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sábado, 16 de novembro de 2013

CASAMENTO SEM ACASO

Adésio Alves Machado

Nem todos sentem e vêem o funcionamento da lei divina, agindo sobre nós, da mesma maneira, tudo depende do grau de entendimento que se possui.
   Bastante desconfortados nos sentimos quando lemos na literatura espírita a conceituação da existência de casamento fortuito. Consideramos insustentável tal afirmação caso tenhamos um entendimento equilibrado de como funciona a lei de Deus.
A infelicidade matrimonial estaria nas mãos do “acaso”, restando apenas um caminho as “vítimas do acaso”, qual seja o cancelamento do laço conjugal, e sair em busca de um outro.
Sabemos que iremos desagradar alguns irmãos que acreditam em “acaso” no casamento, o que lamentamos. Contudo, a verdade precisa sair em socorro de milhares de pessoas que devem estar com esta falsa conceituação doutrinária, competindo-nos levar-lhes o que extraímos das Veneráveis Vozes.
Divulgar o “acaso” no casamento seria fomentar a indústria do desquite e do divórcio. Sem embargo, estaríamos contribuindo para a destruição do casamento, banalizando-o como querem muitos, levando o caos às famílias, elas que são a base da Família Universal.
Fala-se na existência de cinco tipos de casamentos: acidentais, provacionais, sacrificiais, afins e transcendentes. Concordamos plenamente com os últimos quatro tipos. Com relação ao primeiro, os acidentais, somos diametralmente opostos. Usaremos a lógica e a razão.
O casamento se estabelece sob a proteção divina, e obedece uma supervisão Espiritual que fornece todos os recursos e meios para que o espírito encontre a sua felicidade. Duro é admitir que haveria de permeio o “acaso” no casamento, o nada intervindo na vontade de um DEUS onipotente, presciente, providenciário, amoroso, justo e bom como no-Lo mostrou JESUS.
O primeiro e mais convincente argumento, capaz de destruir na base o casamento por “acaso”, é a existência da Presciência Divina. Ora, desde o instante em que temos a certeza de que DEUS sabe o que acontecerá daqui a pouco com tudo existente nesse cosmo infinito, onde encaixar, utilizando a lógica e o bom senso, o “acaso”? Fere-se frontalmente a lógica e a razão, sendo, portanto, irracional o conceito.
Emmanuel diz: “É, imprescindível, contudo, examinar a transitoriedade das ligações corpóreas, ponderando que não existem uniões casuais no lar terreno” (1). Emmanuel foge da palavra “casamento”, englobando, dessarte, toda e qualquer união afetiva, seja oficializada ou não, seja a primeira, a segunda ou mais.
O Espírito André Luiz: “Quanto ao divórcio, segundo os nossos conhecimentos no Plano Espiritual, somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não (realçamos), sem vínculos graves no princípio da responsabilidade assumida em comum”. (2)
Desfaz-se um casamento somente quando se deseja evitar um mal maior, como por exemplo um crime, um suicídio, um descalabro moral na família, ou o cumprimento de uma missão.
Importa lembrar que não nascemos com a finalidade de sermos maridos, esposas, mães, pais, filhos, filhas, avós, avôs, tios, tias, etc., mas irmãos, segundo Jesus conceituou em Mateus 23:8.
Fosse o acaso no casamento uma realidade, todo o trabalho dos Espíritos Técnicos em Reencarnação seria jogado fora, nada adiantou se preocuparem em estabelecer um programa de vida, porque o nosso esquecimento anulará a iniciativa dEles! Ora, é passar certificado de incompetência para os Embaixadores do CRISTO, ou não é? Programam com detalhes e depois não têm como fazer para que a programação seja executada?! Conceber tal situação, é para nós impossível porque irracional. É querer medir a capacidade dos Espíritos Superiores com a bitola humana.
Os Espíritos Guias aproveitam as circunstâncias para intervir na vida do seu protegido, colocando-o diante do programa preestabelecido. Continuar, depois, aí sim, é do livre arbítrio do comprometido, do faltoso. Quem vem abraçar a religião espírita é colocado dentro do Espiritismo. No entanto, prosseguir nele é do livre arbítrio do tutelado.
Ainda de Emmanuel: “De qualquer modo, é forçoso reconhecer que não existem no mundo conjugações afetivas, sejam elas quais forem, sem raízes nos princípios cármicos, nos quais nossas responsabilidades são esposadas em comum”.(3)
Nosso livre arbítrio exercemos no mundo espiritual (4). Por que seria lá e não cá? É no mundo espiritual que, livres de quaisquer implicações e pressões terrenas, sentimo-nos melhor apoiados para traçar os nossos planos futuros. Lá usufruímos o auxílio imprescindível dos Espíritos Técnicos em Reencarnação, teremos uma detalhada retrospectiva do presente e do passado, do que realizamos de certo e de errado... As carências, lacunas evidenciam-se. 
Lá escolhemos: o cônjuge; onde residir; o que corrigir moralmente; a que religião ligar-se; a que nível sócio-econômico pertenceremos; a quem perdoar... Feito este levantamento de nossas necessidades, elabora-se a nova reencarnação com a nossa anuência, quando para isso temos condições evolutivas, ou nos sujeitamos aos Técnicos em Reencarnações.
Os acontecimentos marcantes de nossa próxima reencarnação são previstos, programados, mais ainda aqueles capazes de influenciarem em nossa moral. A tarefa, pois, dos Técnicos em Reencarnação, é a de nos colocar frente a frente com esses compromissos. Concluído este trabalho, compete-nos seguir ou não, utilizando o nosso livre arbítrio aqui..
Seria o casamento, realmente, algo assim tão importante que sempre merecesse uma programação antes do retorno à carne? Ter filhos também? Ser pai e ser mãe pode ser considerado como um “...grandíssimo dever e que envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro”. Paternidade é, portanto, “uma verdadeira missão”, como asseveraram os Espíritos Superiores a Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, na perg.853.
Percebe-se que casamento é algo de muita responsabilidade para ser exposto ao “acaso”. Evidencia-se mais que a missão não pode ficar na dependência do “acaso”, mas sim de uma programação devidamente elaborada para que o objetivo reencarnatório possa redundar no progresso do Espírito. E a missão somente terá condição de ser bem programada se realizada no mundo espiritual, como vamos percebendo.
Para muitos toda dificuldade está no fato de que DEUS prevê o futuro e o homem não (O Livro dos Espíritos perg.579). Repitamos: se DEUS sabe antecipadamente o que nos sucederá, anula, e totalmente, a imaginária acidentalidade do casamento ou da união afetiva. Quando o homem ou a mulher acha que está “acidentalmente” se casando com essa ou aquela pessoa, está, na realidade, unindo-se com a pessoa determinada pela Lei Divina.
Com a resposta à pergunta 459, no mesmo livro, ficamos sabendo que os Espíritos influem em nossas vidas muito mais do que imaginamos, e que, de ordinário, são eles que nos dirigem. Se assim acontece, qual seria a dificuldade da nossa programação ser posta diante de nós pelos Espíritos Superiores? Não vemos, absolutamente, nenhuma impossibilidade nisso. É do nosso livre arbítrio seguir adiante ou desistir, deixar-nos arrastar ou não pelas pressões do mundo.
DEUS seria muito limitado se não conseguisse fazer com que duas criaturas se casassem aqui, quando no passado, mais ainda do que hoje, os pais terrenos impunham os casamentos aos seus filhos sem a mínima possibilidade de lhes ser dada a escolha, à mulher principalmente.
O momento tecnológico que ora atravessamos pode ajudar no discernimento, caso tudo quanto já foi expresso não tenha mudado opiniões inconsistentes, porque ilógicas sobre casualidade no casamento. Surgiu a informática, a Internet com a sua parafernália de instrumentos. São aparelhos inventados pelo homem, difíceis de serem concebidos por nós, afastados que estamos de seus mínimos detalhes. A verdade é que o computador contém milhões de informações que nos chegam de imediato bastando um simples “clique”. Operam-se, nessas horas, mudanças radicais, surgem pastas, arquivos contendo uma variedade enorme de elementos. Quer dizer: nisto, todo homem acredita ser possível realizar. Agora, DEUS ser capaz de acionar o seu poder, os seus recursos, utilizar-se dos Espíritos que atuam tanto em nossas vidas a ponto de nos dirigir, malgrado a nossa desobediência, e fazer com que duas pessoas se juntem afetivamente aqui, não pode, é impossível? Fica, pelo menos para nós que não admitimos tal impossibilidade de DEUS, que ELE, “a inteligência suprema, a causa primeira de todas as coisas”, tudo pode, muito mais realizar do que apenas unir dois espíritos aqui. 
Incomoda-nos asperamente perceber a minimização do poder de DEUS. Como a potência divina mostra-se inconcebível pelo homem, ele admite ser impossível para DEUS realizar esses encontros entre duas pessoas. 

Pergunta 472 de “O Livro dos Espíritos” é oportunidade para sabermos que, quando os Espíritos nos atraem ao mal se limitam a aproveitar as circunstâncias existentes ou também as criam, induzindo, mau grado nosso, para aquilo que cobiçamos. 
Perguntamos, diante de tal resposta: No nosso mundo as pessoas são impelidas para o casamento, às uniões afetivas apenas pelo amor, ou entram em jogo outros interesses como a beleza física, o prestígio, o poder, o dinheiro...? Quantos maridos e esposas somente passam a conhecer melhor suas companhias depois que estão morando juntos? Isto acontece porque foram movidos pelas circunstâncias, pelas aparências, pelos interesses egoísticos armazenados no passado, e não pela simpatia, pela afinidade de gostos, de idéias, de prazeres... .
Raciocinemos: se Espíritos inferiores podem criar situações embaraçosas para nos atrair para esta ou aquela tomada de posição, por que motivo os Espíritos Superiores, Eles que atuam como Ministros de DEUS, como nos dizem as respostas às perguntas 113, 558, 562a e 910 de “O Livro dos Espíritos”, não poderiam, achar-se-iam incapacitados?
Ainda podemos raciocinar sobre a resposta à pergunta 388, elaborada nestes termos: “Os encontros, que costumam dar-se, de algumas pessoas e que comumente se atribuem ao acaso, não seriam efeito de uma certa relação de simpatia?” Meditemos a resposta: “Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor”. O magnetismo e seus escaninhos, ainda desconhecidos pelo homem, servem como uma luva no nosso caso, ou não?
De Emmanuel apreciemos ainda: “O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva”.(5). 
Não poderiam ser as “forças cegas” quem nos dirigiriam para o casamento, ainda mais quando surgem os filhos. Ora, são Espíritos retornando ao palco da vida terrena sem nada terem a ver com seus pais? Viverão num ambiente que nada fizeram por merecê-lo? Estes filhos também estariam sujeitos a conviver conosco sem uma programação, tudo na base do “virem-se, o problema é de vocês?”
O acaso é o nada (6), e como poderia o nada interferir em nossos destinos, quando a vida na Terra, a nossa reencarnação tem a finalidade de nos fazer avançar na senda da perfeição?.(7)
Não abandonemos Emmanuel: “O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções tomadas na vida do infinito (realçamos), antes da reencarnação dos Espíritos, seja por orientação dos mentores mais elevados, quando a entidade não possui a indispensável educação para manejar as suas próprias faculdades, ou em conseqüência de compromissos livremente assumidos pelas almas, antes de suas novas experiências no mundo; razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos (realçamos), no quadro escuro das provas expiatórias, ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam”.(8)
Obsequiou-nos Camilo, mentor de Raul Teixeira: 1 - “ ...não ocorrem episódios referentes à lei divina à revelia do Criador. Os renascimentos poderão ser chamados “acidentais”, porque se deram dentro de contextos que a sociedade familiar não esperava, ou que o casal não desejava, de modo consciente; 2 - o modo de vida do reencarnante, seu estilo de vida, muitas vezes não exteriorizados, mas alimentados no íntimo, onde residem desejos e se nutrem fantasias, já o haviam condicionado ao episódio, dito inesperado ou acidental; 3 - a “lei do acaso”, tão bem defendida pela estatística, não tem sentido ( realçamos ) no campo da vida moral, onde a cada um é dado conforme suas obras”.(9)
Com a excelente obra do Dr. Vitor Ronaldo Costa (10), reforçamos nossos argumentos: “Do ponto de vista espiritual, a gravidez não é um acontecimento casual, simples fruto biológico de um relacionamento sexual fortuito como alguns imaginam. O ser humano, depositário da centelha divina, só é gerado com a devida aquiescência de Deus e, portanto, uma gestação jamais pode ser considerada inoportuna em virtude de suas repercussões transcendentais”. Raciocinemos: se Deus tudo sabe e pode, como admitir uma gestação casual? Para ocorrer a gestação não tem de haver casamento ou uma união sexual entre homem e mulher? Como tais acontecimentos transcendentais podem ficar sob o jugo do acaso se o acaso é o nada?
Utilizemos a palavra abalizada da Venerável Joanna de Ângelis: “Os filhos são programados na esfera extrafísica da vida, tendo-se em vista as injunções crédito-débito, defluentes das reencarnações passadas”.(11) Raciocinemos: para haver nascimento de filhos, haverá ou não necessidade de casamento ou união de um homem e uma mulher?
O que mais dizer para eliminar dúvidas sobre o “acaso” no casamento? Sinceramente, não sabemos. Nossa palavra é por demais insignificante, mas  trouxemos a de Espíritos Nobres, merecedoras, sem embargo, da melhor das nossas atenções. Assim sendo, confessamos publicamente a nossa ignorância, mas ressaltamos a sabedoria de Espíritos Superiores desencarnados como Emmanuel, André Luiz, Camilo e Joanna de Ângelis. Ficaremos com eles ou com os que defendem a existência do acaso no casamento?
Ao ferimos o cônjuge ou alguém com quem mantivemos um relacionamento afetivo, já programamos (um “acaso”) um novo encontro, no futuro, na outra reencarnação. E Joanna de Ângelis afirma: “Não renascestes ali por circunstância anacrônica ou casual - Não resides com uma família problema por fator fortuito nem por engano dos Espíritos Egrégios - Escolhestes, antes do retorno ao veículo físico, aqueles que dividiriam contigo as aflições superlativas e os próprios desenganos - Solicitastes a bênção da presença dos que te cercam em casa, para librares com segurança nos cimos para onde rumas” (12)
   Querendo esclarecer, ainda mais, vamos ao livro de Suely Caldas Schubert “Visão Espírita para o 3º Milênio”, quando encontramos, do Prof. César Reis, à página 42, o seguinte, se referindo às famílias e logicamente aos casamentos: “Costumamos dizer que há um processo de otimização nas reencarnações, que não acontecem por acaso. Há um sentido em reencarnar. Portanto é difícil aceitar que seja um processo meramente aleatório, casual, acidental” (realçamos).
Fizemos o nosso esforço para que nos encaminhemos na vida com mais equilíbrio. Resultados? Estão com Deus.
Chegando perto do final vale ainda aditar: “Uma teoria não pode ser aceita como verdadeira senão com a cláusula de satisfazer a razão e dar conta de todos os fatos que abrange; se um só fato lhe trouxer desmentido, é que não contém a verdade absoluta” (13).
Deixaremos consignada uma explicação para uma pergunta que deve estar fervilhando na cabeça de muitos(as) leitores(as): “E quando se tem um ou mais casamentos ou uniões afetivas?” Respondemos sem pestanejar um milímetro: Tudo quanto se aplica a um casamento se aplica a vários. Deus não ignora que um homem ou uma mulher terá várias uniões afetivas, sabe sim. Sabe que um cônjuge abandonaria o lar e partiria na busca de outra companhia que o levaria à felicidade conjugal.


(Artigo originalmente publicado na Revista Internacional de Espiritismo em março de 2003)

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