a partir de maio 2011

domingo, 10 de junho de 2012

A quarta volta de Alfredo Bastos



Nova mediúnica no centro, que criou um verdadeiro rebuliço depois que um espírito, que se identifica como Alfredo Bastos, passou a se comunicar nas suas reuniões.
Uma médium altamente dedicada à causa por mais de trinta anos passa, de um momento para outro, a ser olhada com olhos nada agradáveis, com caras feias, a ser tratada com certa frieza e até evitada nos contatos da casa.
Por quais motivos? Ela cometeu algum deslize ou algum desvio de conduta moral, para sofrer alguma restrição da casa espírita onde trabalha?
Perdeu o equilíbrio, o senso de responsabilidade ou entrou em algum estado de perturbação que a leva a cometer atos insanos?
Não, nada disto. Ela continua a mesma pessoa séria, honesta, digna, dedicada, calma, tranqüila e equilibrada.
O que aconteceu, então, para enfrentar problemas na casa espírita onde trabalha?
Simplesmente dispôs-se a dar passagem a um espírito que sugere um melhor relacionamento entre os encarnados e os desencarnados, que sugere que os encarnados vejam os espíritos como pessoas normais e não como defuntos, que os diálogos sejam em tons de vozes normais do mesmo jeito como são os diálogos entre encarnados e que sugere, também, que as pessoas fiquem a vontade nesses diálogos, podendo conversar descontraidamente e com naturalidade, podendo inclusive sorrir e brincar, sem usar rituais.
Ué, só por causa disto uma médium sofre retaliações de um centro espírita?
É sim, infelizmente. Se um médium qualquer recebe um espírito ruim, carregado de ódio, perverso, malvado, que ameaça destruir vidas de pessoas, que diz perseguir alguém e que vai continuar perseguindo até acabar com a vida da pessoa, esse médium não enfrenta problema nenhum no centro, ninguém se incomoda com ele, que pode continuar trabalhando normalmente, sem qualquer preocupação. Mas se recebe espírito com propostas boas, alegres, bonitas, de bom entendimento entre as pessoas, aí se complica.

Por que as casas espíritas têm tanta facilidade para receber espíritos sofredores e maus e cria tanta dificuldade para receber espíritos bons, com propostas boas?

É uma inversão de valores absurda, mas é a realidade que ocorre em um determinado centro espírita.
Houve ameaça da médium ser afastada dos trabalhos pela diretoria do centro, o que não ocorreu simplesmente porque alguém gravou, também, uma conversa de elementos da diretoria tramando o afastamento e comentou para um amigo que, se isto acontecesse, iria passar a  informação para o Alamar dizer para o Brasil e para o Mundo qual era o nome do centro e quais os nomes dos diretores que tomaram tal atitude.
Não sei porquê ficaram com medo, mas mantiveram a médium no trabalho, que foi suspenso por uma semana, mas voltou na semana seguinte.
Como sempre vinha ocorrendo, a reunião estava muito concorrida, inclusive com a presença do seu João que, raramente participava de mediúnicas na casa, mas passou a ser um dos primeiros a chegar, a partir do segundo dia que o Espírito Alfredo começou a se comunicar na casa.
Jarbas abre os trabalhos e vamos ver o que aconteceu nesta nova visita do Alfredo.

JARBAS – “Meus irmãos, vamos dar início aos trabalhos da noite de hoje. Pedimos a Jesus e aos espíritos mentores desta casa que nos ajudem a coordenar esta reunião com equilíbrio, serenidade, disciplina e vigilância. Que Deus permita que este trabalho transcorra, conforme a sua vontade.”
Neste momento as atenções de todos estavam voltadas para a médium, dona Regina. Mas a primeira manifestação veio através de outro médium, o José Siqueira:
ESPÍRITO – “Meus amados irmãos, que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja neste ambiente e que os compromissos com a autêntica Doutrina Espírita sejam observados, para a manutenção da paz nesta casa.”
JARBAS – “Seja bem vindo, meu irmão. Que a paz de Jesus esteja contigo também. Pode se sentir a vontade neste ambiente.”
ESPÍRITO – “Tudo bem com todos vocês, meus irmãos? Como vão as atividades da casa? Como estão os trabalhos na Seara do Senhor?”
JARBAS – “Vamos levando, meu irmão, com aquelas dificuldades corriqueiras de sempre, mas vamos perseverando sempre.”
ESPÍRITO – “E o velho amigo, João, como vai?”
SEU JOÃO – “Eu estou bem, meu irmão, apesar do peso da idade, mas vou levando. A nossa casa ultimamente vem precisando mesmo da presença de um espírito como você, meu irmão, para resgatar a disciplina e a tranqüilidade nos nossos trabalhos”.
ESPÍRITO – “É verdade, meu irmão João, a disciplina e a tranqüilidade são requisitos indispensáveis para um trabalho espírita em equilíbrio e fidelidade com Allan Kardec.”
SEU JOÃO – “Eu sempre tenho dito isto aqui, meu irmão, fidelidade com Allan Kardec, certo de que quando se trata de doutrina espírita não se podem abrir concessões para agradar platéias, muito menos para satisfazer curiosidades”
ESPÍRITO – “Tem havido algum problema aqui na casa, amigo João? Eu estou percebendo que o amigo anda meio preocupado.”
SEU JOÃO – “Tem sim, meu irmão, tem sim. É que esta reunião vem sendo visitada por alguns irmãos espirituais que vem se aproveitando da invigilância de alguns médiuns, para trazer algumas idéias polêmicas, que mais desajustam do que ajudam, e percebemos que tem havido uma certa euforia por parte de alguns companheiros, que estão se deixando levar por orientações equivocadas, o que é muito perigoso.”
ESPIRITO – “Será eu um desses espíritos que está esta causando alguma orientação desconfortante na casa?”
SEU JOÃO – “Não, meu irmão, você não, você não. Eu me refiro a outro nosso irmão que ultimamente tem vido aqui. Você, a gente vê logo, que é um espírito bom, centrado e que tem mesmo compromisso com a doutrina espírita”.
ESPÍRITO – “Quem sou eu para ser bom, companheiro, sou um espírito ainda caminhando em busca de um pouco de evolução, mas o meu irmão poderia dizer quais são essas orientações equivocadas que esse outro anda trazendo à casa? Quem sabe podemos dar a nossa contribuição, com alguma orientação?”
SEU JOÃO – “É bom mesmo, esta casa precisa mesmo de orientações espíritas, conforme a doutrina espírita e eu acho que você veio numa boa hora, porque sinto que a sua presença é boa, oportuna e benéfica para a casa”.
ESPÍRITO – “Agradeço, companheiro, pela confiança, mas reiterando a pergunta que fiz, o amigo poderia citar algumas orientações equivocadas que o irmão, sobre o qual fala, teria dado a esta casa, que tenha causado tanta preocupação?”
SEU JOÃO – “É, meu irmão... é... é... bom, são várias coisas e creio que o nosso Jarbas poderia nos auxiliar, ele que tem dirigido os trabalhos nesta casa.”
JARBAS – “O senhor está falando sobre o espírito que tem vindo aqui e tem se apresentado com o nome de Alfredo Bastos, não é seu João?”
SEU JOÃO – “É sim, Jarbas, mas conforme você está vendo, ele é de um nível bem diferente do nosso irmão que nos visita hoje, não é verdade?”
ESPÍRITO – “O Jarbas poderia, então, atender à solicitação de auxílio do nosso irmão João, informando-me alguns dos equívocos cometidos por esse espíritos, para que talvez eu possa tentar dar alguma contribuição e talvez ajudar em alguma coisa?”
JARBAS – “Eu acho que o seu João se refere a uma proposta que o Espírito vem nos trazendo, recomendando que conversemos com os espíritos de igual para igual, sem aquele respeito costumeiro que se procura imprimir nas mediúnicas que estamos acostumados a realizar.”
ESPÍRITO – “Perdoe-me, meu caro Jarbas, a minha dificuldade de entender, mas o que está causando desconforto é o fato de um espírito sugerir que os contatos com os espíritos devem ser naturais, de igual para igual? Os contatos naturais promoveriam a ausência do respeito costumeiro?”    
JARBAS – “Pra dizer a verdade, sendo sincero para comigo mesmo, eu acho que os diálogos devem ser naturais mesmo, sem as duras formalidades que temos imposto nas mediúnicas, e creio que entendi a proposta do espírito Alfredo”.
SEU JOÃO – “Eu acho que não devemos fazer do centro espírita um picadeiro de circo, transformando a mediúnica em algazarra, todo mundo dando gargalhadas, sem disciplina, sem ordem, uma verdadeira bagunça. Espiritismo não é brincadeira e todo mundo tem que levar isto aqui como coisa séria”.
ESPIRITO – “Esse espírito que vocês dizem chamar Alfredo, propôs mesmo transformar a sala mediúnica em picadeiro de circo, João? Ele quer mesmo transformar a mediúnica em algazarra, transgredindo a disciplina e a ordem?”
NEUZINHA – “Me desculpe, meu irmão, interferir nesta conversa, mesmo sem ser chamada. Mas não foi nada disto que o Alfredo propôs aqui. Em momento nenhum ele sugeriu nada que possa ser entendido como transformar o centro espírita em picadeiro de circo, em transgressão à disciplina e não propôs absolutamente nada que fosse contrário ao que Kardec fazia. Eu, por exemplo, não vi nenhuma gargalhada ou algazarra aqui”.
CLÓVIS – “Depois que o Alfredo passou a se comunicar aqui, com a sua proposta, eu, que, sinceramente, nunca fui de ler a Revista Espírita assim, como obra tão importante para o espírita, passei a me interessar mais por ela e neste último mês tem sido o meu livro da cabeceira. Confesso que estou conhecendo melhor a personalidade de Allan Kardec, de uma forma que não conhecia, apesar o tempo de Espiritismo e de estudo que tenho, e percebo de forma muito clara que está totalmente dentro daquilo que o nosso irmão Alfredo propõe para nós. Não consigo registrar uma vírgula sequer, nos ensinamentos do Alfredo, que esteja em desacordo com Kardec”.
LOURDES – “Me permitem, amigos, mas eu acho que centro espírita nenhum está cometendo qualquer desvio se optar por conduzir-se conforme o modelo ensinado e praticado pelo próprio Kardec, afinal de contas, gente, não é qualquer um, é o próprio Kardec”.
SEU JOÃO – “Agora virou mania esse negócio de todo mundo querer falar e emitir opiniões aqui na mediúnica. Antes nunca foi assim, todos se mantiveram no silêncio que deve imperar em reuniões desta natureza, dentro da indispensável disciplina que não devemos abrir mão. É sobre isto que estamos falando, meu irmão, e por isto que afirmei que foi bom você vir aqui, para ajudar a conter mais os ânimos do pessoal desta casa.”
ESPÍRITO – “Seu João, eu quero lhe agradecer pela confiança depositada em mim, esta noite, pela sua bondade em ver-me até como um espírito bom que pode ajudar a esta casa espírita, todavia gostaria de ver a minha pergunta respondida pelo senhor. É possível?”
SEU JOÃO – “Qual foi mesmo a pergunta?”
ESPÍRITO – “Eu perguntei se o espírito Alfredo propôs mesmo transformar o centro num picadeiro de circo e transformar a reunião mediúnica em algazarra”
SEU JOÃO – “Meu irmão, você me desculpe, eu sei que ninguém deve se preocupar em saber a identidade dos espíritos, mas o irmão, por favor, poderia me dizer quem é você?”
ESPÍRITO – “Eu sou o Alfredo Bastos, seu João, o mesmo amigo que vem se fazendo presente em outras reuniões aqui com vocês.”
Todo mundo se surpreendeu. Começaram todos a olhar para a médium dona Regina e para o médium Zé Siqueira, através do qual o espírito estava se comunicando. Afinal, todos haviam se acostumado a escutar o Alfredo se manifestar através da Regina.
JARBAS – “Mas o Alfredo Bastos sempre se comunicou através da dona Regina, nas outras vezes que esteve aqui.”
ALFREDO BASTOS – “É verdade, eu escolhi a querida Regina e quero agradecê-la aqui, pela sua disponibilidade em colocar as suas vias orais e mentais à minha disposição para comunicar-me com vocês e quero inclusive pedir-lhe desculpas pelos transtornos que causei a ela aqui na casa”.
REGINA – “Não tem nada que pedir desculpas, meu irmão, durante todos estes mais de trinta anos que trabalho como médium, desde os meus 14 anos, eu nunca me senti tão feliz e tão segura com um espírito, como me senti contigo nos últimos tempos. Inclusive hoje eu senti um negócio estranho, porque quando Terezinha começou a fazer a prece, hoje, eu percebi você chegar e comecei a me preparar para lhe dar passagem, quando vi que você preferiu falar através do Zé Siqueira. O que houve? Me abandonou?”
ALFREDO BASTOS – “Não, minha querida, eu não lhe abandonei; muito pelo contrário, senti-me profundamente feliz e leve em trabalhar com uma médium tão equilibrada, dedicada e amorosa como você...”
REGINA – “Eu sei, Alfredo, eu tô brincando contigo...”
ALFREDO – “Hoje eu preferi ocupar o nosso querido Zé, para lhe poupar porque estou sabendo e acompanhando as suas angústias recentes na casa. Creio que comunicando-me através de outro médium poderia lhe dar um descanso e aliviar-lhe um pouco dos mal entendidos que tem havido aqui, ultimamente.”
LOURDES – “Ai meu Deus, agora eu to começando a ficar com pena é do Zé Siqueira, coitado”.
SEU JOÃO – “Ficar com pena porque, Lourdes?”
LOURDES – “O senhor sabe, seu João, do que eu estou falando. Todo mundo aqui está sabendo como tem sido a relação da casa com a Regina, ultimamente, pelo fato dela ter sido a médium escolhida pelo Alfredo para dar comunicação.”
SEU JOÃO – “Minha filha, acho que está havendo algum mal entendido aí. Esta é uma casa espírita, uma casa de paz, e ninguém deve se deixar levar por influências obsessivas para ficar procurando pêlo em ovo. Vamos arejar as nossas mentes com idéias boas e não vamos nos permitir deixar influenciar por idéias perturbadoras”.
NEUZINHA – “Seu João, meu tiozinho querido, o senhor me desculpe, mas o que a Lourdinha tá dizendo não tem nada a ver com influência obsessiva, pelo menos em relação a ela. Se está havendo alguma influência obsessiva aqui na casa, tenho certeza de que ela não é o alvo. Todo mundo sabe da pressão sutil que tem sido exercida em cima da dona Regina, por causa destas comunicações do nosso irmão Alfredo, que eu e ninguém consegue entender porque tem incomodado a tanta gente nesta casa. Várias pessoas aqui estão sabendo que a dona Regina só não foi afastada deste trabalho porque ameaçamos dizer para o Alamar o que teria acontecido aqui e, com certeza, ele iria abrir a boca e dizer inclusive qual é o nome do nosso centro, porque ele não tem papas na língua. Todo mundo aqui ficou com medo.”
SEU JOÃO – “Eu acho que vocês estão tumultuando esta reunião e fugindo dos objetivos de uma mediúnica”.
CLÓVIS – “Eu não vejo por este lado, seu João. Acho que para haver dignidade numa instituição espírita, não pode ter assunto que não possamos discutir e que devamos fingir que não está acontecendo. A Lourdes e a Neuzinha têm razão no que disseram aqui e está claro que não existe em nenhuma delas o desejo de tumultuar a reunião. Não consigo entender porque o senhor foge dos assuntos, desta maneira?”
JARBAS – “Meus irmãos, eu quero pedir a vocês que mantenham a calma, para que possamos prosseguir normalmente o nosso trabalho”.
ALFREDO – “Creio que o trabalho está prosseguindo, meu caro Jarbas. O que está havendo é o que deve existir mesmo, nas casas espíritas, diálogos entre encarnados e desencarnados, ocorrendo normal e naturalmente, inclusive na discussão dos problemas da casa e na disposição de encontrar soluções. Todos confiamos no amor e na dedicação do seu João a este centro espírita e temos certeza de que ele jamais vai fugir da discussão de assuntos tratados com a seriedade e o amor que está sendo tratado neste momento.”
NEUZINHA – “Eu também acredito nisto, Alfredo, todos nós conhecemos bem o seu João e, já que confiamos nisto, pedimos que ele responda a pergunta que você fez à casa: em que momento o Alfredo sugeriu que transformássemos esta casa espírita em picadeiro de circo, seu João?”
SEU JOÃO – “Não se pode admitir pessoas sorrindo, em reuniões mediúnicas. Isto é desrespeitoso e não é condizente com a doutrina espírita”
ALFREDO – “Conforme eu disse aqui, também estou desejoso de aprender sempre. O meu caro João poderia dizer onde está escrito, na obra espírita ou em qualquer obra literária ou gramatical que sorrir é palavra sinônima de desrespeitar?”
SEU JOÃO – “Todos sabemos que tradicionalmente, não se admitem sorrisos nas casas espíritas”.
ALFREDO – “O fato de ser tradicional nem sempre quer dizer que seja verdadeiro e que não deva ser mudado. O senhor se pega em um paradigma, seu João, que foi estabelecido, ninguém sabe porquê, mas muitos mantém, sem se darem ao trabalho de questionar. Os paradigmas estabelecidos no movimento espírita representam o grande entrave para a expansão da doutrina no mundo.”
CLÓVIS – “Eu também não consigo aceitar tanto paradigma estabelecido em nosso movimento, sou considerado uma ovelha negra, pelo fato de viver questionando essas coisas que ninguém consegue explicar porque existem”.
ALFREDO – “Questionar não deveria ser motivo para espírita criar dificuldade de convivência com espírita, caso contrário Allan Kardec deveria ser o primeiro a ser repudiado pelo movimento, visto que foi o maior questionador da história do Espiritismo. Quanto mais uma doutrina passar por questionamentos, mais ela se consolida pelo mundo racional. O espírita que foge ao questionamento, certamente não está preparado para defender a doutrina com firmeza e, se assim o tentar fazer, estará submetendo-se ao ridículo e expondo-se a ser calado por um contraditor firme nos seus argumentos”.
SEU JOÃO – “A Doutrina Espírita tem os seus postulados muito bem definidos e não tem nada que questionar, já que está tudo questionado por Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos”.
ALFREDO – “Tudo questionado não, seu João, apenas 1018 questões selecionadas por Allan Kardec, entre milhares que ele mesmo gostaria de questionar ao seu tempo. Se fosse nos dias atuais, com a tecnologia que a Terra vivencia, não podemos prever a quantidade de milhares de questões Allan Kardec formularia aos espíritos, com a facilidade da digitação e armazenamento em computadores, recursos incomparavelmente superiores ao tempo da caneta de pena”.
SEU JOÃO – “O Livro dos Espíritos possui 1.019 questões”.
ALFREDO – “O Livro dos Espíritos possui 1.018 questões, numeradas no original da segunda edição até o número 1.019, tendo Allan Kardec esquecido de numerar a questão 1.011. Não é assunto relevante para discussões, mas é sempre bom que os espíritas conheçam também esses detalhes.”.
Os Espíritos não puderam revelar tudo a Allan Kardec, naquele tempo, e algumas coisas foram reveladas a ele, particularmente, dado a seu nível de conhecimento e racionalidade acima do homem comum, mas o recomendaram não publicar ainda, por conta do despreparo científico e moral da época, mas, na medida em que o tempo avança, o homem vai adquirindo condições de obter conhecimentos que em outras épocas não seriam possíveis.
O que não se pode admitir é que logo o movimento espírita, representante da evolucionista proposta do Espiritismo, crie dificuldades para novas revelações, congelem os conhecimentos de mais de 150 anos atrás, pretenda saber tudo o que existe e o que não existe além da sua esfera espiritual e não permite que ninguém avance nos conhecimentos.”
SEU JOÃO – “O irmão há de convir que a todo instante surgem novidadeiros em nosso movimento e que livros apócrifos são lançados no meio espírita, comprometedores à nossa doutrina, e não podemos permitir a circulação entre os espíritas”
ALFREDO – “A quem é dado o direito de manipular a consciência das pessoas, senhor João? Quem tem autoridade para determinar o que o freqüentador da casa espírita deva ou não deva ler? Que possui conhecimento suficiente de todas as realidades das diversas dimensões dos mundos espirituais, para determinar o que existe e o que não existe na infinita escalar evolutiva dos mundos?
Limitar a doutrina espírita representa um desserviço para com o Espiritismo, no Mundo.”
Recusar-se a diálogo livre e descontraído com os Espíritos é repetir a insanidade do Cardeal Bartolomeu que, ao recusar olhar no telescópio de Galileu, afirmou, como grande teólogo da época que, mesmo que visse, não acreditaria que a Terra girava em torno do Sol.
Até quando o espiritismo vai conviver com os entraves estabelecidos pelos cardeais Bartolomeus do movimento espírita?”
FERNANDO – “Alfredo, eu também percebo que há mesmo alguns livros que trazem conceitos equivocados, que nada tem a ver com o Espiritismo”.
ALFREDO – “Nós desencarnados, que trabalhamos pelo Espiritismo, também estamos acompanhando tudo isto, todavia um alerta se faz necessário a vocês:
Tenham muito cuidado no discernimento entre o que é de fato equivocado e o que talvez possa ser nova revelação que esteja além do conhecimento de vocês. As pessoas que não conhecem o Espiritismo acham que diálogo com pessoas mortas, na linguagem deles, é algo que não existe ou é coisa considerada sobrenatural, mas para espíritas conscientes o intercâmbio mediúnico não é nada de sobrenatural.
Será que vocês não estariam sendo intolerantes em relação a novas revelações da mesma forma que protestantes menos racionais permanecem intolerantes em relação aos ensinamentos espíritas disponibilizados ao mundo com Allan Kardec?
Que há livros equivocados, publicados apenas por interesses comerciais e para satisfação da vaidade excessiva de alguns autores, não existem dúvidas, mas daí a considerar como equívoco tudo o que não atende exatamente ao nível de conhecimento que temos, é tentativa de deter o avanço dos conhecimentos”.
SEU JOÃO – “Você acha, então, que devemos permitir que se venda tudo o que aparece na casa espírita, sem o devido cuidado de analisar o seu conteúdo. Daqui há pouco vão querer vender revistas pornográficas, de sexo explícito, na casa espírita”.
ALFREDO – “Desculpe-me, senhor João, mas, com todo o respeito que o senhor é merecedor por todos nós, terei que ser duro com o senhor. Foi prevendo a necessidade de ter que lhe dizer o que vou dizer agora que evitei comunicar-me através da Regina, nesta sessão, porque já sabia que, a partir de hoje ela seria afastada da casa, como se fosse responsável pelo que eu ando dizendo aqui.
Não se pode admitir mais que dirigentes espíritas mantenham comportamentos como este que o senhor adota, que é também adotado por muitos outros, nessas conceituações exageradas e extremistas, que verdadeiramente tumultuam os conceitos.
Em outro momento o senhor afirmou que talvez eu poderia estar querendo transformar esta sala de reunião mediúnica em um picadeiro de circo, agora tumultua novamente o diálogo ao afirmar que talvez estaríamos liberando as livrarias espíritas para venda de revistas pornográficas, ainda mais de sexo explícito.
Registramos aí uma absurda ausência de sensatez.
Que o senhor me perdoe, estimado amigo, mas confundir uma proposta de diálogo aberto e descontraído entre encarnados e desencarnados com transformação de centro espírita em picadeiro de circo, é expor a sua inteligência ao ridículo ao mesmo tempo em que subestima a inteligência dos demais participantes da reunião.
Confundir livros que possam trazer informações duvidosas com revistas pornográficas na casa espírita, incide na mesma situação.
Urge a necessidade de se debater esses problemas no movimento, posto que esses exageros extremistas são desagradáveis, insensatos e promovem muitas dissensões no movimento.
CLÓVIS – “Alfredo, meu irmão, como foi bom você tocar nesta ferida. De fato, amigo, é um problema sério no movimento espírita. Esses exageros extremistas são terríveis em nosso movimento e aqui na casa acontece muito. Outro dia veio um companheiro nosso oferecer uns CDs com músicas espíritas aqui para vender, e foi proibido de fazer a venda, sob a argumentação que ele estava querendo ficar rico à custa da doutrina espírita.”
LOURDES – “Eu não consigo entender como é que pode alguém conseguir ficar rico vendendo CDs em centro espírita. Só mesmo na cabeça oca de gente intolerante”.
ALFREDO – “Lamentavelmente esses exageros tem ocorrido muito e vários são os trabalhadores pela causa espírita, aqui do outro lado, que estão preocupados, posto que o índice de evasão da casa espírita tem sido muito grande. Hoje existem mais espíritas fora da casa espírita do que dentro delas. Não é boa esta constatação.”
SEU JOÃO – “A casa espírita não precisa de quantidade, ela quer é qualidade”
ALFREDO – “Que critérios o senhor utiliza, senhor João, para determinar que todos que estão freqüentando os centros espíritas têm qualidade e que os espíritas que estão fora não tem qualidade nenhuma?”
SEU JOÃO – “O lugar de praticar o Espiritismo é o centro espírita. Não é recomendável a prática espírita em ambientes domésticos”.
ALFREDO – “O senhor acredita, nobre amigo, que todos os centros espíritas estão atentos para se constituírem em ambientes agradáveis e fraternos, respeitando as individualidades e as inteligências das pessoas, de uma forma que elas se sintam bem quando adentradas aos seus ambientes?”
SEU JOÃO – “O centro espírita não deve se moldar aos caprichos dos seus freqüentadores”
ALFREDO – “Por causa disto, parte-se do princípio que todo freqüentador é analfabeto, em relação à doutrina, e que os dirigentes da casa são detentores do conhecimento doutrinário absoluto?
Será que a política do cerceamento do direito de questionar, discutir, discordar, raciocinar, sugerir, idealizar, expor suas idéias e pensar é a mais correta, no ambiente praticante de uma doutrina que se identifica como racional?”
Seu João estava, como sempre, muito nervoso, posto que as suas argumentações não possuíam embasamento lógico e dentro da sensatez.
ALFREDO – “Amigos queridos. Há séculos a humanidade já se convenceu de que o Sol não gira em torno da Terra, como imaginavam antigamente, e que é a Terra que gira em torno do Sol.
Mas durante muito tempo até a discussão deste tema era proibido e as pessoas que insistiam em discutir eram ameaçadas de fogueira.
Nos dias de hoje muitos ainda estão ameaçando de fogueira companheiros que se dispõem e pensar, a raciocinar, a questionar e a polemizar.
Isto não pode ser compatível com praticantes de uma doutrina que tem como codificador a notável, respeitável e sensata figura de Allan Kardec.
É necessário e é urgente que o movimento espírita repense os seus conceitos.
Esperando que o nosso querido José Siqueira não sofra qualquer retaliação pelo ocorrido aqui na noite de hoje, agradeço pela atenção de todos e desejo uma boa noite a todos.”

E assim o Alfredo Bastos encerrou a sua participação na noite.
Para a apreciação dos amigos.
          Abração
                          Alamar Régis Carvalho
          Analista de Sistemas, Escritor e AINSF Dinastia

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