Por Nilo Emerenciano
Fim do mundo.
Sob as águas, entre chamas, epidemias, terremotos, com a verticalização do eixo da terra, em uma guerra atômica ou – muito em moda agora – sob o efeito de tsunamis.
Essas imagens povoam o imaginário dos homens há séculos. Paulo achava que o retorno do Cristo se daria em poucos anos. Na idade média – vide as pinturas de Bosch ou de Bruegel – o fim do mundo era uma certeza muito presente na vida das pessoas. Na virada dos séculos também. Aqui próximo de nós, em Campina Grande, os Borboletas Azuis reuniam mantimentos e se preparavam para o fim. Os adventistas aguardam o retorno do Cristo como iminente, desde 1840. A besta do apocalipse já foi – entre outros – Idi Amin Dada, Komeini, Kadafi, Hitler, Stalin, ou seja lá qual for o vilão em evidência. Na destruição das torres gêmeas alguém chegou a ver o demônio entre as chamas. Minha mãe guardava zelosamente as velas da minha primeira comunhão porque nos dias de escuro só elas acenderiam. As profecias de Lourdes ou Fátima de alguma forma previam o fim dos tempos que, felizmente, não se concretizou.
E os adivinhos? O apocalipse de João é um livro que permite múltiplas leituras, isso porque foi escrito em linguagem cifrada. O mais provável é que se referisse às perseguições sofridas pelos cristãos sob o império de Nero. As Centúrias, de Nostradamus, também. E a imensa variedade de previsões não concretizadas? Nova York submerge, a Atlântida ressurge do fundo do mar... Alguém lembra o projeto Aquário (anos setenta/oitenta) que orientava a todos nós largarmos nossas casas e procurarmos as regiões altas do país, pois o resto seria engolido pelas águas?
Enfim... Se por fim do mundo nos referimos ao fim do planeta terra, é claro, que daqui a cinco bilhões de anos, como nos ensina a ciência, com a extinção do sol, nosso querido planeta azul vai desaparecer. Cinco bilhões de anos... Você tá preocupado? Será que daqui até lá ainda não teremos aprendido o suficiente?
Divaldo Franco chama a isso tudo de superstição. E realça em entrevista ao jornal O Paraná: “para nós, espíritas, o fim do mundo será o fim do mundo moral negativo, quando nós iremos combater os adversários piores, que são os que estão dentro de nós: as paixões dissolventes; os atavismos de natureza instintiva agressiva; a crueldade; o egoísmo e, por consequência, todos veremos uma mudança da face da Terra, quando nós, cidadãos, resolvamos por libertar-nos em definitivo das nossas velhas amarras ao ego e das justificativas por mecanismos de fuga. Então o homem do futuro será um homem mais feliz, sem dúvida.”
A Terra, na verdade, não terá fim. Será transformada. Passará para um estágio melhor, de regeneração, e os conflitos surgidos serão frutos desse momento de transição. Consultemos Kardec:
“Chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. Essa separação é que se acha figurada por estas palavras sobre o juízo final: “Os bons passarão à minha direita e os maus à minha esquerda.” (...) A geração que desaparece levará consigo seus erros e prejuízos; a geração que surge, retemperada em fonte mais pura, imbuída de ideias mais sãs, imprimirá ao mundo ascensional movimento, no sentido do progresso moral que assinalará a nova fase da evolução humana”. (A Gênese, cap. 18, n. 18-20)
Esqueçamos, portanto, os profetas das catástrofes e tenhamos fé e confiança em Deus. Confiemos também na ilimitada capacidade humana de enfrentar e superar as dificuldades e encontrar soluções para todos os problemas. E caminhemos para frente, cabeça erguida e coração sintonizado com o Alto.
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