a partir de maio 2011

sábado, 28 de setembro de 2013

AMOR GENUÍNO

Marcelo Henrique Pereira
 
Doar órgãos é conceder nova chance de vida com qualidade ao semelhante
 
 
Os Espíritos “[...] dizem que assim como nós aproveitamos uma peça de roupa que não tem utilidade para determinado amigo, e esse amigo, considerando a nossa penúria material, nos cede essa peça de roupa, é muito natural, aos nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com segurança e proveito”.
Francisco Cândido Xavier, em entrevista à Folha Espírita, em 1982.
 
 
CAMPANHA
 
Está em curso, de 23 a 29 de setembro, mais uma edição de Campanha Nacional pela Doação de Órgãos, desta vez patrocinada pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Segundo informa a entidade, o mote da campanha é a sensibilização das pessoas para tornarem-se doadores de órgãos, tendo como meta, até 2017, alcançar o patamar de (pelo menos) 20 doadores para cada milhão de habitantes. Pela legislação brasileira, o interessado em se tornar doador deve comunicar sua família desse desejo e os transplantes só poderão ser efetivados com o consentimento dos familiares até segundo grau.
 
Recentemente, pelos meios de comunicação, noticiou-se que o milionário Chiquinho Scarpa pretendia enterrar, no quintal de sua mansão, um carro avaliado em R$ 1 milhão. Repórteres foram cobrir o “evento” e um grande buraco foi preparado para receber o veículo. Na coletiva, uma surpresa: o homem não estava louco! Era, na verdade, uma simulação para impactar as pessoas e abrir a Semana Nacional de Doação de Órgãos. Uma grande sacada!
 
Perguntado, ele assim se manifestou: Eu fui julgado por querer enterrar uma Bentley, mas a verdade é que a grande maioria das pessoas enterra coisas muito mais valiosas que meu carro. Elas enterram corações, rins, fígados, pulmões, olhos. Isso sim que é um absurdo. Com tanta gente esperando por um transplante, você ser enterrado com seus órgãos saudáveis que poderiam salvar a vida de várias pessoas, é o maior desperdício do mundo. O meu Bentley não vale nada perto disso. Nenhuma riqueza, por maior que seja, é mais valiosa que um único órgão, porque nada é mais valioso do que uma vida", destacou Scarpa.
 
A REALIDADE
 
A Doação de Órgãos é um ato solidário para salvar vidas onde, ao invés de “enterrar” órgãos saudáveis que serão completamente destruídos pela deterioração do corpo físico, os mesmos podem promover o retorno à qualidade de vida de inúmeras pessoas. Pelos dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, ABTO (http://www.abto.org.br/), 30 mil pessoas aguardam em fila de espera e estatisticamente de cada 10 pessoas, 4 se negam a doar os órgãos de seus familiares. E, também, para cada 10 famílias brasileiras potenciais doadoras, só uma é abordada e dessas, cerca de 60% se recusam a doar.
 
Trabalhar para mudar esta matemática e conjuntura é tarefa de todos os que entendem que a vida verdadeira não se esgota com o esgotamento dos sinais físicos. Os Espíritos sobrevivem à morte física e, para quem é reencarnacionista, retornam para novas experiências. Mesmo entre os que não aceitam a palingênese, há um relativo consenso em relação à perspectiva de reencontro entre nós e os nossos familiares, após a morte, em algum lugar do Espaço. Como é o Espírito que anima a vida física, em certas circunstâncias, nos instantes imediatos à declaração clínica do passamento, é possível transferir diversos órgãos vitais e componentes corporais para serem utilizados em organismos que padecem de enfermidades, devolvendo-lhes a saúde e a motivação para a vida.
 
Depoimentos conhecidos de pessoas que foram transplantadas atestam a ideia de gratidão eterna àqueles que, mesmo mortos, assim como seus familiares que autorizaram os procedimentos, permitiram o verdadeiro renascimento, graças aos transplantes. Nós, espiritualistas, também entendemos que, do outro lado da vida, os que tiveram tal gesto de desprendimento experimentam sensações de contentamento e bem-estar por permitirem que irmãos seus tenham melhores condições de vida. Um paciente que teve o coração transplantado, por exemplo, afirma que tem impressão de ter recebido, com o órgão, a bondade, a mansuetude, a temperança que eram traços comuns, segundo depoimentos dos mais próximos daquele que se foi, do benfeitor que desejou ter seus órgãos doados.
 
Os transplantes post mortem só são possíveis após a declaração clínica da morte encefálica, que é a cessação irreversível das funções vitais pela paralisação definitiva ou morte do cérebro e do tronco neural. Quando isso acontece, a parada cardíaca é inevitável e embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem aparelhos e o coração não poderá bater por muito tempo. Portanto, difere do estado de coma que pode ser reversível.
 
Os números de 2013, até junho, segundo o Ministério da Saúde e a ABTO apontam para 1.273 doadores de órgãos, o que coloca o Brasil na posição de segundo lugar no mundo, em número de transplantes. Contudo, levando-se em conta os quantitativos populacionais, nossa média é de 10,7, enquanto a Espanha, que é o país melhor colocado neste quesito, detém a marca de 35,3 doadores por milhão de habitantes, seguida por Croácia (35), Bélgica (29,3), Portugal (28,5) e EUA (26).
 
Pela ordem, esperam por um rim, em nosso país, 20 mil pessoas, córnea 6 mil, fígado 1,3 mil, coração 200 e pulmão 170 pessoas. Foram realizados, em 2013, os seguintes transplantes: rim (2707), fígado (844), coração (126), pâncreas/rim (65), pulmão (42) e pâncreas (15), totalizando 3.799.
 
HISTÓRIA
 
Discorre a tradição indiana que o primeiro transplante registrado na História da Humanidade data do ano 800 a.C., para a reparação de partes lesadas do nariz com a pele retirada da fronte de um doador. Depois, em 300 a.C., Pien Chiao, cirurgião chinês transplantou órgãos entre dois irmãos, mas sem especificar quais. E estudos arqueológicos feitos no Egito, na Grécia e na América pré-colombiana registraram, ainda, o transplante de dentes. Na era medieval, livros religiosos dão conta de que os considerados santos médicos Cosme e Damião efetuaram o transplante de perna de um etíope para um branco.
 
As primeiras experiências contemporâneas com transplantes de órgãos datam de 1950 e anos seguintes, nos EUA, com rins. O maior obstáculo não era a técnica utilizada para transplantar em si, mas os altíssimos níveis de rejeição do organismo receptor. Pesquisas e experimentos científico-clínicos, neste sentido, permitiram fossem desenvolvidos medicamentos imunossupressores para controlar a rejeição. Mas o que é comemorado e marca a excelência da Era dos Transplantes é o êxito do Dr. Christian Barnard, na África do Sul, em 1967 que operou o primeiro transplante de coração entre humanos (o de uma mulher negra para um homem branco), com relativo sucesso.
 
Hodiernamente, com a avançada compreensão dos mecanismos responsáveis pela rejeição de tecidos, os transplantes cardíacos, hepáticos e renais já são rotineiros e têm possibilitado sobrevida aos pacientes por mais de uma dezena de anos, conforme as estatísticas.
 
ESPIRITISMO E ESPIRITUALIDADE
 
Sempre que se retoma este assunto, o da doação de órgãos e dos transplantes, seja no meio espírita seja na sociedade em geral, o objetivo é a conscientização, com uma maior compreensão da realidade social e a multiplicação de esforços no sentido da conscientização plena dos espíritas, aumentando assim o número de doadores.
 
Recentemente fomos convidados para proferir conferência sobre “Cremação e Doação de Órgãos segundo o Espiritismo” e a explanação foi gravada e o DVD pode ser adquirido com o Centro de Estudos Espírita Caminho de Luz (CEECAL), por meio do e-mail (contato.ceecal@hotmail.com).
 
Aproveitando o mote da semana de incentivo à doação, vamos procurar resumir os principais pontos de caráter jurídico e espiritual neste ensaio que, esperamos, possa ser divulgado à comunidade espírita para que tenhamos muito mais doadores e inúmeras vidas salvas.
 
Se fizermos qualquer enquete entre espíritas sobre doação de órgãos, é muito provável que imensa maioria reconheça a importância do gesto e uma grande parte se demonstre inclinada a doar seus órgãos. Contudo, muito além da boa intenção é preciso saber até que ponto o desejo e a convicção, assim como os discursos espíritas se aproximam da realidade, da prática e da efetividade traduzida em transplantes realizados.
 
A Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná (ADE-PR) foi a pioneira, no movimento espírita em desencadear, nos anos de 2004 e 2005, uma campanha, entre os espiritistas, para fomentar a doação. Inclusive uma cartilha foi composta para esclarecer e ajudar aqueles que desejam assim proceder, mas tem dúvidas ou falta de informações sobre “como” doar. O material está disponível na homepage da entidade (http://www.adepr.org.br/?pagina=downloads).
 
Entre as principais dúvidas e incertezas dos espíritas (e, podemos dizer, de grande parte da população) estão a previsão legal brasileira sobre o assunto, bem como aspectos ligados ao diagnóstico de morte encefálica que permite a retirada de órgãos e os procedimentos recomendáveis de doadores potenciais e seus familiares. Mais especificamente no contexto espiritual está a curiosidade sobre o que se processa com o doador, no momento do transplante e se ele experimenta algum prejuízo ou dano ou se o ato em si gera consequências espirituais e reencarnatórias futuras.
 
A esse respeito, tomemos como referência inicial o contido em “O Livro dos Espíritos”, quando Kardec perguntou aos Espíritos Superiores se os Espíritos (desencarnados) sofreriam as mesmas necessidades e sofrimentos dos seres quando na matéria. Eles responderam: “Eles os conhecem, porque os sofreram, passaram por eles; mas não os sentem como vós, materialmente, porque são Espíritos” (grifos nossos).
 
Temos o hábito, nos textos e conversações espíritas, buscarmos muitas das pregações, parábolas e feitos de Jesus de Nazaré, conforme os relatos dos Evangelhos, para exemplificar situações do cotidiano e fazer ilação com as orientações espiritistas. Vale dizer que muitas das colocações do Carpinteiro não foram suficientemente entendidas e outras permitem várias interpretações. Uma delas é a passagem em que Jesus adverte: “Deixai aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos” (Mt, 8:22). Em linhas gerais, a cátedra do Rabi é direcionada ao desapego em relação ao evento morte e ao cadáver de um ente querido, preservando-se a memória dos momentos vividos e valorizando o componente espiritual.
 
Isso não significa qualquer desrespeito ao envoltório físico que nos serviu de morada nesta existência, muito pelo contrário, representa que, havendo possibilidades clínicas, é muito melhor que a “matéria-prima” de nosso corpo possa ser repassada, na forma de órgãos ou tecidos, a pessoas que estejam em condições de precariedade de qualidade de vida ou risco de morte, para que estas últimas possam receber uma chance para viverem mais tranquilamente. Do contrário, os despojos físicos, no caso de um sepultamento da forma mais comum (inumação ou enterro) irão, pouco a pouco, sendo deteriorados pela ação da natureza, com o apodrecimento e a destruição completa. Então, porque não retirá-los enquanto tenham serventia e utilizá-los em benefício dos semelhantes?
 
A doação é considerada um ato de profundo desprendimento e caridade, mas também é de praticidade, uma vez que pelo fenômeno biológico da morte, o corpo físico de nada mais servirá ao espírito que o utilizou e, fatalmente, por força das leis naturais se desagregará, em função e forma.
 
Ser ou não ser doador não é um ato de natureza externa, político-legal, mas de foro íntimo, cuja decisão deriva diretamente do livre-arbítrio do indivíduo e ninguém, espírita ou não, pode ser apontado como egoísta caso decida por não ser doador ou não permita que se faça o transplante de órgãos do corpo do seu ente familiar que acaba de falecer.
 
O que se pode e deve fazer é promover amplamente o esclarecimento sobre a importância da doação, não só para os receptores quanto para os doadores. O gesto da doação e a sua efetiva materialização, no nosso entendimento, materializam a cátedra de Jesus de Nazaré a toda a Humanidade, sobretudo quando colocou a CARIDADE como mecanismo pessoal de evolução espiritual. Em dois momentos pontuais, o Sublime Peregrino aponta como caminho para a felicidade espiritual a prática da caridade, depois bem conceituada por Paulo como “o amor em ação”: na parábola da ovelha e dos bodes (Mateus 25: 31-46) e na do Bom Samaritano (Lucas, 10: 25-37). Este referencial é confirmado pela Doutrina Espírita, quando Kardec compõe o capítulo “FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO”, em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (cap. 15, item 5).
 
Assim, cumpre indagar: ao decidirmos, pessoalmente, comunicando aos nossos familiares nosso (futuro) desejo de ter nossos órgãos transplantados a terceiros ou quando permitimos que sejam os mesmos retirados de um familiar nosso que está de regresso ao Plano Maior, não estaremos sendo impulsionados pelo sentimento da mais pura caridade? Não seriam os sentimentos de solidariedade, de caridade pura e desinteressada e de afeto que nos animariam? Não estaríamos praticando o “amor em ação” paulaíno, ao decidirmos pela doação?
 
Lembremos que um único doador post-mortem pode salvar a vida ou amenizar o sofrimento de até quase uma dezena de pessoas. E nem estamos falando daquelas doações que já ocorrem com o doador em vida, intervivos, como as de sangue, medula, fígado e um dos rins. O beneficiado pelo gesto jamais esquecerá aquele que lhe proporcionou uma “segunda vida”, transmudando o chamado “corredor da morte” de muitos hospitais, em que pacientes em situação de dificuldade e doenças aguardam pacientemente que a fila de doação ande, em um vero cordão de esperança.
 
Por muitos depoimentos de pessoas que passaram por transplantes pode se delimitar a extensão da validade dos gestos de amor. Há uma real transformação na sobrevida dos transplantados, quase radical. Tornam-se pessoas mais alegres, otimistas e felizes. Passam a supervalorizar a vida (e sua continuidade) com todas as suas experiências. Desprendem-se mais facilmente das coisas materiais e passam a dar mais atenção à sua própria saúde e à família, aos amigos, tornando-se pessoas mais solidárias e fraternas. Em muitos casos, também, estreitam laços com religiões ou filosofias e com Deus, agradecendo diariamente (não só por palavras, mas com atitudes) a segunda chance de estarem vivos neste mundo. É um renascimento!
 
Do ponto de vista energético-espiritual, vale salientar em função de muitos depoimentos obtidos em mesas mediúnicas, o efeito do ato da doação não cessa nunca. Sempre lembrado pelo beneficiado e seus familiares, promove mentalizações e orações que somados aos lídimos sentimentos de gratidão são emanados pelos envolvidos e alcançam, no Espaço, o benfeitor que decidiu doar.
 
Estas constatações são importantes para afastar, de pronto, qualquer dúvida em relação a hipotéticos prejuízos ou sofrimentos que, muitos pensam, possam ser experimentados pelo desencarnado, após a efetivação de um ou mais transplantes em favor dos necessitados. Pergunta-se: o perispírito pode se ressentir de dores, no momento das intervenções ou mesmo depois? Há lesão ou lesões no perispírito, passíveis de influenciar problemas físicos em nova encarnação?
 
É prudente relembrar que a morte encefálica ensejadora da condição de doação de órgãos não constitui a modalidade abrupta de um processo desencarnatório. Também difere do conceito geral de morte, para o Espiritismo, que é o contido na resposta ao item 68, de “O Livro dos Espíritos”, quando Kardec pergunta qual a sua causa nos seres orgânicos: “A exaustão dos órgãos”, o esgotamento deles (1).
 
Vale salientar que a morte orgânica dá-se aos poucos pois após a cessação do funcionamento cerebral, órgãos, tecidos e células morrem em etapas. Se assim não fosse, os transplantes seriam impossíveis. Tem-se que a chamada “libertação espiritual”, ou seja, o desprendimento de Espírito e períspirito do vaso físico é gradual, variando da quase instantaneidade até muitos meses ou anos, não significando com isso, qualquer hipótese, nem remota, de retorno à vida. Os casos documentados em anais e registros históricos, a começar pelo próprio Evangelho, de “ressurreição” enquadra o fenômeno da morte aparente, porque dela, da morte, verdadeiramente, ninguém regressa (com o mesmo corpo físico).
 
Com a morte cerebral ou encefálica, sensações como frio, calor, sede, dores, etc., são impossíveis de serem experimentadas pelo Espírito que, somente, guarda as impressões ou lembranças provenientes do condicionamento gerado durante certo tempo, variável, no caso de enfermidades, acidentes, doenças ou privações, bem como, em certos casos, do impacto emocional derivado das chamadas mortes acidentais ou violentas. O Espírito, assim, localiza tais sensações no períspirito exatamente na região correspondente àquela, no corpo físico, que lhe transmitia tais impressões.
 
É possível – e isto está relatado em certas comunicações mediúnicas – que o Espírito doador de órgãos experimente relativo desconforto no momento da retirada de órgãos, muito mais por aquilo que estiver vendo ou presenciando, associando a ocorrência a episódios anteriores similares, em que foi submetido a cortes na pele, por exemplo, cirúrgicos ou derivados de acidentes, mas não passa disso. Nestes instantes, atua de modo incisivo, fraterno e cooperativo o chamado guia ou protetor espiritual daquele indivíduo espiritual e os efeitos das vibrações de todos os envolvidos, como os próprios familiares do morto e os do(s) beneficiário(s) dos órgãos futuramente transplantados. Registre-se que muitos dos chamados atos inadequados cometidos por nós em distintos momentos da existência são muito mais intensos para o ser do que aquilo que estamos fazendo por amor (a doação).
 
Há quem se expresse em relação à doação de órgãos como um dever, não um favor, de solidariedade para com as dores e sofrimentos de outrem. Poeticamente, pode-se dizer que estaremos “devolvendo ao Criador”, ao menos em parte, aquilo que Ele nos concedeu por empréstimo e temporariamente, que é o próprio corpo físico que nos serviu de morada, já que os órgãos transplantados serão úteis para que alguém desfrute deles com grande proveito físico e espiritual.
 
Lembremo-nos, ainda, de que o gesto de caridade da doação hoje será tão importante quanto a ação de outrem, amanhã, no mesmo sentido, quando possa destinar a algum familiar ou amigo querido nosso algo que irá salvar sua vida ou proporcionar-lhe maior bem estar.
 
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
 
Conhecidas as principais referências espirituais e espíritas sobre o tema, vale salientar, por fim, as disposições de caráter jurídico que possam ser importantes para a conscientização de todos, tanto os potenciais doadores como seus familiares, no sentido de tomar providências céleres e oportunas para viabilizar as doações e os transplantes.
 
Praticamente em todas as nações do mundo é permitida a retirada de órgãos e tecidos para fins de transplantes. No Brasil, a operacionalização está centralizada no Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e os dados oficiais apontam para 93% das cirurgias custeadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
 
Os princípios jurídicos que regem a matéria são os da generalidade, universalidade, exclusividade de autorização por órgão governamental e ordem de cadastramento, constituindo a chamada Fila Única, sendo o cadastro separado por órgãos e tipos sanguíneos, afastando, de pronto, o componente econômico-financeiro que poderia desembocar na prevalência da maior condição financeira entre os interessados e o comércio dos órgãos. Referido sistema segue um conjunto de critérios específicos de distribuição para cada tipo de órgão ou tecido, selecionando assim o receptor adequado.
 
A norma legal brasileira que regulamenta a doação de órgãos, desde os critérios necessários para o credenciamento das equipes e hospitais aptos a fazer transplantes até os critérios de morte encefálica do possível doador, é a Lei n. 9.434/1997, conhecida como Lei dos Transplantes. Inicialmente, o conceito legal estabelecido foi o da doação presumida (na qual todas as pessoas eram potencialmente doadoras salvo as que expressassem o contrário no documento de identidade) o que gerou grande polêmica, sobretudo entre segmentos religiosos. A norma foi alterada e a doação deve ser manifesta pelo interessado, deixando claro à sua família a vontade expressa de doar seus órgãos após a morte, pois a última palavra resta aos familiares até o segundo grau de parentesco.
 
Os procedimentos são detalhados a seguir.
PROCEDIMENTOS
 
O Brasil possui o maior programa público de transplantes do mundo, seja pelo quantitativo de transplantes efetivamente realizados, seja pela seriedade do programa e pela qualidade do serviço (enquadrando as equipes e as centrais de transplantes).
 
São os procedimentos: 
1) A decisão é pessoal, mas deve ser comunicada à família e recomenda-se que isto seja conversado e justificado pelo interessado aos familiares e pessoas mais próximas. É possível, ainda, fazer constar dos registros públicos (registro civil, carteira de motorista ou declaração firmada em Cartório) a opção pela doação.
 
2) Compete à família acionar o órgão local de saúde, em tempo adequado, para que ocorram os transplantes, após a declaração de morte encefálica do paciente (familiar).
 
3) A regra legal da doação consiste em que a retirada (tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa falecida) para o fim de transplantes ou outra finalidade terapêutica depende de autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, atestada por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
 
4) A morte encefálica é o critério legal para a constatação da morte, sendo que devem ser feitos dois exames neurológicos, com intervalo de seis horas entre um e outro, e mais um complementar.
 
5) O que pode ser doado: órgãos (rim, coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino), tecidos (córnea, osso, pele, veias, tendões), medula óssea e sangue.
 
6) Tipos de doadores: a) vivos (somente para rins, parte do fígado, medula e sangue); e b) mortos (os itens descritos no número “4”), após a constatação de morte encefálica – derivando de diagnóstico preciso, com métodos específicos e equipe médica distinta da que efetuou a remoção. É permitida a doação entre pessoas com parentesco de até 4º grau (pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos) e entre cônjuges. Para não parentes, só é possível com autorização judicial, exceto para a medula, que é dispensável. Doação entre menores de idade com autorização de ambos os pais ou responsáveis. Pessoas não identificadas (indigentes) ou deficientes mentais não podem ser doadores.
 
7) O doador, ainda, deve desfrutar de boa saúde geral e principalmente não estar acometido por infecções, doenças malignas ou degenerativas.
 
8) O tempo para retirada dos órgãos obedece ao seguinte regramento clínico:
1) Córneas: 12 horas no inverno e 6 no verão – tempo de preservação: 7 dias;
2) Coração e pulmões: antes da parada cardíaca (PC) a retirada e 4 a 6 horas o tempo de preservação;
3) Fígado e Pâncreas: antes da PC e preservação de 12 a 24 horas;
4) Rins: até 30 minutos após a PC  e preservados até 48 horas; e,
5) Ossos: retirada até 6 horas após a PC e preservação por até cinco anos.
Por último, é importante informar o telefone para doações em geral, tanto para a prestação de informações relacionadas aos transplantes como aos procedimentos de atendimento das equipes especializadas, que é o Disque Saúde (0800 611997).
 
Conclusivamente, o ato voluntário de doação de órgãos para transplantes é, como dissemos um singular e louvável gesto de extremada caridade e solidariedade entre Espíritos e perfila-se entre as realizações espirituais que geram benefícios valiosos para o ser em marcha evolutiva.
 
Razão ainda maior, assim, para os espíritas aderirem a este comportamento, aumentando consideravelmente o número de potenciais doadores e proporcionando seja possível salvar inúmeras vidas.
 
Pense nisso e seja, você também, um DOADOR!
 
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