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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Um kardecismo sem Kardec?

Mesmo sem de fato conhecer a obra de Allan Kardec, os "espíritas" brasileiros adoram ser  rotulados de "kardecistas". Tanto pela tentativa de se diferenciar das religiões afro-brasilairas (que se rotulavam de "espíritas" para escapar de perseguições racistas), como pelo desespero de se associar a Kardec na tentativa de obter autenticidade e fachada de "ciência" de "fé raciocinada".

Na verdade uma verdadeira confusão organizada é observada neste fato. Muitos dos supostos e"espíritas" nunca estudaram de fato as obras de Kardec. E mesmo os que leram, talvez acostumados com o excesso de romances supostamente psicografados que são despejados em livrarias do gênero pelo país, absorveram o conteúdo como se fosse uma obra lúdica, para ler e ser esquecida. 

Nenhum estudo sério sendo feito pelos supostos "espíritas". Nem mesmo durante o supostamente compulsório "Evangelho no Lar" que apesar de ser algo estranho à doutrina, poderia servir de oportunidade para estudar as obras da codificação e tentar entender melhor o conteúdo doutrinário da mesma.

Kardec assinou o que Roustaing escreveu?

Há também quem embole as informações aumentando ainda mais a confusão já instalada. Roustaing, ideólogo que foi o pioneiro na deturpação, que defendeu um monte de erros doutrinários, é aceito pela FEB como base doutrinária. Mas experimente perguntar para qualquer suposto seguidor se conhece Roustaing: a resposta será sempre negativa. Típico caso da ideologia que se difunde sem o conhecimento de sua autoria. 

Pois então, eu desconfio que as ideias de Roustaing possam estar sendo entendidas pela maioria dos seguidores como sendo parte da codificação. Ou seja, Kardec está sendo responsabilizado pelo que Roustaing escreveu. E os fatos mostram que os dois discordavam de quase tudo, com a razão do lado de Kardec.

O "kardecismo" de Chico Xavier

Há também os que acreditam na extremamente ridícula teoria de que Chico Xavier era a reencarnação de Kardec, o que reforça a simpatia pelo rótulo de "kardecista". Mas a lógica prova que esta teoria é impossível, já que espírito não regride e há traços de inferioridade intelectual e fraqueza de caráter no médium que foi tomado erradamente como líder.

De fato, para quem tem preguiça de pensar e analisar, as obras de Xavier são muito mais confortáveis de se ler do que as de Kardec, este um cientista, mais objetivo. Xavier escrevia obras que eram verdadeiros contos de fada (uns realmente psicografados, outros possivelmente não) sentimentais que não exigiam nenhum esforço intelectual para serem lidas, embora fossem difundidas como "ciência doutrinária", resultando em toda a confusão que impede a compreensão doutrinária.

Para muitos é legal se assumir como "kardecista" seguindo Xavier e não Kardec. O termo "chiquista" deveria ser mais adequado, mas como ele só é utilizado pelos interessados em desmascarar o mito "Chico Xavier", o termo ganhou sentido pejorativo, embora semanticamente esteja mais do que correto. Mas usar Kardec como "carimbo" para as falhas de Chico é agradável para os deturpadores, pois serve de "Cartório"a autenticar as besteiras que favorecem a venda de muitos livros e a lotação de muitos centros espíritas e eventos (muitos destes bem lucrativos).

O "kardecismo" sem Allan Kardec

Mas em todos os casos, Kardec é de fato um grande desconhecido dos brasileiros. Seu nome e reputação são lembrados apenas na hora de dar autenticidade a essa igreja em que se transformou algo que nasceu como ciência pura. Sua obra, ainda mal compreendida, não impediu todo o dano intelectual e moral que vemos no Brasil de hoje, cada vez pior e sem perspectiva de melhora.

A compreensão correta das obras de Kardec poriam ajudar a ter um melhor entendimento de tudo ao nosso redor, além de servir como estímulo ao nosso crescimento pessoal e a resolução correta e definitiva dos problemas cotidianos. Algo que o igrejismo desse "kardecismo" sem Kardec não consegue fazer, deixando tudo como sempre esteve.

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