a partir de maio 2011

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Espiritismo miojo

Manifestações de um polêmico
Espiritismo miojo

Espiritismo miojo, Alamar? Que diabo é isso?
Existe isso?
É uma denominação que eu resolvi criar para que você aprecie e veja se tem sentido.
Você conhece o Miojo?
É aquele macarrãozinho sem vergonha que foi inventado para atender a pessoas preguiçosas, que não têm competência para fazer comida. Você compra no supermercado, bota numa panela com água no fogo, por apenas 3 minutos, e pronto, estará pronta a sua comida.
Não precisa você conhecer nada de culinária, não precisa saber o que significa tempero, não precisa cortar verduras, não precisa saber sobre dosagens dos ingredientes no preparo dos alimentos, enfim, não precisa saber fazer alimento nenhum.
Fazer miojo é mais fácil do que fritar um ovo, muito mais fácil. Qualquer um pode fazer.
Tá bom, eu sei o que é miojo, mas o que o Espiritismo tem a ver com isso?
Em outro artigo que escrevi, não faz muito tempo, eu falei sobre o advogado miojo, o médico miojo e vários profissionais miojo, cujos conhecimentos e competências se assemelham ao miojo: conteúdo reduzido, cultura resumida e capacidade total resumida.
Você sabe muito bem que nós vivemos no país do resumismo, não é verdade?
- “Acho os seus textos muito grandes, você poderia escrever a mesma coisa numa página só, seria o suficiente.”
- “Eu lia os seus textos, mas não leio mais não, eles são grandes demais”.
- “Seja suscinto, por favor”.
- “Pedimos ao expositor para ser breve nas suas respostas, a fim de contemplar o maior número de perguntas possíveis”.
- “O senhor tem três minutos para dar a sua resposta”.
Esta é a cultura do resumismo.
Conforme você sabe, também, no Brasil as pessoas quando se preparam para o concurso vestibular, a fim de entrarem na faculdade para fazer curso “superior”... vejam bem, gente: SUPERIORRRRR... não se prepara em livros, para aprender, e sim em apostilas (resumos) pra pegar macetes de questões que já caíram em outros vestibulares.
É a realidade do nosso país onde o número de livros lidos “per capta” não chega nem a 2, por ano, enquanto na Argentina hoje já ultrapassa a 9. Eram 7, mas houve um aumento no interesse pela leitura, lá.
E ainda há brasileiro que quer gozar com a cara dos argentinos. Só poder ser piada querer gozar com argentino. Em quê?

E no meio espírita, isto também se processa?

Claro. Processa demais, acontece demais.
Existe uma tradição no meio espírita, que é recomendar o estudo; mas PARA OS OUTROS.
É muito comum você chegar à casa espírita e ver o modismo de muita gente mandar que os outros estudem, estudem e estudem. Alguns chegam a se apegar em excesso naquele momento que diz:
“Passamos pela época dos fenômenos e entramos na época dos estudos”.
A impressão que dá, em primeiro momento, é que a pessoa que muito recomenda isto deve ter um nível de estudo e conhecimento impressionante, inclusive que deve conhecer Allan Kardec até no seu DNA.
Mas entendem totalmente errado esse momento de Kardec. Primeiro porque o que ele chama de fenômenos não é a realização de mediúnicas e sim a realização delas com objetivos de chamar a atenção do público, o que é totalmente diferente.
O “fenômeno” em determinada época, naquele modelo da amostragem pública, se tornava necessário.
Jesus, por exemplo, não precisava andar sobre as águas e muito menos praticar aquela falta de higiene de passar saliva e lodo na cara do cego para fazê-lo voltar a enxergar, mas precisou fazer aquilo, pois, caso contrário, sem aquele exibicionismo necessário no momento, não conseguiria chamar atenção para a sua mensagem e não teríamos hoje o Evangelho.
Segundo é que a recomendação do estudo não é apenas para os outros, aqueles que estão nas platéias dos centros, é para nós todos, principalmente os dirigentes das casas espíritas.
Mas infelizmente estamos no país miojo e o perfil do espiritismo praticado no Brasil não poderia ser diferente: Fazemos um espiritismo onde pouquíssimos praticantes, inclusive dirigentes, entendem verdadeiramente o que ele é.
Vivemos o espiritismo miojo.
Veja só que coisa mais impressionante:
O espiritismo chegou ao Brasil ainda quando Kardec estava encarnado, por volta de 1865, através de Luiz Olympio Teles de Menezes, na Bahia, mas não demorou pra chegar aos outros estados, porque tudo ocorreu na mesma época.
A Federação Espírita Brasileira foi criada logo, portanto ele está no Brasil há bem mais que um século.
Em Cuba, por exemplo, ele chegou recentemente, mas muito recentemente mesmo.
Você sabia que o nível dos espíritas cubanos é incomparavelmente maior que o do brasileiro?
Mas... logo de Cuba, Alamar? Sim, de Cuba.
Você sabia que qualquer freqüentador de centro espírita em Cuba, com menos de um ano de espírita, conhece toda a obra básica? Eu estou falando em conhecer e não apenas em ter dado uma lida em alguns livros.
A grande realidade que, infelizmente, temos que aceitar é que o nosso país, com raras exceções, pratica isto que chamo de espiritismo miojo, que é o espiritismo que muitos fazem como querem e bem entendem, pouca gente conhece, apenas tem uma VAGA IDÉIA, formaram os seus conceitos com base numa LIDA RÁPIDA, num resumo, na cabeça de uma determinada liderança do movimento espírita, de algum palestrante, de alguma obra de algum espírito... e por aí vai.
E Allan Kardec, como é que fica?
É um mero desconhecido.
Vivemos a cultura do resumismo.
Por que a maioria dos centros espíritas resume as mediúnicas em apenas uma hora?
Pelo mesmo motivo que sugerem ao escritor resumir as suas matérias em apenas uma página, que sugere ao expositor limitar as suas respostas a três minutos, que manda você ser sucinto no que tem a falar... e por aí vai.
É a cultura de apostila que nós temos em nosso país, onde ninguém se aprofunda em nada. E ainda vem com aquela conversa fiada de que as pessoas são ocupadas e não têm tempo para ler.
Ora, e o povo argentino não é ocupado? Será que ele vive sem o que fazer o tempo todo?
Em todas as vezes que fui aos Estados Unidos percebi um número enorme de pessoas, nos metrôs, com livros abertos lendo alguma coisa. Aqui isto não existe ou é raro demais.
O Chico Anysio dizia que no Brasil para cada dez livrarias existem cem farmácias, enquanto na argentina para cada dez farmácias existem cem livrarias.
Vejam só que diferença impressionante. Mas é a realidade.

Quais as conseqüências disto?

Temos inúmeras pessoas boas no meio espírita, caridosas, dedicadas e honestas e disto não temos a menor dúvida, mas ser bom e caridoso não é o suficiente embora altamente relevante. Já que falamos em Espiritismo, é fundamental que essa pessoa conheça o Espiritismo, mas não como miojo e sim como essência profunda.
É por isto que existe toda essa confusão aí, de muitas casas espíritas restringirem pessoas, principalmente as que trazem nível de conhecimento aprofundado, posto que as suas cabeças diretoras estão no campo do miojo.
O que fazer então?
Eu conheço muita gente que tem uma vontade enorme de avançar no estudo, na pesquisa, na experimentação e no aprofundamento dos assuntos, mas me dizem coisas mais ou menos assim:
- “Eu gosto do centro onde freqüento, as pessoas lá são boas, principalmente dona Lúcia e seu Osmar, que são uns amores de pessoas. Mas lá existe um mesmismo que incomoda. Sempre a mesma coisa toda semana, aquele ritual religioso que não avança em nada. Eu gostaria muito de me aprofundar nos estudos.”
Ora, continue tendo todo amor e todo carinho por dona Lúcia e seu Osmar, mas escolha outro lugar onde você possa se aprofundar nas coisas espíritas, uai. Vá lá de vez enquanto dar um abraço e um beijão neles, e fica tudo bem.
Você já imaginou se Allan Kardec resolvesse também ser miojo?
Não teríamos as 1018 questões de “O Livro dos Espíritos”, teríamos apenas um pouco mais de 100 e olha lá.
Questão nenhuma teria o A, B, C, etc... porque ele se conformaria com a primeira resposta do espírito e pronto.
Muito menos teríamos a Revista Espírita.
Ligue-se a um grupo de pessoas que estão dispostas a pensar, como Kardec sugeriu. Eu criei no meu Facebook um GRUPO DE AMIGOS ESPÍRITAS DO ALAMAR, onde tem quase 600 pessoas participando, com debates, discussões, trocas de idéias, de experiências e disposição para aperfeiçoamento dos conhecimentos. Todo dia entra gente nova.
Lá estão verdadeiras “feras” do conhecimento do Kardec Total, como o Paulo Neto, de Belo Horizonte; o Marcelo Henrique, de Florianópolis; o Raimundo Moura Rego, do Rio de Janeiro; Oswaldo Merino, do Rio Grande do Sul... e muitos outros que não são miojos.
Quer ver uma coisa?
Tem gente que baixa o cacete, por exemplo, no Wanderley Oliveira, médium mineiro e autor de vários livros. Alguns o discriminam até mesmo sem conhecer a sua obra.
Será que não seria muito mais elegante, educado, racional e até honesto chamar o próprio Wanderley para conversar, fraternalmente, e esclarecer todas as dúvidas, as divergências e tudo aquilo que discordamos? O Wanderley ta lá também, participa, responde perguntas, conversa com as pessoas. Tem também espaço para o Robson Pinheiro e outros.
Os debates são saudáveis, você pode participar da sua casa mesmo, a hora que quiser e tem agradado demais a todos os participantes.
Quem quer aprender que procure se envolver com quem conhece, porque se ficar só com quem é bonzinho, limitar-se-á a ser apenas mais um bonzinho.
           Abração.

                           Alamar Régis Carvalho
       Analista de Sistemas, Escritor e Antares DINASTIA

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