a partir de maio 2011

domingo, 10 de junho de 2012

JESUS E AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS

JESUS E AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS
Quem se debruçar sobre a história das religiões, nomeadamente das religiões não cristãs, poderá constatar que Jesus é respeitado, reverenciado e admirado por praticamente todos os povos do planeta.
Todas as grandes religiões, quer sejam monoteístas (que acreditam em um Deus único) ou politeístas, consideram Jesus como um Ser Sublime, dos mais evoluídos que tocaram a Terra. Alguns estudiosos vão mais longe na explanação das sua teorias : Há quem acredite que Jesus viveu na Índia entre os 18 e os 30 anos (período em que a Bíblia nada refere sobre a vida de Jesus), e lá estudou o
Hinduismo e o Budismo, incorporando elementos dessas religiões nas suas pregações. Há os que acreditam que Jesus era versado nos ensinamentos da cabala, muito populares na Palestina na época em que viveu, e passava mensagens subliminares nos discursos que proferia.
Tais afirmações, porém, não encontram consenso, pois não existem elementos históricos e/ou arqueológicos que sejam igualmente aceites por toda a comunidade científica.
Refira-se que há um ramo do Judaísmo, o Judaísmo Messiânico, cada vez com mais aderentes, que segue as tradições religiosas judaicas, mas que também acredita na figura de Jesus como sendo o messias esperado pela tradição profética judaica. 
Aafastando as conjecturas, ficam-nos duas realidades: A imagem de Jesus histórico, apoiada nos escritos, nos documentos e no material arqueológico, e a Mensagem de Paz e de Amor que Jesus pregou e que encontra resposta em praticamente todas as religiões não cristãs.
Na verdade, o modo como as grandes religiões encaram Jesus só difere de algumas igrejas cristãs, nomeadamente a católica, num ponto: a sua natureza divina. Os católicos e as outras igrejas evangélicas cristãs acreditam que Jesus teria sido, ao mesmo tempo, o filho de Deus e a encarnação Dele na Terra. As grandes religiões não cristãs – Hinduísmo, Budismo, Islamismo, Judaísmo – rejeitam a idéia de que Jesus tenha sido a encarnação de Deus na Terra, ou que tenha sido gerado por emanação divina.
Examinando com algum cuidado os factos históricos e os conceitos que se encerram em cada uma das grandes religiões, facilmente se entende como esse raciocínio faz sentido. Os concílios, e os interesses de natureza económica e política, estenderam ao longo dos séculos um manto de ocultação de verdades, procurando manter, para sua conveniência, a ignorância das populações. Muitos ainda não sabem, por exemplo, que a igreja católica se formou como uma dissidência do Judaísmo, religião oficial do povo judeu, que existe desde aproximadamente 2.100 a.C. e nasceu como o primeiro culto monoteísta da história; ou que Antigo Testamento é a chamada Bíblia Hebraica, livro Sagrado para as três religiões abraâmicas, as que têm Abraão como Profeta comum – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. 
Durante séculos, interesses de vária ordem têm dado especial relevância às contradições existentes entre as diversas religiões, e maior destaque às suas diferenças, do que aos aspectos em que são comuns e coincidentes, esses sim de grande importância para a Humanidade. 
O Islamismo, a religião mais popular do mundo árabe, com 1,2 bilhão de adeptos, também é uma dissidência do Judaísmo. Para os islâmicos, Jesus seria o messias, mas teria falhado na missão recebida na Terra e não teria morrido na cruz. 
É importante referir que uma parte dos cristãos, antes mesmo de Maomé, já duvidava da versão dos quatro Evangelhos Cânonicos. Alguns dos Evangelhos apócrifos dos séculos I, II e III d. C. chegam a afirmar que Jesus teria sobrevivido à experiência da crucificação.
Uma vez mais, não existem elementos históricos ou arqueológicos que permitam sustentar qualquer das versões.
Para os islâmicos, Jesus foi um grande profeta, mas não o filho de Deus. Ele seria, na verdade, mais um dos profetas judaicos, como Abraão e Moisés, capazes de “falar”directamente com Deus. 
Estabelecer uma relação entre Jesus e o Hinduísmo pode parecer tarefa difícil, mas não é. Os hindus acreditam que Jesus é um “avatar” (uma encarnação divina que veio à Terra voluntariamente, para ajudar na salvação da humanidade, sem benefício próprio).
Para compreender a forma como os hindus vêem Jesus, é preciso conhecer um pouco desta doutrina, que tem hoje cerca de 650 milhões de seguidores, a maioria na Índia. O Hinduísmo é a primeira religião a acreditar na reencarnação e no carma. Para os hindus, todo o ser vivo (humano ou não) possui um espírito imortal, que reencarna sucessivas vezes até alcançar um estágio de perfeição.
Mas nem todos os hindus vêem Jesus como um “avatar”. A maioria prefere encarar Jesus Cristo como um “shidda”, um espírito que teria alcançado o estágio de perfeição que a maioria das almas da humanidade continuam a buscar. Ele não chegaria a ser um Deus. Teria sido um sábio, mas de natureza somente humana.
Outra religião que vê Jesus de forma idêntica é o Budismo. Há que observar, contudo, que a raíz do Budismo está no Hinduísmo. No Budismo, o princípio indiano do samsara – a lógica da reencarnação – também forma a base da doutrina.
Como os hindus, os budistas acreditam no nirvana, que corresponderia ao estágio de iluminação absoluta – o Céu dos cristãos, ou a dimensão perfeita dos espíritas. Aqueles que o atingem são denominados bodhisattvas, ou encarnações terrenas do deus Vishnu (o príncipe indiano Siddharta Gautama, o Buda, que viveu há 2.500 anos e teria sido a nona encarnação dessa divindade).
Muitos budistas acreditam que Jesus Cristo foi um bodhisattva que desceu à Terra para tentar ajudar a humanidade. Para alguns budistas, Jesus teria sido uma reencarnação de Buda. A idéia de que Jesus pudesse ser filho de Deus, ou parte de uma Santa Trindade, não encontra adeptos no Budismo.
A reencarnação viria a transformar-se, no século XVIII,como sabemos, no pilar mais importante do Espiritismo. Em certa medida, o Espiritismo tem uma posição semelhante, muito embora a teoria das reencarnações, para os espíritas, seja diferente da que é defendida pelo Hinduísmo. Segundo a Doutrina Espírita, os espíritos existem em muitas dimensões. As acções de cada indivíduo durante as vidas pretéritas e a actual determinam que o espírito ascenda de dimensão ou permaneça na mesma. No entanto, mera questão de tempo, o Espírito irá evoluir, pois é essa a sua missão.
O Espiritismo ensina que Jesus foi uma encarnação do espírito mais evoluído que existiu na Terra. Veio para ensinar os espíritos menos evoluídos de que podem atingir, também, aquele patamar, e que estão compelidos a fazê-lo através da prática do Bem e da expiação dos maus actos do passado, pois a evolução espiritual não tem retrocesso. O Espiritismo aceita a idéia de que Jesus seja um filho de Deus tal como nós, mas não que fosse uma encarnação terrena do próprio Deus.
É por isso que doutrina espírita ensina a respeitar todas as religiões, crst^s e não cristâs, pois todas elas são caminhos para Deus.
Como se pode constatar, nenhuma das grandes religiões da humanidade discute a importância e a validade dos ensinamentos de Jesus. Todas as divergências estão fundamentadas na relação que ele mantinha com Deus (ou deuses, dependendo da religião). Até mesmo os agnósticos (os que crêem numa força superior que não seja necessariamente uma entidade consciente) respeitam os seus ensinamentos.
A Palavra de Jesus encontrou eco em todas as religiões, o que deixa antever que os seus ensinamentos serão abraçados por toda a Humanidade, e que cada um na sua religião e no seu estado evolutivo, poderá dar expressão à grande máxima: “Amar o próximo como a ti mesmo”, e a prática do Bem espalhar-se-á por todo o planeta!
António Bento

Publicado na Revista Espírita Fraternidade nº 586 de Abril de 2012
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Sagrada, Soc. Bíblica de Portugal, Lisboa, 1997, Trad. João Ferreira de Almeida
Religiões – História, Textos e Tradições,Religare, Ed. Paulinas,Lisboa, 2006 
COMTE, F.,Dicionário Temático Larousse, Civilização Cristã,CL,Lisboa,1999 
KARDEC, A., O Evangelho Segundo o Espiritismo, CEPC, Lisboa, 1987, 4ª ed.
, O Livro dos Espíritos, CEPC, Lisboa, 1984, 2ª ed.
XAVIER,F.C., O Consolador, FEB, RJ,1998, 19ª ed.P. 292 a 301
,A Caminho da Luz,FEB,RJ,1991,18ª ed. Cap.XVI

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