Não gostaria de escrever estas linhas, acredito sejam as palavras que jamais pensei em escrever. Sempre me postei com alegria, passando mensagens de cunho otimista, muito embora, com as minhas limitações. Mas, infelizmente, estou digitando este artigo com profundo pesar. Sim, está nas profundezas do meu ser, a dor que passo para este papel, transformado agora em lágrimas de decepção, quando vemos atitudes inquisitoriais de alguns dirigentes de centros espíritas, no tocante as suas decisões preconceituosas diante de fatos que são de cunho estritamente pessoal do tarefeiro e que não comprometem o centro e muito menos a doutrina espírita.
É sempre oportuno lembrar que a doutrina, embora progressista, é irretocável em seus fundamentos, o movimento espírita é cunhado por pessoas que buscam a regeneração através do conhecimento e da prática do bem, portanto, imperfeitos.
Mas, ocorreu algo...
Uma tarefeira de excelentes qualidades morais, atuante, dedicada e com profundo amor pela doutrina espírita, trabalhadora incansável e sempre disposta a dar o melhor de si, para que a representatividade do movimento espírita esteja sempre em crescimento e evolução, cometeu uma indignidade para com os bons preceitos, o dito normal, na visão de uma sociedade justa e perfeita!
E qual foi esse crime ou essa indignidade?
Ela se apaixonou por um homem que já vivia com alguém.
Nossa! Que absurdo, que infâmia, bradaram os donos da moral e dos bons costumes, aliás do alheio, porque deles mesmos, escondem seus conflitos e jamais teriam a coragem de falar de suas vontades, pensamentos ou mesmo seus ditos “erros”.
Como dizia Jesus: “túmulos caiados por fora e cheios de podridão por dentro”.
Pergunto: AMAR é pecado? Está fora dos padrões do Cristo? Engraçado, pessoas que defendem veementemente o amor e agora, esse mesmo sentimento é tido como pecaminoso e passível de expulsar grandes trabalhadores da causa, dos serviços no bem. Sinceramente, não existem dois evangelhos espíritas. Que lamentável tristeza!
E, assim os “donos da verdade”, “guardiães da moral”, fazem o julgamento e a condenação sumária, da mesma forma como ocorreu com Saddam Hussein e Muamar Kadafi - sem fazer apologia a estas pessoas... - se tornaram os Bush da vida e, o que é pior, sem dar direito de defesa, sem aviso prévio e sem coragem de falar, frente a frente, as razões dessa decisão hipócrita e caluniosa.
Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão. Jesus (Mateus, VII: 3-5).
Não se administra uma entidade espírita, que prega o livre-arbítrio, cuja doutrina tem por bússola a libertação de consciências e, no momento de amparar, tolerar, orientar, simplesmente expulsam o tarefeiro. Frustram-lhe, com essa atitude, a oportunidade do progresso espiritual, objetivo maior, preconizado pela doutrina.
Essa atitude, como diz Alamar Régis, é própria de “espiritinhas.”
E isso ocorre, infelizmente, em diversos centros espíritas.
É, somos o bem e ela é o mal. Então, FOGUEIRA! Tal qual a Inquisição Eclesiástica de tempos remotos e tenebrosos. Ah, fogueira não pode mais, é crime e dá cadeia! Então, vamos modernizar...Com muito amor e carinho:Com muito amor e carinho:
- Você, minha querida amiga e importante trabalhadora da casa, é melhor se afastar para evitar escândalos! Sabe, aqui em nosso Centro, reina uma perfeita união e nada pode corromper essa harmonia. Olha, minha irmã, aqui nunca teve desunião, nunca nos desentendemos, nunca houve melindres, então, tenho certeza de que você vai me entender. Fique tranquila, não precisa vir ao centro, não precisa fazer exposições, temos muitos oradores, não precisa apresentar programas de rádio. Estava me esquecendo, não se preocupe também com os artigos de jornal, pois arranjaremos outra pessoa. Mas, quem sabe, quando a “poeira baixar” - quando prescrever o seu crime ou tiver pago a pena - você volte, está bem? Ficaremos orando por você e colocando seu nome na reunião de desobsessão.
Mas como é difícil seguir JESUS, quando orientou: Atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado.
- Mas minha amiga, não consigo, vou atirar a primeira pedra, me desculpe Jesus, mas prometo que a pedrinha será bem pequena...
Mas para quem a recebe é um rombo muito grande, sabem por quê? Por que machuca seus sentimentos, arrasa com a esperança, constrange o tarefeiro e, muitas vezes, o afasta da doutrina espírita.
No entanto, também existem pessoas coerentes. Pessoas verdadeiras que entendem o que pode suceder com um ser humano e que deixam em nossos corações esperança no porvir.
Trabalharemos sempre por uma Doutrina de amor, de esperança e consolação.
Essa forma equivocada de agir, totalmente na contramão da caridade que é a bandeira do espiritismo, há de ser abolida de nossos arraiais, dando lugar a um mais dilatado entendimento do que é ser cristão.
É muito fácil ocupar tribuna com o verniz da pseudo-verdade, esquecendo-se de que são falíveis, limitados e sem ciência de que não são juízes de causa alheia, apenas da própria.
Deus queira que a moda das exclusões não pegue! Em nome da doutrina maravilhosa que é o Espiritismo e dos necessitados de todos os matizes que nos procuram em busca de soerguimento e de amor, que haja cada vez mais no movimento espírita criaturas lúcidas, dispostas a seguir a orientação crística do amai-vos uns aos outros.
Ainda bem que os homens passam e a doutrina espírita permanece.
Antonio Tadeu Minghin
expositor espírita em Penápolis
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