A oração é um fenômeno universal praticado por todos os povos e em todas
as épocas da história humana. A invocação do transcendental adota uma
interminável variedade de formas de acordo com cada cultura e com cada
um de seus membros.
Atualmente assistimos um processo de revalorização da oração como uma
prática capaz de estimular uma expansão da consciência e propiciar metas e
objetivos específicos que ajudem a melhorar nossas vidas. A cura de
doenças é precisamente uma das propriedades atribuídas à oração que
desperta mais interesse. Para os cientistas que estudam esta temática, a
eficácia da oração é mais fácil de avaliar no campo da saúde que nos outros
âmbitos da vida humana (realização espiritual, sucesso profissional, relações
interpessoais) porque, a diferença destes últimos, o diagnóstico médico
permite a quantificação e, por conseguinte, o seguimento objetivo de
inúmeras variáveis implicadas.
À luz de certas informações, alguns médicos estão começando a olhar para
um poder superior como potencial sanador. Por exemplo, a mundialmente
reconhecida Escola de Medicina de Harvard e o Instituto Médico
Mente/Corpo do Hospital Deaconess, de Boston, realizaram um curso em
conjunto para revisar as evidências curativas da espiritualidade, incluindo aí
a oração e as rezas.
Um dos participantes foi o professor Dale A. Matthews, da Faculdade de
Medicina de Georgetown, que afirmou ter estado rezando com seus
pacientes, durante os últimos cincos anos. Matthews, que tem seu
consultório em Washington, diz estar muito impressionado com a forma com
que a oração ajuda as pessoas, expressando teatralmente assim: “no
tratamento diário com suas dores de cabeça e problemas do coração”.
O especialista pergunta a seus pacientes graves ou que estão sob
tratamento de longa duração se querem que ele reze por eles. “Às vezes
duvido se sou um médico internista ou eternista”, diz. Matthews prescreve
sempre os mesmos medicamentos e tratamentos que os demais
médicos.
A oração é uma opção extra que ele oferece, e não é obrigatória. Um grande
número de seus pacientes a aceitam, inclinando suas cabeças, fechando
seus olhos e rezando em voz alta durante alguns minutos.
“Mas Mathews é uma exceção. A maioria dos médicos não falam em rezar e
muito menos o receitam”, afirma o doutor Dan E. King, professor associado
de Medicina Familiar, na Universidade de Carolina do Leste, em Greenville.
Uma investigação publicada por ele em 1994, na Revista de Medicina
Familiar, mostra o quão amplo é o abismo que separa os médicos de seus
pacientes ao tratar-se o tema da oração. Quase a metade dos duzentos e
três doentes entrevistados desejavam que o médico rezasse com eles no
hospital. Mais de dois terços de seus médicos nunca formularam nem a
pergunta mais elementar acerca das crenças religiosas.
O fato é que a maioria dos médicos, ao serem consultado sobre o valor da
reza na medicina, consideram que seu valor não é importante. Afirmam que
não há evidência suficiente. Mas não podemos esquecer da expectativa do
paciente. Qual é a sua crença? que nesse momento está sendo sublimada
pelo desejo de uma cura. Neste quebra-cabeça é que se encaixa
perfeitamente, às vezes, a presença do líder espiritual, falando o que o
paciente “quer ouvir”. Aqui é bom ter em conta que a oração não é tão
importante pelo que se diz, se não pelo receptivos que nos faz à presença de
“nosso deus”. De novo aparecem as técnicas hipnóticas de uma indução, as
quais originam estes resultados:
a) relaxamento do corpo e mente
b) centro da atenção limitado
c) consciência reduzida do ambiente externo
d) maior consciência interna das sensações
e) um estado de transe.
Neste sentido, o silêncio interior constitui uma maneira de oração muito mais
profunda que o conteúdo de qualquer forma oral. Isto não passa de uma boa
técnica de auto-hipnose, que tem um profundo efeito tranqüilizante: relaxamse
as tensões musculares, diminui o ritmo respiratório, se reduz o consumo
de oxigênio e a produção de gás carbônico, baixa-se a pressão sangüínea e
o coração bate mais devagar. Por outro lado, o registro das ondas cerebrais
alfa, assim como a diminuição do lactato no sangue e o aumento da
resistência elétrica da pele, demostram o poder ansiolítico da oração
profunda.
Sem importar se a oração é correspondida ou não, pode-se afirmar que é
benéfica para a saúde. Podemos achar inúmeros exemplos de milagres de
cura, ligados à oração, em qualquer culto religioso que estudemos.
Uma minoria de médicos, mas cujo número já está aumentando, começou
referir-se de forma respeitosa para o poder da oração em sua profissão, pois
os estudos indicam que pode ser uma medicina potente. Para eles, ignorar o
poder de rezar é como tirar importância a uma medicina nova ou de um
método cirúrgico.
O professor Matthews complementa que de duzentos e doze estudos que
examinaram os efeitos de um compromisso religioso - incluída a oração – em
doenças como baixa pressão arterial, depressão e ansiedade, cento e
sessenta deles, ou setenta e cinco por cento, demonstraram o valor da fé.
Seus descobrimentos aparecem publicados em “O Fator da Fé”, uma
coleção de informativos sobre suas investigações, publicada pelo Instituto
Norte Americano para a Investigação do Cuidado Médico (NIHR). Este grupo
privado trabalha em relação estreita com a Fundação John Templeton,
estabelecida para pesquisar a relação entre a ciência e a religião. Os
estudos variam em qualidade e escala. Mais ainda, a maioria se baseia em
cristãos e judeus, e muito poucos, se interessam em culturas não ocidentais.
Não é fácil decidir em alguns casos, se os benefícios, em termo de saúde,
registrados são efeitos da oração ou de outras condutas tomadas em conta,
quais sejam ir à igreja ou à sinagoga, ler livros religiosos ou, simplesmente
sentir-se próximo de Deus. Além disso, a maioria das religiões, promovem
um estilo de vida sadio, que pode contribuir para aumentar conclusões
positivas.
Estudos sugerem que a oração pode incrementar os níveis de sobrevivência,
de acordo com o doutor David Larson, presidente de NIHR e sócio de
Matthews nas investigações e descobertas científicas sobre a fé.
Um teste realizado pela Escola de Medicina de Dartmouth com duzentos e
trinta e dois pacientes demonstrou que aqueles que disseram tirar forças e
consolo da religião, eram três vezes mais propensos em continuarem vivos
após seis meses depois de uma operação de coração aberto do que aqueles
que não se apoiavam na fé.
Trinta e sete dos pacientes que fizeram parte de um estudo realizado pelo
Doutor Thomas Oxman descobriram-se a si mesmos como muito religiosos.
O Dr. Larson afirma que: “Ninguém morreu. O que faz a pessoa muito
religiosa?: Reza!”
É lógico que isto tem diferentes significados para diferentes pessoas: “desde
‘O Pai Nosso’ a oração judaica ‘Shma Israel’ ou até o canto budista tibetano
‘Ommane Padme Hum’, rezar pode significar suplicar pela saúde, a uma
força superior ou, simplesmente, estar quieto sabendo que Deus é Deus”; diz
a doutora Margarete Paloma, Socióloga da Universidade de Akron, em Ohio,
que estuda há muito tempo a forma como as pessoas rezam. Outros experts
notaram que em muitas culturas as pessoas fazem algo similar a rezar,
inclusive se não são religiosos. Um destes estudos foi feito pelo cardiologista
norte-americano Randolph Byrd, da Universidade de California. O estudo
prova que se bem a fé é um elemento essencial para que a própria oração
seja respondida, não é necessária para beneficiar-se de seu efeito
terapêutico, pois ainda que nós não oremos, outros podem fazê-lo por nós.
Nem sempre adianta pedir a Deus por uma cura, e alguns pacientes não
gostam da idéia de que a espiritualidade possa começar a infiltrar-se nos
consultórios de seus médicos, como se fosse um vírus perigoso. Porque o
que significaria isso? Que esse médico não tem os conhecimentos médicos
suficientes ou confiança em si mesmo e pensa que é melhor deixar as coisas
nas mãos do azar?
Trinta anos atrás, o Doutor Hebert Benson, Presidente do Instituto Médico
Mente/Corpo de Boston e Professor da Faculdade de Medicina de Harvard,
começou a estudar as pessoas que praticavam a meditação. Como fato
típico, descobriu que, silenciosamente, repetem uma palavra ou frase
chamada mantra, em sessões de vinte minutos, uma ou duas vezes por
dia.
Quando algo exterior lhes perturba, essas pessoas, são ensinadas a voltar
sua atenção ao mantra. Aqui se produz um desvio intencional da atenção,
um aspecto muito comum da sugestão e da hipnose. Esta prática, que não
está muito longe de uma técnica de auto-hipnose, parece transportar os
meditadores a um estado de calma.
Tanto na meditação como na hipnose, a oração também implica repetir
certas frases. Benson especula hoje, com que os seres humanos souberam
sempre, talvez de forma instintiva, que lhes fazia bem adorar a um ser
superior através da oração.
A importância da meditação
Uma das razões pelas quais parece que a oração melhora a saúde,
pode ser, simplesmente que ajuda a pessoa à relaxar-se.
A meditação- e dizer orações que repetem palavras e frases- fazem surgir o
que Benson chama de “resposta relaxante”. Este estado demonstrou que
pode reduzir saudavelmente a pressão arterial.
Algumas pessoas usam a resposta relaxante para aliviar dores crônicas. Os
médicos ensinam este método para tratar a insônia, e a infertilidade quando
é causada pelo estresse.
A resposta relaxante, não é a única explicação terrena do poder da oração. A
investigação sociológica, assinalam os cépticos, demonstrou há muito que o
simples fato de pertencer a um grupo, seja religioso ou de outra classe, pode
ser bom para a sua saúde. Baseado nisto, não há razão para crer que um
ser superior responda às nossas orações.
O novo modelo quântico-holográfico da física moderna, oferece um
paradigma compreensivo, no qual tem lugar as chamadas curas milagrosas
e qualquer outro fenômeno fora do comum. Porém, a maioria das pessoas,
longe das cambalhotas da física moderna e ignorante da experimentação
científica sobre o tema, não parece necessitar muito dessas provas para
decidir-se a orar. Em certos momentos de suas vidas, acuados pela
necessidade e o sofrimento, têm invocado a oração com convicção,
sinceridade, fé e intuição natural, a ajuda daquilo que acreditam e tem visto
cumprir-se essa lei fundamental da oração: “Peçam e lhes darei!” Sem ter
que pagar nada! Por que não?
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