a partir de maio 2011

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sábado, 3 de dezembro de 2011

Quatro valorosos pioneiros espíritas brasileiros pouco conhecidos


Washington Fernandes - washingtonfernandes@terra.com.br



Realizando laboriosa pesquisa para escrever o livro A História Viva do Espiritismo – Instituições Centenárias em Funcionamento no Mundo em 2008 (Centros Espíritas, Federações e periódicos), Ed. CCDPE-ECM (Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo – Eduardo Carvalho Monteiro), São Paulo, 2011 (quatrocentas págs, mais de 400 fotos coloridas, tamanho enciclopédico – 21/28 cm –, Índice Geral de três mil e quinhentas remissões), identificamos muitos pioneiros quase desconhecidos na história espírita, que vivenciaram um idealismo que é raro de encontrar. Quatro deles destacamos neste artigo (há muitos outros). Um CD com o nome, biografia e ilustração de todos eles (95) estão disponíveis no CCDPE (http://heavyweb.com.br/ccdpe/quem-somos/), classificados por profissão; e no Museu Espírita de São Paulo (Rua Guaricanga, 349, Lapa/SP, em 2011 em reforma), apresentados em ordem alfabética. Esses operantes servidores do Evangelho e do Espiritismo merecem lugar de destaque na Galeria dos Trabalhadores de Escol, na construção da Era Nova...

JOSÉ LORENA – Viajou de canoa e tropa de mulas para fundar um Centro Espírita em junho/1880 – Sete Barras/Eldorado/SP, a mais antiga instituição espiritista em funcionamento no Brasil (que se conhece em 2011).

José Lorena de Souza (1857-1926), fundador do Centro Espírita João Evangelista, em 24/06/1880, em Sete Barras/SP, Município de Xiririca, atual Eldorado. Ele saiu de sua cidade e foi ao Paraná (hoje uns 200 km) para se informar sobre uma nova religião que estava surgindo (o Espiritismo). Lorena teria ido a Curitiba/PR em 1880, tomando uma canoa, pelo Rio Ribeira até Iguape (uns 150 km); em Iguape permaneceu numa hospedaria esperando passar um navio de cabotagem rumo a Paranaguá/PR (umas quatro ou cinco horas). De Paranaguá ele foi com tropa de mulas até Curitiba/PR – hoje seriam aproximadamente 100 km (cavalos não suportariam). A jornada teria demorado dois meses. Retornando a Sete Barras José Lorena fundou o Centro Espírita João Evangelista, na própria fazenda. Fazia reuniões de estudo e realizava experiências de tiptologia; foi adepto da Homeopatia. Este Centro Espírita em Sete Barras/SP é o mais antigo criado no Brasil, que ainda está em funcionamento, o que faz de José Lorena de Souza um dos grandes pioneiros e idealistas espíritas, no Brasil e no mundo.

Sete membros de uma mesma família na fundação e diretoria de um Centro Espírita (João Batista), em Amparo, Nova Friburgo/RJ, em agosto de 1880 – casal JORGE e HORTÊNCIA GRIPP, mais cinco de seus filhos (enfrentando e vencendo perseguição...).

A Sra. Hortência Gripp (1839-1893), de ascendentes suíços, é outro personagem histórico das mais importantes. Casada com Jorge Gripp (1835-1901), o casal residiu no Distrito de Amparo, Nova Friburgo/RJ. Hortência foi visitar a irmã Francisca Marchon (1836-1904), de Aldeia Velha, Distrito de Andaiassu (em 2008 chamado Casemiro de Abreu/RJ), desolada que estava pois fazia pouco tempo que sua filha Cristina tinha desencarnado com poucos meses (o casal Gripp teve catorze filhos, que se tornariam espíritas depois). Nesta visita, ela conheceu as obras de Allan Kardec. Voltando a Amparo levou consigo O Livro dos Espíritos e se dedicou com afinco à sua leitura, encontrando consolação e se identificando com a mensagem do Consolador Prometido. Começou a fazer reuniões espíritas em sua própria casa, reunindo interessados; sofreu perseguição, acusada de bruxaria. O grupo se fortaleceu, culminando com a fundação do Centro Espírita João Batista, em 02/08/1880 (também dos mais antigos do país em atividade). Se desconhece outro núcleo espírita no qual tenham participado da fundação do mesmo e da 1ª Diretoria tantos membros de uma mesma família: além do casal Gripp, cinco de seus filhos: Eugênio, Guilherme Luiz, Hermenegildo João, Jorge Augusto e Pedro Alberto. Outra curiosidade é que nas primeiras décadas do século XX, praticamente 90% da população de Amparo era espírita, situação que começou a mudar muito a partir de 1930.

IRIA NOGUEIRA – uma das primeiras médiuns no Brasil, em Taubaté/SP, que foi presa em 1875 acusada de bruxaria (enfrentou e venceu perseguição...).

A médium Iria Alcântara Nogueira Barbosa (1848-1916), nascida em Taubaté/SP, residiu inicialmente na cidade de Silveiras/SP (50 km de Taubaté). Vivia com o marido num grande casarão no qual havia um piano. Em 1865 o piano começou a tocar sozinho uma composição clássica, que se repetiu por vários dias, deixando-os atônitos. Um amigo chegou da França, trazendo obras de Allan Kardec (em francês). As obras foram lidas, relidas e estudadas e a Sra. Iria encontrou nas obras espíritas as explicações que buscava para entender os fenômenos ocorridos em sua casa. Começou reuniões de estudo e depois a família transferiu-se para uma casa em Taubaté, onde continuaram a fazer sessões espíritas (passes, estudo do Evangelho, auxílio aos necessitados e curas). Começou uma grande perseguição do Bispado em 1875. Os espíritas, tidos como hereges, muitos foram presos, inclusive a Sra. Iria, sob alegação de bruxaria e feitiçaria. Com o tempo as atividades do casarão passaram a fazer parte da realidade da cidade e até padres iam lá, trocar ideias sobre a diversidade da fé. Em 01/01/1903 foi fundado o Centro Espírita União e Caridade, ainda em funcionamento em 2011.

FRANCISCO VELLOSO – abandonou o seminário (por discordar do protecionismo aos mais ricos), enfrentou publicamente um padre em 1910 (em Bebedouro/SP) e um pastor na década de 1920 (em São José dos Campos/SP); começou a ajudar hansenianos antes de 1920; foi amigo de Cairbar Schutel e colaborou com muitos Centros Espíritas do interior do Estado de São Paulo (enfrentou e venceu perseguição...).

Francisco Velloso (1862-1962), natural de Rio Pardo do Norte (atual Rio Pardo de Minas)/MG, chegou a ser seminarista (abandonou o Seminário por discordar da proteção que os superiores conferiam aos mais ricos em detrimento dos menos favorecidos). Tornou-se espírita e foi um benfeitor por várias cidades onde residiu no Estado de São Paulo (Bebedouro, Jacareí, Taubaté, Piquete, Cruzeiro, Cachoeira Paulista, Lorena e São José dos Campos). Teve debate em Bebedouro/SP com um padre e mais tarde também com um pastor (São José dos Campos/SP). Pelos idos de 1919 começou a assistir aos hansenianos (na época chamados de morféticos); amigo de Cairbar Schutel e teve grande vínculo com as famílias espíritas Stamato e Gagliardi (Bebedouro/SP). 
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