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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Animismo e Espiritismo – Parte II

Fenômenos AnímicosMP 018 (2)
Como sabemos, a mediunidade é uma propriedade do Espírito, que precisa ser desenvolvida e treinada, e que não se é possível adquir em apenas uma encarnação. Sabemos também, que todos nós temos um certo grau de mediunidade e que portanto somos todos capazes de realizar fenômenos mediúnicos. Estes fenômenos irão variar de acordo com a intensidade da mediunidade existente e da forma com a qual a pessoa a canaliza.  Poucos são os médiuns que a possuem em grau necessário para conseguir comunicar-se com o Polisistema Espiritual.
A grande maioria das Casas Espíritas partem do princípio de que os fenômenos que lá ocorrem são espíritas, a possibilidade de que os fenômenos possam ser anímicos sequer é cogitada, pois eles são absolutamente rejeitados, são vistos como charlatanaria. Um verdadeiro tabu.
Eu vejo de outra maneira… considerando-se que os fenômenos espíritas provém de poucos médiuns e são em um número bem menor do que os anímicos eu me pergunto: qual o motivo para essa diferença tão gritante?
Se reparar-mos bem, os grandes médiuns estão, aos poucos, deixando o nosso Planeta e retornando aos seus Lares… o que nos restará quando todos se forem? Quando virão e quem serão os novos?
Sabemos que os Espíritos Desencarnados não nos dão respostas prontas, precisamos trabalhar por elas, estudar, experimentar! Por isso me pergunto… por quantas experiências reencarnatórias os grandes Médiuns passaram para ter o grau mediúnico que eles têm ou tiveram? Será que os fenômenos anímicos não fizeram parte do desenvolvimento mediúnico deles?
Será que grandes potencialidades mediúnicas não estão sendo ceifadas no seu desenvolvimento pela falta de aceitação por parte das Casas Espíritas de um fenômeno natural e necessário para a formação mediúnica?
Infelizmente, em grande parte das Casas Espíritas, tanto os dirigentes quanto os grupos mediúnicos dão muito mais atenção para as mensagens mediúnicas já existentes e com a evangelização de uma forma geral, do que com os irmãos participantes dos próprios grupos, que muitas vezes produzem manifestações mediúnicas e ficam calados e atormentados por não saberem qual o tipo de manifestação produzida, muitos senten-se até mesmo envergonhados pela possibilidade que elas possam ser anímicas! Esses irmãos acabam sendo ignorados, não recebem atendimento e nem orientação de como avaliar o fenômeno, qual o seu significado e como continuar a desenvolve-lo. É assim que as Casas Espíritas estão preparando o próprio futuro? Isso eu vejo, no mínimo, como leviandade e irresponsabilidade para com a evolução do processo mediúnico.
Vejamos o que consta no livro “No Mundo Maior”, página 124, – Francisco Cândido Xavier – pelo espírito André Luiz:
“A tese animista é respeitável. Partiu de investigadores conscienciosos e sinceros, e nasceu para coibir os prováveis abusos da imaginação; entretanto, vem sendo usada cruelmente pela maioria dos nossos colaboradores encarnados, que fazem dela um órgão inquisitorial, quando deveriam aproveitá-la como elemento educativo, na ação fraterna. 
Milhares de companheiros fogem ao trabalho, amedrontados, recuam ante os percalços da iniciação mediúnica, porque o animismo se converteu em Cérbero. 
Afirmações sérias e edificantes, tornadas em opressivo sistema, impedem a passagem dos candidatos ao serviço pela gradação natural do aprendizado e da aplicação. 
Reclama-se deles precisão absoluta, olvidando-se lições elementares da natureza. 
Recolhidos ao castelo teórico, inúmeros amigos nossos, em se reunindo para o elevado serviço de intercâmbio com a nossa esfera, não aceitam comumente os servidores, que hão de crescer e de aperfeiçoar-se com o tempo e com o esforço. 
Exigem meros aparelhos de comunicação, como se a luz espiritual se transmitisse da mesma sorte que a luz elétrica por uma lâmpada vulgar. 
Nenhuma árvore nasce produzindo, e qualquer faculdade nobre requer burilamento. 
A mediunidade tem, pois sua evolução, seu campo, sua rota. 
Não é possível laurear o estudante no curso superior, sem que ele tenha tido suficiente aplicação nos cursos preparatórios, através de alguns anos de luta, de esforço, de disciplina. 
Daí nossa legítima preocupação em face da tese animista, que pretende enfeixar toda a responsabilidade do trabalho espiritual numa cabeça única, isto é, a do instrumento mediúnico.
Precisamos de apelos mais altos, que animem os cooperadores incipientes, proporcionando-lhes mais vastos recursos de conhecimento na estrada por eles mesmos perlustrada, a fim de que a espiritualidade santificante penetre os fenômenos e estudos atinentes ao espírito.”
Como explica Hermínio C. Miranda no livro “Diversidade dos Carismas – Teoria e Prática da Mediunidade” 
“Na verdade a questão do animismo foi de tal maneira inflada, além de suas proporções, que acabou transformando-se em verdadeiro fantasma, uma assombração para espíritas desprevenidos ou desatentos. Muitos são os dirigentes que condenam sumariamente o médium, pregando-lhe o rótulo de fraude, ante a mais leve suspeita de estar produzindo fenômeno anímico e não espírita. Não há fenômeno espírita puro, de vez que a manifestação de seres desencarnados, em nosso contexto terreno, precisa do médium encarnado, ou seja, precisa do veículo das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, anímicas.
Escrevem Erasto e Timóteo, em O Livro dos Médiuns:
“O espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo, que serve para falar, e por ser necessária uma cadeia entre vós e os espíritos que se comunicam, como é preciso um fio elétrico para comunicar à grande distância uma notícia e, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente, que a receba e transmita”. (Kardec, Allan, 1975.)
O animismo não pode ser tratado como um estigma!
Certamente ocorrem manifestações de animismo puro, ou seja, comunicações e fenômenos produzidos pelo espírito do médium (Alma) sem nenhum componente espiritual estranho, sem a participação de outro espírito, encarnado ou desencarnado. Nem isso, porém, constitui motivo para condenação sumária ao médium, mas sim, objeto de exame e análise competente e serena, com a finalidade de apurar o sentido do fenômeno, seu porquê, suas causas e conseqüências.
Suponhamos, por exemplo, que ante determinada manifestação espiritual um certo médium de um grupo, outro médium do mesmo grupo mergulhe, de repente, em um processo espontâneo de regressão de memória. Pode ocorrer que ele passe a ‘viver’, em toda a sua intensidade e realismo, sua própria personalidade de anterior existência. Apresentará, sob tais circunstâncias, todas as características de uma manifestação mediúnica espírita, como se ali estivesse um espírito desencarnado.
Lembrando o ensinamento de Erasto e Timóteo: “A alma do médium pode comunicar-se como a de qualquer outro”. E isto é válido para a psicografia e para a psicofonia ou até mesmo para fenômenos de efeitos físicos. Não nos cansamos de repetir que tais fenômenos não invalidam a realidade da comunicação espírita e, sim, a complementam e ajudam a entendê-la melhor.
Como o médium possui uma alma e um corpo, ele tem acesso, por uma, à vida do espaço e, pelo outro, se prende à Terra, podendo servir de intérprete entre os dois mundos. Não deixa, portanto, de ser um espírito somente porque está encarnado. Os fenômenos que produzir, como espírito, são também dignos de exame e não de condenação sumária.”
Convém observar, contudo – e isto vai por minha conta -, que a mensagem não é tola somente porque emerge do inconsciente do médium, nem é boa e autêntica porque há segura evidência de ser de origem espiritual. O que vale de fato é seu conteúdo, sua coerência, a elevação de seus conceitos éticos ou filosóficos, ainda que a linguagem possa apresentar-se, aqui e ali, com algumas incorreções. Como o espírito do médium também pode comunicar-se – e o faz como espírito, segundo nos assegura a codificação e não como ser humano -, é bem possível que ele tenha uma bagagem espiritual respeitável e uma experiência consolidada por inúmeras vidas que o autorizem a produzir uma comunicação de elevado teor, perfeitamente aceitável do ponto de vista doutrinário e moral e tão autêntica quanto as de origem espiritual, de responsabilidade de seres desencarnados.
Ou ainda como diz André Luiz no Livro “Nos Domínios da Mediunidade” escrito por Francisco C. Xavier:
“Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do espiritismo, vêm convertendo a teoria anímica num travão injustificável a lhes congelar preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras “mistificação inconsciente ou subconsciente” para batizar o fenômeno.”
O grande problema, na minha opinião, é que os médiuns, de certa forma, se veem apenas como mediadores entre o Polissistema Espiritual e o Polissistema Material. Esquecem-se de que também são Espíritos completos, que possuem um histórico reencarnatório rico em experiências e aprendizados, dos quais resultam os seus existentes (revelado, em repouso e em trânsito). Esquecem-se que tem qualidades e valores, um certo grau de conhecimento e desenvolvimento, e que têm muito a contribuir para com a Humanidade.
O fato de a pessoa ter um nível mediúnico suficiente para acessar o próprio existente em repouso, já revela um grande potencial . Isso signfica que o médium já passou por muitas experiências reencarnatórias desenvolvendo a sua mediunidade. Portanto, como saber, quantos de nós não reencarnaram agora também para aprimorar ou continuar aprimorando a própria mediunidade para no futuro voltar à Terra com o objetivo de mediar os novos conhecimentos vindos do Polissistema Espiritual?
Infelizmente, o ser humano não dá valor às mensagens que vem de si próprio ou de outro ser humano – só dá valor ao que vem dos Espíritos Desencarnados, do Polissistema Espiritual! SEMPRE FOI ASSIM!!!!!! Isso cria as mistificações e desconfianças… sendo a maior delas a mistificação de que apenas os espíritos DESENCARNADOS é que são capazes de trazer mensagens de conteúdo, encarando de forma cética e duvidosa quando existe suspeita que o fenômeno é anímico sem ao menos observar o conteúdo que elas apresentam. Na verdade cabe a nós analisar as mensagens, venham elas dos Espíritos Desencarnados ou do próprio Médium, filtrar e assimilar o que tem valor para nós como indivíduos e o que tem valor para a sociedade.
Os médiuns têm que aprender a acreditar na própria trajetória reencarnatória, no próprio desenvolvimento e grau de evolução. Tem que crer na sua capacidade de selecionar o conteúdo do seu existente em repouso e trazer à tona o que tem lá de positivo para contribuir com a humanidade. Afinal, ninguém chega até aqui por acaso e sem um propósito, tudo é fruto do trabalho individual de cada um.
Os Espíritos Elevados já trouxeram, através dos grandes Médiuns, muito conhecimento, e acredito que agora compete a nós aprendê-los e colocá-los em prática. Não creio que a Humaninade esteja preparada para novos conhecimentos, uma vez que a grande maioria dos já existentes nem sequer foi assimilada… por isso penso que talvez esta seja a hora de abrir as portas para o entendimento dos fenômenos anímicos, porque sem o desenvolvimento da mediunidade de uma forma apropriada, não existirão no futuro muitos Médiuns aptos para receber e transmitir as mensagens de forma adequada. Deus nos oferece várias possibilidades para o crescimento espiritual, mas nós temos que levantar as mangas e trabalhar por esse crescimento! A Eternidade não significa nada se não nos movimentar-mos em direção ao futuro!
Observar a si próprio é extremamente necessário para reconhecer o nosso potencial como ESPÍRITOS, não apenas como seres humanos… superar os limites que o corpo nos impõem e que nos impedem de ter consciência do que somos. Isso tem um nome: AUTOCONHECIMENTO!
Reconhecer o próprio valor, acreditar na própria capacidade, não é orgulho, é auto-aceitação.
Nunca podemos esquecer que não somos apenas responsáveis pelo mal que fazemos, também somos responsáveis pelo bem que deixamos de fazer!
Adriana
Fontes:
• “No Mundo Maior”, página 124, – Francisco Cândido Xavier – pelo espírito André Luiz
• “Diversidade dos Carismas – Teoria e Prática da Mediunidade”  – Hermínio C. Miranda
• “Nos Domínios da Mediunidade” – Francisco C. Xavier – pelo espírito de André Luiz
• Guia HEU
https://naturezaespiritualista.wordpress.com/2015/01/10/animismo-e-espiritismo-parte-ii/

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