a partir de maio 2011

sábado, 21 de abril de 2012

Caminhos da Vida e da Morte



Alberto de Souza Rocha

Na realidade, não nos interessa apenas saber o que se passa no transe da morte propriamente, mas o que nos espera além dele, desde que a morte física não é o fim, que o Espírito sobrevive. E não seria apenas interessante saber que sobrevivemos, e como, mas que acima de tudo somos imortais; não apenas que o somos, mas que necessariamente envolvemos sempre, e isso graças às idas e vindas; ao palco da vida física Nesse caso, somos, antes de mais nada Espíritos. eternos, em trânsito na vida terrena.
Vimos estudando os relatos de uma soma considerável de pacientes e comparando esses depoimentos com as revelações espíritas. Que dizem os Espíritos desencarnados? Que dizem os que voltam das chamadas "fronteiras da morte", que nos parece serem antes fronteiras da vida?
Dizem eles que se sentem possuídos de uma forma humana, com um corpo estranhamente leve em relação ao outro. E, por força, o perispírito Que se reconhecem de certa forma vivos, num ambiente muito semelhante ao meio de onde partiram  alto objetivos - é a vida espírita -, jungido; a uma lei de afinidades, coerente com o seu estágio evolutivo. Que estiveram no dealbar dessa outra vida, o que nela se encontram, após um sono reparador, havendo passado pela visão panorâmica da vida terrena como se fora num filme (seria o "juízo", o exame de consciência). Que apresentam uma visão amplificada em que o poder do pensamento e bem mais expressivo e que são capazes de volitar. Que mantêm a sua identidade, a sua personalidade, que não se diluem, não se alteram basicamente, não se desfazem no todo. Que tiveram acolhimento por parte de amigos e familiares já desencarnados, que os vieram ver ou receber corno ao viajor que Chega a certo destino. Que tiveram estranhas sensações. perceberam nevoeiros, ruídos indefinidos, vozes, por vezes música transcendental Ressaltam ;linda a., dificuldades que representam para a criatura nesse transe o desassossego dos familiares ou dos circunstantes Já os que retornam da morte clínica descrevem o trabalho dos médicos,, e enfermeiros tentando recuperá-los ou cenas á distância ocasião em que o transpõem obstáculos. paredes, ou vêem através dela; vencem incríveis distância, espaço temporais, qual ocorre nas chamadas , viagens astral, do sensitivo desdobrado. Ou vêem o próprio corpo exânime Somo como que puxados de retorno no ao corpo ante a iminência de se romper uma corno que '`barreira", o limite da vida física naturalmente.
Consideremos agora as revelações diretas dos moribundos antes de perderem a consciência de que em geral são tidas e havidas idas por simples alucinação mas que assumem aspecto, de coerência insuspeita ,e eles narram de viva voz, in extremis, o que também descrevem e agora toma foros de verdade, os retornados da crise, quanto ao que viram e sentiram durante a fase agônica E que o próprio enfraquecimento orgânico, propiciando o afrouxamento dos laços, vai como que abrindo em flor os centros psíquicos como o limiar da vida espírita. Há visões no leito de morte. Ou serão aparições  de fantasmas dos moribundos, quiçá pancadas (raps) projetadas alhures, muito mais que uma simples mas expressiva mensagem telepática.
Já se disse corri propriedade que os fenômenos anímicos comprovam os mediúnicos que o Animismo comprova o Espiritismo. O que se passa corri as faculdades do homem vivo à distância do corpo, em diferentes circunstâncias - e o Espiritismo os estuda - mostra o que ocorre por sua vez na manifestação o do Espírito despojado do corpo. O instrumento é o mesmo, o perispírito a serviço da individualidade inteligente. Pois bem, o que relatam as criaturas que voltaram da vida espírita a meio carrinho, cru desdobramento coincide por sua pez com o relato dos que romperam a barreira da vida corporal. Voltando ao corpo falam por esse intermédio; e os que voltam sem ele encontram no médium a instrumentalidade necessária. A realidade é a mesma, o outro lado da cortina no grande anfiteatro da Vida Inexaurível. Uns, por enquanto, surpresos, apenas levantam parcialmente a dobra do pano, enquanto outros descerram-na por inteiro. O primeiro, porque alma, um fato anímico. O segundo, liberto o Espírito, um fato de ordem espirítica; ou porque utiliza um intermediário, um fenômeno mediúnico.
Não obstante certa resistência por parte de áreas de ceticismo intolerante, a verdade desponta e insiste em ser notada. Mas ainda não é só. Há ainda um outro ponto a assinalar em termos de comparação. Os ressurretos assinalam uma preocupação quanto à retificação de seus hábitos, de sua conduta, deixando entrever uma percepção maior das realidades que as religiões em geral apontam: a vida espírita reflete aquela que tivemos na Terra. Ora, os que retornam pelos médiuns lamentam os erros do passado. Fariam voltar o tempo. Ou persistem lamentavelmente, o que não é de estranhar.

Revista Internacional de Espiritismo – Outubro de 1984

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