Adilson Mota
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A dificuldade de aceitação da existência do fluido magnético invisível à visão comum é, ainda hoje, obstáculo à compreensão da eficácia e do funcionamento do passe. Sendo o sonambulismo produto do magnetismo, também entra neste rol.
Após todas as negativas aos fenômenos magnéticos, dentre eles o sonambulismo, a dupla vista e o êxtase, empreendidas pelo ceticismo vigente desde o século XVIII, e todos os esforços dos magnetizadores sérios em multiplicar provas, os negadores tiveram que aceitar a existência dos fenômenos, todavia, buscaram novas argumentações a fim de alijar a existência do fluido como causa dos mesmos.
Ao ir-se encontrar com o conhecido magnetizador Charles Lafontaine, em 1841, James Braid não acreditava em qualquer coisa relacionada ao Magnetismo. Porém, após presenciar os feitos daquele magnetizador, não teve mais dúvidas, os fenômenos eram reais. Entretanto Braid deu-lhes outra explicação, destituindo os fluidos como causadores dos mesmos. Para ele, o sonambulismo era provocado pela vontade do operador que, mesmo sem querer ou perceber, influenciava o doente através da sugestão explícita ou implícita.
Nascia assim a hipnose, nome cunhado por Braid para explicar os fenômenos provocados pelos magnetizadores. Com este nome, apesar de mutilado em um dos seus componentes principais – o fluido, o Magnetismo adentrou a academia médica e científica. Foi aceito pelos nomes mais respeitáveis da época em termos de intelecto.
Em Mesmer - A ciência negada e os textos escondidos, Paulo Henrique de Figueiredo transcreve interessante episódio envolvendo o pai do Magnetismo (Franz Anton Mesmer). Sabendo que Mesmer conseguia produzir convulsões em epilépticos sem que eles soubessem, separados por uma parede, Seifert procura-o pedindo uma prova dessa ação. Coloca-se Mesmer a certa distância da parede do lado oposto da qual se encontrava um enfermo. Enquanto isto, Seifert posiciona-se à porta para observar alguma mudança no estado do doente.
“Anton Mesmer, com naturalidade, fez diversos movimentos retilíneos dum lado para o outro, com o dedo indicador da mão esquerda, na direção presumida do enfermo, que começou logo a queixar-se, apalpando as costas e parecendo sofrer um incômodo.” O enfermo relata a Seifert que não se sente bem e que tudo oscila de um lado a outro. Mesmer muda o movimento fazendo-o em círculos. Logo o doente diz estar sentindo que tudo dá voltas como num círculo. Quando cessa os movimentos, o paciente declara que nada mais sente.
Experiências como estas foram realizadas em grande quantidade por Mesmer e, principalmente, pelos magnetizadores que o sucederam.
Completa o autor do livro: “As circunstâncias do fenômeno remetem a uma atuação à distância por meios não materiais: ausência de contato inclusive visual entre o paciente e Mesmer, distância entre eles, situação inesperada, movimentos aleatórios e desconhecidos do paciente, variação e repetição dos fenômenos, todos com resultados positivos. A experiência, se repetida em condições controladas e registradas, e apuradas estatisticamente, comprovariam cientificamente a atuação à distância, por meios não materiais, da influência do magnetizador sobre o magnetizado”.
Braid não estava errado ao afirmar a possibilidade de se provocar determinados fenômenos utilizando a sugestão verbal, quando colocado o sujet em transe. Tanto é que a hipnose é utilizada até hoje em consultórios psicológicos, odontológicos e outros, tendo servido ainda a Sigmund Freud na formulação inicial da Psicanálise. Porém, esta é apenas uma parte da verdade. Estava comprovada a atuação magnética através das inúmeras demonstrações efetuadas pelos magnetizadores.
Em verdade, o magnetizador ao operar sobre um doente não deixa de utilizar em certos casos a sugestão, que, alicerçada no bom senso pode ser de grande valia para a recuperação dos doentes. Uma palavra de otimismo, um gesto de confiança, uma atitude de generosa receptividade, os quais fazem parte do chamado magnetismo pessoal, são formas de sugestão que não deixam de exercer efeitos salutares sobre a mente do enfermo, fazendo-o trabalhar pela sua própria recuperação. Isto não quer dizer que a ação fluídica não exista tanto no que diz respeito às curas pelo Magnetismo quanto na origem do sonambulismo. O próprio James Braid reconhece não ter conseguido realizar através do hipnotismo certos efeitos corriqueiros para os magnetizadores como “ler a hora num relógio colocado por detrás da cabeça ou na cavidade epigástrica, ler cartas dobradas ou um livro fechado, reconhecer o que se passa à distância de alguns quilômetros, adivinhar a natureza das enfermidades e indicar-lhes o tratamento sem possuir conhecimentos médicos, magnetizar sonâmbulos na distância de muitos quilômetros, sem que eles tenham conhecimento da operação que se propõem a fazer”. (MICHAELUS, Magnetismo Espiritual)
As práticas com o sonambulismo magnético quase que desapareceram, mesmo no meio espírita. A despeito da importância que o codificador do Espiritismo deu a este fenômeno como sendo “a prova irrecusável da existência e da independência da alma”, desprezamos o seu estudo teórico e prático relegando-o a segundo plano. Por outro lado, a hipnose sobrevive ainda hoje em alguns meios. É utilizada como recurso para algumas poucas abordagens psicológicas e é citado timidamente no meio acadêmico. Fala-se do sonambulismo magnético como algo desprovido de senso científico, enfatizando-se a sugestão hipnótica como sendo a única expressão da verdade.
Os magnetizadores clássicos ao atuarem sobre o sonâmbulo também utilizavam a sugestão. Mesmo permanecendo o magnetizador em completo silêncio durante todo o experimento, ainda assim havia uma sugestão mental representada pela sua intenção de magnetizar e colocar em estado sonambúlico o outro sujeito da experiência.
Por outro lado, os hipnotizadores, mesmo contemporâneos, utilizam o magnetismo de maneira indireta, à sua revelia. Ao se aproximarem daquele que será hipnotizado, ao desejarem colocá-lo em transe ou quando lhe sugerem o relaxamento, natural e automaticamente os seus fluidos se movimentam em direção àquele que é o alvo da hipnose, principalmente quando já possuem uma certa experiência. A magnetização involuntária é bem mais restrita, obviamente, pelo fato de não haver a intencionalidade.
É interessante ressaltar a respeito de uma técnica hipnótica que consiste em fazer uma leve pressão com o polegar sobre a testa do hipnotizado. Este contato sobre a fronte do sujet produz uma magnetização que facilita o transe.
Vemos assim que tanto no sonambulismo magnético quanto na hipnose há, geralmente, dois elementos consorciados, o fluido magnético e a sugestão, não significando que não possa haver o fenômeno sem a presença de um dos dois.
Sem a magnetização direta, apenas com o uso da sugestão, o fenômeno hipnótico no mais das vezes se torna superficial, sem haver um aprofundamento da condição hipnótica, fazendo com que o sujet demonstre possibilidades limitadas através do estado de transe. Como se sabe, o sonâmbulo desenvolve uma maior lucidez e readquire uma maior consciência, quanto menos influência receber do corpo físico. Quanto mais liberto da matéria, mais a alma se reapossa das suas faculdades.
Nesse estado particular pode ser instrumento pelo qual se pode aprender mais a respeito do Espírito imortal.
Além dos recursos diagnósticos e terapêuticos, a fenomenologia sonambúlico-hipnótica oferece imensas possibilidades no campo da pesquisa para uma melhor compreensão da mente humana e seus fantásticos potenciais provenientes do Espírito. Estudos sobre a reencarnação e sobre eventos históricos, ambos através da regressão de memória a encarnações passadas e estudos sobre os mecanismos da memória são apenas algumas das formas imagináveis de se buscar o conhecimento através dos fenômenos de emancipação da alma.
Deixar de lado tamanho benefício significa abdicar de um fabuloso recurso que a Providência Divina colocou ao nosso dispor para a prática da caridade e para o progresso espiritual.
Os magnetizadores que atuaram principalmente no século XIX, após a descoberta do sonambulismo magnético pelo Marquês de Puységur e todos os estudos e experimentos que se sucederam, aprenderam a usar o que eles chamaram de sugestão para auxiliar determinadas pessoas presas dos seus vícios morais ou de substâncias.
Aproveitavam a oportunidade que o estado sonambúlico lhes reservava e falavam ao indivíduo em transe, estimulando- o ao fortalecimento da própria vontade a fim de vencer as resistências impostas pelo vício ou por sua vontade fraca.
Sabemos que o estado de transe requer um certo afrouxamento dos laços que prendem o Espírito ao corpo. Aliás, o desprendimento do Espírito é o que proporciona o transe ou estado alterado da consciência. Assim, o que era um ser integrado, torna-se dissociado, para utilizar o linguajar da Psicologia. O indivíduo ao relaxar ou focar a sua atenção em algo que pode ser um objeto ou um pensamento, reduz a atividade orgânica, fazendo com que o Espírito, não sendo requerida a sua presença naquela circunstância, aproveite a oportunidade para desligar- se momentaneamente, buscando usufruir de um pouco de liberdade. Quanto mais o Espírito se desligar do corpo físico, mais profundo será o transe e menos consciência haverá no corpo, visto que aquela pertence ao Espírito que, em desdobramentos mais profundos, condu-la consigo.
Sabemos que o estado de transe requer um certo afrouxamento dos laços que prendem o Espírito ao corpo. Aliás, o desprendimento do Espírito é o que proporciona o transe ou estado alterado da consciência. Assim, o que era um ser integrado, torna-se dissociado, para utilizar o linguajar da Psicologia. O indivíduo ao relaxar ou focar a sua atenção em algo que pode ser um objeto ou um pensamento, reduz a atividade orgânica, fazendo com que o Espírito, não sendo requerida a sua presença naquela circunstância, aproveite a oportunidade para desligar- se momentaneamente, buscando usufruir de um pouco de liberdade. Quanto mais o Espírito se desligar do corpo físico, mais profundo será o transe e menos consciência haverá no corpo, visto que aquela pertence ao Espírito que, em desdobramentos mais profundos, condu-la consigo.
Entende-se assim o mecanismo da sugestão, visto que ela será submetida mais diretamente ao Espírito, com menor participação do organismo físico. Quanto menos influência deste sobre o Espírito, mais adesão haverá do indivíduo às sugestões que lhe foram dadas e que serão colocadas em prática depois que o sujeito sair do transe – os hipnotistas chamam de sugestão pós-hipnótica.
Pelo mesmo mecanismo se pode levar o sujet à regressão de memória, seja a uma fase anterior da vida presente ou a uma encarnação passada. Liberto parcialmente do corpo, o Espírito consegue acessar os arquivos psíquicos onde constam os registros mnemônicos. Não se localizando a memória na massa encefálica, consiste o cérebro apenas na máquina física que responde pelo ir e vir das informações da vida presente e, às vezes, de vidas anteriores.
Os psicoterapeutas que trabalham com este recurso, afirmam ser possível a regressão mesmo em transes superficiais. Porém, quanto mais o Espírito estiver liberto, mais rica será a experiência regressiva onde o indivíduo pode, ora lembrar-se do ocorrido, ora reviver aquele momento passado desta ou de outra vida como se fosse no presente, com todas as emoções e sintomas que isto ocasiona.
Mais que a hipnose, o sonambulismo magnético oferece a possibilidade de transes mais completos e profundos, tornando mais proveitoso o aprendizado.
Muito rica é a obra de Deus e a cada novo conhecimento maior se torna a nossa reverência ao Criador. À medida que adentramos a ciência do Espírito, mais compreendemos que o sonambulismo magnético e a sua irmã, a hipnose, são recursos para o crescimento da alma. Sigamos em frente, então, e não desdenhemos a oportunidade de conhecer, nos qualificando para melhor servir.
Fonte; JORNAL VORTICE - ANO VII, Nº 08 – Janeiro - 2015
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2015/02/sonambulismo-x-hipnose.html
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