a partir de maio 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Alguns aspectos da fé


WILSON CZERSKI
adepr@adepr.org.br
Curitiba, Paraná (Brasil)
Para os materialistas a fé é uma muleta psicológica. Para os religiosos é a alavanca que move montanhas. Falamos em quatro diferentes tipos de fé: a depositada em Deus, a confiança na proteção de entidades espirituais, a que acredita nas próprias possibilidades e a praticada em relação aos outros indivíduos. Examinemos cada uma delas.
Ter fé nas outras pessoas significa confiar nos seus bons princípios e propósitos. A própria legislação penal prevê que se é inocente até prova em contrário. Desarmar Espíritos e se despir de preconceitos para enxergar para além das aparências. As palavras e atitudes alheias devem ser tomadas como verdadeiras.
Naturalmente no mundo atual não podemos ser ingênuos e confiar cegamente em qualquer um que nos apareça à frente, deixando-nos ludibriar pelos espertalhões, tanto os “vivos” como os desencarnados. Queremos dizer que devemos usar o bom senso e avaliar racionalmente as circunstâncias, dar uma chance de que o outro demonstre sua sinceridade de intenções.
Não podemos é ser coniventes com o erro, a desonestidade, a mentira dos encarnados nem aceitar sem exame instruções ou conselhos de Espíritos. Allan Kardec sempre teve o extremo cuidado de, ao lidar com a mediunidade, observar, inquirir, analisar as comunicações espirituais, sabedor de que os comunicantes não são possuidores de toda a verdade. Mesmo os bem-intencionados só falam do que sabem. E há os chamados “falsos profetas” que premeditadamente tentam iludir e fraudar.
Exemplo: há os verdadeiros necessitados de esmola e os profissionais da mendicância. Como distingui-los? Conversando, despendendo tempo com eles, usando da paciência e da caridade. Outra situação: no ambiente de trabalho ficar atento para não ser envolvido por colegas negligentes ou desonestos, cuidando para que a nossa amizade sincera não obscureça a razão.
Outro tipo de fé é a capacidade de crer nas próprias possibilidades. Essencial para uma vida de sucesso, mas deve ser isenta da presunção que faz crer superioridade a tudo e todos. Humildade, pois sem Deus nada é possível. Incluímos também as grandes realizações coletivas, científicas, sociais, religiosas e políticas.
Sois deuses, afirmou Jesus, porém sempre subordinados à vontade maior do Pai. Além disso é preciso respeitar os limites da realidade atingível e as injunções cármicas. Por maior que seja o otimismo e mesmo a fé em Deus, nos outros e nos Espíritos Benfeitores, há experiências pelas quais temos que passar obrigatoriamente. Reajustes programados pela lei de Causa e Efeito que materializa a justiça divina. Erros do passado, algumas vezes, até podem ser ressarcidos pela prática do Bem, mas em outras só a dor se faz o remédio único que promoverá a cura da alma. Por falar em cura, lembramos a declaração do Cristo à mulher que sangrava há doze anos: Tua fé te curou. Mas porque ela apresentava merecimento ou sua expiação já havia chegado ao fim.
A fé em si mesmo realiza os chamados sonhos impossíveis e as vitórias pessoais de deficientes, o sucesso nas paraolimpíadas. Ou nas pesquisas científicas que provam o aumento da imunidade orgânica contra as doenças para aqueles que praticam algum credo religioso.
A fé nos seres superiores passa também pelos limites de leis. Nem tudo eles têm autorização para nos conceder. Se não conseguirmos o solicitado, nada de revolta. Eles indicam caminhos, dão orientações e estímulos pelas inspirações, mas não interferem em nosso livre-arbítrio e destino.
A fé em Deus deve ser calma e paciente, apoiada na inteligência. Não pode ser estagnada, morna ou só da boca para fora; tem que ser prática, dinâmica e racional, baseada no conhecimento e não em dogmas irracionais. “Creio porque sei e não porque alguém impôs”. A fluidoterapia é eficaz, mas não faz milagres. Possui bases morais e científicas, não é um ritual.
A fé cega leva ao fanatismo, ao apego à letra que mata, a perseguições e lutas, ao terrorismo; a fé racional liberta. O orgulho atrapalha. Lembramos sábias lições. Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda direis ao monte ‘muda-te daqui para acolá e ele se mudará’. Ou com o salmista: “Se o Senhor está conosco, quem poderá estar contra?; nada me faltará”. Talvez seja mais correto dizer que se nós estamos com o Senhor, porque Deus é onipresente e sempre está conosco. Somos nós que lhe barramos a entrada, trancando as portas do coração e da mente. Criamos uma carapaça de energias negativas constituídas pelo egoísmo, vícios, mau pensar, mau sentir e mau agir.
A fé é filha da esperança, mãe da caridade e irmã da perseverança. Inspira a caridade verdadeira e desinteressada. É a base para a eficácia da oração. Pronunciar Seja feita a tua vontade, no “Pai Nosso”, requer reflexão. Einstein: “A religião sem a ciência é cega e a ciência sem a fé é manca”. Já para Allan Kardec: “A fé verdadeira é a que pode encarar a razão face a face em qualquer época da humanidade”.
 http://www.oconsolador.com.br

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