Estudo
com base in Allan Kardec, O Livro dos Médiuns,
Segunda
Parte - Capítulo IX: Locais Assombrados, item 132.
Pesquisa: Elio
Mollo
Em
30/05/2014
As manifestações espontâneas verificadas em todos os tempos, e a
insistência de alguns Espíritos em mostrarem a sua presença em certos
lugares, são a origem da crença nos locais assombrados. Este é o tema
deste nosso estudo:
O apego dos Espíritos a pessoas ou a alguma coisa depende da elevação
moral do Espírito. Certos Espíritos podem apegar-se às coisas terrenas. Os
avarentos, por exemplo, que viveram escondendo as sua riquezas e não estão
suficientemente desmaterializados, podem ainda espreitá-los e
guardá-los.
A predileção dos Espíritos errantes por certos lugares, trata-se
ainda do mesmo princípio. Os Espíritos já desapegados das coisas terrenas
preferem os lugares onde são amados. São mais atraídos pelas pessoas do que
pelos objetos materiais. Não obstante, há os que podem momentaneamente ter
preferência por certos lugares, mas são sempre Espíritos
inferiores.
Desde que o apego dos Espíritos por um local é sinal de
inferioridade, não significa que também sejam maus espíritos. Um Espírito
pode ser pouco adiantado sem que por isso seja mau. É o que acontece também
entre os homens.
A crença de que os Espíritos frequentam, de preferência, as ruínas
não tem fundamento. Os Espíritos vão a esses lugares como a toda parte. Mas
a imaginação é tocada pelo aspecto lúgubre de alguns lugares e atribui aos
Espíritos efeitos na maioria das vezes muito naturais. Quantas vezes o medo
não nos fez tomar a sombra de uma árvore por um fantasma, o grunhido de um
animal o sopro do vento por um gemido? Os Espíritos gostam da presença
humana e por isso preferem os lugares habitados aos
abandonados.
Entretanto, pelo que sabemos da diversidade de temperamento dos
Espíritos, devem existir misantropos entre eles, que podem preferir a
solidão. Por isso dissemos que podem ir aos lugares abandonados como a toda
parte. É evidente que os que se mantêm afastados é porque isso lhes apraz.
Mas isso não quer dizer que as ruínas sejam forçosamente preferidas pelos
Espíritos, pois o certo é que eles se acham muito mais nas cidades e nos
palácios do que no fundo dos bosques.
Dizem que as crenças populares, em geral, têm um fundo de verdade a
existência de lugares assombrados. Então, o fundo de verdade, nesse caso, é
a manifestação dos Espíritos em que o homem acreditou, por instinto
espiritual, desde todos os tempos. Mas, como já dissemos, o aspecto dos
lugares lúgubres toca a imaginação humana e ele os povoa naturalmente com os
seres que considera sobrenaturais. Essa crença supersticiosa é entretida
pelas obras dos poetas e pelos contos fantásticos com que lhe embalaram a
infância. (1)
Os Espíritos que se reúnem não escolhem para isso dias e horas de sua
predileção. Os dias e as horas são usados pelo homem para controle do
tempo, mas os Espíritos não precisam disso e não se inquietam a
respeito.
A origem da ideia de que os Espíritos aparecem de preferência à noite
é a impressão produzida na imaginação pelo escuro e o silêncio. Todas essas
crenças são superstições que o conhecimento racional do Espiritismo deve
destruir. O mesmo se dá com a crença em dias e horas mais propícias. A
influência da meia-noite jamais existiu a não ser nos
contos.
Certos Espíritos anunciam a sua chegada e a sua manifestação para a
meia-noite e em dias determinados, como a sexta-feira, por exemplo, mas
estes são Espíritos que se aproveitam da credulidade humana para se
divertirem. É pela mesma razão que uns se fazem passar pelo diabo ou por
nomes infernais. Se demostrarmos a esta categoria de Espíritos que não somos
tolos eles não voltarão mais para se manifestar com essas intenções
esdrúxulas.
Os Espíritos podem comparecer aos seus túmulos em atenção aos seus
entes queridos e amigos. Entendem que o corpo lhe era apenas uma veste. Eles
não ligam mais para o envoltório que os fez sofrer do que o prisioneiro para
as algemas. A lembrança das pessoas que lhes são caras é a única coisa a que
dão valor. É a prece que santifica o ato de lembrar, daqueles que visitam
seus túmulos, pouco importa o lugar se a lembrança é ditada pelo coração.
(2)
A prece é uma evocação que atrai os Espíritos. A prece tem tanto
maior ação, quanto mais fervorosa e mais sincera. Ora, diante de um túmulo
venerado as pessoas se concentram mais e a conservação de relíquias piedosas
é um testemunho de afeição que se dá ao Espírito, ao qual ele é sempre
sensível. É sempre o pensamento que age sobre o Espírito e não os objetos
materiais. Esses objetos influem mais sobre aquele que ora, fixando-lhe a
atenção, do que sobre o Espírito.
Certos Espíritos podem ser atraídos por coisas materiais, também,
podem sê-lo por certos lugares, que parecem escolher como domicílio até que
cessem as razões que os levaram a isso. As razões que podem levá-los a isso
são a simpatia por algumas das pessoas que frequentam os lugares ou o desejo
de se comunicarem com elas. Entretanto, suas intenções nem sempre são tão
louváveis. Quando se trata de maus Espíritos, podem querer vingar-se de
certas pessoas das quais têm queixas. A permanência em determinado lugar
pode ser também, para alguns, uma punição que lhe foi imposta, sobretudo se
ali cometeram um crime, para que tenham como expiação esse crime diante dos
olhos. (3)
Os locais podem ficar assombrados, algumas vezes, por seus antigos
moradores, mas não sempre, pois se o antigo morador for um Espírito elevado
não ligará mais à sua antiga habitação do que ao seu corpo. Os Espíritos que
assombram certos locais quase sempre o fazem só por capricho. Também, pode
acontecer de serem atraídos pela simpatia por alguma pessoa. Se são
Espíritos bons, eles poderão fixar-se no local para proteger uma pessoa ou
sua família, mas nesse caso jamais se manifestam de maneira
desagradável.
Estórias como a Dama Branca, geralmente, são contos extraídos de mil
fatos que realmente se verificaram. (4)
Os Espíritos que
assombram certos lugares e os põem em polvorosa procuram antes divertir-se à
custa da credulidade e da covardia das criaturas, do que fazer mal. Não
podemos esquecer que existem Espíritos por toda parte e de que onde
estivermos, teremos Espíritos ao nosso lado, mesmo nas mais agradáveis
casas. Eles só parecem assombrar certas habitações porque encontram nelas as
condições e as oportunidades para manifestarem as suas presenças.
(5)
Existe meio de afastá-los, mas quase sempre o que se faz para
afastá-los serve mais para atrai-los. O melhor meio de expulsar os maus
Espíritos é atraindo os bons. Os bons pensamentos e as boas ações
naturalmente atraem os bons Espíritos, sendo assim, fazendo o maior bem
possível, os maus Espíritos não terão condições de permanecer no local e
naturalmente se afastarão, pois o bem e o mal são incompatíveis. Se
praticarmos sempre o bem só teremos bons Espíritos ao nosso lado e estes não
praticam assombrações, ao contrário, agem como protetores promovendo um
clima saudável e agradável nos lares como em qualquer outro
local.
Dizem que existem pessoas muito boas que vivem às voltas com as
tropelias dos maus Espíritos. Se essas pessoas forem realmente boas, isso
pode ser prova para exercitar-lhes a paciência e incitá-las a serem ainda
melhores. Mas há também aqueles parecem bons por fora e tentam mostrar
virtudes que ainda não possuem, pois, os que possuem qualidades reais quase
sempre o ignoram ou nada falam a respeito.
A prática do exorcismo para expulsar os maus Espíritos dos locais
assombrados, na maioria das vezes tem resultados contrários, as tropelias
dos Espíritos, podem redobrar-se após essas cerimônias de exorcismo. E eles
se divertem ao serem tomados pelo diabo. A força, para afastar os maus
espíritos, está na autoridade que se pode exercer sobre eles e tal
autoridade está subordinada à superioridade moral. É como o sol, dissipa o
nevoeiro pela força de seu raios. Assim, é bom esforçarmo-nos, tornando-nos
melhores a cada dia, numa palavra, elevarmo-nos moralmente o mais possível.
Tal é o meio de adquirir o poder de comandar os Espíritos inferiores, para
afastá-los. Do contrário zombarão de nossas injunções.
(6)
Os Espíritos que não têm más intenções podem também manifestar a sua
presença por meio de ruídos ou mesmo tornar-se visíveis, mas não fazem
jamais tropelias incômodas. São quase sempre Espíritos sofredores, que
podemos aliviá-los fazendo preces por eles. De outras vezes são mesmo
Espíritos benevolentes que desejam provar a sua presença junto a nós, ou,
por fim, Espíritos levianos que se divertem. Como os que perturbam o repouso
com barulhos são quase sempre Espíritos brincalhões, o que melhor se tem a
fazer é rir do que fazem. Eles se afastam ao verem que não conseguem
amedrontar ou impacientar.
Resulta das explicações acima que há Espíritos que se apegam a certos
locais e neles permanecem de preferência, mas não têm necessidade de
manifestar a sua presença por efeitos sensíveis. Qualquer local pode ser a
morada obrigatória ou de preferência de um Espírito, mesmo que seja mau, sem
que jamais haja produzido alguma manifestação.
Os Espíritos que se ligam a locais ou coisas materiais nunca são
superiores, mas por não serem superiores não têm de ser maus ou de alimentar
más intenções. São mesmo, algumas vezes, companheiros mais úteis do que
prejudiciais, pois caso se interessem pela pessoas podem
protegê-las.
NOTAS:
(1) O
instinto a que o Espírito se referiu não é o biológico, mas o espiritual: a
lembrança instintiva do Outro Mundo, de que ele veio para a
Terra. er, no capitulo IX da segunda parte de O Livro dos
Espíritos, o número 522, e na edição da LAKE, a nota do tradutor no
fim do capitulo. Deve-se ainda observar, na resposta acima, o problema
psicológico da influência dos contos infantis, acentuada pelo Espírito, e a
rejeição ao supersticioso e sobrenatural. (Nota
de J. Herculano Pires)
(2)
Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, livro segundo, Cap.
VI, Comemoração dos Mortos - Funerais, questão 323.
(3)
Ver Revista Espírita de fevereiro de 1860: História de um
danado (N. de Kardec). - O caos mencionado não só confirma a explicação
acima, como também representa um dos episódios mais instrutivos da pesquisa
espírita realizada por Kardec. Indispensável a sua leitura para a boa
compreensão do problema tratado neste capítulo. (Nota
de J. Herculano Pires)
(4) A
Dama de Branca é uma figura das antigas mitologias escocesas e alemãs que
aparece em lendas populares. (Nota
de J. Herculano Pires)
(5) O
filósofo grego Tales de Mileto dizia: O mundo é cheio de deuses. Os
deuses antigos eram Espíritos, segundo explica o Espiritismo. A afirmação de
Tales concorda com a resposta acima. Há Espíritos por toda parte. Ver
em O Livro dos Espíritos o cap. IX segunda parte:
Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo. (Nota de J. Herculano
Pires)
(6)
Ver Allan Kardec, Revista Espírita, dezembro 1862, Causas
da Obsessão e meios de Combate (Estudos sobre os possessos de
Morzine).
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Planeta ELIO'S (Temas Espíritas)
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