a partir de maio 2011

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Biblia, Salvação, Ceu Inferno,Dogmas e Espíritismo...

  
João Batista Sobrinho, quinta-feira, 18 de novembro de 2010 
 


- muitas pessoas falam que o espiritismo vai contra a bíblia - É um erro muito comum as pessoas (desinformadas) afirmarem que o espiritismo vai "contra" a bíblia e outras vezes que não acredita em Deus ou em Jesus; No meu entender isto vai ser sempre fruto do preconceito e da desinformação que todos temos em maior ou menor grau em algum momento de nossas vidas. A maior prova disto é o própria indicação da questão 625 de "o livro dos espíritos" e o conteúdo dos livros "o evangelho segundo o espiritismo", "o Céu e o inferno" e "a Gênese".

Acredito que , como tudo na vida, o que ocorre são métodos de interpretação diferetes - que cada religião tem a sua - e a velha mania que temos de querer impor as nossas idéias aos outros que pensam diferente de nós.


Outro ponto que deveremos observar é que a Bíblia (um conjunto de livros escritos em diversas épocas e diversas regiões) é para uns a "palavra de deus" inequivoca - ou seja sem erros - mas existem alguns erros e incongruencias na bíblia sim - Como um exemplo simples posso descrever o seguinte versículo em Números 23:19 "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa;" e em outros livros encontraremos Gênesis 6:6 "Entãoarrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração." ou Êxodo 32:14 " Então o SENHOR arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo". Eu acredito que Deus seja Perfeito e que sendo perfeito saiba o que vai acontecer antes de acontecer, e por isso saiba quando o homem vai falhar (e tenha infinita compreensão para com isso)... como ele vai criar ou fazer alguma coisa sabendo que vai se "arrepender" mais tarde? e se não souber que deus é esse que não tem onisciencia?

Estas contradições e também alterações realizadas no conteúdo dos livros que originalmente formavam o conteúdo bíblico podem ser provados por uma ciência chamada crítica textual que analisa os textos antigos em busca de suas versões originais. Um exemplo espetacular é o livro "o que Jesus disse e o que Jesus não disse" de Bart Ehrman.

Perceba que não estou acusando ou desabonando a Bíblia... muito pelo contrário. Ela é a melhor e maior fonte dos ensinamentos de Jesus - apenas precisamos entendê-la como um livro INSPIRADO por Deus e não ESCRITO por ele. Compreende? Escrito e interpretado por homens e os homens são falhos.

Outro ponto em que precisamos evoluir no estudo da bíblia - porque a lei de progresso é uma lei universal e não podemos ficar cristalizados em nosso entendimento do universo - é na interpretação "literal" do texo, o que é errado do ponto de vista atual. Muitos dos exemplos, situações, ordens e colocações trabalhadas alí se dirigiam diretamente a um povo rude, escravizado, primitivo e rurícola - então devemos "contextualizar" a bíblia e compreender o siginificado real das palavras, o sentido; ou como dizia paulo de tarso: "o espírito que vivifica e não a letra que mata".

- que lá condena quem conversa com os mortos - Realmente em Deuteronômio 18:9,12 vamos encontrar Moisés proibindo a comunicação com os espíritos. Porém, mais uma vez, é necessário contextualizar o que se lê para que se compreenda bem o significado. Ao lermos o texto perceberemos que moisés proíbe a consulta aos espíritos através de necromantes e adivinhos, ou seja consultas de sorte, adivinhação, previsão do futuro e coisas assim - da forma como acontecia no Egito, terra onde os hebreus passaram centenas de anos escravizados e após fugirem, certamente por haver incorporado as práticas e a cultura, continuavam com os hábitos egipcios de comunicação com os mortos - como acontece hoje quando algumas pessoas vão a "irmão fulano" ou "mãe cicrana" tentando ficar ricos, trazer o ser amado de volta, saber se está sendo traído, etc... Então Moisés, conhecendo a qualidade dos espíritos que se ocupam deste tipo de prática, proibiu a comunicação com espíritos brincalhões, mistificadores e que não tinham força moral para educar ou orientar o povo...

Já em outra parte da bíblia ele mesmo (Moisés) estimula a comunicação com os mortos - espíritos guias - através de dois jovens Eldad e Medad - leia em Números 11:12.

Eu, entretanto, acredito que, como disse antes, estas leis são leis locais e temporais - criadas pelo legislador hebreu para orientar seu povo. Perceba que se fosse leis de Deus - assim como as eternas leis do Decálogo (que se aplicam a todos os povos e todos os tempos) elas não teriam perdido seu sentido - por exemplo Moisés também criou uma lei onde as adulteras deveriam ser apedrejadas e hoje, na sociedade moderna, se percebe a natureza primitiva e errada desta atitude.

Outrossim, acredito que o maior conhecedor da leis de Deus é Jesus e é Ele próprio que vemos em Mateus 17:3 conversando com Moisés e Elias, ou melhor, com os espíritos de Moisés e Elias; porque um já havia morrido há mais de 1000 anos e o outro há mais de 600 anos.

Será que Jesus não conhecia a lei de Moises? e ele não disse que não verio quebrar as leis? Sim disse. As leis de Deus e não as leis temporais dos homens, que se ajustam a um povo em uma época, mas não à evolução da humanidade, compreende?

- e que só é dado ao homem o direito de nascer e de morrer uma única vez - Este é outro exemplo da incompreensão e simplicidade de raciocínio em que viviam os antigos hebreus - interpretando de forma limitada as verdades da vida por não haver ainda o nível intelecto-moral suficiente para compreender os ensinamentos do Mestre quando esclarece "necessário vos é nascer de novo" (João 3:3-7) referenciando a escalada do espírito através das reencarnações ou quando afirma categoricamente "Se quereis dar crédito João é o Elias que havia de vir" (Mateus 11,14), porque não o reconheceram pois acreditavam que seria o mesmo elias, no mesmo corpo, e desconheciam a lei da reencarnação onde o verdadeiro elias - espírito imortal - pode retornar e completar seu trabalho.

Outro exemplo da crença na reencarnação existente naquela época, porém sem orientação, é quando Pedro pergunta, se referindo ao cego de nascença "quem pecou para que nascesse cego, ele ou seus pais?" - havia entre os hebreus a crença, baseada em Exodo 20:5, que os erros dos pais seriam castigados nos filhos "até" a terceira e quarta gerações (tese de um Deus brutal e vingativo) porém, hoje, a crítica textual já comprova que no original da vulgata latina está escrito "In Tertiam et Quartam Generatione" ou seja "NA" terceira e quarta gerações - poís então o espírito que errou já deve ter reencarnado como seu próprio neto ou bisneto e poderá resgatar seus erros. Entretanto, perceba ainda que o cego de nascença NASCEU cego, então como ele poderia ter pecado para nascer cego? apenas em outra existencia onde poderia ter tido oportunidades de pecar. Compreende então porque Jesus dizia "que vejam os que tiverem olhos para ver e ouçam os que tiverem ouvidos para ouvir" - equivale dizer que compreenda aquele que já tem a capacidade para compreender; aos outros o tempo e a evolução do espírito trará esta capacidade - lei que ainda hoje é válida e sempre será.

Muitos de nós ainda não estamos preparados para compreender as maravilhas de Deus, e limitamos o nosso conhecimento ao nosso nível de hoje, desejando que as pessoas façam o mesmo. Lembro, por fim, as palavras de Jesus em João 16:12 quando afirma que ainda tem muito a ensinar, mas que nós não podemos ainda compreender... mas vira aquele que lembrará o que ele disse e ensinará muito mais( João 14:26) - O espiritismo hoje traz a chave para elucidar estas interpretações erradas criadas no decorrer dos séculos.

- E quanto a salvação tão falada na bíblia, como o espiritismo vê isso? - Esta salvação é o objetivo maior de todos nós que somos espíritos viventes e que desejamos estar um dia harmonizados com o Pai - como Jesus o é; apenas entendemos esta "salvação" diferente de outras religiões cristãs - para uns vem por aceitar uma religião através do batismo, para outros vem por ser batizado e cumprir fielmente as ordens de uma igreja em apenas uma vida e para os espíritas esta salvação se alcança lentamente, através da evolução espiritual em diversas reencarnações. Não acreditamos que apenas uma escolha tipo "sim ou não" vá limpar de nossa consciencia o nosso passado de plantação de dor e sofrimento, nem que a trágica morte (e consequentemente "sangue") de Jesus tenha nos liberado de nossos erros, porque ninguém "paga" pelos erros de ninguém e "a cada um é dado de acordo com suas obras".

Por este motivo Kardec foi tão enfático quando em "o evangelho segundo o espiritismo" afirma:Fora da Caridade não há salvação; perceba que ele não disse "fora do espiritismo não há salvação" porque não é a religião que salva e sim as escolhas que fazemos e que criam o nosso caminhar na eternidade. Qualquer um, com ou sem religião, pode escolher fazer o bem; e assim fazendo estará se melhorando e auxiliando aos que necessitam, alcançando no tempo devido e através de suas escolhas internas, a tão sonhada salvação - harmonia com o mais alto.

- E quanto ao céu e ao inferno e questão da eternidade, de ficar eternamente no inferno ou no paraíso? - No livro "o Céu e o Inferno" Allan Kardec traz exatamente este estudo de uma forma bastante aprofundada e bem orientada. De uma forma geral eu acredito que se "Deus é amor" (João 4:8, João 4:16) ele não condenaria nenhum de seus filhos a uma "danação eterna" (você faria isso com um filho seu?) e nem criaria uma entidade para ser "eternamente mau" - isto é produto das idéias, medos e traumas que preenchiam as mentes simplistas e influenciáveis da humanidade na idade primitiva e média... Hoje, já mais avançados intelectualmente, a humanidade começa a questionar a veracidade destas afirmações e, percebendo que não são factíveis, acontecem mais e mais desinteresse dos seguidores de grupos religiosos que assim afirmam. Para mim um Deus que condena, se vinga, mata ou destroi não é o Deus que Jesus me ensinou e assim, particularmente, eu prefiro o Dele.

Gosto muito das palavras de Jesus "o reino de Deus está em vós" - reflete as orientações dos espíritos da codificação que afirma que o céu e o inferno são estados da alma/mente - podemos ter tudo e estarmos em um inferno de angustas e sentimentos negativos, bem como não precisamos ter nada para estarmos em harmonia e paz interior.

Assim, o inferno de sofrimento eterno ou o céu de inatividade eterna são frutos de idéias e interpretações arcaicas, arraigadas profundamente em nossa psique, com as quais a Doutrina Espírita não concorda.

A espiritualidade nos orienta que a medida que nos depuramos e nos tornamos mais evangelizados - entenda bons - não desejaremos ficar parados "aproveitando" enquanto vemos os irmãos sofrendo, e assim desceremos para auxiliá-los de diversas maneiras e fazer a vontade de nosso pai - amar uns aos outros - seguindo o exemplo maior de Jesus.
 
Texto do Site bomespirito.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário