a partir de maio 2011

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MESAS GIRANTES ( Allan Kardec / 1861)

O Livro dos Médiuns - Parte 2 – MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS - Cap. 2 –

claudie  lopes por claudie lopes

   Manifestações físicas são aquelas  que se traduzem por efeitos sensíveis, como os ruídos, o movimento e deslocamento de corpos sólidos. 
            As manifestações físicas têm por propósito chamar nossa atenção sobre alguma coisa, e de nos convencer da presença de uma potência superior ao homem.
Uma vez atingido esse propósito, as manifestações cessam, porque não são mais necessárias.
60. Chamam-se manifestações físicas as que se traduzem por efeitos sensíveis, como os ruídos, o movimento e a deslocação de corpos sólidos. Umas são espontâneas, independentes da vontade humana, e outras podem ser provocadas. Trataremos inicialmente apenas das últimas.
            O efeito mais simples, e um dos primeiros a serem observados, foi o do movimento circular numa mesa. Esse efeito se produz igualmente em qualquer outro objeto. Mas sendo a mesa o mais empregado, por ser o mais cômodo, o nome de mesas girantes prevaleceu na designação desta espécie de fenômenos.
      Quando dizemos que este efeito foi um dos primeiros a serem observados, referimo-nos aos últimos tempos, pois é certo que todos os gêneros de manifestações são conhecidos desde os tempos mais distantes, e nem podia ser de outra maneira. Desde que são efeitos naturais, teriam de produzir-se em todas as épocas. Tertuliano refere-se de maneira clara às mesas girantes e falantes.(1)
            Este fenômeno entreteve durante algum tempo a curiosidade dos salões, que depois se cansaram e passaram a outras distrações, porque servia apenas nesse sentido...
            Seja como for, as mesas girantes não deixam de ser o ponto de partida da Doutrina Espírita e por isso devemos tratá-las com maior desenvolvimento. E tanto mais quanto apresentado esses fenômenos na sua simplicidade, o estudo das causas será mais fácil e a teoria, uma vez estabelecida nos dará a chave dos efeitos mais complicados.
            61. Para a produção dos fenômenos é necessária a participação de uma ou muitas pessoas dotadas de aptidão especial e designadas pelo nome de médiuns. O número dos participantes é indiferente, a menos que entre eles se encontrem  alguns médiuns ainda ignorados. Quanto às pessoas cuja mediunidade é nula, sua presença não dá qualquer resultado, podendo mesmo ser mais prejudicial do que útil, pela disposição de espírito com que freqüentemente se apresentam(2)
             Os médiuns gozam de maior ou menor poder na produção dos fenômenos, produzindo efeitos mais ou menos pronunciados. Um médium possante quase sempre produz mais do que vinte outros reunidos, bastando por as mãos na mesa para que ela no mesmo instante se movimente, se eleve, revire salte ou gire com violência.
            62. Não há nenhum indício da faculdade mediúnica e somente a experiência pode revelá-la. Quando se quer fazer uma experiência, numa reunião, basta simplesmente sentar-se em torno de uma mesa e colocar as mãos espalmadas sobre ela, sem pressão nem contenção muscular... A única prescrição realmente obrigatória é a do recolhimento, do silêncio absoluto, e sobretudo a paciência, quando o efeito demora. Pode acontecer que ele se produza em alguns minutos, como pode tardar meia hora ou uma hora. Isso depende da capacidade mediúnica dos participantes.
            63. Acrescentamos que a forma da mesa, o material de que é feita, a presença de metais, da seda nas vestes dos assistentes, os dias, as horas, a obscuridade, a luz, etc.., são tão indiferentes como  a chuva e o bom tempo. Só o peso da mesa pode ter alguma importância, mas apenas nos casos em que a potência mediúnica não seja suficiente para movê-la.
            Assim preparada à experiência, quando o efeito começa a produzir-se é muito freqüente ouvir-se um pequeno estalo na mesa, sente-se um estremecimento como prelúdio do movimento, a mesa parece lutar para se desamarrar, depois o movimento de rotação se inicia e se acelera a tal ponto que os assistentes se vêem em apuros segui-lo...

            De outras vezes a mesa se ergue e se firma, ora num pé, ora noutro, e depois retorna suavemente sua posição natural. De outras, ainda, ela se balança para frente e para trás e de um lado para outro, imitando o balanço de um navio. E de outras, por fim, mas sendo necessária para isso considerável potência mediúnica, ela se levanta inteiramente do soalho e se mantém em equilíbrio no espaço, sem qualquer apoio, chegando mesmo em certas ocasiões até o forro, de maneira que se pode passar por baixo; a seguir desce lentamente, balançando-se no ar como uma folha de papel, ou cai violentamente e se quebra. Isso prova, de maneira evidente, que não houve uma ilusão de óptica.
            64. Outro fenômeno que se produz com muita freqüência, conforme a natureza do médium, é o das pancadas no cerne da madeira, no seu interior, sem provocar qualquer movimento da mesa. Esses golpes, que às vezes são bem fracos e outras muito forte, estendem-se a outros móveis do aposento, às portas, ás paredes e ao forro. Voltaremos logo a este caso. Quando se produzem na mesa, provocam uma vibração que se percebe muito bem pelos dedos e que se torna sobretudo muito distinta se aplicamos e ouvindo contra a mesa.
                                                                 *****************
(1) Tertuliano, famoso doutor da Igreja, nascido em Cartago, considerando grande apologista mas que acabou caindo em heresia, depois de havê-las condenado ardentemente. Viveu cerca de 160 a 240 da nossa época (N. do T.)
(2) A observação de Kardec sobre as pessoas “cuja mediunidade é nula” se explica pela referência final à disposição de Espírito com que participam.. O que torna as pessoasnegativas são as vibrações negativas do seu pensamento, que afetam prejudicialmente a reunião. (N. do T.)
                                               

           Os fenômenos das mesas girantes e falantes, da suspensão etérea dos corpos pesados, da escrita medianímica, são tão antigos quanto o mundo; mais vulgares hoje, dão a chave de alguns fenômenos análogos espontâneos, aos quais, na ignorância da lei que os regia, lhes atribuíram um caráter sobrenatural e miraculoso. Esses fenômenos repousam sobre as propriedades do fluido perispiritual, seja de encarnados, seja de Espíritos livres. É com a ajuda de seu perispírito que o Espírito age sobre o seu corpo vivo; é ainda com este mesmo fluido que se manifesta agindo sobre a matéria inerte, que produz os ruídos, os movimentos de mesas e outros objetos que levanta, tomba ou transporta.
            Este fenômeno nada tem de surpreendente, considerando-se que, entre nós, os mais poderosos motores se encontram nos fluidos mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade.
            Quando, em 1854, o Professor Rivail ouviu referências às mesas girantes, entendeu, inicialmente, que o movimento inexplicável seria efeito do magnetismo animal, do qual tinha grande conhecimento, mas, ao continuar suas observações e acompanhar os fenômenos das mesas girantes, percebeu tratar-se de fatos gerados por uma causa não identificada que merecia estudos aprofundados.
            Ao presenciar o fenômeno das mesas girantes, declarou: "Entrevi, debaixo da aparente futilidade e da espécie de diversão que faziam com aqueles fenômenos, algo de sério e como que a revelação de uma nova lei que prometi a mim mesmo investigar a fundo." (Allan Kardec)
            O fenômeno das mesas girantes constitui assim, um período de manifestações do Mundo espiritual, com caráter preparatório, instrutivo, visando o despertamento dos homens para a realidade transcendente do Espírito. O Professor Rivail, em seus profundos estudos, realizou notável obra de investigação, trazendo à luz a Nova Revelação, o Consolador prometido por Jesus, que veio para esclarecer e consolar os homens na Terra.

KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. II - 2ª Parte
KARDEC, Allan - Obras Póstumas: 2.ed. São Paulo: LAKE, 1997 
WANTUIL, Zeus - As Mesas Girantes e o Espiritismo: Rio: FEB,1959

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