a partir de maio 2011

sábado, 21 de abril de 2012

Preciosas Advertências



Alberto de Souza Rocha

A coragem de dizer as coisas como devem elas ser ditas, com a responsabilidade de sua posição na hierarquia do mundo, deve ser contabilizada a favor dos que a demonstram.
Entendemos seja este o caso. Folheávamos o "Jornal do Brasil" e lá fomos encontrar o extrato de uma conferência proferida em um estabelecimento de estudo humanístico do Colorado, EE.UU, por sua Majestade, a Imperatriz Farah Pahlevi, do Irã. Do texto em português recordamo-nos de alguns trechos que darão idéia precisa de sua mensagem. Assim:
"A raça humana, hoje, está à mercê dos efeitos desconhecidos das suas próprias invenções - invenções que são cegas às suas próprias conseqüências e quanto aos meios de retificá-las."
Refere-se ela ao "abismo que tende a separar cada vez mais o mundo tecnológico da herança espiritual da civilização”. Diz que "pela enorme acumulação de conhecimentos da nossa época, surgem blocos isolados de conhecimento especializado que permanecem muitas vezes impenetráveis entre si."
Longe de condenar a ciência e a tecnologia, de pregar um retorno ao "estado de natureza", aceita ela o desafio da esfinge moderna e por isso prega:
"O problema que está diante de nós é o de reconciliar o computador com as exigências de uma espiritualidade em que se baseia a própria substância da vida humana."
A visão segura da nobre autora se justifica como uma advertência ao mundo inteiro, mais ainda aos que têm as graves responsabilidades da Cátedra, da condução dos jovens pelo caminho brilhante da ciência. A ciência materialista, atéia, do interesse imediatista, do homem-número, do homem-máquina, que pretendeu que Deus houvesse morrido, que espera achar o Espírito como produto químico ou biológico das células, essa esquece as exigências de uma espiritualidade em que se baseia a própria substância da vida humana.
Enquanto o homem devassa a antimatéria, descobre o corpo bio-plástico, dividido por Kardec em suas Obras Básicas, enquanto a eletrônica se especializa para receber as mensagens de uma outra forma de Vida, o mundo se angustia nos abismos de uma técnica avançada que mecaniza tudo mas não resolve, que polui os ares e os mares, as mentes e o soma ...e que já não divisa os rumos a tomar.
Que os jovens universitários de hoje se voltem, à vista de tão graves advertências, às causas do Espírito, que não são incompatíveis, que não lhes depreciam a cultura, que nada têm de crendices baratas, que não poderão comprometer-lhes as bases científicas do aprendizado, porque também a, ciência é divina em seu esforço criativo em prol do conhecimento e do bem-estar da Humanidade.
Cremos que a misericórdia de Deus virá, que o homem atônito reencontrará o caminho, e a prova de que algo se faz nesse sentido é à repercussão que está tendo a palavra conscienciosa que partiu de uma, criatura profundamente humana, elevada à alta dignidade do Trono de um pais de tradição milenar, que pode sentir a cultura dos povos através dos tempos e que vai dizer isso de um outro lado do mundo, onde domina a técnica.
Preservemos os valores espirituais da Humanidade - seria em suma o seu apelo.
Nós, espíritas, estamos sentindo isso há bastante tempo e estamos dando para tanto o nosso concurso através dos esclarecimentos que constituem a essência do ensinamento doutrinário.
A responsabilidade da Cátedra na Educação materialista que vem constituindo o requinte da moda, essa será ajustada em termos da própria Lei de Causa e Efeito. Aqui nos basta citá-la.
Imagine-se agora se nos decidíssemos a extinguir o movimento jovem no seio da Doutrina, deixando os nossos filhos sem a motivação necessária e entregues à avalancha do materialismo ministrado clara ou sutilmente nas Escolas Superiores, onde tantas vezes é vergonhoso falar nos valores positivos do espírito eterno. Essa responsabilidade cresceria na proporção de nossa incúria.
Valham-nos tão preciosas advertências. Ouçamos a Imperatriz.

Revista Internacional de Espiritismo – Janeiro de 1976

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