a partir de maio 2011

sábado, 16 de junho de 2012

A Ciência e a Fè

por Nelson Moraes
Os homens que fazem avançar o progresso humano através da Ciência também são homens de fé que um dia inevitavelmente encontrarão Deus através de suas pesquisas. Acredito que os mais sinceros em suas buscas, que não extrapolam do bom senso e da ética, irão encontrá-lo antes de muitos religiosos, pois, além de alargarem os horizontes do conhecimento, estarão interagindo com as obras de Deus ao se entregarem às pesquisas da natureza humana, planetária e cósmica. 
Quantos benefícios trouxeram para a humanidade essas maravilhosas inteligências que passaram muitas noites insones concentradas em suas teses e experimentações, das quais resultaram as grandes descobertas que dilataram o bem-estar e aumentaram as perspectivas de sobrevivência do ser humano ante as epidemias e doenças que antes ceifavam milhões de vidas.
As experiências científicas, que hoje assombram as mentes distraídas da realidade, assinalam um novo caminho para o encontro do homem com Deus, encontro antes oferecido exclusivamente por religiões que, em sua maioria, fracassaram e continuam fracassando ao criar obstáculos dogmáticos entre o Criador e a criatura.
No campo da Física, os cientistas, em seus arrojados experimentos, que já começaram a esbarrar nas fronteiras entre a realidade do espírito e a realidade da matéria, em breve terão de rever seus conceitos e reconhecer a existência de um Criador.
Albert Einstein, em seus pensamentos, demonstra ter esbarrado nessas fronteiras, quando afirma: “A Ciência nos afasta de Deus, mas a Ciência pura nos aproxima de um Criador”.
Ele soube reconhecer que a Lei de Causa e Efeito não é apenas uma lei da Física, mas sim uma lei que também atua nas questões morais respondendo as ações humanas. 
Seguro dessa realidade, afirmou: “O sábio, consciente da Lei de Causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado, que estão submetidos às mesmas regras de necessidade e determinismo. Sua religiosidade consiste em espantar-se e extasiar-se diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu talento não podem desvendar. Esse sentimento desenvolve a regra dominante da sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a escravidão dos desejos egoístas”. 
Sem dúvida, Einstein encontrou Deus através da Ciência e abriu um amplo caminho que a colocou na direção do transcendente.
Ao estabelecer que toda matéria é um punhado de energia condensada, deu um passo além da materialidade: Se a matéria é a energia que se condensa, que tipo de energia se condensa em matéria orgânica imbuída de inteligência? Nós, espíritas, sabemos que o espírito é energia. Teria ele reconhecido a existência de uma energia inteligente, ou seja, o princípio inteligente que anima os seres vivos, faltando-lhe, entretanto, coragem para proclamar essa descoberta? Ou sua missão era apenas construir uma conexão entre a Ciência e a Fé?
Embora não tenha proclamado sua descoberta em torno do transcendente, Einstein, em um de seus pensamentos filosóficos, deixa um vestígio que revela ter conhecimento de que o ser humano é algo mais do que apenas matéria orgânica: “Cada um de nós vem para uma breve visita. Do ponto de vista da vida cotidiana, entretanto, existe uma coisa que precisamos saber: o homem está aqui para o bem dos homens. Acima de tudo, por aqueles de cujo sorriso depende a nossa própria felicidade. E também pelas intocáveis almas desconhecidas com quem nossos destinos estão ligados pelos laços de simpatia”.
É óbvio que alguém que vem para uma breve visita, terá de voltar para o lugar de onde veio; pelo menos é o que se depreende dessa afirmação. Um materialista teria dito apenas: “Nascemos para viver uma breve vida”. Podemos, então, perceber que ele compreendia que o ser humano preexiste à matéria e que veio de algum lugar, para onde deverá voltar.
Prosseguindo: “Intocáveis almas desconhecidas com quem nossos destinos estão ligados pelos laços de simpatia”: Ora, como podemos estar ligados por laços de simpatia com almas desconhecidas? E por que intocáveis? Será que ele conseguia sentir a presença de uma força exterior que o inspirava, reconhecendo-a como almas ligadas a ele por laços de simpatia? Só assim esse pensamento faria sentido. Talvez por isso tenha afirmado em um dos seus pensamentos: “Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio e eis que a verdade se me revela”.
São hipóteses que merecem crédito. Quem, em sã consciência, poderá afirmar que Einstein não transcendeu à ciência materialista? Com certeza, ele abriu um grande precedente para o surgimento da ciência pura a que se refere. Ou seja, uma ciência alinhavada na compreensão da existência de um Criador Supremo.
Depois do trabalho desse magnífico cientista que se tornou um ícone da ciência moderna, podemos ter certeza de que o trabalho de Allan Kardec irá transcender aos séculos futuros, norteando as atividades humanas no campo da Ciência, da Filosofia e da Religião. Deve ser compreendido pelos espíritas como a maior descoberta científica da natureza ampla e profunda do ser humano, a ser propagada na essência tal qual nos foi revelada pelos Espíritos Superiores.
Muitos cientistas depois de Kardec debruçaram-se sobre essa grande descoberta, limitando-se, contudo, a estudar apenas os fenômenos produzidos pela mediunidade, sem cuidarem das características filosóficas que envolvem os ensinamentos e as revelações dos espíritos superiores. Alguns se dobraram ante a comprovação dos fenômenos mediúnicos, prestando valioso serviço ao Espiritismo. Porém, nada de importante fizeram no intuito de oferecer um embasamento dos conceitos filosóficos fundamentados nas leis naturais e divinas reveladas, as quais presidem a realidade espiritual da vida. Não descortinaram as razões profundamente científicas pelas quais o ser humano deve optar para sua efetiva transformação ética e moral espelhadas nos conceitos filosóficos do Evangelho, até então tão desprezado pela Ciência.
Com Einstein foi diferente. Ele não se deixou influenciar pelos preconceitos característicos da Ciência contemporânea. Em vez disso, deu a devida importância às questões filosóficas suscitadas pelas suas experiências e descobertas e formulou pensamentos bastante afinados com os conceitos filosóficos do Espiritismo. Por exemplo, percebe-se uma incrível similitude neste pensamento: “A meu ver, portanto, a Ciência não só purifica o impulso religioso do entulho de seu antropomorfismo, como contribui para uma 'espiritualização' religiosa de nossa compreensão da vida. Quanto mais avança a evolução espiritual da humanidade, mais certo me parece que o caminho para a religiosidade genuína não passa pelo medo da vida, nem pelo medo da morte, ou pela fé cega, mas pelo esforço em busca do conhecimento racional. Neste sentido, acredito que o sacerdote, se quiser fazer jus a sua 'sublime' missão educacional, deve tornar-se um professor”. 
Sem dúvida, o trabalho de ambos encurtou a distância que separa a Ciência da Fé! Kardec foi o cientista da alma; Einstein deu alma à Ciência.

- EINSTEIN, Albert. Ciência e Religião. Título original: "Out of my later years”.
- Escritos da Maturidade: artigos sobre ciência, educação, relações sociais, racismo, ciências sociais e religião. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1994.

http://www.oclarim.org

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