a partir de maio 2011

domingo, 19 de janeiro de 2014

Depressão e estimulação elétrica transcraniana

•  Ricardo Orestes Forni

As pesquisas continuam centradas no “fora”, ignorando, provisoriamente, o “dentro” das coisas e dos seres.

“A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas em momentos felizes que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser, lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual. A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico.” – Joanna de Ângelis.

A revista VEJA, edição 2336 de 28 de agosto de 2013, traz uma reportagem sobre um novo tratamento para certos casos de depressão. Vamos ao texto: “Portadores de depressão grave que não apresentam resposta satisfatória a terapias medicamentosas podem contar com mais uma opção de tratamento. Trata-se da estimulação magnética transcraniana (EMT), aprovada em 2012 pelo Conselho Federal de Medicina como prática médica no Brasil. A técnica também foi aprovada para tratamento de alucinações auditivas (esquizofrenia) e planejamento de neurocirurgias.
“A estimulação magnética transcraniana é uma modalidade de neuroestimulação superficial e focal, sendo o córtex frontal o principal alvo quando usada para o tratamento da depressão. A grande vantagem em relação a outras técnicas de estimulação cerebral é o fato de ser praticamente indolor, não invasiva e apresentar baixo índice de reações adversas.”
Vemos, com mais essa arma utilizada pela ciência atual dos homens, que as enfermidades emocionais continuam sendo imputadas à parte física do indivíduo. Hermínio C. Miranda nos informa que, ao examinar o cérebro no elogiável esforço de deslindar seus mistérios, a ciência se põe do lado da matéria, tentando espiar o que se passa no que poderíamos chamar de “lado de lá”, onde imperam impulsos energéticos. Diziam os instrutores do professor Rivail que o efeito inteligente tem de provir, necessariamente, de uma causa inteligente. Teriam os elementos bioquímicos que operam no âmbito do corpo humano essa condição? Seriam inteligentes? Saberiam fazer escolhas, por si mesmos? Tomar decisões? Promover modificações de comportamento e atitude? Se não têm eles essa autonomia, de onde vêm os impulsos inteligentes que os põem em ação? (Alquimia da Mente)
Nos estados melancólicos ou depressivos, o cérebro físico é um meio através do qual transparece o que vai na profundidade do ser. Do ser entendido como um Espírito imortal, colecionador de experiências, as mais vastas e variadas nos inúmeros caminhos evolutivos pelos quais passou e passará por muitos e muitos milênios. 
A acetilcolina, a noradrenalina, a dopamina, são substâncias que permitem que impulsos transitem pelo cérebro, mas essas substâncias são desprovidas de inteligência ou de sentimentos. O agente inteligente responsável pelo seu fluxo através do cérebro físico se encontra fora da intimidade das células. O Espírito comanda e não é comandado. Vale-se dos órgãos do corpo que ocupa transitoriamente para colocar, a nível consciente, o que lhe vai na profundidade das experiências colecionadas no bem ou no mal. 
O cérebro é um desses instrumentos. Ao ser submetido a esse processo de estimulação magnética transcraniana, pode ficar impedido de decodificar os impulsos oriundos na profundidade do ser, sem ofertar a cura real e definitiva para os problemas lá originados. Suponhamos que alguém manifeste seu estado emocional através do que escreve em um computador. Se provocamos algum dano nesse aparelho, impedimos que a parte escrita seja trazida à tona, o que não quer dizer que o escritor esteja com seus problemas resolvidos, com o seu estado emocional restaurado, com os seus sentimentos reequilibrados. Apenas não consegue descrevê-los mais através do computador que foi danificado.
Como nos ensina Hermínio C. Miranda, por enquanto e por um tempo que ainda não podemos estimar, as pesquisas continuam centradas no “fora”, ignorando, provisoriamente, o “dentro” das coisas e dos seres. Nada a estranhar, portanto, que a realidade global continue despercebida, porque observada apenas de um lado, o menos expressivo e revelador, aliás. (idem)
Da mesma forma como a mosca aparece onde a ferida se instala, não podemos desconsiderar os fenômenos obsessivos a agravar o quadro. Conforme ensina Joanna de Ângelis, no livro Amor, imbatível amor, precisamos auxiliar o doente a entender que ele se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração nem autopunição, para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos. E acrescentamos nós: da estimulação magnética transcraniana também. 


http://www.oclarim.org/site/

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