a partir de maio 2011

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Desfaz a criatura humana, em decênios, o que Deus fez em milênios



DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Caetano do Sul, SP (Brasil)


“Em minha opinião, deve existir vida inteligente em outros planetas, inclusive na Terra”, respondeu um famoso cientista, astrobiólogo, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e divulgador científico norte-americano, Carl Edward Sagan (1934/1996)ao lhe perguntarem se existiriam seres extraterrestres, civilizações adiantadas em algum lugar do Universo. Vidainteligente em outras galáxias, em planetas de diversos sistemas solares no espaço infinito, pode existir; por que não?

O cientista disse existir vida “inteligente” na Terra... Mas, por que certos terráqueos provocam a degradação ambiental do próprio planeta onde precisam viver, eles e seus descendentes desta e das próximas gerações? Manejam de modo incorreto o solo, não levam em conta manguezais, pantanais, florestas, obstruem cursos de rios e poluem suas águas, lançam gases venenosos na atmosfera e até introduzem bichos e plantas estranhos em meio ambiente inadequado, em prejuízo das espécies nativas. Quanto descaso! Que irresponsabilidade!

Ainda sobre vida inteligente na Terra. Você sabia, prezado leitor ou prezada leitora, que a sonda espacial Galileu, destinada a explorar Júpiter, lançada em 18 de outubro de 1989, fora projetada para estudar a atmosfera do planeta, bem como seus satélites e a magnetosfera adjacente?

A Galileu, em voo rasante, examinou a superfície terrestre do nosso planeta e expediu curiosa informação. Segundo deu a conhecer, vida aqui na Terra era “provável”... Tal foi o dado emitido do espaço quando de improvisada experiência-teste de uma equipe de cientistas, dirigida por Carl Sagan, antes do lançamento da sonda, em meados da década de 90, rumo ao maior planeta do Sistema Solar, tanto em diâmetro quanto em massa, o quinto mais próximo do Sol.

A sonda voou abaixo de 1.000 quilômetros de elevação, equipada de uma câmara fotográfica eletrônica SSI (Sistema de Imagens de Estado Sólido). A Galileu moveu-se numa altura de menos da distância São Paulo-Brasília.Surpreendentemente, a sonda nada captou; e em números precisos, sua menor distância da Terra foi de 960 Km sobre o Mar do Caribe.

A câmara não registrou animais, plantas, cidades, redes de transportes, plantações. Embora a dita máquina fotográfica, a SSI, tivesse meios de coletar diversos detalhes menores que 2 Km, ou seja, perto de um décimo da superfície (6,3%), daí a incrível e inesperada resposta. A experiência, porém, visava um simulacro de busca de vida. “Os instrumentos não haviam sido projetados para uma missão de encontro ao Planeta”, disse Sagan. “Fingimos não saber coisa alguma sobre a Terra”, segundo o ilustre cientista, escritor, responsável também pela expedição das sondas Mariner e Viking, num relatório que foi publicado em 1990 na revista inglesa Nature.

Vida abundante

Cá pra nós, e pensar que há cerca de um bilhão de anos a vida já pulsava no Planeta! A Terra, que lembra mais uma distinta abóbora enrugada, conforme estudiosos da Geodésia, um dia apresentou o maior de todos os espetáculos de sua existência: a performance de incríveis modificações de atividades ecosféricas. Diminuta fração de criaturas vivas migrou das cálidas profundezas oceânicas em cuja temperatura morna elas se reproduziam extraordinariamente.
 
Os seres minúsculos confundiram-se com outros que passaram a ser chamados de vegetais, logo cobriram a terra e buscaram as regiões lodo-pantanosas. Os primeiros crustáceos vindos dos mares deram origem a outros seres terrestres; então surgiram os batráquios: estes optaram por terrenos limosos e firmes, assim como as criaturas que assimilavam a fotossíntese.

Surgiram os primeiros indícios da fase inicial de uma série de sucessivas metamorfoses, numa ordem demarcada pela Ciência. Consoante divisão básica de tempo geológico, a qual abrange vários períodos de acordo com cálculos científicos, estava estabelecida a Era Proterozoica. Pelos vestígios arqueológicos em minas carboníferas, a paisagem dos primeiros sinais de vida devia ser impressionante.

Aquele período durou cerca de quatro bilhões de anos e deu indícios de singular beleza e de espantosos fatos. Na proterozoica teve início a solidificação da crosta terrestre para, com o passar do tempo, surgirem os primeiros e inúmeros invertebrados, batráquios e répteis e, sobretudo, a flora. Às grandes dimensões chegaram os criptógamos, surgiram os fanerógamos e os gimnospermos naqueles tempos de atmosfera pesada, mas em ambiente tanto exuberante quanto exótico, cujas paisagens vislumbravam extensas cadeias de montanhas, algumas das quais dotadas de agudíssimos e altíssimos cumes vulcânicos.
 
A atmosfera ocultava os primeiros detalhes daquilo que, bem mais tarde, aperfeiçoaria o conjunto de relacionamento mútuo entre os meios ambientes e seus seres vivos organizados. Criaturas um tanto bizarras, todavia, sensíveis e ágeis como os edaphosauros, os mesosauros e os mastodonsauros, se valeram da fertilidade dos pântanos, rios e lagos e o seu conjunto de organismos sob a camada de ar, impregnada de densos vapores.

O planeta passou por grandiosas transmutações, do Arqueozoico ao Cenozoico, a era dos mamíferos – a nossa era. Desde a referida fase inaugural do processo seletivo dos “executores divinos”, tudo contribuiu para formar diversas e interessantes espécies por meio de mudanças. Como disse o Espírito Emmanuel por intermédio do inesquecível Francisco Cândido Xavier, “todas as arestas foram eliminadas, aplainaram-se dificuldades”,1 e as disposições preliminares a respeito da inserção do homem foram amorosamente postas em ordem com o propósito de abrigá-lo na Casa Planetária.

Ciência e Espiritismo

Essa fantástica história é amplamente corroborada pela Doutrina Espírita. O Espiritismo jamais desabona a Ciência, e prova de maneira plena, cabal pelos efeitos, as causas que, para ele, significam manifestações do amor divino às Suas criaturas. Deus imprimiu movimento e gerou existência no redemoinho das metamorfoses do progresso. Ele aglutinou os elementos e suas características vitais desde o instante da desvinculação planetária da nebulosa solar, ocasião do sublime princípio das sucessivas mudanças.
 
Emmanuel concebeu tais manifestações como sentido da “expressão do Verbo Divino”.2 A ciência dos homens, porém, só divisa um prodigioso evento facilitado por alguma força ativa que fixou e conserva a ordem natural do que existe através de estudos e análises, denominando-a: Natureza, termo que, para nós espíritas, tem tudo a ver com efeito da consciência e obra divina.3

Peço vênia e faço aqui um desafio. Aponte um – unicamente um – filósofo antigo ou contemporâneo, um profeta do Antigo ou do Novo Testamento, um teólogo, um sacerdote de qualquer religião que tenha justificado a existência divina melhor que Allan Kardec, quando afirmou que, para se crer em Deus, basta só observar as obras da Criação: O Universo existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.4

Em outras palavras, se a Natureza existe, Deus há de existir! Deus dispôs o essencial para todos, ciente de todas as necessidades. O Criador providenciou medidas indispensáveis ao bem-estar humano, disseram os Benfeitores Espirituais ao eminente pensante. “Mas o homem, insaciável em seus desejos, nem sempre se contenta com o que possui, o necessário nunca lhe basta e ele sempre deseja obter o supérfluo”, escreveu o mestre lionês em uma de suas inspiradas ilações.5

Prejuízos da incoerência

Por causa de uma extrema ambição, certos homens interferem na ordem natural das coisas. O desejo intenso de certos homens tem impiedosamente desmatado florestas como a Amazônica e a Mata Atlântica em nome de uma suposta expansão econômica. Escravos do seu egoísmo e logo de sua ignorância espiritual, cometem verdadeiro sacrilégio ao patrimônio divino a nós outorgado. Com o desmatamento, eliminam-se vegetais, animais, provoca-se o fim dos biorredutores por falta de alimento e, por consequência, o fim das grandes extensões de matas primitivas, e, com o desflorestamento, o solo de determinadas partes florestais deixam de produzir húmus, a fonte de matéria orgânica para nutrição vegetal.
 
Se não se levar a sério um desenvolvimento biossustentável, buscando-se o equilíbrio, há possibilidade de rigoroso desgaste ecossistêmico, o que já vem acontecendo. Sem nutrientes e com a falta de organismos responsáveis pela reciclagem relativa à fertilização das camadas, as florestas não sobreviverão. As queimadas, por exemplo, destroem os decompositores, além da camada fértil do solo, e tornam mais intenso o efeito estufa, oriundo da absorção da radiação solar pela atmosfera que transmite calor à superfície do planeta, elevando o nível térmico. (Fico aborrecido com a propaganda na TV de um frigorífico, de lanchonetes que servem hambúrgueres, de churrascarias porque lembram as queimadas da mata que viram pasto para que animais sejam abatidos para consumo.)

Com a devastação florestal, emissões intensas de gases tóxicos na camada de ozônio prejudicam sobremaneira o meio ambiente. O gás azul pálido, oxidante e reativo, variedade alotrópica do oxigênio que protege a Terra contra os raios infravioletas, que influem tanto nas particularidades ecossistêmicas como nas atmosféricas, já deu sinais de drásticas mudanças climáticas. Sequência repentina de violentos e destruidores tornados, furacões, a inconstância do nível de temperatura, as secas, as enchentes, o degelo polar, que paulatinamente aumenta o volume das águas oceânicas, fazem parte da atual situação planetária.

Milênios desconsiderados

Concluindo, a terra desprotegida de força vegetativa torna fácil o efeito da erosão pelas chuvas e pelo vento. Ao desmatar florestas, o homem desfaz o que as leis divinas levaram milênios para enriquecer o solo com substâncias nutrientes. Não terá efeito nenhum tanta capacidade técnico-científica, se não pararem de extrair da Natureza mais do que ela pode oferecer. A propósito, os ambientalistas vêm alertando sobre a escassez de gêneros alimentícios, e isso prejudicará a grande maioria dos pobres, antes mesmo da possível falta de água potável.
 
Há dois tipos de “destruição”: uma, segundo a Natureza, outra, segundo a vontade do homem. Só que a destruição natural e necessária quer dizer transformação, ao passo que a do homem significa: abuso.6 Quem comete abuso sofre as consequências da inevitável Lei de Causa e Efeito, lei divina, que nada tem a ver com “castigo” de Deus. Quanto a nós que prezamos a nossa Casa Temporária, persistamos! Meu irmão ou minha irmã de fé espírita: continuemos com nossas orações em prol de um mundo melhor, cientes de que não basta apontar imperfeições, mas sim corrigir erros e completar o que se encontra inacabado; façamos a nossa parte.


Referências:

1XAVIER, Francisco C. A Caminho da Luz (Espírito Emmanuel). 15. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 1975. Página 29.

2
XAVIER, Francisco C. O Consolador (ditado pelo Espírito Emmanuel). 17. Ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 1995. Primeira parte, questão 28, p. 35.

3
Mãe Natureza é efeito, e não causa. Disponível em: <http://www.oconsolador.com.br/ano6/289/davilson_silva.html>.

4
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de J. Herculano Pires. 62. Ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec Editora, 2001. Capítulo 1, q. 4, p. 55.

5
_____. _____. Q. 716, p. 247.

6
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. De J. Herculano Pires. 58. ed. São Paulo: Lake, 2001. Cap. 25, item 7, p. 291.

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