Continuamos ontem à noite, no Centro Espírita Nosso Lar, o estudo metódico e sequencial do livro Ação e Reação, obra escrita por André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o texto relativo ao Módulo 2, que serviu de base ao estudo realizado:
Questões para debate
A. Que Espíritos residem nas zonas infernais propriamente ditas?
B. Que lição grande e nova a viagem ao sepulcro nos ensina?
C. Que é preciso fazer para livrar-se das regiões infernais?
Texto para leitura
5. Regiões infernais - "Nestas regiões inferiores – prosseguiu Druso – não transitam as almas simples, em qualquer aflição purgativa, situadas que se encontram nos erros naturais das experiências primárias. Cada ser está jungido, por impositivos da atração magnética, ao círculo de evolução que lhe é próprio. Os selvagens, em grande maioria, até que se lhes desenvolva o mundo mental, vivem quase sempre confinados à floresta que lhes resume os interesses e os sonhos, retirando-se vagarosamente do seu campo tribal, sob a direção dos Espíritos benevolentes e sábios que os assistem..." Nas zonas infernais propriamente ditas residem apenas os que, conhecendo suas responsabilidades morais, delas se ausentaram, deliberadamente. O inferno pode ser definido, pois, como vasto campo de desequilíbrio, estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa. Estando em conexão com a Humanidade terrestre, uma vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, esses lugares funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que escorregam nas deserções de ordem geral e menosprezam as responsabilidades que o Senhor lhes outorga. Os gênios infernais que supõem governar a região, com poder infalível, ali vivem por tempo indeterminado; as criaturas perversas que com eles se afinam, embora lhes padeçam a dominação, prendem-se ali por largos anos, e as almas transviadas na delinquência e no vício, com possibilidades de próxima recuperação, ali permanecem em estágios ligeiros ou regulares, aprendendo que o preço das paixões é demasiado terrível. Druso concluiu, então: "Segundo é fácil reconhecer, se a treva é a moldura que imprime destaque à luz, o inferno, como região de sofrimento e desarmonia, é perfeitamente cabível, representando um estabelecimento justo de filtragem do Espírito, a caminho da Vida Superior. Todos os lugares infernais surgem, vivem e desaparecem com a aprovação do Senhor, que tolera semelhantes criações das almas humanas, como um pai que suporta as chagas adquiridas pelos seus filhos e que se vale delas para ajudá-los a valorizar a saúde". (Capítulo 1, pp. 18 a 21.)
6. Estamos ligados às nossas obras - A expressiva assembleia que lotava o recinto era, em grande parte, desagradável e triste. O número de enfermos perfazia, aproximadamente, duas centenas, sendo que mais de dois terços apresentavam deformidades fisionômicas. A quase completa quietude reinante no ambiente, apesar da tempestade que rugia lá fora, devia-se ao fato de estarem os enfermos localizados em um salão interior da cidadela, revestido exteriormente de abafadores de som. Druso pediu a um dos enfermos que proferisse a oração de início e, em seguida, como se estivesse conversando numa roda de amigos, falou com naturalidade: "Irmãos, continuemos hoje em nosso comentário acerca do bom ânimo. Não me creiam separado de vocês por virtudes que não possuo. A palavra fácil e bem posta é, muita vez, dever espinhoso em nossa boca, constrangendo-nos à reflexão e à disciplina. Também sou aqui um companheiro à espera da volta. A prisão redentora da carne acena-nos ao regresso". O Instrutor falou-lhes então da ideia errônea que as pessoas fazem da morte, julgando que esta seja ponto final dos nossos problemas, enquanto muitos se acreditam privilegiados da Infinita Bondade, por haverem abraçado atitudes de superfície, nos templos religiosos. "A viagem do sepulcro, no entanto, ensinou-nos uma lição grande e nova – a de que nos achamos indissoluvelmente ligados às nossas próprias obras", acentuou Druso. "Nossos atos tecem asas de libertação ou algemas de cativeiro, para a nossa vitória ou nossa perda. A ninguém devemos o destino senão a nós próprios."(Capítulo 2, pp. 23 a 25)
7. O pretérito fala em nós, exigente - Continuando, o Instrutor falou sobre a sabedoria e a bondade do Pai Celeste, cuja justiça "não se revela sem amor". "Se somos vítimas de nós mesmos – disse Druso – somos igualmente beneficiários da Tolerância Divina, que nos descerra os santuários da vida para que saibamos expiar e solver, restaurar e ressarcir. Na retaguarda, aniquilávamos o tempo, instilando nos outros sentimentos e pensamentos que não desejávamos para nós, quando não estabelecíamos pela crueldade e pelo orgulho vasta sementeira de ódio e perseguição." A desarmonia e o sofrimento resultam, pois, de semelhantes atitudes: "O pretérito fala em nós com gritos de credor exigente, amontoando sobre as nossas cabeças os frutos amargos da plantação que fizemos... Daí os desajustes e enfermidades que nos assaltam a mente, desarticulando-nos os veículos de manifestação". Druso lembrou-lhes, então, que as ligações com a retaguarda continuam vivas e que laços de afetividade mal dirigida e cadeias de aversão os aprisionavam, ainda, a companheiros encarnados e desencarnados, muitos deles em desequilíbrios mais graves e constringentes... Sua mensagem era de ânimo: "Achamo-nos imbuídos do sonho de renovação e paz, aspirando à imersão na Vida Superior, entretanto, quem poderia adquirir respeitabilidade sem quitar-se com a Lei?" "Ninguém avança para a frente sem pagar as dívidas que contraiu." Após breve pausa, e indicando com um gesto a torturante paisagem exterior, Druso prosseguiu em tom comovente: "Em derredor do nosso pouso de trabalho e esperança, alongam-se flagelos infernais... Quantas almas petrificadas na rebelião e na indisciplina aí se desmandam no aviltamento de si mesmas?" Lembrou, porém, que a Lei Divina funciona com igualdade para todos. É por isso que nossa consciência reflete a treva ou a luz de nossas criações individuais. A luz, aclarando-nos a visão, descortina-nos a estrada. A treva, enceguecendo-nos, agrilhoa-nos ao cárcere de nossos erros. O Espírito em harmonia com a Vontade Divina descortina o horizonte e caminha, para diante; no entanto, aquele que abusa da vontade e da razão, quebrando a corrente das bênçãos divinas, modela a sombra em torno de si mesmo, insulando-se em pesadelos aflitivos, incapaz de seguir à frente. A reencarnação, como recomeço de aprendizado, é-nos, pois, concessão da Bondade Excelsa que nos cabe aproveitar, no resgate imprescindível. (Capítulo 2, pp. 25 e 26)
Respostas às questões propostas
A. Que Espíritos residem nas zonas infernais propriamente ditas?
Residem ali apenas os que, conhecendo suas responsabilidades morais, delas se ausentaram, deliberadamente. O inferno pode, pois, ser definido como vasto campo de desequilíbrio estabelecido pela maldade calculada, nascido da cegueira voluntária e da perversidade completa. Estando em conexão com a Humanidade terrestre, uma vez que todos os padecimentos infernais são criações dela mesma, esses lugares funcionam como crivos necessários para todos os Espíritos que escorregam nas deserções de ordem geral e menosprezam as responsabilidades que o Senhor lhes outorga. (Ação e Reação, cap. 1, pp. 18 a 21.)
B. Que lição grande e nova a viagem ao sepulcro nos ensina?
O instrutor Druso diz que as pessoas fazem uma ideia errônea da morte, julgando que seja ela o ponto final dos nossos problemas, enquanto muitos se acreditam privilegiados da Infinita Bondade, por haverem abraçado atitudes de superfície, nos templos religiosos. "A viagem do sepulcro, no entanto, ensinou-nos uma lição grande e nova – a de que nos achamos indissoluvelmente ligados às nossas próprias obras", observa Druso. "Nossos atos tecem asas de libertação ou algemas de cativeiro, para a nossa vitória ou nossa perda. A ninguém devemos o destino senão a nós próprios." (Obra citada, cap. 2, pp. 23 a 25.)
C. Que é preciso fazer para livrar-se das regiões infernais?
Sobre o assunto, Druso recomendou aos que o ouviam: “Reunindo todas as possibilidades ao nosso alcance, espalhemos, nas províncias de treva e dor que nos rodeiam, o socorro da prece e o concurso do braço fraternal, preparando o regresso ao campo de luta – o plano carnal – , em que o Senhor pela bênção de um corpo novo nos ajudará a esquecer o mal e replantar o bem”. “Para nós, herdeiros de longo passado culposo, a esfera das formas físicas simboliza a porta de saída do inferno que criamos." O Instrutor, que estampava na voz a inflexão de quem trazia uma dor imensamente sofrida, concluiu então a sua mensagem: "Supliquemos ao Senhor nos conceda forças para a vitória –, vitória que nascerá em nós para a grande compreensão. Somente assim, ao preço de sacrifício no reajuste, conseguiremos o passaporte libertador!..." (Obra citada, cap. 2, pp. 27 e 28.)
http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2014/05/nossos-atos-tecem-asas-de-libertacao-ou.html
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