.
A BÍBLIA NÃO É O QUE VOCÊ PENSA
Todos precisam compreender um fato muito importante sobre a Bíblia, talvez o mais importante de tudo, que a maioria nem desconfia. Essa nova compreensão da Bíblia pode mudar completamente nossa visão de mundo e corrigir alguns erros milenares que as religiões dogmáticas vêm cometendo com seus adeptos, desviando-os do verdadeiro caminho do infinito.
É preciso esclarecer que a Bíblia é um livro SIMBÓLICO, que traz uma mensagem que não é literal, mas que é dotada de simbolismo. Os ensinamentos da Bíblia não valem pelo seu caráter literal, descritivo, narrativo, intelectual, histórico. O valor da mensagem é sempre simbólico, representativo. A Bíblia passa uma mensagem que não está perfeitamente explicitada em seu texto. É uma mensagem IMPLÍCITA… uma mensagem que está nas entrelinhas, que precisa ser lida com o nosso interior e não com a mente objetiva. É um conteúdo que precisa ser interpretado, aprofundado, refletido, tal como uma parábola contada por Jesus, que é igualmente simbólica.
Uma parábola é um texto metafórico, que tem valor pela mensagem geral nela expressa e não pela sequência de acontecimentos. Por exemplo, quando se fala da parábola do semeador, que joga semente na pedra e ela não nasce, mas depois joga a semente em terra fértil e ela nasce, Jesus explica que a semente é a palavra de Deus. Os lugares em que a semente foi jogada são as pessoas que conseguem absorvem bem ou mal a palavra. A terra fértil simboliza um coração puro que conseguiu receber bem a palavra de Deus, ou seja, os ensinamentos espirituais e os fez frutificar em suas vidas. Observe que o significado oculto da parábola tem mais valor do que a sequência de acontecimentos descrita no texto. É a mensagem profunda escondida nos símbolos que lhe confere força, intensidade e veracidade.
Da mesma forma que as parábolas de Jesus, é possível afirmar que em toda a Bíblia ocorre o mesmo. A mensagem do texto sagrado judaico cristão não é histórica, nem literal, não vale pelos acontecimentos nele narrados, mas sim pela mensagem oculta em seu simbolismo. Por exemplo, a história de Moisés também é toda simbólica. Quando a narrativa bíblica conta que Moisés subiu o monte Sinai pastoreando suas ovelhas, essa subida não foi uma subida literal. Este trecho do Êxodo, no capítulo 3, é provavelmente a mais simbólica e ao mesmo tempo a mais profunda de todo o livro. A subida ao monte não significa que Moisés tenha escalado um monte físico, material e lá em cima tenha se encontrado com um ser sobrenatural. A expressão “subida ao monte” é um símbolo… ela representa o processo de elevação da alma rumo ao infinito e ao eterno.
Por exemplo, quando uma pessoa ora, ela está simbolicamente se “elevando” a Deus, sentindo sua vibração aumentar e sentindo algo de infinito e de eterno. Ela está simbolicamente “subindo a montanha” e falando com Deus. Isso é uma ascensão de nossa consciência, seja temporária ou permanente. O simbolismo da montanha é, com efeito, o simbolismo da subida, da ascensão, da transcendência. É quando o ser se eleva além da condição habitual ou convencional do mundo e atinge níveis mais próximos do criador. Até mesmo dentro do cristianismo posterior, os místicos cristãos também representam a montanha como um símbolo de ascensão, do progresso da vida mística, como São João da Cruz na “Subida ao Carmelo”. Sabe-se que a montanha simboliza a morada dos deuses, como o Olimpo grego, o Monte Fuji japonês, etc.
Há muitos outros exemplos do simbolismo presente em toda a Bíblia. Por exemplo, quando moisés foi ao Egito libertar os escravos hebreus. As tradições esotéricas sempre consideraram a escravidão um símbolo da própria condição do ser humano no planeta Terra. Os espíritos presos ou apegados as vicissitudes do mundo material estão como que “escravizados” pelas seduções da matéria. É como se o mundo material criasse uma bola de ferro e aprisionasse os espíritos que aqui se encontram. As almas encarnadas não conseguem se libertar deste cativeiro terrestre e, por isso, podem ser consideradas escravas das posses, das paixões, dos desejos, da ganância, do egoísmo, da vaidade etc. Então, quando Moisés voltou ao Egito para “libertar os escravos”, a mensagem profunda do texto bíblico não é que Moisés foi literalmente salvar os hebreus do domínio egípcio e levá-los a terra prometida, mas sim que é possível os espíritos se libertarem da escravidão do mundo após um contato com Deus. Por outro lado, a chamada “terra prometida” que Moisés procurou pelo deserto junto com o povo hebreu não é um espaço físico onde os hebreus iriam morar. Ela simboliza o “paraíso” das religiões, a meta final, o objetivo do caminho espiritual. Não é uma terra de moradia material, mas um estado de consciência de bem-aventurança e paz eternas, que é o destino de todas as almas assim que se libertarem da escravidão das paixões terrestres.
O caminho que Moisés faz pelo deserto é outro símbolo de grande relevância. O deserto sempre representou, no simbolismo de várias tradições antigas, um espaço de provação onde os instintos humanos vão se exacerbando. Caminhando pelo deserto as pessoas sentem muito calor , além de fome e sede, pela carência de vegetação, pois há escassez de recursos e água. No deserto as paixões se intensificam e cabe ao caminhante vencer seus instintos e desejos a fim de cruzar com eficiência o caminho. O deserto é, pois, o símbolo de um espaço de provação e tentação. O próprio Jesus sofreu tentações no “deserto” e venceu todas elas. O deserto aqui é outro símbolo bastante significativo.
O Gênesis é outro livro de profundo simbolismo. Cada aspecto da obra é um símbolo de leis e princípios naturais. A história de Adão e Eva também é obviamente toda simbólica, pois não se pode admitir que uma cobra possa falar, ou que existia um casal primordial no paraíso que vivia nu e não reconhecia sua condição de nudez, tampouco uma árvore no centro do paraíso que tinha um fruto. Tudo isso são obviamente símbolos de verdades universais. Adão e Eva representam os espíritos que viviam numa condição “paradisíaca” antes da queda na matéria. Esses espíritos sofreram uma tentação e caíram nessa tentação. A árvore e a serpente simbolizam a kundalini que existe na coluna vertebral humana, muito conhecida das tradições orientais. A serpente são os desejos, as paixões e os prazeres do mundo. O “fruto” proibido da árvore do bem e do mal, não é uma maça e tampouco um fruto físico, mas é o desejo de rivalizar com Deus e tentar definir o que é bem e o que é mal, ou seja, julgar, definir, concluir, condenar, estabelecer o bem e o mal, o certo e o errado, criar uma idealização absoluta de como as coisas devem ser que sempre nos conduzem ao erro e ao sofrimento, pois quando a vida não acontece de acordo com nossas idealizações e de acordo com nosso certo e errado… sofremos.
Muitos outros exemplos poderiam ser dados, mas com essas explicações já fica claro qual é a verdadeira natureza da Bíblia, um livro simbólico que transmite uma mensagem que fala a alma, ao coração, ao nosso interior e não ao intelecto, não a mente concreta, não ao raciocínio. Com isso não estamos querendo dizer que é tudo mentira, tudo falso, ou seja, que nada do que é narrado na Bíblia ocorreu de fato. Sim, algumas situações relatadas podem ter um sentido histórico, podem de fato ter ocorrido. Mas mesmo os acontecimentos históricos também passam uma mensagem que vai além da escrita literal, como já exemplificamos acima. Dessa forma, aqueles que ainda teimam em ver na Bíblia fatos ou acontecimentos objetivos, que se realizaram no mundo, não apenas perdem sua mensagem mais profunda e essencial, que é libertadora, como também se extraviam num labirinto de interpretações de acontecimentos que, em seu aspecto literal, fazem muito pouco sentido.
Do livro: Luminosofia: perguntas e respostas
E-mail: portaldoespiritualismo@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário