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domingo, 6 de julho de 2014

A transição pós-morte e suas nuanças

Toda vez que se comenta a dificuldade do desprendimento da alma de alguém que faleceu, surge na mente das pessoas a seguinte questão: - Por que o desprendimento da alma é facilitado no estado de sono, fato que ocorre todos os dias, e não o é na transição pós-morte?
A emancipação da alma por ocasião do sono corporal é, com efeito, um fato corriqueiro, mas é preciso lembrar que não passa de um desprendimento parcial, visto que a alma continua ligada ao corpo físico. O que ocorre então é apenas uma expansão do laço perispiritual que a une ao corpo material, permitindo-lhe, assim, deslocar-se a lugares distantes do local em que o corpo permanece em repouso.
No caso da morte corpórea, mesmo antes do desligamento completo da alma – fato que o Espiritismo chama de desencarnação – pode ocorrer a emancipação parcial semelhante à do sono, o que explica os fatos de comunicação espírita por ocasião da morte, estudados por vários pesquisadores, como Ernesto Bozzano e Fredrich Myers.
O desprendimento completo da alma, ou seja, a desencarnação, é que requer algum tempo, visto que no processo reencarnatório o perispírito se liga ao corpo molécula a molécula, o que implica deduzir que é preciso tempo para que essa ligação molecular, em decorrência da morte corpórea, se desfaça.
Conforme nos é dito na questão 155 d´O Livro dos Espíritos, como regra geral, a separação da alma ou Espírito não se dá instantaneamente. O Espírito liberta-se gradualmente e não como um pássaro cativo que, de repente, ganhasse a liberdade.
Em face disso, tudo, a princípio, é confuso nos momentos que se seguem à morte. O desencarnante necessita de algum tempo para entrar no conhecimento de si mesmo. Acha-se como que aturdido, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam aos poucos, à medida que se apaga a influência da matéria que ele acaba de deixar e se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
O processo de desprendimento espiritual pode ser mais ou menos demorado, conforme o temperamento, o caráter moral e as aquisições espirituais de cada pessoa. Não existem, pois, duas desencarnações exatamente iguais. Cada pessoa desperta ou se demora na perturbação, conforme as características próprias de sua personalidade.
Pode-se, assim, considerar a perturbação como o estado normal do Espírito nos instantes que se seguem ao transe da morte, variando tão somente a sua duração, que pode ser de algumas horas ou vários dias e até semanas, de conformidade com o estado evolutivo da pessoa.
Breve no caso das almas elevadas, pode ser longa e penosa no caso das almas culpadas. Para aqueles que já na existência corpórea se identificaram com o estado que os aguardava, menos longa ela é, porque compreendem imediatamente a posição em que se encontram.

http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/07/a-transicao-pos-morte-e-suas-nuancas.html

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