a partir de maio 2011

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Origem e transcendência do Natal

Davilson Silva

A primeira música natalina foi cantada há mil oitocentos e oitenta e três anos, o Papai Noel, a árvore de Natal procederiam da Alemanha.

Mais um Natal, o de 2012. Como em todos os natais, não se pensa, não se fala em outra coisa senão nos festejos, na árvore de Natal, no cartão de boas-festas ou no de ano-bom, no presente do familiar, do amigo, do colega de trabalho, enfim, no regozijo dos comes e bebes, enquanto a propaganda estimula a consumir mercadorias e serviços. 

O que seria de nós se não existissem tais motivações?! Nem todas as criaturas terrenas tomam parte de tão viva satisfação nem pautam o compromisso religioso que, sobretudo, essa data faz penetrar no ânimo. Natal! O nascimento de Jesus Cristo, o Salvador da Humanidade. Para uns, constitui-se mero período de fim de ano ou um fato histórico, ou místico; para outros, instante de extraordinário significado além do júbilo da petizada, dos alegres cânticos e das esferas multicoloridas e luzes feéricas, da figura lendária de um velhinho de barba branca, trajado de vermelho, o Papai Noel.

No que diz respeito à parte histórica e cultural, a solenidade do nascimento de Jesus remonta ao século 4.o, instituída pelo Papa Júlio I (337/352). Dois séculos após, os sacerdotes começaram a celebrar missas com o propósito de dar uma sublime consistência ao evento consoante culto católico romano. Três tipos de missa eram realizados: a da meia-noite, a da aurora e a do dia.

O Natal, mais tarde, estabeleceu-se e acabou sendo o primeiro e maior dos acontecimentos de todas as épocas. Na Idade Média, que compreende o inicio do século 5.o  e meados do século 15, o povo jamais deixou de festejá-lo. Através dos anos, conservaram-se os três episódios do Natal: a parte religiosa, concernente à missa do galo; a árvore de Natal; e a ceia da consoada, ou  ceia de Natal, ou festa da família.

Primeiro cântico, Papai Noel, o pinheiro

 A primeira música natalina de que se tem registro foi cantada no ano 129, portanto, há mil oitocentos e trinta e três anos. Um bispo romano teria dito que a música Hino dos Anjos deveria ser cantada durante o Natal. O Papai Noel, a árvore de Natal (o pinheiro ornado) procederiam da Alemanha. Para os italianos, o bom velhinho chama-se Santa Befana; já os dinamarqueses o consideram um anão e de São Nicolau chamam-no os anglo-saxões.

Não podemos deixar de lembrar dos lindos cartões de boas-festas, cujo fato do recíproco desejo de felicidades essa prática suscita. Em tempos longínquos, os primeiros votos de felicitações do Natal, os romanos o inventaram; os cartões, em forma de tabletes de argila, diziam: “Felicidades para o Ano Novo”.

Os cartões de Natal, depois, foram feitos de cobre com motivos em cores e de madeira gravada durante os séculos 15 e 16 na Alemanha. No século 18, tinham a forma de pergaminho, feitos de ceda. A sua atual concepção data de 1834 quando surgiu pela primeira vez em Londres, Inglaterra. Portanto, produzido manualmente ou impresso, o cartão de boas-festas sempre almejou paz e boa vontade entre os seres humanos.

Porém não só em tempos depois de Cristo se desejou “paz” em nosso planeta. Esse desejo, principalmente, teve início no dia em que um Emissário Celestial proferiu a sentença: “Eis que vos trago uma boa nova de grande alegria: na cidade de Davi acaba de vos nascer, hoje, o Salvador que é Cristo, o Senhor”. “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra aos homens de boa vontade!” (Lucas, 2,10,11,14.)

Sobre a notável ocorrência, o insigne Vinícius escreveu apropriadamente: “Naquelevos nascer, está a importância e transcendência do Natal. Nasceu para mim. Não trata de um fato histórico de caráter genérico, mas de um sucedimento que, particularmente, diz-me respeito, atinge-me e afeta”. (1)

Três séculos de polêmica

Adoração dos Pastores, de Andrea Mantegn (1431/1572)
Imagem de www.commons.wikimidia.org
Muitos acreditam que Jesus nasceu em Belém, berço de Davi (Lc., 2,4), mas há os que discordam desse parecer. Conforme estes, a referida passagem de Lucas visou apenas associar ao caso da “estrela”, a que servira de guia aos três reis magos (Mateus, 2, 10), símbolo do antigo soberano de Israel, para dar maior credibilidade ao presságio e legitimar o messias prometido. Houve quem dissesse que Jesus nasceu entre 8 e 6 a.C., apesar do cálculo feito pelo monge Dionísio, o Pequeno (500/545), durante a debatida polêmica da data do nascimento de Jesus cuja duração foi de três séculos.

Para os espíritas, se Jesus nasceu em dezembro, se em Belém ou se em outra cidade, pouco importa. O mais importante é que Ele disse ao que veio e, mais que nunca, o seu pensamento profundo, eminentemente espiritual, consolidou-se em um corpo de doutrina consoladora, esclarecedora, a que Allan Kardec denominou Espiritismo. De mais a mais, fazendo das nossas as palavras de Pedro de Camargo (1878/1966), que se assinava Vinícius em suas belíssimas obras, “o estábulo e a manjedoura da cidade de Davi não devem prestar-se exclusivamente a divagações poéticas e literárias”.

Por isso, antes da compra de regalos, antes da cerimônia religiosa, antes de erguer a taça brilhante e de tomar em comum a lauta refeição da ceia de Natal, antes de abraçar parentes, amigos, colegas e conhecidos, meditemos. Reflitamos no que nos propõe o homenageado do mês... Não O apresentaram há mais de dois mil anos tão-somente para lembra-Lo, adorá-Lo em uma data de fim de ano. Por sinal, Jesus não veio ao mundo para ser apenas adorado, lisonjeado com ditos e modos servis mediante a pompa e circunstância, tampouco Ele desejou conferir sacramento a supostos representantes em trajes recamados de ouro e pedras preciosas ou sem eles.

“Cristo veio nos salvar”, não se cansam de repetir os que se aventuram ao ilícito comércio da adulação astuciosa. Todavia, Cristo não salva ninguém à custa de aclamações bajulatórias e de cânticos de louvores como se fosse o único meio de perfeita comunhão com Ele. Reconhecer publicamente que Jesus é o Salvador da Humanidade, falar bem dEle, escrever linhas encomiásticas ou fazer demorados discursos laudatórios acerca de Suas virtudes é muitíssimo fácil; difícil é justificar pelo exemplo o que se reconhece, se escreve ou se fala a Seu respeito. Jesus salva. É certo. Ainda aqui, salvação não significa dispensa de responsabilidade, de aperfeiçoamento moral, imprescindíveis, segundo o Espírito Emmanuel pela abençoada e sublime psicografia do incomparável médium Francisco Cândido Xavier, (2) este, sim, verdadeiro representante de Jesus quando de sua existência na Terra. Pensemos nisto: hoje, agora e sempre.
 

Notas 

1 - VINICIUSNa seara do mestre. 4. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 1979. Página. 24. 
2 - XAVIER, Francisco CPalavras de vida eterna. 13. ed. Rio: FEB, 1989. Capítulo 153, p. 322.
 http://pensesp.blogspot.com.br/

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