a partir de maio 2011

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Vontade e pensamento

O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria: sem o pensamento, o Espírito não seria Espírito. A vontade não é atributo especial do Espírito; é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento tornado força motriz. 
É pela vontade que o Espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos num determinado sentido. 
Mas se ele tem a força de agir sobre os órgãos materiais, como não deve ser maior esta força sobre os elementos fluídicos que nos cercam!
O pensamento age sobre os fluidos ambientes como o som age sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som.
Pode, pois, dizer-se com toda a verdade que há nesses fluidos ondas e raios de pensamentos que cruzam sem se confundir, como há no ar ondas e raios sonoros. (R.E., dezembro de 1868, “O Espiritismo é uma religião?”)(1)
Pela vontade ou só pelo pensamento, o Espírito opera no fluido perispiritual, que não passa de uma concentração de fluido cósmico ou elemento universal, uma transformação parcial, que produz o objeto que deseja. Tal objeto é para nós uma aparência, mas para o Espírito é uma realidade. (R.E., novembro de 1864, “Conversas familiares de além-túmulo”)(1)
Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma. (L.E., 933)(2)
Uma assembleia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos em que cada um produz uma nota. 
Resulta daí uma porção de correntes e de eflúvios fluídicos, cada um dos quais recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição. 
Mas, assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes. 
Se o conjunto for harmônico, a impressão será agradável; se for discordante, a impressão será penosa.
Para isso não é preciso que o pensamento seja formulado em palavras; a radiação fluídica não existe menos, seja ou não expressa; se todos forem benevolentes, todos os assistentes experimentarão um verdadeiro bem-estar e sentir-se-ão à vontade; mas se se misturarem alguns pensamentos maus, produzem o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido. (R.E., dezembro de 1868, “O Espiritismo é uma religião?”)(1)
Tal é a causa do sentimento de satisfação que se experimenta numa reunião simpática; aí, como que reina uma atmosfera moral salubre, onde se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque se ficou impregnado de eflúvios fluídicos salutares. 
Assim se explicam, também, a ansiedade, o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, em que pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs. (ibidem)
A comunhão de pensamentos produz, assim, uma espécie de efeito físico, que reage sobre o moral; é o que só o Espiritismo poderia dar a compreender.
O homem o sente instintivamente, desde que procure as reuniões onde sabe que encontra essa comunhão.
Nas reuniões homogêneas e simpáticas adquire novas forças morais; poder-se-ia dizer que aí recupera as perdas fluídicas que tem diariamente, pela radiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material. (ibidem)
A esses efeitos da comunhão dos pensamentos junta-se um outro que é a sua consequência natural, e que importa não perder de vista; é o poder que adquire o pensamento ou a vontade, pelo conjunto de pensamentos ou vontades reunidas.
Sendo a vontade uma força ativa, esta força é multiplicada pelo número de vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo número de braços.

1. KARDEC, Allan. Revista Espírita. 
2. _______. O Livro dos Espíritos. 


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