a partir de maio 2011

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Candeia viva

Todo processo de mudança é difícil, doloroso e demorado, mas precisa ser feito.
  Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante

“Ele [Jesus] trazia uma nova versão da realidade, centrada no ser imortal, procedendo do ser espiritual e a ele volvendo, o que alterava a estrutura da justiça, que não mais deveria ser punitiva-destrutiva, mas educativa-reabilitadora.” (Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda, cap. Soberanas Leis, Leal, 1ª Edição)
A luz do conhecimento espírita é apresentada a todos indistintamente, mas cada um a seu modo (entendimento) a absorve como convém. Um grupo de pessoas que adentra uma sala iluminada pelo candeeiro, que possui a sua chama viva em decorrência do óleo que queima, perceberá cada um à sua maneira a luz e como o processo se desenvolve.
Alguns admirarão a luz, entendendo que ela é suficiente para iluminar a todos que ali adentram; outros quererão colocar mais óleo para que a luz se torne mais viva; outros acreditarão que só os que estão próximos ao candeeiro é que estão banhados pela verdadeira luz.
Da mesma forma ocorre com os homens sobre as verdades espirituais. Semelhantes aos primeiros da sala olham para a mensagem divina trazida por Jesus e se identificam, acreditando que é luz suficiente para clarear os passos de todos aqueles que desejarem; outros entenderão que o sacrifício empreendido (o óleo) é pouco e exigirão, dos outros, mais sacrifício, para provarem a sua fé, enquanto que de sua parte preferem ficar no terreno do comodismo a movimentar-se diante da luz do conhecimento que recebe; outros enfim, terão contato com o conhecimento, mas acreditarão que só os escolhidos (os que estão mais próximos ao candeeiro) terão capacidade de se iluminarem. 
Entendemos que uma luz muito forte pode cegar aquele que procura ver. Mas sabemos também que Jesus nunca quis violentar a consciência humana. Como falar a todo o povo da mesma forma? Se entre os discípulos havia falta de entendimento sobre as verdades espirituais, imaginemos entre o povo daquela época. Tomé só acreditou que o Mestre estava vivo e o que havia morrido era o corpo quanto lhe tocou as chagas!
Não existem mistérios proibidos ao conhecimento da humanidade. O que existe é a falta de entendimento para este conhecimento. Jesus veio nos falar do ser imortal que provém do ser espiritual e que ruma para a perfeição. Trouxe em forma de parábolas para que cada um, segundo o seu entendimento, pudesse não só compreendê-las, mas pô-las em prática.
Aquele que já possui o conhecimento, mesmo em forma rudimentar e procura desenvolvê-lo, terá este conhecimento aumentado. Aquele que pouco sabe e baseia suas crenças em dogmas preestabelecidos pelos homens, vê estes dogmas caírem por terra com o passar dos tempos e no pouco que acreditavam, deixam de acreditar, indo embora a base do seu conhecimento.
No meio espírita, quantos tem contato com o conhecimento, mas preferem ficar na periferia do aprendizado? Ouvem palestras há anos, mas são incapazes de estudarem. Participam de reuniões mediúnicas, sendo que em alguns casos são os transmissores das mensagens, mas não se sentem tocados por elas. Adoram as mensagens que são distribuídas nas Instituições, pois afirmam que é boa para “a” ou “b”, mas são incapazes de ler nas entrelinhas a mensagem de renovação ali contida.
A melhor forma de convencer o outro que uma coisa é boa é vivenciando-a. Palavras sem atos se tornam vazias. Precisamos agir diante dos acontecimentos não nos permitindo absorver pelo comodismo que as situações nos convidam a viver. Todo processo de mudança é difícil, doloroso e demorado, mas precisa ser feito. Não poderemos estagiar eternamente no mesmo nível evolutivo. Precisamos, amparados pela luz do conhecimento, rumar para a perfeição.
A rotina aparente da disciplina para renovação íntima provoca a apatia de alguns confrades. Alguns afirmam que a reencarnação nos possibilita oportunidades novas de reajustes com as Leis Divinas, então não há porque ter pressa. Acomodam-se diante das mensagens, cruzam os braços diante dos livros. A doutrina espírita é a forma de conhecimento mais dinâmica que existe. Nunca relemos um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo da mesma forma. Sempre algo novo se descortina à nossa frente. Basta querermos. 
Não estamos dizendo com isso que deveremos depositar todas as informações de uma única vez. É semelhante ao que ocorre na situação daquele que busca uma instituição espírita e que passa pelo atendimento fraterno. Temos que ter o cuidado de não violentar consciências que já estão fragilizadas e que buscam a instituição, às vezes, como último instrumento de consolo. De nossa parte temos sempre o cuidado de perguntar o que a criatura conhece da Doutrina Espírita, se já leu algum livro, como chegou à instituição. Enfim, procurar conhecer um pouco do mundo do outro, para a partir daí, introduzir o conhecimento espírita na proporção da compreensão e do interesse.
Mas há outro grupo: daqueles que tendo contato com a verdade guardam só para si, acreditando que com isso que só eles serão “salvos” (ideia que persiste de outros tempos). São os egoístas. A comunicabilidade com os espíritos não é novidade para a maioria das religiões. Na verdade, eles também praticam, mas dão outro nome. Faz com que um pequeno grupo tenha acesso algumas informações. Mas a Ciência avança de braços dados com a religião ao contrário do que muitos pensam.
Quanto à parte vinculada ao amor e à caridade, Jesus não falou por parábolas, mas exemplificou para que não restassem dúvidas. O Evangelho nos fala que as parábolas versavam sobre pontos abstratos da doutrina cristã que seriam confirmados a posteriori pela Ciência e pelo próprio Espiritismo. Tudo tem seu tempo de aclarar a consciência humana. Mas é necessário um movimento de nossa parte para que isso ocorra.


http://www.oclarim.org/site/

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