Marcelo Henrique Pereira (*)
Nas rotinas sociais, há uma identificação muito grande do ser humano com sua profissão ou as atividades que desempenhe. Há quem diga que os misteres desempenhados pelos indivíduos – que são Espíritos – sejam MISSÕES em cada um dos quadrantes da existência: família (paternidade, maternidade), relações interpessoais (modelo, referência), trabalho (chefias, orientações), vizinhança (reconhecimento, estima) e tantos outros...
O fato é que o trabalho – TODA ocupação ÚTIL na definição dos espíritos (1) – acaba sendo o elemento de maior e melhor identificação pessoal nas estradas da vida. Não importa o “degrau” na escala social, já que precisamos uns dos outros e estamos sempre à procura de alguém que possa atender às nossas necessidades e expectativas.
Minha formação é essencialmente de Ciência Jurídica, o Direito. Fiz graduação, especialização, mestrado e estou na luta do doutorado. Também estudei por anos a fio a Língua Inglesa, condição que me permitiu, ainda estudante universitário, prestar processo seletivo e depois concurso público, me efetivando no serviço público municipal, na área da Educação – Magistério. Atuei no ensino básico, fundamental, médio e superior (graduação e pós-graduação). Lecionei muitas matérias para primeiro e segundo graus (Português, Inglês, História, Geografia, Sociologia, Filosofia, Noções de Direito).
Em universidades ou faculdades lecionei para os cursos de Direito e Administração e também para programas de pós lato sensu (especialização) em várias áreas.
Sempre tratei meus alunos como filhos e afilhados. Fui agraciado, no segundo grau e no ensino superior, como Patrono, Paraninfo, Nome de Turma e Amigo de Turma. As relações travadas valem por toda a vida e é comum – como ocorre com todos os que exerceram a cátedra – ser reconhecido e cumprimentado, por vezes com muito carinho e efusividade, o que nos enche de alegria e nos emociona, por vezes. As ferramentas da moderna tecnologia também nos reaproximam daqueles que foram alunos, em distintas épocas, permitindo que continuemos a participar da vida de cada um e deixar que eles também façam parte da nossa.
E quanto aos títulos?
É comum, no dia a dia em comunidade, que advogados, médicos, dentistas e alguns outros profissionais sejam chamados de “DOUTOR”. Já escrevi sobre isso, alhures. Doutor é um título universitário, para quem cursou e concluiu, com méritos pessoais e apresentando uma contribuição efetiva para as ciências, defendendo uma TESE sobre matéria de sua competência e em caráter inédito. O uso “comum” e vulgar da palavra, quase como um “pronome de tratamento” ou uma referência à profissão, embora em larga escala, não condiz com a verdade técnico-acadêmica. Mas é um vício difícil de ser vencido ou superado. As pessoas de determinadas áreas irão continuar “desejando” serem chamadas de doutores/doutoras e o “zé-povinho” também prosseguirá se dirigindo a eles desta maneira.
Não sou doutor, pelo menos por enquanto. Estou, ainda, compondo a tese que me fará, adiante, em defesa específica perante a comunidade acadêmico-científica, haurir o título de DOUTOR.
Mas sou PROFESSOR. E assim tenho me identificado, sempre. Inclusive nas atividades espíritas e sociais. Tenho muita honra e o bom orgulho de sê-lo, porque acredito ter contribuído para a formação de HOMENS DE BEM e PROFISSIONAIS ÉTICOS, DEDICADOS e COMPETENTES. Muitos deles estão aí, no mercado de trabalho e em destacadas posições, o que me alegra e me dá a certeza do “dever cumprido”.
Lembro-me, ao finalizar este artigo, de um velho educador que assumiu, por algum tempo, a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina. Sempre recebia com a mesma educação, interesse e atenção todos os que o procuravam, fossem professores, alunos, servidores ou pessoas da comunidade. Em quase todas as situações, dada a sua destacada carreira e seus inúmeros serviços prestados ao Magistério e à Sociedade, era cumprimentado por quem ia a seu gabinete, como “DOUTOR fulano”. Ele logo se apressava e corrigia. Não sou doutor! Doutor há muitos por aí. Sou Professor. Minha missão é educar, ensinar...
E estou, neste fevereiro de 2014, completando 25 anos como PROFESSOR.
Assim também sou eu, PROFESSOR. Educando e instruindo, aprendendo e recebendo aquilo que as pessoas – com suas bagagens espirituais e experiências da atual existência – possam compartilhar, umas com as outras. Algo que remete à prática do Moço de Nazaré, que partia e repartia o pão.
Afinal, “nada é melhor do que o sabor do pão compartilhado”.
E que muitos anos, outros, à frente, venham, com esta alegria e satisfação de ser PROFESSOR.
(*) Marcelo Henrique Pereira, Doutorando em Direito, Secretário Executivo da ABRADE,
presidente do Centro Cultural Espírita Herculano Pires, São José (SC).
(1) Só devemos entender por trabalho as ocupações materiais?
Resp. - Não; o Espírito também trabalha, como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho. Trecho extraído de “O Livro dos Espíritos" - q. 675 - obra codificada por Allan Kardec
Resp. - Não; o Espírito também trabalha, como o corpo. Toda ocupação útil é trabalho. Trecho extraído de “O Livro dos Espíritos" - q. 675 - obra codificada por Allan Kardec
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