Já notaram que pessoas que são exemplares, que se esforçam para evoluir, são mais patrulhadas que as pessoas que erram? Que pessoas de índole duvidosa costumam ser respeitadas? Que trolleiros ou pessoas mal intencionadas não são impedidas de arrumar amigos? Que verdadeiros cavalheiros vivem solidão crônica enquanto verdadeiros cafajestes n]ao param de conquistar mulheres?
Um fenômeno estranho, derivado da falta de valores sólidos que caracteriza nossa sociedade atual, tem acontecido com frequência: o respeito e a tolerância com maus, incompetentes e ignorantes. Ter defeitos passou a ser uma qualidade e por mais estranho que pareça, essa ideia faz sentido.
Muitos famosos e não famosos que cometem erros tem sido cada vez mais respeitados e admirados. Ser injusto, cruel e ignorante não impede mais alguém de ter amigos e cônjuges. Incompetentes tem sido cada vez mais contratados pelas empresas só porque conseguem se comportar de forma esperada nas entrevistas de empregos. Homens burros e mal intencionados têm contraído matrimônio com cada vez mais frequência.
É correto valorizar pessoas incapazes de agregar e solidificar algum valor evoluído na sociedade? Claro que não é correto, pois estimula a estagnação intelectual e moral da sociedade.
Parece que todos confundem respeitar o defeituoso com aprovar o defeito. O ideal seria que as pessoas que tem índole e intelecto duvidosos ouvissem os conselhos de pessoas mais virtuosas e se livrassem dos defeitos. Mas ao invés disso, não somente as pessoas defeituosas se tornam respeitadas e admiradas como também seus defeitos passam a se converter em qualidades, dado o prestígio social de quem comete erros.
Mas outra coisa que acontece é que sabendo que erros cometem, as pessoas ficam tranquilas por achar que tal pessoa errada não irá cometer erros piores. Um exemplo: um marido que trai sua esposa com frequência, acredita a sua esposa, não irá violentá-la, pois seu pior defeito é simplesmente traí-la. Então, tolera-se a traição, pois ela não parece danosa a esposa, por mais incômoda que pareça.
Enquanto para muitos, os errados não parecem ameaçadores, os não-errados despertam desconfiança. Baseada na crença de que ninguém é perfeito, a ausência de grandes defeitos parece esconder defeitos graves. É como se uma pessoa virtuosa escondesse uma discreta personalidade psicopata, coisa que muitas vezes só existe nas mentes das pessoas excessivamente desconfiadas.
Por isso que muitas pessoas preferem ficar com os errados: se ninguém é perfeito e os erros deles são esses, talvez não haja erros piores.
Para a sociedade atual, os corretos são os "verdadeiros errados"
É um pensamento preconceituoso, pois se esquecem muitos que há pessoas dispostas a eliminar seus defeitos. Há gente que quer se evoluir. Mas a ideia de imperfeição humana - frequentemente esquecemos que erros são sinal de imaturidade, com o amadurecimento, defeitos desaparecem - nos faz fugir dos corretos e nos aproximar dos errados.
Esse preconceito contra os corretos é algo que deverá sumir com o amadurecimento da sociedade. Quando formos capazes de entender que, apesar de humano, o ato de cometer erros é um sinal de falta de compreensão do que acontece ao redor, vamos começar a ver que é possível sim, eliminar os nossos defeitos, nos preparando para sermos capazes de melhorar cada vez mais a nossa sociedade. Pois somente eliminando os nossos defeitos é que vamos eliminar os problemas, as injustiças e os danos.
Pois esses problemas, mesmo que não percebamos, se originam de nossos defeitos. Se tudo está errado, é porque ainda fazemos tudo errado. Corrijamos nosso caráter e nossa compreensão da realidade, se quisermos consertar o mundo ao nosso redor.
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