a partir de maio 2011

domingo, 27 de janeiro de 2013

Até Divaldo Franco anda abismado...



Diante de tantos absurdos que estamos vendo sendo publicados em nome do Espiritismo, até mesmo o antes tão "diplomático" médium Divaldo Pereira Franco resolveu se pronunciar. Sem dar "nome aos bois", como se diz popularmente, o médium alerta para a onda de obras anti-doutrinárias que vem assolando o meio espírita, tal qual já alertamos por diversas vezes aqui, principalmente nos nossos últimos artigos: "Saint Germain, Novo 'Governador do Planeta' ou apenas um Bon Vivant?", "Insistindo nos mesmos erros" e "Artigo investigativo: Ramatis pode nem existir".

Divaldo acertadamente aponta as "revelações estapafúrdias" e as "ameaças de acontecimentos negativos por não se exercitar a mediunidade e a caridade" como questões graves contidas nesses livros, além de chamar a atenção dos centros espíritas que vendem obras anti-doutrinárias em suas livrarias a pretexto de que "é isso o que o povo pede".

Não obstante o acerto na crítica, Divaldo Franco emite uma opinião que em nada se assemelha às recomendações dos espíritos superiores e do próprio Allan Kardec. O citado médium acredita que é silenciando que melhor colaboramos para obstar a penetração dessas ideias e obras anti-doutrinárias. Já o insigne Codificador, o bom-senso encarnado, claramente adverte:

“É preciso que se saiba que o Espiritismo sério se faz patrono, com alegria e apressuramento, de toda obra realizada com critério, qualquer que seja o país de onde provém, mas que, igualmente, repudia todas as publicações excêntricas. Todos os espíritas que, de coração, vigiam para que a Doutrina não seja comprometida, devem, pois, sem hesitação, denunciá-las, tanto mais porque, se algumas delas são produtos da boa-fé, outras constituem trabalho dos próprios inimigos do Espiritismo, que visam desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele. Eis porque, repito, é necessário que saibamos distinguir aquilo que a Doutrina Espírita aceita daquilo que ela repudia”. (Allan Kardec, Viagem Espírita em 1862. Instruções Particulares. VI.)

Já em "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec volta à baila sobre a questão e arremata dizendo:

"Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas,desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da Ciência Espírita.”

Daí perguntamos como é possível desmascarar os impostores ficando em silêncio...

Interessante notar que, como já abordamos em nosso artigo "Divaldo apoia Ramatis... Mas, e daí?", parece haver uma grande contradição, já que Divaldo andou dando força justamente aos maiores responsáveis por esse movimento de ataque ao Espiritismo e que vêm lotando as prateleiras das livrarias com uma enxurrada de obras de conteúdo exótico, estapafúrdio, que não resiste à menor crítica doutrinária. 

Os ditados de Ramatis, de Ashtar-Sheran, as obras de Diamantino Coelho, o mega-apócrifo "A Vida de Jesus ditada por Ele mesmo", os livros "recebidos" por médiuns ramatisistas, etc., têm todos a chancela do movimento auto-intitulado "universalista", exatamente o mesmo que comemorou a publicação do livro "Transição Planetária" do próprio Divaldo Franco, que confirma as profecias absurdas de catástrofes no chamado "fim dos tempos", o carro-chefe dos pseudossábios encarnados e os da erraticidade na sanha de chamar a atenção dos incautos por uma "conversão" apressada.

Portanto, embora reconheçamos que o médium Divaldo Franco apresentou avanços em sua maneira de pensar e até uma certa coragem ao expor esse terrível problema, falta muito para que ele cumpra as recomendações contidas nas obras da Codificação, em que verifica-se que o pensamento crítico deva ser claramente exposto, desde que, obviamente, reúna os elementos necessários para uma boa fundamentação. Na Doutrina Espírita encontramos o estímulo a uma postura ativa, e jamais a uma postura passiva, tímida e condescendente: 

(...) “Observai e estudai com cuidado as comunicações que recebeis; aceitai o que a razão não recusar, repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aqui a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, sem medo de as ver desnaturadas, as verdades que separáveis sem esforço de seu cortejo inevitável de erros”. (Santo Agostinho, Revista Espírita, 1863, julho.)

“Há polêmica e polêmica; e há uma diante da qual não recuaremos jamais, que é a discussão séria dos princípios que professamos.” (Allan Kardec, Revista Espírita - Nov/1858)
http://espiritismoxramatisismo.blogspot.com.br/2012/02/ate-divaldo-franco-esta-abismado.htm
 por 

Um comentário:

  1. Boa noite!
    Meu nome é Douglas, espírita ha algum tempo e gostaria de fazer algumas observações ao respeitavel artigo publicado.

    Precisamos entender a postura do Divaldo, com relação a proposta citada em “desmascarar os impostores”. O norte magnético do cristão deve ser o respeito pelo próximo, com base nesse princípio, não temos a autoridade em julgar ninguém como impostor por escrever uma obra baseada em suas crenças, mesmo sendo consideradas por nós como anti-doutrinárias. Mas temos o dever de não adotá-las nos centros, prezando assim pela pureza doutrinária e esclarecendo as instituições Espíritas que estão prorrompendo nesses erros ao vendê-las.

    Como sabemos, o que caracteriza uma obra espírita não é ser psicografada por um espírito, mas ser coesa com a codificação. Tanto os espíritos desencarnados, quanto encarnados, têm o direito de escreverem e assinarem como quiserem. Cabe a nós o bom-senso de analisar essas composições e não permitir sua entrada nas instituições, se duvidosas. Não devemos jogar essa responsabilidade para o Divaldo, que as combate nos centros que frequenta, dizendo “é anti-doutrinário”. A postura de Divaldo, acima da de um diplomata é de cristão, que reconhece não ter o direito de julgar, mas o dever de esclarecer os espíritas como vem fazendo em suas palestras, isso é muito mais eficaz.

    O fato de um livro ser anti-doutrinário, não significa ser ruim, apenas não é espírita, não é um julgamento de valor. Se esses livros são vendidos fora da instituição estão dentro dos seus direitos, inclusive de se intitularem como espíritas, embora saibamos que não o são. Não temos o direito de impedir isso, mas o dever de esclarecer, quando solicitados, de que não são espiritistas.

    Kardec codificou os ensinamentos espirituais e zelou pela concordância universal e coerência moral-lógica do que os espíritos escreviam, porque estava organizando os alicerces do espiritismo que não foi criado por Ele; Divaldo vem para divulgar o movimento inicial, que “nasceu” com Kardec, assim como Chico Xavier, revelando assim suas grandes missões. As obras subsidiárias, desses autores póstumos, tem a proposta de esmiuçar conceitos densos presentes nas obras da codificação, seja através de romances ou estudos científico-filosóficos, escritos pelos diversos espíritos preservando assim a pureza doutrinária.

    Em nenhum momento vejo Divaldo discordante de Kardec ou dos espíritos superiores, até porque sua mentora espiritual, Joana de Angelis, é um espírito superior, que inclusive participou da codificação no sec. XIX, onde ditou mensagens no Evangelho Segundo o Espiritismo, assinando como Espírito Amigo. Mais do que nós, Joana de Angelis está preocupada com a divulgação espírita, mas constrange Divaldo de forma direta a tomar determinadas posturas ou silenciar mediante alguns eventos em nome da sabedoria, fraternidade e desígnios superiores.

    Precisamos controlar um pouco o entusiasmo, porque em excesso, pode gerar o fanatismo, que pode ser caracterizado pela supervalorização ou desvalorização da razão e tudo em falta ou excesso é prejudicial.

    A vida do Divaldo é um exemplo de como ser espírita e divulgador, em resumo, cristão. Não é uma divinização, mas respeito e reconhecimento pelos seus respeitados sessenta e três anos de renuncia e trabalho ininterruptos de esclarecimentos e consolos.

    Não podemos esquecer como dito por Kardec, que os maiores inimigos do espiritismo, são os pares, ou seja, os próprios espíritas. Por isso, redobremos a atenção no que estamos divulgando, para não espalharmos as varas, que precisam ser reunidas em um único feixe, sempre pondo o amor acima de todas as coisas, pois é a nossa grande deficiência.


    Fraternalmente.

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