixando-me nos olhos, como a me conter a curiosidade.” (Capitulo 28 pagina 284).
Mas ainda aqui não se explicou nada, pois ficou tudo a conta da suposição, mas sejamos sinceros, esses espíritos são entidades infelizes, não tinham qualquer acesso ao conhecimento da genética, não teriam como aplicar a técnica da reprodução assistida; gestação pós-menopausa; fecundação in vitro; fivete-fertilização in-vitro e transferência de embriões; geneterapia fetal; nascimento de bebê de mãe morta há mais de um ano; escolha do sexo pelos pais, para os futuros filhos; clonagem de seres humanos. Mas mesmo que tivessem esse acesso, exceto a clonagem, todas as demais técnicas da reprodução necessitam dos órgãos genitais masculinos e femininos para a formação do embrião, que será a seguir o bebe. E os geneticistas ainda não alcançaram êxito na clonagem do ser humano.
Jerry Hall e Robert Stillman, professores da “Universidade George Washington” nos Estados Unidos, anunciam uma experiência realizada com sucesso na área da biologia, onde pela primeira vez na história, mãos humanas elaboram uma cópia perfeita (clone) de um embrião humano, mas tiveram que interromper esta experiência no sexto dia, destruindo os dois embriões, por haverem se utilizado de células anormais incapazes de se desenvolver em um bebê; não acreditamos que estas entidades hajam dominado a técnica da clonagem, então somente nos resta aceitar a reprodução no mundo espiritual, pela cópula.
A relação sexual de conjugação dos corpos, como a vivemos enquanto encarnados, a vivem entidades desencarnadas ainda infelizes, nas trevas existem orgias mesmo, realizadas por elas, e quem nos narra este acontecimento é o espírito André Luiz, em várias de suas obras, mas ele explicita melhor esta questão em seu livro "No Mundo Maior". Neste volume, André Luiz nos diz que teve que demorar-se no umbral por não estar ainda preparado para apreciar o quadro doloroso em que se demoravam esses espíritos, enquanto seu orientador, o espírito Calderaro com sua equipe de assistência, demandavam as trevas, em visitação a essas entidades pervertidas do sexo. O que podemos deduzir, é que se o renascimento no mundo espiritual acontecesse através da cópula, assim sendo, nessas orgias em que se envolvem muitas dessas entidades, o que aconteceria de renascimentos, não dá para imaginar.
Sabemos também que todas as descobertas que acontecem na Terra, são antecedidas na espiritualidade, mas uma descoberta, um invento, tem sua lógica de ser, propicia a evolução da humanidade, se justifica, mas, em que se justifica a reencarnação do espírito no mundo espiritual? Haveríamos aprendido o relacionamento sexual na espiritualidade antes, para manifestá-lo na vida material? Acredito que não, pois o sexo está presente como um meio reprodutor em todos os elementos da natureza.
Repetindo Emmanuel: Sexo é harmonia e vida no conjunto do universo, ou seja, sexo não é aprendizado, não é revelação, é uma Lei da Natureza, é um elemento propulsor da evolução. A conjugação dos corpos geram outros corpos, mas a união dos espíritos não geram espíritos.
Inácio amigo, explique-nos esta necessidade, pois infelizmente não a vejo. Não nos é proibido fazer revelações na doutrina espírita, pois André Luiz através das mãos de nosso saudoso Chico Xavier, nos apresentou varias revelações, a principiar pelo livro "Nosso Lar" em que nos fala da existência dessa colônia, de outras tantas, colônias estas que servem para socorrer os espíritos infelizes que se demoram perambulando na terra ou no umbral. Mas o espírito de André Luiz explica como esta colônia foi formada, nos informa que existem hospitais, a fonte das águas, o campo da música, não apresenta uma revelação insustentável, pois toda revelação não explicada, detalhada mesmo, está desprovida da lógica e da razão, não deve ser aceita.
Como conhecemos o Dr. Inácio Ferreira, tanto quanto o Baccelli, e os sabemos idôneos e responsáveis, acreditamos que estarão nos explicando de maneira detalhada o que o Dr. Inácio nos quis dizer com reencarnação e gravidez na espiritualidade, eu particularmente não encontro lógica, mas não acredito que nossos amigos estejam agindo com irresponsabilidade para com a doutrina espírita, e lhes peço um esclarecimento melhor desta revelação. Alguns fãs do médium Baccelli poderão ficar contrariados comigo, achando que estou faltando com o respeito ao espírito de nosso querido amigo Dr. Inácio Ferreira, e que estou colocando em xeque a mediunidade do nosso querido Baccelli, mas não é verdade, pois estou apenas atendendo aos requisitos de Kardec quando nos pede para que estejamos passando pelo crivo da lógica, da razão e do bom senso, tudo o que ouvirmos dos homens ou dos espíritos; e eu apenas peço explicações. Mesmo porque, o espírito do Dr. Inácio Ferreira também está conforme este mandamento de Allan Kardec, pois nesta mesma obra em várias oportunidades, ele nos fala da importância deste mandamento de Kardec, vejamos:
“Eis o problema, meu caro, o grave problema das religiões em geral: pregam o que não explicam, não pesquisam, não investigam..." (Capítulo 17 pág. 118).
Neste capitulo (capítulo 17), ele se retrata e com muita propriedade, pois havia sido infeliz apresentando uma censura velada aos patrulheiros ideológicos da doutrina, vejamos:
"Que culpa tenho? Por outro lado, também não estou um pingo preocupado com a maneira com que os patrulheiros ideológicos da doutrina venham a me julgar. Aprendi, com os nossos Mentores, que, na seara espírita, quem trabalha não tem tempo para a critica mordaz." (Capitulo 7 pagina 74).
Aqui o Dr. Inácio Ferreira se demora preocupado com possíveis criticas que se faria a sua obra, preocupação esta que não deveria existir, pois escrevemos um texto ou um livro, buscamos apresentar nele informações coerentes e precisas que atendam a lógica e a razão, e resta aos opositores contrariar esta lógica, com outra lógica mais precisa, se o fizerem, então temos que nos render aceitando-a, pois o interesse da doutrina deve estar acima de qualquer coisa, se não o fizerem, estarão apenas perlengando, não lhe prestemos atenção.
O espírito André Luiz escrevia pela psicografia de Chico Xavier, explicava a revelação, e não se preocupava com as criticas, pois existem sempre aqueles que não explicam nada, não respondem os quesitos apresentados e lhes resta apenas a parlenda desordenada, não explicam estes quesitos, falam de tudo menos do que interessa ao esclarecimento da questão. A conclusão a que cheguei a respeito desta revelação apresentada pelo espírito do Dr. Inácio Ferreira, é de que ele apenas lançou a ideia, provavelmente ele vai tentar esclarecê-la, escrevendo outro livro, explicando-a, pois infelizmente não convenceu; esta é a minha opinião a respeito desta revelação, se algum amigo viu alguma lógica e razão de que não me apercebi, sinta-se à vontade, pois estou de portas abertas a qualquer tipo de apreciação. Mas que me apresentem respostas explicativas, dentro do assunto, não adianta me dizer eu sou amigo(a) do Baccelli, eu o conheço a tempo, sei que ele é uma pessoa idônea responsável, pois tampouco sou inimigo do Baccelli não o tenho como uma pessoa irresponsável, estou apenas discordando com uma obra elaborada por suas mãos, e é por sermos amigos do Baccelli e do Dr. Inácio Ferreira, irmãos de ideal espírita, que tomamos a liberdade de questioná-los.
Esta revelação que nos apresenta o espírito do Dr. Inácio Ferreira, deve ser por ele bem detalhada, pois ela altera toda a estrutura elaborada na doutrina espírita, no que concernem as obras básicas, tanto quanto na revelação dos diversos vultos que marcaram presença em nossa doutrina, tais como Leon Denis, Gabriel Dellane, Emmanuel, André Luiz e outros. Devemos nos lembrar de que as obras básicas estão sustentadas por uma lógica e uma razão tão grandiosas e inabaláveis, a ponto de não assimilarem revelações que não se ajustem, somando na construção desse monumental edifício, as obras básicas são o alicerce, a estrutura, nossas revelações devem ajustar-se a essa magnífica estrutura, como um trabalho de complemento, caso contrário a estaremos tentando destruir; em outras palavras, esta revelação precisa adequar-se a doutrina, somando sem interrupção de continuidade, pois não temos nada a mudar, simplesmente somar.
Temos que entender, que polemizar questões referentes a doutrina espírita, não é discutir um ponto de vista pessoal, é procurarmos a verdade, embora relativa, pois a verdade integral pertence a Deus. Amigos, temos responsabilidades perante a doutrina espírita, a clareza doutrinaria há que estar acima de tudo, em contrário dentro em poucos anos teremos uma doutrina dogmática, e conforme Kardec: fé racional, é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em qualquer época da humanidade.
*José Sola é escritor e colaborador da revista Espiritismo & Ciência.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

José Passini,critica literaria

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Crítica Literária
Reforma Íntima Sem Martírio e Lírios da Esperança
e
Autor: Ermance Dufaux (Espírito)
Médium: Wanderley Soares de Oliveira
Editora: Dufaux
Número de Páginas: 210 e s/informação
Lançamento:
Análise de Equipe da Federação Espírita do Mato Grosso (Coordenação de Saulo Gouveia Carvalho).
Analisaremos a seguir trechos de duas obras atribuídas ao suposto espírito Ermance Dufaux: Reforma íntima sem martírio e Lírios da Esperança, nos quais o hábil mistificador usa de um psicologismo muito bem urdido para melhor enganar. As obras são inteiramente carregadas de sofismas e algumas frases de efeito supostamente superiores, mas que se analisadas profundamente, percebe-se nitidamente o caráter de mistificação, pois ao lado de frases verdadeiras, principalmente que tratam do amor, traz trechos aberrantes, especialmente os que se reportam ao suposto Hospital Esperança, conforme veremos a seguir:
Já no prefácio (pág. 21) do Reforma íntima sem martírio o espírito cita o Hospital Esperança e coloca o livro Tormentos da Obsessão de M. P. de Miranda, psicografia de Divaldo P. Franco como referência para maiores informações. Ao citar a obra de um médium consagrado o espírito tem como objetivo referendar a dele, pois se sabe que a maioria das pessoas não vai até as referências para confrontar os textos, por isso faremos aqui a comparação entre as obras do falso espírito Ermance Dufaux e a obra de Philomeno de Miranda.
Além dessa obra o Espírito usa trechos das obras básicas para justificar as suas falas de modo a melhor enganar.
Os livros Reforma íntima sem martírio e Lírios da Esperança, apresentam diálogos e características de Espíritos como Dr. Ignácio Ferreira, Maria Modesto Cravo que também são apresentados no livro Tormentos da Obsessão. Perceberemos que são verdadeiras caricaturas dos Espíritos que M. P. de Miranda apresenta.
Outra estranheza é que o suposto Espírito Ermance Dufaux que se apresenta como trabalhadora do Hospital Esperança, nem sequer é mencionado por Philomeno Miranda. Se o Espírito que toma esse nome fosse verdadeiro e o seu trabalho tivesse o vulto que as suas obras apresentam com certeza M. P. de Miranda teria citado o trabalho que seria desenvolvido mais tarde pelo médium Wanderley.
Vejamos os textos.
Reforma Íntima Sem Martírio, cap. 16, “Lições Preciosas com Dr. Inácio”:
“Já um tanto mais refeito, aproximamos daquele coração sofrido, que se dirigiu ao Dr. Inácio:
-Doutor, não vou agüentar, não vou agüentar isso. Esse tratamento não é para mim.
-Se acalme, Euzébio, para não perder a ajuda dessa hora.
-Desse jeito vou enlouquecer!
-Você está no lugar certo então, porque aqui somos todos mais ou menos loucos – como de costume, nosso diretor era pura jocosidade elevada, mesmo nos instantes mais sérios.
-Preciso de pelo menos uma “encostadinha”; o senhor não vai poder fazer isso por mim? E para onde foi levado o Júlio? Por que esse arrancão de uma só vez? Nós nos dávamos tão certo!
-Meu amigo, não poderei lhe dar todas as informações que você quer saber. Quanto à “encostadinha”, poderei providenciar, mas dependendo da sua recuperação.
-O senhor fala sério?
-E alguma vez eu falei algo brincando? – novamente com o sorriso de deboche, Dr. Inácio olhou para mim e deu uma piscadela de puro humor.
A “encostadinha” a que se refere o espírito é na pessoa que ele obsidiava. Vejamos em que nível prossegue o diálogo:
– Sim, aqui nada acontece sem autorização, ou você acha que vai poder continuar suas obsessões como bem quer? Se for assim tenho que lhe dar alta, porque o que não falta na Terra é gente querendo ser obsidiado...
Percebamos que o diálogo acontece entre um suposto médico psiquiatra desencarnado e seu paciente.
(...) Veja só, Ermance. Ainda há quem pense nos centros espírita que nós podemos fazer tudo por aqui no mundo das almas. Com essa tese absurda, muitos trabalhadores e grupos inteiros têm se afastado da mediunidade socorrista, alegando que o “plano espiritual pode atender a tudo sem participação humana!” (...)
-Não seria de enviarmos algo por escrito a nossos irmãos na Terra?
- Se você quiser “abrir o véu”... Eu de minha parte tenho levado as informações que posso, todavia, já vejo um monte de “lenha armada” entre os puristas da Doutrina para assar o médium e o espírito. Já há quem diga no plano físico, depois das obras que enviei, que Dr. Inácio não ficou louco quando no sanatório de Uberaba, mas sua loucura surgiu depois de morto...
-Que nada, doutor. É que tudo tem sua hora.
Aqui o espírito faz referências a obras psicografadas por Carlos Baccelli, “Sob as cinzas do tempo, Do outro lado do espelho, Na próxima dimensão” que são verdadeiros atentados ao bom senso.
(...)- A psicofonia então é uma mediunidade muito necessária, será isso?
- Não é psicofonia, é incorporação mesmo, e não se assuste de dizer. Como falam os umbandistas, sem nenhum exagero, os médiuns nessa circunstância se tornam “cavalos”..
Lírios da Esperança, cap. 3, “Medidas Impostergáveis”:
(...) Após o termino da inspirada explanação, Dona Modesta convidou o Professor Cícero e o Doutor Inácio ao seu gabinete particular, a fim de se organizarem.
-Inácio, creio que acabamos de obter endosso a velhos anseios! – abriu o diálogo Dona Modesta.
-Modesta, você sabe, há quanto tempo, espero para levar ao plano físico um noticiários franco e destemido sobre a situação dos espíritas nesta casa. Adoraria assustar um bocado de gente...
Os erros gramaticais são do original, aliás há muito tempo não líamos livros com tantos erros gramaticais como esses. Existem erros de pontuação, ortográficos, de sintaxe, concordância, dentre outros. Parece que os autores desconhecem a língua que usam e os médiuns não tem o trabalho de proceder uma revisão.
-Continuo intrigado sobre como escalar essa montanha de condicionamento sem “dinamitar”.
-Sim Inácio, sua assertiva não deixa de ter fundamento – aclarou Dona Modesta -, desde que apliquemos farta dose de lógica e instrução moral, junto às novidades contundentes que detonam os paradigmas. (...)
- Pode ser! Ainda assim o momento pode um “susto” – insistiu o doutor. (...)
-Lá vem o cabeça dura!...- descontraiu Dona Modesta. -
Você já sabe, Modesta...
-Claro que sim! Você adoraria dar notícias sobre os infernos.
-Que sabem os espíritas sobre os dragões, as sete organizações do mal, a origem de Lúcifer, a influência das falanges perversas na raiz do mal?... Que noções possuem sobre a antropologia da maldade organizada no planeta? Será que já ouviram sobre as “escórias”, o “vampirismo assistido” e os “vibriões”? Quem revelou algo sobre os sete vales da perversidade e o cinturão vibratório que agasalha a humanidade? Quantos conhecem sobre as relações entre religião e as ordenações das hostes do mal? Quais informações possuem sobre a vida social nessa semiciviliazação? Que conhecem além do umbral?
Veja bem! Isso aqui é um diálogo entre benfeitores que valorizam mais o mal que o bem a ser realizado? Totalmente incongruente com a proposta que eles mesmos dizem pregar. Concluem o capítulo com um sofisma muito bem urdido para enganar os incautos.
(...)Certamente, nesses casos, os ”velhos chavões” funcionarão como escape e justificativa: “Por que mensagens tão desastrosas quando o espiritismo devem confortar?!” “Por que notícias tão tristes quando a função da Boa Nova é dar boa notícia?! Outros mais dirão: “A que pode nos conduzir essas idéias senão ao medo e terror?!” Ainda outros vão asseverar: “Com que fim algum espírito do bem trataria desses assuntos?!” As perguntas se multiplicarão, embaladas pelo desculpismo e pela invigilância dos que se acostumaram aos regimes de “dever cumprido” no limite das folgas. Porém, aos que destinamos essa convocação em regime de urgência, será pedido muito equilíbrio ante o medo de dar novos passos e a prudência que, nós próprios, os conclamamos para não se perderem nos labirintos da fascinação e do fanatismo.
-Tomaremos, portanto, medidas no intuito de apressar a formação de novos horizontes aos lidadores espíritas no que concerne à mediunidade. Que cada qual reúna sua equipe e defina os passos – arrematou Dona Modesta.
Aqui o sofisma toma vulto, cujo objetivo específico é envolver médiuns espíritas. Adiante comentaremos o objetivo deles na questão da mediunidade.
Lírios da Esperança, cap. 7, "Delicada cirurgia":
Todo ele dedicado a uma cesariana de um ovóide. É totalmente contra o bom senso.
Lírios da Esperança, cap. 8, "Novas Motivações":
-Achei que você estava melhorando! – disse caçoando o médico.
-Bem que me disseram que acharia alguém que adora caçoar por aqui!...
-Minha vida é caçoar e refestelar com as diferenças de todos nós! Não se espante! (...)Doutor Inácio, posso ser franco?!
-Admiro pessoas francas!
-É que passam algumas idéias pela minha cabeça e...
-Fale logo, homem, porque senão vou ler seu pensamento!
-Tem hora que o senhor me deixa dúvidas sobre seu comportamento.
-Em que sentido?
-Nunca conheci um espírita tão franco.
-O senhor quer dizer mal-educado e irônico. Não se acanhe de falar!
-Confundo-o com um mentor, ou..., ou um...
-Um capeta?! – expressou-se o psiquiatra com seu irremediável bom humor.
-É! É isso mesmo!
- Não tenha dúvidas que sou! Digamos que um “bom capeta”!...
-Jamais imaginei um espírita com suas características!
-O que faz o senhor pensar que sou espírita?
-E não é?
-Não! Na minha avaliação sincera, nunca me vi plenamente espírita.
-Então o que o senhor é?
-Alguém a procura de si mesmo. Um sujeito “meio-louco”!
Que diálogo entre um psiquiatra e seu paciente, mais chulo e insolente impossível, mas que tenta passar mensagens sub-reptícias ao não se afirmar espírita e que o auto-encontro é “meio” loucura.
O capítulo 9, "Ao encontro de si mesmo", traz tantas aberrações como, por exemplo, um processo “terapêutico” realizado à força porque o livre-arbítrio do espírito foi caçado. Aliás, todos os capítulos trazem uma ou mais aberrações. Não transcreveremos todas aqui, deixando a quem deseje ver essas aberrações no original e tirar as suas próprias conclusões. Para finalizar esta parte de apresentação dos supostos Dr. Inácio e Dona Modesta atentemos para os seguintes diálogos no capítulo 12, "Nossas Obras":
(...) - Inácio, que dia abençoado! – exclamou Dona Maria já um tanto defasada das lutas do dia.
-Eu diria endiabrado! Os homens na Terra não imaginam o que seja uma rotina dessas...
-Dar sem receber, dar por amor de realizar! Quantos não terão extensas lutas com esta lição nesse outro lado da vida!
-Inclusive os espíritas!
-Inclusive os espíritas! É verdade!
-Estamos há exatas quinze horas em tarefa contínua. Só hoje visitei, por três vezes, a Terra. Não reclamo de nada, mas se tivesse meu cigarrinho de volta, acho que trabalharia mais quinze horas sem mau humor...
Aqui os “benfeitores” estão reclamando do trabalho de “amor” que fazem e do cansaço que ele gera, mas é de pasmar quando o falso Dr. Inácio diz que se tivesse “um cigarrinho” poderia trabalhar mais quinze horas sem mau humor, passando a mensagem de que fumar revitaliza. Mais adiante continua o deboche do movimento espírita e dos espíritas:
(...)-Houve outro, um desses “enciclopedistas espíritas” que leram tudo sobre a doutrina, que ainda zombou de mim um dia desses. Passava por um corredor já cansado, com mau humor pior que o habitual, depois de quase vinte horas de trabalho, e sabe o que ele me disse?
- O quê?
-Doutor Inácio, que cara é esta? Até parece que o senhor está cansado?! Espírito superior não cansa, ouviu?! Aprenda a usar sua mente!
-E você...
-Eu lhe dei o troco merecido. Disse a ele que não estava cansado, estava arrependido de ter morrido. Devia ter ficado na Terra uns mil anos para não encontrar mais com religiosos. No sanatório espírita de Uberaba, pelo menos, essa segurança eu tinha. Não era obrigado a lidar com as tricas e futricas do movimento doutrinário!
-E ele?...
-Ele ainda me perguntou se tinha algo me incomodando.
-E você, naturalmente...
- debochou Dona Modesta.
-Naturalmente, eu me calei, porque, se falasse naquela hora, seria um desastre! (...) O senhor também é bastante arrogante, não é, doutor?
-Sou um arrogante que não minto mais para mim. Um arrogante autêntico e leal comigo mesmo. Há uma boa diferença entre nós nesse sentido.
- O senhor quer dizer que ainda sou um arrogante iludido...
-Como ambos somos arrogantes, não custa confirmar sua tese... (...)Pois de mim, só posso dizer o contrário. O senhor trabalhou muito, Doutor Inácio?
-A vida inteira! Cuidando de loucos, acho que enlouqueci e não percebi, Acabei sendo útil, mesmo doente.
Percebamos que essa é a postura de um suposto médico psiquiatra com grande envergadura moral. Na verdade o autor cria uma caricatura para melhor enganar. Na obra de Tormentos iremos nos defrontar com a verdade.
Comparemos agora com as descrições que Manoel Philomeno de Miranda faz no livro "Tormentos da Obsessão" do Dr. Ignácio e da Sra. Maria Modesto através da psicografia de Divaldo P. Franco. Percebamos que até a grafia do nome o espírito mistificador coloca errada. No 2º. Capítulo, "O Sanatório Esperança", P. de Miranda apresenta o verdadeiro Dr. Ignácio Ferreira. Vale a pena lê-lo e comparar os diálogos, ricos de sabedoria, com os diálogos chulos e debochados descritos anteriormente. Aliás, no livro Tormentos da Obsessão encontramos vários diálogos extremamente profundos entre Philomeno de Miranda e o Dr. Ignácio Ferreira, demonstrando de forma irrefutável a sua elevação moral. Não transcreveremos esses diálogos por ser desnecessário, remetendo o leitor ao original, que recomendamos que todos nós espíritas estudemos, pelo menos, uma vez. Mas os textos são tão profundos que, se estudarmos mais vezes vamos apreender com mais eficiência.
Vejamos os termos que Philomeno usa para descrever o Dr. Ignácio: "(...)Apresentando-se própria a ocasião, face à presença em nosso grupo de um dos seus atuais diretores, o Dr. Ignácio Ferreira, que fora na Terra eminente médico uberabense, interroguei ao amigo gentil, sobre a história daquele Santuário dedicado à saúde mental, e ele, bondosamente respondeu: (...) Enquanto o gentil psiquiatra... (...) Se demonstrar enfado, o bondoso psiquiatra elucidou... (...) Dr. Ignácio Ferreira houvera experimentado com muito cuidado, enquanto no corpo físico, o tratamento de diversas psicopatologias incluindo as obsessões pertinazes, no Sanatório psiquiátrico que erguera na cidade de Uberaba, e que lhe fora precioso laboratório para estudos e aprofundamento na psique humana, especialmente no que diz respeito ao inter-relacionamento entre criaturas e Espíritos desencarnados. A Sra. Maria Modesto Cravo, se iniciara pelas suas mãos, quando os fenômenos insólitos passaram a perturbá-la, e, graças à sua faculdade preciosa, revelou-se abnegada servidora do Bem. De sua segura mediunidade se utilizavam os bons Espíritos, particularmente Eurípedes Barsanulfo, para o ministério do esclarecimento dos estudiosos, assim como para a prática da caridade".
Nas páginas 61 a 72 do referido livro temos uma palestra do Dr. Ignácio, na qual o verdadeiro benfeitor mostra a sua elevação moral, tão diferente da caricatura do médico insolente e debochado apresentado pela suposta Ermance Dufaux. Além das referidas páginas o leitor vai encontrar no livro Tormentos da Obsessão outras páginas nas quais o ilustre psiquiatra mostra a sua elevação.
Citamos a seguir um pequeno trecho no qual o Dr. Ignácio demonstra a sua bonomia e elevação, a título de exemplo. Compare com os textos debochados exarados anteriormente: "(...) – O processo de evolução – continuou espontaneamente a enunciar – é lento, porque aqueles que nele estamos envolvidos, optamos pelo imediato, que são as ilusões que afastam aparentemente as responsabilidades e as lutas, intoxicando-nos os centros do discernimento e entorpecendo-nos a razão. Luz, porém, em toda a parte, o amor de Nosso Pai convidando à renovação e ao trabalho, à conquista da alegria, da paz e da felicidade de viver. Dia virá, e já se anuncia, em que o Evangelho de Jesus tocará os corações com mais profundidade, e o ser humano se levantará dos vales por onde deambula, galgando a montanha da libertação, a fim de contemplar e fruir os horizontes infinitos e plenificadores. Até que chegue esse momento, que todos nós, aqueles que amamos e já despertamos para as responsabilidades que nos dizem respeito, nos demos as mãos e, unidos, sirvamos sem reclamação, ampliando o campo das realizações enobrecedoras".
Para finalizar a nossa análise vamos colocar alguns trechos no qual o autor tenta dissociar a mediunidade do crivo da razão e denigre o movimento espírita de unificação.
Reforma íntima sem martírio, página 186 e 187:
(...) O exercício mediúnico sério tem sido escasso nas casas do Espiritismo e o que prepondera é o consolo nas sessões de intercâmbio. Embora com seus méritos, a transcendência da faculdade que liga os mundos não tem se convertido em chances para que os benfeitores do além possam transmitir sua experiência e participar com mais assiduidade das vivências dos homens. Não foram poucas vezes em que Bezerra de Menezes teve que contar com centros de umbanda e candomblé, nos quais encontram-se muitos corações afeiçoados ao amor, para fazer seus ditados ou operar suas curas. Lá a espontaneidade e o desejo de servir muitas vezes sobressai como qualidade indiscutível em relação a muitos centros doutrinários do Espiritismo, os quais têm fechado as portas mentais para o trânsito dos bons espíritos. Tem havido um engessamento voluntário do exercício mediúnico surgido a partir da tese animista, em meados do século passado. Sem visão de vida imortal, acomodam-se e deixam de descobrirem horizontes novos. Estacionam na paralisia do pensamento em conceitos e não se permitem reciclar práticas. Muitos, além disso, infelizmente, perderam o gosto de aprender, esbaldando-se em seu “histórico de serviços” sem apresentar algo de útil para os reclames do momento atual.
Lírios da esperança, páginas 34 e 35:
"(...)Fé é a adesão espontânea da alma na busca da Verdade. Mediunidade é o ventre sagrado do fervor. Através dela, ocorre a sublime gestação do patrimônio da crença lúcida e libertadora. Raciocínio é o dínamo da lógica e do bom senso. Quando atacado pela rigidez emocional, concerte-se em preconceito e etagnação. Inúmeros grupos doutrinários transformaram o critério do raciocínio em medida prática de defesa, para não serem enganadosistm o gosto de aprender, esban o gosto de aprender, esbandando-se em seu de indiscut e candombcernimento e entorpecendo-nos a pelas bem urdidas mistificações. Com essa postura, se não são enganados nas suas produções mediúnicas, são ludibriados quanto ao significado abrangente das relações de amor entre as almas, circunscrevendo a prática de intercâmbio à expressões superficiais de conversão de desencarnados, com espaço acanhado para a manifestação livre de benfeitores e aprendizes da erraticidade. Vigilância excessiva é um cadeado nas portas da sensibilidade, aprisionando os sentimentos aos severos regimes de descrença e engessamento mental. A cautela excessiva com a fantasia e o engodo manietaram inúmeros servidores. E o resultado mais infeliz de tanta censura é o enfermiço desânimo com as sagradas práticas de intercâmbio entre os mundos. O mais grave efeito do engessamento cultural das idéias espíritas é a paralisia da noção de imortalidade. Um plano espiritual estático e desconectado da vida na Terra. (...) O que era apenas uma ameaça ao intercâmbio mediúnico responsável, regido pela espontaneidade, hoje se concretiza como autêntico cerceamento criado por padrões rígidos e institucionais nas leiras de serviço. Tais padrões, a princípio erigidos como “estacas de segurança”, transformaram-se em “cartilhas” por sugestões de corações bem intencionados, porém, desprevenidos quanto ao significado da singularidade nos assuntos metafísicos. Além disso, a existência dos “mentores culturais” de sofismas, em ambos os planos, multiplicaram as noções inconsistentes absorvidas pela comunidade em suas práticas e conteúdos. O resultado inevitável é o restringimento, ainda maior, das manifestações do céu para a vida terrena. Chega a hora de um novo chamado! (...) Com isso, o homem acomoda-se na ritualidade, na repetição, no padrão. Bane-se a criatividade, o novo e a experimentação, estabelecendo uma noção de segurança em torno de “formas usuais de fazer...” A educação moderna preconiza em um dos seu quatro pilares: o “aprender a fazer”. Todos os grupos doutrinários na atualidade são convocados a “reaprender a fazer”. (...)-Estou confirmando que precisamos de rever conceitos sobre médiuns, mediunidade e Espiritismo. Largar essa mania emocional de fidelidade ao texto de Kardec e buscar fidelidade à postura de Kardec, à postura de investigador. Estou falando de abertura mental para o novo".
Percebe-se nitidamente os sofismas que o espírito mistificador usa para neutralizar o bom senso na prática mediúnica, usando palavras bem escolhidas, como “criatividade”, o “novo”, “experimentação”, para melhor enganar.
O médium Wanderley em um congresso recente disse em público, que tem experimentado muitas inovações seguindo o conselho dos seus “mentores”. Percebe-se que ele vem seguindo à risca os conselhos de abolir a razão e o bom senso. A última novidade que introduziu no Centro onde ele participa é o “tatame mediúnico”. Aboliram a mesa da sala mediúnica e agora há um tatame para amortecer as quedas dos médiuns, que usando a “espontaneidade” jogam-se no chão ao receber os espíritos, tornando-se como recomenda o falso Dr. Inácio, “cavalos” dos espíritos.
(...)- Os médiuns consagrados da seara cumprem outro gênero de tarefa para com a causa, razão pela qual, para resguardarem segurança íntima, mantêm-se distantes dos cataclismos de diversidade.
-Tenho piedade do medianeiro que se atrever a publicar tais anotações!
-Pois tenho alegria em saber que esses conceitos chegarão ao mundo pelas mãos mediúnicas.
-A maioria nutrirá descrença. Eu mesmo ainda não creio no que vejo!
-Ainda assim o médium, com sua “louca coragem”, será um desafio de amor para o movimento espírita.
Aqui o espírito sutilmente fala da diferença de médiuns consagrados e médiuns corajosamente loucos, justificando porque não há confirmação dessas “revelações” por médiuns equilibrados apenas pelos outros, os “loucos”. Novamente coloca uma falácia para melhor enganar.
Nos capítulos 21 e 23 o mistificador usa de instrumentos para ridicularizar e denegrir a doutrina e o movimento de unificação. Vejamos alguns trechos:
(...) Os pacientes aqui alojados neste setor...
- São líderes da unificação. Com raras exceções, os amigos da unificação que aqui se aportam chegam cansados pelo peso das mágoas. Suas histórias, a exemplo da minha própria, quase sempre, são agravadas pela angústia, quando descobrem não serem tão essenciais o quanto imaginavam aos ofícios de Jesus. (...) Parecem atordoados.
-“Emburrados”, eu diria.
-“Emburrados”?
-Não se entendiam na Terra, continuam não se entendendo por aqui. Brigam durante o dia e, agora à noite, encontram-se deprimidos e fracos.
-Mas ninguém toma nenhuma iniciativa?
-Se tomarem, logo eles estarão se procurando para “tricotarem”.
-“Tricotarem”?! O senhor quer dizer que continuam suas tricas?
-Sejam claros!... Tricas, não. Política de bastidor!
-Até aqui existem essas condutas?
-E por que não? A mente adoecida traz para cá suas enfermidades.
-Surpreendente! Como lhe disse, conhecia bem esse comportamento na seara, todavia não imaginava que os unificadores continuassem agindo assim...
-Eu mesmo, quando desencarnei fiz parte de grupo similar na erraticidade. Saudade do ambiente de unificação! Do movimento espírita com todas as suas querelas! (...)A Doutrina Espírita é uma bênção de alívio e paz para quem a busca absorver-lhe as lições. Todavia, para quantos estacionam na superfície de seus ensinos, transforma-se em fardo consciencial. Por essa razão, alguns confrades recorrem a alternativas. Cansam de espiritismo. (...)
-Que o Espiritismo chamado de puro é uma criação da cabeça humana, tomada pelo preconceito, e que os espíritas de hoje são um “novelo cultural católico”, um fenômeno social e histórico. As práticas e conceitos doutrinários foram talhados pelo arcabouço milenar do homem religioso.
Aqui fica também patente a real finalidade do espírito mistificador ridicularizar o movimento e a doutrina espírita através de um psicologismo que engana muita gente, pois fala do amor, do bem, das virtudes. Muitas outras falhas doutrinárias graves existem nas obras, mas ficamos por aqui para não ficar enfadonha a análise.
Concluímos com um texto de Erasto extremamente atual que todo trabalhador espírita na leitura das obras mediúnicas ou não deveria sempre ter em mente para separar o joio do trigo.
“O Livro dos Médiuns”, item 230:
“Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade”

José Passini,critica literaria

JOSÉ PASSINI
passinijose@yahoo.com.br
Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)


Lírios de Esperança

Os livros psicografados por Wanderley Soares de Oliveira demonstram ter origem comum com os de Carlos Antônio Baccelli. Nas suas obras, o Espírito que se intitula Ermance Dufaux demonstra conviver com outros Espíritos que, como ele, procuram, por todos os meios, diminuir o valor do trabalhador espírita e do Movimento Espírita, notadamente a Unificação.
Nas páginas de suas obras, aparece o mesmo “Dr. Inácio” irreverente, debochado, rude nas suas expressões. Há um abuso do nome de Maria Modesto Cravo, tanto nesta obra quanto naquela intitulada “Mereça ser Feliz”, cuja análise está, há tempos, à disposição de quem a queira ler. Nesta obra, é afirmado que o diretor do Hospital Esperança é Eurípedes Barsanulfo. Em suas obras, o “Dr. Inácio” diz que é ele próprio o diretor, e até se queixa da tarefa:“(...) grande hospital, cuja direção, no Mais Além, estava sob minha responsabilidade (eu não sei quando é que vou me livrar desse carma!)” (Na Próxima Dimensão, pág. 12.)
*
Na obra ora em exame – Lírios de Esperança, do médium Wanderley S. de Oliveira e autoria espiritual atribuída ao Espírito de Ermance Dufaux – ostrechos citados foram copiados ipsis verbis, em negrito, inclusive com as muitas falhas gramaticais: (1)
Dona Modesta, depois de sentida prece, notificou a todos, pela sua mediunidade, que a Equipe Verdade velava pelo nosso encontro. (32)
Que Equipe Verdade seria essa? Aquela que dialogou com Kardec na elaboração de “O Livro dos Espíritos”? Estariam esses Espíritos Superiores e Eurípedes atuando no mesmo círculo onde se processavam todos os descalabros verbalizados pelo “Dr. Inácio”? E essa “Dona Modesta” seria aquela que atacou rude e zombeteiramente os espíritas na parte final da obra “Mereça ser Feliz”? Além do mais, num ambiente onde trabalhasse um Espírito debochado, irreverente, agressivo fanfarrão, zombeteiro como esse que se apresenta como “Dr. Inácio Ferreira”, seria esse ambiente digno de receber a visita de Maria, mãe de Jesus, conforme relatado às págs. 40/41?
– Modesta, você sabe há quanto tempo espero para levar ao plano físico um noticiário franco e destemido sobre a situação dos espíritas nesta casa. Adoraria assustar um bocado de gente... (43)
Uma afirmativa dessas seria compatível com a elevação e a seriedade dos Espíritos acima citados? É um esforço tremendo esse que as Trevas fazem, pela boca desse e de outros Espíritos, buscando desvalorizar o empenho dos espíritas no sentido de se melhorarem. Segundo ele, a maioria dos espíritas chega lá, sofrendo grande perturbação.
Tenho certeza, Inácio, de que sua ligação com o médium uberabense será o caminho certo para os recados mais “diretos”. Essa será a vertente a seguir. (46)
Por aí se vê que “Ermance Dufaux”, “Dr. Inácio Ferreira” e “Maria Modesto Cravo” são os nomes que esse ou esses Espíritos fascinadores usam, tanto através de Carlos Antônio Baccelli, quanto de Wanderley Soares de Oliveira.
No entanto, o meu amigo terá tempo bastante para descobrir que o farto material sobre a vida imortal destinado aos homens, por André Luiz, representa minúsculo grão de areia na praia infinita das verdades espirituais. (60)
Vê-se aí, numa fala atribuída a Cícero Pereira, uma tentativa de diminuir o valor da obra de André Luiz, insinuando que eles seriam os complementadores.
Eis a razão de se rasgar o véu e apresentar, aos nossos parceiros de causa, o mundo espiritual despido de inverdades alimentadas pela obsessão da ignorância e do preconceito que ainda carregam. Urge levar-lhes a mensagem de que as esferas da vida imediatas à morte não são tão diversas quanto se imagina, na qual os efeitos de nossas ações se prolongam natural e claramente em regime de continuidade. (62)
O dito acima foi dirigido a um dirigente espírita desencarnado, que dedicara mais de quarenta anos ao trabalho espírita na Terra, numa tentativa de mostrar-lhe que aquilo que aprendera até então sobre o mundo espiritual estava cheio de inverdades. Quem nos revelou o Mundo Espiritual com detalhes? Vê-se, de novo, uma tentativa de minimizar a obra de André Luiz.
Acreditei que a morte me livraria desse mau humor de alguns espíritas de topete. Chego a pensar se não foi uma grande ilusão ser espírita. (65)
Mais uma mensagem de descrédito ao Espiritismo.
Amigo, vou lhe dizer uma verdade sobre a Verdade: os espíritas estão doentes de soberba ao imaginarem que sabem tudo sobre vida espiritual. (85)
“Dr. Inácio” não disse de onde tirou essa “verdade”, mas fica a mensagem desmerecedora...
Infelizmente, o movimento espírita está tomado por uma crise epidêmica. (108)
Mais uma frase de desapreço ao Movimento Espírita.
Só hoje visitei, por três vezes, a Terra. Não reclamo de nada, mas se tivesse meu cigarrinho de volta, acho que trabalharia mais quinze horas sem mau humor... (128)
Será que essa é a postura de um Espírito que diz trabalhar com Eurípedes Barsanulfo? Em que círculo espiritual trabalha um Espírito que fala, sem nenhuma ressalva, do seu antigo hábito de fumar? Do seu mau humor? Será que tudo isso é compatível com a postura que deve ter um diretor de clínica espiritual?
– Houve um outro, um desses “enciclopedistas espíritas” que leram tudo sobre a doutrina, que ainda zombou de mim um dia desses. Passava por um corredor já cansado, com mau humor pior que o habitual, depois de quase vinte horas de trabalho, e sabe o que ele me disse?
– O quê?
– Doutor Inácio, que cara é esta? Até parece que o senhor está cansado?! Espírito superior não cansa, ouviu?! Aprenda a usar sua mente!
– E você...
– Eu lhe dei o troco merecido. Disse a ele que não estava cansado, estava arrependido de ter morrido. Devia ter ficado na Terra uns mil anos para não encontrar mais com religiosos. No sanatório espírita de Uberaba, pelo menos, essa segurança eu tinha. Não era obrigado a lidar com as tricas e futricas do movimento doutrinário!
– E ele?...
– Ele ainda me perguntou se tinha algo me incomodando.
– E você, naturalmente... – debochou Dona Modesta.
– Naturalmente, eu me calei, porque, se falasse naquela hora, seria um desastre! (128/129)
À medida que se vai lendo o livro, vai-se constatando que esse é o mesmo “Dr. Inácio” que se apresenta pelo médium Baccelli. Os destemperos, os desacertos e as grosserias são iguais. É só comparar. Até “Dona Modesta” comparece com seu deboche...
O exercício mediúnico atravessa um grave processo deflagrado há algumas décadas, que conduziu ao rompimento com a espontaneidade. A título de se incluir cuidados que se fizeram necessários – fato que ninguém pode contestar – criaram-se normas e padrões muito rígidos. O exercício mediúnico precisa ser ressignificado. (149)
O que significa esse processo deflagrado há algumas décadas? Por quem? Será que ele critica os padrões rígidos fundamentados em “O Livro dos Médiuns”, em André Luiz e em outros autores sérios? Seria agora ressignificado (sic) pelo “Dr. Inácio” e “Dona Modesta”, através desse discurso que pretende ser humorístico?
– Os pacientes aqui alojados neste setor...
– São líderes da unificação. Com raras exceções, os amigos da unificação que aqui aportam chegam cansados pelo peso das mágoas. Suas histórias, a exemplo da minha própria, quase sempre, são agravadas pela angústia, quando descobrem não serem tão essenciais o quanto imaginavam aos ofícios de Jesus. (228)
Agora ataca, não só os espíritas em geral, mas particularmente aqueles que trabalham pela unificação do Espiritismo.
– De onde viemos? Para onde vamos? O que fazemos na Terra? Célebres perguntas que necessitam ser reconsideradas em suas nuances. Que sabem os próprios espíritas reencarnados sobre elas, senão algumas informações periféricas?! Qual companheiro de lides estará suficientemente instruído sobre as raízes espirituais de seu retorno à carne? De onde partiram? Com que programa? Qual era sua real condição moral e mental antes do retorno? Que causas anteriores os levaram a passar por esse ou aquele estado na erraticidade? (170)
Essas palavras, atribuídas a Cícero Pereira, induzem claramente o leitor a pesquisar o seu passado, o que se contrapõe frontalmente ao que Kardec ensina em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. V, item 11: “Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que nisso há vantagem”.
Que informes possuem os amigos matriculados nas fileiras doutrinárias sobre o futuro que os aguarda na imortalidade? Que cogitações ou probabilidades podem levantar sobre a sua chegada na vida imortal? Que vínculos guardam com o mundo dos espíritos? Quem são seus guias, seus espíritos familiares, suas afinidades e seus adversários? (170)
Perguntas capciosas, tendentes a confundir o leitor, pois quem estuda e segue os ensinamentos espíritas sabe perfeitamente o que o aguarda na imortalidade. Sabe os vínculos que mantém com o mundo dos Espíritos. Não necessita saber a identidade de Espíritos protetores. Tem certeza de que, se estiver no caminho do Bem, nada deve temer, pois a Espiritualidade o protegerá.
Nota-se aí, claramente, o direcionamento para o desvio das atividades mediúnicas – que é principalmente o de evangelização de desencarnados – para um programa de consultas ao passado e previsões do futuro, tão a gosto de Espíritos levianos e palpiteiros, através de médiuns descompromissados com a Verdade. O restante do capítulo é a mesma cantilena de combate aos dirigentes e aos médiuns sérios.
– Eu mesmo, quando desencarnei fiz parte de grupo similar na erraticidade. Saudade do ambiente de unificação! Do movimento espírita com todas as suas querelas! (229)
– Parece que temos uma ilusão coletiva na seara em relação aos vultos do Espiritismo! Não lhe (sic) supunha nessa condição.
– Não tenha dúvidas disso, Marcondes. Para sua reflexão vou lhe passar o que aprendi a esse respeito. Os vultos do Espiritismo cujos serviços mereceram biografias honrosas nem sempre estavam a serviço do Cristo. (...)
Você constatará, inclusive, que por aqui alguns baluartes inesquecíveis da seara, credores das homenagens e biografias lavradas pelo movimento doutrinário na Terra, encontram-se em padecimentos atrozes nas mais conturbadas furnas de dor...(230/231)
Ao longo da obra, sempre o discurso repetitivo, atacando o Movimento Espírita, a Unificação e os próprios espíritas. Nenhuma palavra de apreço, de incentivo...
– Kardec fez o Espiritismo possível em seu tempo. Sem retirar-lhe a condição de missionário da Nova Era, o codificador foi um homem de seu tempo, sujeito à cultura de sua nação. Veja que os próprios livros da codificação contêm larga influência da corrente positivista e mesmo da igreja. Conquanto tenha sido um investigador incomparável, esteve submisso, como não poderia ser diferente, ao “caldo cultural” de sua época. Vindo para o Brasil, a doutrina assimilou, por sua vez, os traços religiosos e sociais do nosso país.
– O que a senhora quer dizer com isso?
– Que o Espiritismo chamado de puro é uma criação da cabeça humana, tomada pelo preconceito, e que os espíritas de hoje são um “novelo cultural católico”, um fenômeno social e histórico. As práticas e conceitos doutrinários foram talhados pelo arcabouço milenar do homem religioso. (262)
Essa tentativa de minimizar a figura do Codificador não é exclusiva de “Dona Modesta”, pois encontra-se também na obra “Chico Xavier Responde”, psicografada por Carlos Antônio Baccelli. Fica patente, para quem analisa as duas obras, que a fonte da fascinação é a mesma.
É tamanha a leviandade com que esse ou esses Espíritos se referem ao Codificador e à Doutrina, que seriam necessárias muitas páginas para analisar suas afirmações. Preferimos deixar ao leitor a tarefa de tirar suas próprias conclusões.
O núcleo espiritista deve sair do patamar de templo de crenças e assumir sua feição de escola capacitadora de virtudes e formação do homem de bem, independentemente de fazer ou não com que seus transeuntes se tornem espíritas e assumam designação religiosa formal. (299)
Na conclusão do livro, há uma repetição, pela terceira vez, do trecho acima, que consta de um pretenso Programa de Bezerra de Menezes, agora ampliado e colocado na boca de Cícero Pereira, que merece ser observado, por constituir-se em mais um ataque aos centros espíritas, pois não é verdade que as casas espíritas sejam consideradas templos de crenças e, muito menos, que nelas se procure fazer prosélitos.
Há, no momento, um justo desejo de homenagear Chico Xavier. Mas, qual será a melhor forma de demonstrar-lhe nosso apreço pelo seu trabalho, se não pelo estudo de suas obras? Lê-las, estudá-las será a melhor forma de homenageá-lo, ao tempo em que adquirimos conhecimentos capazes também de nos permitir análise justa e lúcida do que se produz no campo mediúnico da atualidade, a fim de que estejamos capacitados a rejeitar essas agressões ao bom senso do leitor e à dignidade da Doutrina Espírita, presentes nesta obra.

(1) Leia também sobre a obra Lírios de Esperança a análise publicada pela Equipe da Federação Espírita de Mato Grosso, sob coordenação de Saulo Gouveia Carvalho, que o leitor pode acessar clicando neste link:
http://www.orientacaoespirita.org/critica_16.htm.