a partir de maio 2011

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Infância, traumas e drogas


 •  Ricardo Orestes Forni
 
 
“A infância tem, ainda, uma outra utilidade: os Espíritos não entram na vida corporal senão para se aperfeiçoar, se melhorar; a fraqueza da pouca idade os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que os devem fazer progredir. É quando se pode reformar seu caráter e reprimir-lhes as más inclinações; tal é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual deverão responder. Por isso, a infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas ainda ela é a consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.” (O Livro dos Espíritos, questão 385).
A revista Radis, em sua edição de nº 141 de junho de 2014, página 8, traz um interessante estudo realizado com pessoas que começaram a utilizar drogas lícitas, como o álcool, e drogas ilícitas devido a traumas vivenciados na infância. Confesso que não consigo entender como a bebida alcoólica e os produtos do tabaco possam ser considerados drogas lícitas, se são capazes até mesmo de matar. Coisas do ser humano que vive “toureando” a própria consciência na cata de desculpas que encubram o sol com a peneira. Antes que questionem a fonte dessa reportagem, queremos informar que a revista Radis é fruto de um programa nacional e permanente de jornalismo crítico e independente em saúde pública, iniciado em 1982, na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Hoje, a publicação é enviada para mais de 70 mil assinantes em todos os municípios do país através de assinatura gratuita, em sintonia com o princípio de que “saúde é direito de todos e dever do Estado”.
Vejamos um trecho da reportagem: “Vítimas de violência na infância ou na adolescência têm pelo menos duas vezes mais chances de se viciar em drogas ou álcool, concluiu o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo revela que 21,7% da população brasileira relata ter sofrido algum tipo de abuso quando criança, informou O Globo (8/5). Entre os usuários de álcool, o percentual sobe para 45,7%. No grupo dos que se declaram viciados em maconha o índice alcança 47,5%, chegando a 52% entre os viciados em cocaína. Foram ouvidas 4.067 pessoas, em 149 municípios brasileiros”.
De acordo com a coordenadora do estudo, a violência sexual aumenta em até quatro vezes as chances de se produzirem adultos dependentes de drogas lícitas ou ilícitas. A pesquisa conduzida pelo Instituto Nacional de Políticas de Álcool e Drogas, da Unifesp, indicou que 5,3% dos pesquisados disseram ter sofrido violência sexual.
Entendo violência sexual não somente aquela praticada dentro do lar através de pessoas próximas às vítimas, como também aquela violência onde mulheres, menores ou maiores de idade, as vezes crianças, são aliciadas no comércio infeliz do sexo.
Se juntarmos a esses dados expostos, outras informações contidas na revista Seleções (versão brasileira da norte-americana Reader’s Digest) de julho de 2014, páginas 32 a 41, em uma reportagem sobre o que nos deixa felizes, vamos encontrar a informação colhida em dez países (Brasil, Estados Unidos, Finlândia, Alemanha, República Checa, Hungria, Polônia, Romênia, Eslovênia e Rússia) de que o principal fator para a felicidade de uma pessoa é a família (71%!), podemos formar juízo da catástrofe que a violência na infância impõe a essas vítimas, permitindo-nos entender os dados expostos pela pesquisa da Unifesp.
Conforme nos ensina Amélia Rodrigues no livro Terapêutica de Emergência, a criança é a semeadura que aguarda, o jovem é o campo fecundado e o adulto é a seara em produção. De acordo com a semeadura será a colheita. Torna-se compreensível, desse modo, a situação da juventude que temos visto a ilustrar lamentavelmente os noticiários do dia a dia da imprensa de nosso país através da violência nas suas mais variadas formas.
Propostas para que o panorama se modifique? Sim, mas não é de minha autoria. É de Joanna de Ângelis: “Amorterapia – eis a proposta de Jesus. A ignorância deve ser combatida e o ignorante educado. O crime necessita ser eliminado, mas o criminoso merece ser reeducado. As calamidades de quaisquer expressões precisam ser extirpadas, no entanto os seus propostos, na condição de doentes, aguardam amparo e cura. O amor não acusa, corrige; não atemoriza, ajuda; não pune, educa; não execra, edifica; não destrói, salva”.
Achou difícil a proposta? Em que condições? Quando aplicada aos outros ou a nós mesmos? Eis a questão.

http://www.oclarim.org/site/

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