a partir de maio 2011

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Espiritismo, carnaval e falso moralismo



Conforme acontece todos os anos, nesta época, circulam pela internet, a todo momento, artigos escritos por espíritas, falando a respeito do carnaval. Ao mesmo, também, nas tribunas de muitos centros espíritas, palestrantes ajustam as suas palestras para, também, falarem sobre o carnaval. Invariavelmente contra.
Escreverem o quê? Falarem o quê?
Que o carnaval é uma desgraça, é a manifestação dos espíritos maus, é a perdição, é a degradação moral e é porta aberta para a obsessão... enfim, é uma praga que todo espírita deve evitar. Só não falam que é a presença do tal satanás na Terra, porque espíritas não costumam falar de diabos, só de obsessores... e como gostam de falar de obsessores.
Os desfiles das escolas de samba são manifestações obsessivas, os bailes de fantasias são indecentes, acompanhar trio elétrico é se deixar conduzir pelas trevas, subir nele é pior ainda, pois é a perdição total.
Enfim, tudo o que diz respeito ao carnaval é a perdição, pois esta é a época em que a obsessão mais pesada se instala na Terra.

Misericórdia, sangue de Jesus tem poderrrrr!

Meu amigo e minha amiga: sinceramente, você acredita que a coisa é assim mesmo?
Vamos analisar bem essa questão? Vamos procurar colocar o máximo possível da nossa capacidade de raciocinar em cima disto?
Conforme todos sabemos, há no meio espírita muito paradigma inventado não se sabe por quem, mas que todo mundo sai a copiar, como verdadeiros clichês. É como os tais “tô melhor do que mereço”“quem não vem pelo amor vem pela dor”“muita paz, meu irmão”“temos que combater o orgulho o egoísmo e a vaidade”... e esse monte de chavões que a gente ouve da boca de espíritas a todo momento, de Norte a Sul do Brasil e no exterior, onde existe um centro espírita fundado por iniciativa de brasileiro.
Inventaram no meio espírita que motel é ambiente demoníaco, local onde se concentram os obsessores, espíritos vampirizadores.
Você já parou para pensar no quanto idiota é esse conceito?
Por que motivo um obsessor, bem ruim e bem atrasado, permaneceria num motel? Só se for um obsessor muito besta, não é verdade?
Alguém pode conceber que os obsessores preferem exercer suas ações nas pessoas  necessariamente na hora em que elas estão fazendo sexo?
Partindo do princípio que a doutrina nos deixa bem claro que a obsessão se instala é exatamente nos locais onde há pessoas com ódio, raiva, rancor, pensamentos negativos, desejo de vingança, inveja, desejo de fazer mal aos outros, brigas, ofensas, agressões, provocações, chantagens e maldades de um modo geral, como alguém pode querer vincular motel com essas coisas?
Cabe na cabeça de quem que as pessoas vão para motel pra fazer fofoca, falar mal dos outros, agredir e ofender um ao outro, um com ódio do outro, brigar, agredir... etc.?
Só mesmo uma cabeça muito insensata para achar uma coisa desta. A grande maioria das pessoas, ou melhor, esmagadora maioria, creio que mais de 95%, geralmente casal, quando vai a um motel, vai muito bem um com o outro, alegres e dispostos a uma certa coisa e não estão dispostos a perder tempo com outras. É claro que existem exceções, mas muito pouco.
Não vou fingir que não sei o porquê das pessoas conceberem os motéis com visões tão maldosas, porque sei muito bem: é por causa do SEXO, considerado pelo preconceito religioso e pelo falso moralismo social como a coisa mais pecaminosa DO MUNDO.
Se formos definir como se processou a arquitetura da criação do homem, levando em conta a idéia do criacionismo, chegaremos a conclusão de que Deus criou o homem e a mulher com os seus corpos lisos, sem nada entre as suas pernas, e o Satanás veio e criou o pênis e a vagina. O mesmo Satanás teria instalado, também, no ser humano como também nos animais essa coisa HORROROSA chamada orgasmo, porque jamais Deus criaria algo tão pecaminoso.
Qualquer pessoa racional, NÃO HIPÓCRITA e distante de qualquer falso moralismo, consegue botar a sua cabeça para funcionar e perceber que se existem lugares com menores índices de obsessões e presenças de espíritos maléficos, um deles é o motel.
Questionemos:
Onde é que existe mais agressões e ofensas, é nos motéis ou nos próprios lares onde maridos tratam as suas esposas como verdadeiros objetos, esposas tratam os maridos como verdadeiras coisas, filhos tratam pais e idosos com indiferenças e agressões, irmãos tratam-se uns aos outros como verdadeiros animais selvagens?
Existe lugar para ter mais fofoca e envolvimento com a vida dos outros do que os próprios lares e os ambientes religiosos?
Onde é que existe mais perturbação? Na relação sexual fria e formal entre cônjuges que não se amam, não tem qualquer afeto um pelo outro, apenas se toleram e vivem em eternos conflitos na rotina dos lares, ou na relação praticada por um casal em um motel?
Você tem idéia do percentual de casais CASADOS, que vivem sob o mesmo teto, atendendo rigorosamente às exigências sociais, mas que fazem sexo de forma fria, indiferente, sem o menor calor humano, sem a menor existência de carinho, apenas por uma questão formal?
Tem a idéia da quantidade de relações sexuais doloridas e sofridas para as mulheres, verdadeiras torturas, que são praticadas no lar, por conta da brutalidade de certos homens que impõem às suas esposas a obrigação de atenderem as suas vontades, sem a menor preocupação em saber se elas também estão dispostas a tal?
Tem idéia da quantidade de maridos que se jogam em cima das suas esposas, ou melhor, dos seus objetos domésticos, fedorentos de cachaça, cigarro, suor, suvaco e chulé e as mesmas são obrigadas a ceder, queiram ou não, para atender as formalidades sociais?
Isto é que é violência, gente!
Como é que alguém pode, então, vir a dizer que o ambiente de perturbação é o motel e que os obsessores estão nos motéis?

Vamos agora analisar o carnaval

Dizem que no carnaval prolifera a bebida, a droga e o sexo.
Pra começar: envolver sexo com bebida e droga é de uma estupidez sem tamanho, coisa de gente burra, gente tapada. Mas a hipocrisia social envolve, e muito.
As pessoas viciadas em bebidas bebem o ano inteiro, as que fumam, fumam o ano inteiro, as viciadas em drogas se drogam o ano inteiro... Uai, por que os espíritos do alcoolismo, do tabagismo e da droga escolheriam apenas um curtíssimo período do mês de fevereiro para atuar entre os seus desafetos?
Certo dia eu fui fazer uma palestra em um centro e, depois, a dirigente da casa iniciou uma outra palestrazinha, ao final, e citou que todos devemos estar sempre vigilantes em relação a maledicência, ao orgulho, a inveja, a corrupção, as drogas e ao sexo... e caiu na besteira de virar para mim e perguntar: “Não é verdade, Alamar?”
Eu respondi, em cima da bucha: “Não é verdade não, eu não concordo contigo não”.
Mas... como não é verdade? não devemos combater esses males?
Eu não concordo é quando você envolve o sexo com essas outras coisas, verdadeiramente ruins, que relacionou. Não consigo entender porque as pessoas vinculam sexo sempre a coisas ruins.
Foi um problema sério, ela não gostou (nunca mais me chamou para fazer palestra lá).
As estatísticas demonstram que o maior número de tragédias, no Brasil, por exemplo, ocorre nos finais de semanas prolongados, com os feriados emendados, devido ao elevadíssimo número de mortes em acidentes de trânsito. Elas demonstram também que muito ocorre nos finais de semanas, normais, pelo excesso de bebida ao volante.
Isto não tem nada a ver com carnaval.
Vejam este mapa abaixo e me digam o que o carnaval tem a ver com isto.


Será que esses números de violência ocorrem todos no carnaval?
A quantidade enorme de mulheres que se submete a fazer sexo com seus patrões ou homens poderosos, o ano inteiro, com objetivos apenas de tirar proveito ou até mesmo de pedir a cabeça de alguém, é algo impressionante e não tem nada a ver com carnaval. Isto, sim, é motivo para caracterizar maldade com o uso do sexo, porque ele é mal utilizado. É como a faca utilizada para ferir ou matar alguém. O mal não está na faca e sim em alguém que fez mau uso dela.
Qual o nível de inteligência que pode ter alguém para conceber que as pessoas que lotam as arquibancadas da Marquês de Sapucay, no Rio de Janeiro, o sambódromo de São Paulo, as avenidas de Salvador, do Recife e das cidades onde se praticam o carnaval vão para lá com desejo de fazer mal a alguém?
Todo mundo vai para se divertir, para relaxar das tensões do dia-a-dia e para contemplar os seus olhos com as belezas das escolas de samba e as exceções dos que praticam delitos estão nas mesmas proporções dos que praticam nos estádios de futebol e demais atividades festivas realizadas o ano inteiro.
É claro que existem alguns que vão para beber, os mesmos que vão, também para beber, às festas de colação de grau, de aniversário, de casamento, de comemoração da vitória do time de futebol e até para festa nenhuma, na freqüência aos bares nos finais de semana e alguns até durante a semana.
O que o carnaval tem a ver com isto?
Vivemos em um país onde o governo, durante os últimos anos, tem dedicado altas verbas de incentivo, inclusive do BNDES, para fábricas de cachaça. Não existe, no Brasil, um tipo de indústria que tem tanta facilidade para conseguir incentivos governamentais do que fábrica de cachaça. Você sabia disto?
O que o carnaval tem a ver com isto?
Tráfico de drogas acontece o ano inteiro; em São Paulo, por mais de três meses consecutivos, tivemos assassinatos de policiais todos os dias, bem longe do mês de fevereiro; a indústria da falsificação de medicamentos atua o ano inteiro, a exploração das operadoras de cartões de crédito que desgraça o equilíbrio financeiro das pessoas atua o ano inteiro, a exploração das operadoras de telefonia, os roubos nos aeroportos e rodoviárias, os assaltos à luz do dia na viva pública...etc.
O que o carnaval tem a ver com isto?
O Brasil, que é pentacampeão de futebol, é também campeão mundial em assassinatos e em mortes no trânsito. São episódios que ocorrem o ano inteiro.
O Congresso Nacional atua em Brasília o ano inteiro!!!!
Enfim, os exemplos de imoralidade ocorrem durante o ano todo.
O que o carnaval tem a ver com isto?
Ah, mas existe uma grande e poderosa indústria por trás do carnaval, onde corre muito dinheiro e interesses.
Sem dúvida alguma, mas existe também por trás do futebol, da indústria religiosa, da indústria das financeiras, da indústria das negociatas políticas, indústria das licitações, dos cartórios, do tráfico de pessoas e de bebês, das drogas, dos produtos falsificados... etc... E daí?
Por que os obsessores só apareceriam no carnaval?
Jovens adolescentes consomem drogas, fumam e tomam bebidas alcoólicas nos intervalos de aulas, pelas imediações dos colégios o ano inteiro. As faculdades também estão carregadas de tudo isto o ano inteiro.
Parentes e familiares assaltam os seus idosos, tomando empréstimos em nomes deles, acabando com os recursos das suas aposentadorias, deixando-os em situações difíceis o ano inteiro. A todo momento mulheres são flagradas espancando idosos e crianças dentro dos lares, a televisão está cansada de mostrar.
Que diabo que o carnaval tem a ver com isto?
Que me desculpem, mas o polêmico Alamar vai dizer mais uma vez:
Como existe espírita besta, por este mundo.
O desconhecimento do que verdadeiramente é o Espiritismo é responsável por essa inversão de valores maluca que o falso moralismo impõe a determinados companheiros.
O fato de um espírito manifestar a sua OPINIÃO PESSOAL através de um livro que nos é apresentado, não quer dizer que devamos subestimar a nossa capacidade de raciocinar e de nos aprofundar nos detalhes de cada idéia para concluirmos em cima do que nos tentam empurrar goela abaixo.
Quando é que vamos entender que um espírito desencarnado, por melhor que seja, é um homem como outro qualquer que viveu entre nós e que, pelo fato de estar desencarnado, não significa que seja dono da verdade absoluta e que suas opiniões sejam inquestionáveis?
“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter opinião formada sobre tudo”, já dizia o baiano Raul Seixas, numa das frases mais sensatas da música popular brasileira.
Por que tantas pessoas têm tanta preguiça em pensar, em nosso meio?
Deixo claro, aqui, que não sou praticante do carnaval, nunca sai de mestre sala em nenhuma escola de samba, nunca desfilei, mas desfilaria sem problema nenhum. Apenas quero, mais uma vez, convidar os amigos queridos, que sempre me prestigiam com as suas leituras, para que jamais abram mão de tirar conclusões baseados nas suas próprias cabeças, não se submetendo, nunca, a ser fantoches das idéias deturpadas de ninguém.
Quem quiser ir para a avenida, que vá. Quem quiser botar a sua fantasia e até sair de biquíni em cima de um carro alegórico que saia, porque ao responder onde está escrita a Lei de Deus, os espíritos nos respondem:
NA CONSCIÊNCIA.
           Abração a todos.

                           Alamar Régis Carvalho
          Analista de Sistemas, Escritor e ANTARES Dinastia

                         alamarregis@redevisao.net
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3 comentários:

  1. Caraca gostei demais de sue artigo. Muito bom mesmo. Totalmente embasado. Embasado na vida, no que ela é de fato e não no que gostaríamos que fosse.
    Assim é vida e faz em aconselhar a ver e refletir sobre o que ouvimos e vemos.
    Parabéns Alamar!!!!

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  2. Daqui a pouco o Sr. vai querer dizer que homossexualidade é normal, é um terceiro corpo criado pela justiça divina, ou departamento embriologia reencarnatória... Isso é uma piada um verdadeiro sofisma das sombras. Olha os numeros do ministerio da saúde em relação aos abortos que são cometidos nos periodos pós "carnatrevescos", a quantidade de homicidios, sem falar nas DST´s que geram despesas com tratamentos na casa dos milhões de reais nesse periodo. Do ponto de vista medico-espiritual, vou citar apenas uma desvantagem do carnaval, segundo os médicos espirituais estão tão densas as energias que os ovoides encontram fluidos atmosféricos compatíveis para acoplarem nos encarnados, gerando as feridas tidas como incuráveis, mais uma vez vamos falar de números, vá pesquisar a quantidade de entrada nos hospitais com a patologia impetigo, vulgo #cabeça de prego" pois como o Sr. sabe alimenta-se de ectoplasma. Tudo nesse período, Irmão. Em fim, como a maioria dos foliões estão com pensamentos elevados, pensando no bem, orando. O Carnaval é excelente!!! Vamos queimar a Gênese mais precisamente o cap. 15 da gênese onde o Sr. Allan Kardec trata da penetrabilidade fluídica, onde independe a moralidade. O Sr. faz uma piada semelhante ao dizer as pessoas que é possível cair na lama e não sujar-se porque é moralizado ou "evoluído".

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    1. Aos que insistem em um certo fundamentalismo espírita que não se interliga com os avanços cientificos, indico o capítulo IX do livro Sexo e Destino de André Luiz/Chico Xavier, no qual o mentor Félix, coordenador do Instituto “Almas Irmãs”, fora indagado por Neves (aprendiz, bem como André) sobre os homossexuais.

      “Tendo Neves formulado consulta sobre os homossexuais, Félix (…) destacou que nos foros da Justiça Divina, em todos os distritos da Espiritualidade Superior, as personalidades humanas tachadas por anormais são consideradas tão carecentes de proteção quanto as outras que desfrutam a existência garantida pelas regalias da normalidade, segundo a opinião dos homens, observando-se que as faltas cometidas pelas pessoas de psiquismo julgado anormal são examinadas no mesmo critério de pessoas tidas por normais, notando-se, ainda, que, em muitos casos, os desatinos de pessoas su postas normais são consideravelmente agravados, por menos justificáveis perante acomodações e primazias que usufruem, no clima estável da maioria.

      E à ligeira pergunta que arrisquei sobre preceitos e preconceitos vigentes na Terra, no que tange ao assunto, Félix ponderou, respeitoso, que os homens não podem efetivamente alterar, de chofre, as leis morais em que se regem (…). Acrescentou, no entanto, que no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais quanto em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças assacadas, há séculos, contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas, porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana lhes impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência física, quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir incessantemente para viver, sob o sol que a Bondade Divina acendeu em benefício de todos.”

      OUTRO TRECHO DO REFERIDO LIVRO, NO MESMO CAPÍTULO:

      “Empenhou-se [Félix] a repetir que na Crosta Planetária os temas sexuais são levados em conta, na base dos sinais físicos que diferenciam o homem da mulher e vice-versa; no entanto, ponderou que isso não define a realidade integral, porquanto, regendo esses marcos, permanece um Espírito imortal, com idade às vezes multimilenária, encerrando consigo a soma de experiências complexas, o que obriga a própria Ciência terrena a proclamar, presentemente, que masculinidade e feminilidade totais são inexistentes na personalidade humana, do ponto de vista psicológico. Homens e mulheres, em espírito, apresentam certa percentagem mais ou menos elevada de característicos viris e feminis em cada indivíduo, o que não assegura possibilidades de comportamento íntimo normal para todos, segundo a conceituação de normalidade que a maioria dos homens estabeleceu para o meio social.

      OBS.: Destaco que o livro de André Luiz foi publicado em 1963.

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