a partir de maio 2011

segunda-feira, 20 de maio de 2013

LIGEIRA (E DEFINITIVA)MENTE GRÁVIDO


Marcelo Henrique Pereira (*)

Estou grávido! Calma, calma... Não é nenhum filme de ficção, nem qualquer maravilha da ciência, por meio da inseminação artificial. Afinal, sou homem. E homens não engravidam, certo?
 
Errado. Redondamente equivocado! Os mais modernos conceitos clínicos, psicológicos e, até, pedagógicos, alimentam a tese (comprovada) de que os pais (maridos, noivos, companheiros) engravidam junto com suas parceiras.
 
No meu caso, posso dizer - até como expressa minha cara-metade - que "sinto na pele esta emoção", porque, por duas vezes, nestes já sete meses de gestação (ela ganha o bebê em maio/2010), tive enjôos por, pelo menos, duas vezes. Psicológico? Sem dúvida! Mas, de qualquer modo, aproveito o mote para falar da incrível, inesquecível e fantástica experiência de ser pai grávido...
 
O primeiro ponto da questão diz respeito ao planejamento. A criança que está chegando (e será um menino, o Lucca), além da sua própria programação encarnatória (que, espiritualmente, é claro, também envolve pai e mãe neste seu retorno à carne), foi (e está sendo, a cada segundo) muito desejada. Nós queríamos, muito, engravidar, analisando todas as circunstâncias e preparando-nos, ambos, para esta mágica experiência de continuação da espécie, da genealogia, da árvore familiar. Este, digamos, é o tópico ideal para quem deseja ter filhos, levando em conta que, teoricamente, não existe um momento "ideal" para tê-los (isto é, como se diz, popularmente, a reunião de todos os fatores/requisitos favoráveis à geração/gestação/criação de um filho).
 
O segundo ponto é o envolvimento, a partir da notícia (dada pela mãe, via de regra), de que estamos "grávidos". Cada vez mais as questões da vida familiar (ao contrário do passado, onde a sociedade machista dividia as tarefas de homens e mulheres, machos e fêmeas) pertencem a ambos e a participação (ativa e efetiva) do pai, desde o início até o fim da gestação - estendendo-se, daí, a todas as situações da vida de seu(s) filho(s), será a tônica da existência. Consultas, exames, enxovais, visitas a (ou de) familiares, respostas às mais corriqueiras perguntas, preocupações (no bom sentido do termo), são e serão questões "a dois", e que trarão grandes alegrias e satisfação se encaradas como peculiares e naturais a ambos os partícipes (pai e mãe). No meu caso, posso dizer que estou respirando gravidez vinte e quatro horas por dia e esta experiência (aliás, a minha segunda) está sendo gratificante e feliz. Opa! Não pense que é um mar de rosas, utópico, a relação das fantasias... Não! Somos humanos, mas procuramos com o mesmo empenho em que construímos nossa relação afetivo-amorosa, dedicar ao (ainda futuro) filho, já gestado mas não parido, todo o nosso melhor.
 
Falamos, assim, de um conceito bastante em voga, qual seja o da paternidade responsável e, tangencialmente, o da boa gravidez masculina, certamente constituído, espiritualmente, de nuances relativas à responsabilidade do ser, suas provas, expiações e missões, mas envolto na magnífica e indeclinável experiência de viver, que faz de cada Espírito o personagem principal do enredo de sua vida, expressão que utilizamos há bastante tempo, é verdade.
 
Minha gravidez, é claro, não está na barriga, mas na cabeça. É um estado de alma, psicoafetivo que desemboca em todas as situações da vida e é matéria que ocupa lugar no pensamento e na emoção do envolvido, isto é, eu, o pai.
 
E acaba sendo muito mais que algo meu, individual, egoístico, porque além da mãe, já naturalmente envolvida, na gravidez gravitam muitas outras pessoas, nossos pais, parentes, amigos, vizinhos, médicos, gente do trabalho, clientes, parceiros, comerciantes... Eles participam - mais ou menos, direta ou indiretamente - da "sua" gravidez e, não raro, muitos deles lhe transmitem gotas de otimismo e apoio, importantes para que, lá à frente, o resultado (nascimento do filho) seja tranquilo e confortante, além de prazeroso.
 
A gravidez física e psicológica, dela e sua, enfim, é igualmente espiritual porquanto sabemos, pela teoria espiritista que o liame que vincula os seres entre si não é casual, fortuito ou acidental. Há uma ligação espiritual entre os três seres (pelo menos), de reciprocidade, de convivência e de progresso. Ainda em termos espirituais, nos momentos de despertamento espiritual (geralmente durante o sono), estamos em contato com aquele que está com seu corpo em formação no ventre materno, trocando experiências, mesmo que delas não nos recordemos, quando despertos. Além disso, espiritualmente o filho participa das diversas situações do dia-a-dia, acompanhando toda a movimentação que se faz em torno de sua chegada, em grau variável em função da adaptação do Espírito, após a redução perispiritual para amoldar-se ao formato do novo corpo que lhe serve de morada, retomando a trajetória de consciência a partir do desenvolvimento normal das faculdades fisiológicas. É, portanto, um companheiro de todas as horas e um consorciado do plano existencial de todos e de cada um, de per si.
 
Por fim, espero que estas palavras - escritas com muita emoção, mas com a necessária dose de razão e lógica - possam provocar em você, amigo leitor, homem, a "boa e saudável inveja" de querer, você, também, ser pai. Afinal, nada se compara ao sabor de poder, você mesmo, gerar e criar um descendente, ocupação que, além das relativas à vida conjugal, profissional e social, reveste-se de um sentido pleno, existencial: o de contribuição recíproca, em aprendizado, um para a vida do outro, levando em conta, inclusive, que os seres que educamos também nos educam e que, cada vez mais, em face do próprio processo ascencional do planeta, os seres que nela desembarcam para mais uma romagem, trazem caracteres e vivências que podem, sim, nos ajudar em nossa própria caminhada.
 
Meu estado de gravidez, assim, é pleno de alegria e felicidade. Espero que estas se estendam, à frente, como bálsamos a refrigerar as tensões e as adversidades da vida que todos temos, em face de nossas próprias necessidades e contingências, no curso de progresso a que cada um se encontra envolto. E, também, se você, homem ou mulher está grávido ou ficar, à frente, desejo-lhe sinceramente o mesmo: aproveite e curta bastante sua gravidez!

(*) Assessor Administrativo da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo (ABRADE), Assistente da Vice-Presidência de Cultura e Ciência da Federação Espírita Catarinense (FEC) e Delegado e Membro do Conselho Executivo da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA).

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