a partir de maio 2011

terça-feira, 9 de abril de 2013

Libertação


 A maior responsabilidade que possuímos é realmente com nós mesmos.
 •  Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante
“Somos livros vivos de quanto pensamos e praticamos e os olhos cristalinos da Justiça Divina nos leem, em toda parte.” (livro Libertação, autoria de André Luiz, psicografado por Chico Xavier, cap. 20) 

Algo ímpar vem ocorrendo atualmente nas Instituições Espíritas. As pessoas que procuram a Casa não mais questionam o porquê de determinadas animosidades, buscando antes apenas saber como devem agir para equacioná-las.
A Doutrina Espírita é rica em boa literatura sobre o assunto, trazendo-nos, ao cotidiano, passagens evangélicas e tantos outros livros sempre muito oportunos. Temos como exemplo o livro Libertação, psicografado em 1949, com temas atuais e respostas também atuais.
Não ignoramos que existem desavenças de outras encarnações, encontrando-se nossos antigos desafetos também encarnados e ladeando-nos a marcha evolutiva. Como também, irmãos desencarnados procurando de alguma forma dificultar o nosso aprendizado, justificando malquerenças de outrora. O que, em síntese, acontece é que são espíritos endividados que baixam sua faixa vibratória e permitem-se sintonizar com outras almas também desatentas que procuram uma maneira de ir à forra. Às vezes, espíritos amigos procuram nos ajudar, dando-nos boas orientações; outras tantas, conduzem-nos coercitivamente a situações que irão nos obrigar a repensar nossas atitudes e o modo como estamos nos comportando.
A maior responsabilidade que possuímos é realmente com nós mesmos. Não podemos furtar-nos a fazer o que melhor nos convenha. E quando falamos de espíritos endividados que ainda somos, é porque reencarnamos com a conta bancária negativa, necessitando de execução do bem para abater a dívida trazida.
Muitos de nós acreditamos que, através da prática do bem e do amor, libertamo-nos do passado. Um passado doloroso, que nos provoca mágoa e ressentimento. Por isso, acontece de algumas vezes não entendermos porque tal ou tal pessoa não reagiu a um acinte, a uma agressão verbal e, em algumas situações, até mesmo a uma agressão física. Pois aprendemos que o correto é não reagir e sim agir. Quem nos ofende encontra-se numa situação inferiorizada, procurando atacar aqueles considerados os responsáveis diretos ou indiretos pela sua infelicidade. O ataque representa uma forma de represar o sofrimento vivido. Mas como André Luiz nos traz muito bem: “Somos livros vivos de quanto pensamos e praticamos e os olhos cristalinos da Justiça Divina nos leem, em toda parte.” Nenhum de nós vive em regime de exceção. Todos somos regidos pela mesma Lei Universal. Questão 617 de O Livro dos Espíritos: “As leis divinas, que é que compreendem no seu âmbito? Concernem a alguma outra coisa, que não somente ao procedimento moral?” Resposta: “Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma.” 
Portanto, para o nosso próprio bem, devemos procurar exercitar o amor que há dentro de nós em detrimento do rancor. Devemos procurar trabalhar a modificação interior, fazendo com que a luz divina resplandeça em nós. Viver não é uma sucessão de acasos, é antes uma sucessão de atos raciocinados e analisados para o nosso bem e evolução espiritual. Não podemos alegar ignorância, pois todas as religiões pregam a prática do bem e o amor ao próximo como única forma de chegarmos ao Reino de Deus. 
Vivemos a carregar correntes, verdadeiros grilhões que nós mesmos atamos ao nosso psiquismo. Eventualmente, chegamos mesmo a contentar-nos com elas. Pois quantas vezes não ficamos até felizes pela atenção que chamamos quando estamos debilitados? Ou, se estamos vivenciando alguma situação preocupante, não ficamos sensibilizados quando pessoas aproximam-se para demonstrar solidariedade? Mas este tipo de atenção é falho, pois tão logo passe a razão, as pessoas vão dar prosseguimento às suas vidas, deixando-nos com o mesmo vazio existencial de outrora.
O sofrimento representa o freio e a espora de autoajuste, mas isto não significa que devemos agir como se fôssemos os únicos escolhidos da Terra para sofrer, ou que este sofrimento será eterno. Pessoas que convivem conosco podem estar vivendo males mais cruciais que os nossos e mesmo assim nem reclamem. Devemos, sim, procurar verificar quais são as fontes de sofrimento e tentar saná-las ou pelo menos amortizar suas consequências. 
Coisa ímpar temos vivido nos trabalhos de orientação. Pessoas nos procuram dizendo que acreditam que outras estão mais necessitadas que elas e, por isso, desejam ceder seu lugar na fluidoterapia. Isso nos alegra, pois vemos que a Casa está cumprindo a função de disseminar conhecimento, mas orientamos que todos nós somos necessitados e que de uma forma ou de outra estamos sendo ajudados desde que adentramos a Instituição. Caberá, em seguida, aos veneráveis amigos espirituais, responsáveis pelo trabalho, cuidar do modo como será realizado o tratamento em cada um.
Temos muita facilidade para dominar o conhecimento necessário no uso de um tablet ou celular de última geração, mas às vezes passamos uma encarnação inteira sem conseguir desvendar o que realmente somos de verdade, quais são os pontos chaves que precisamos trabalhar na encarnação. E principalmente: qual deve ser nossa postura perante a vida e perante nós mesmos. 
Não nos iludamos, o trabalho de modificação é árduo, mas a colheita é só nossa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário