a partir de maio 2011

quinta-feira, 7 de março de 2013

Relacionamento com os espíritos


Esta é mais uma matéria que estou colocando para sugerir que os amigos raciocinem e tirem as suas próprias conclusões.
Sabemos, muito bem, que a Umbanda é uma coisa e o Espiritismo é outra, o que não quer dizer que um seja melhor ou superior que o outro e nem que seja inferior. A cultura popular, equivocada, acha sempre que tudo é a mesma coisa, mas quem estuda tanto uma proposta como outra sabe que são doutrinas distintas.
Para o leigo o espiritismo é identificado pelas denominações, também equivocadas, de “kardecista” ou “mesa branca”. Isto para diferenciar da umbanda. Já no meio espírita encontramos também muitos que consideram a Umbanda como uma opção inferior de lidar com os espíritos e até consideram os espíritos que lá se manifestam como “irmãos inferiores”. Acho que você já ouviu espírita falar assim.
Grande é o número de espíritas que se manifestam de forma arrogante, quando se dirigem à Umbanda.
O mais estranho que podemos observar, em muitas casas espíritas, é algo, como primeiro detalhe, que já começo levando para o raciocínio dos amigos leitores.
Veja bem:
Se, numa mediúnica espírita, surgir um espírito perverso, ruim, vingativo, agressivo e terrível mesmo, tipo um padre que diz claramente odiar o Espiritismo e até disposição de prejudicar os espíritas e os trabalhos espíritas, esses serão recebidos sem qualquer problema, podem manifestar-se a vontade e o máximo que vão receber é a aproximação de um companheiro qualquer, que se apresenta como “doutrinador”, ao seu lado, com toda paciência, toda caridade e todo amor do mundo, não é verdade?
Essa figura que trabalha como doutrinador em mediúnica é de uma bondade e uma evolução espíritual irreparável, tanto é que é considerada competente o suficiente para convencer, em apenas 5 minutos de papo, um espírito do mais baixo nível em transformar-se num ser arrependido e bom.
Mas se, na mesma mediúnica, surgir algum espírito apresentando-se com denominações de “caboclos”, “pretos velhos” ou qualquer denominação que lembre a Umbanda, esses serão repudiados de cara, imediatamente, sem direito a abrirem a boca para dizer nada. Em muitos casos o dirigente da sessão age com um rigor enorme, como se estivesse diante de um bandido. É ou não é verdade também?
Você vê algum sentido nisto?
Por que há tanta compreensão, tanta caridade, tanta fraternidade e tanto amor para bandidos terríveis e tanta restrição a espíritos que não tem ódio de ninguém, que não pretendem prejudicar ninguém e que não tem nenhum desejo de destruir o espiritismo, só porque se apresentam com denominações umbandistas?
Vamos em frente, neste tema.

Retratemos duas mediúnicas

Quero contar com o exercício atencioso da sua inteligência, do seu discernimento, do seu bom senso e da sua coerência, para os dois exemplos que vou dar.

Mediúnica 1 – Ocorre em um centro de Umbanda

Várias pessoas chegam para participar, sorrindo, alegres, conversando normalmente com outras pessoas que estão no ambiente. Cantam seus hinos, seus pontos e sabem que naquele ambiente não terão pressa para nada.
Ninguém repreende ninguém por estar sorrindo e feliz no ambiente.
Uma dessas pessoas é a Rosa, que vai ali porque está com vontade de bater um papo com o espírito Pai Joaquim, a fim de se abrir para ele e pedir-lhe uns conselhos. Ali as pessoas conversam naturalmente com os espíritos, sem restrições e sem pressas.
Cantam-se os pontos, até que o Pai Joaquim surge, através do médium Jerônimo.

Pai Joaquim – Que a Paz de Deus esteja com todos, que Nosso Senhor Jesus Cristo abençoe a todos, que todas as falanges do bem protejam ocêis todos, meus irmãos. Vixi, que alegria ta aqui com ocêis de novo, nesta casa de paz e de luz.
Como ocêis vão? Como vão os trabalhos da casa?
Rosa se aproxima do espírito, pega na mão do médium, dá um abraço carinhoso e começa um diálogo.
Rosa – Oi, Pai Joaquim, nós também ficamos alegres quando o senhor vem aqui, viu?
Pai Joaquim – Cadê a bença, minha fia? Pai Joaquim é véi e ocêis sabe que todo véi gosta de bença, né?
Rosa – Eu tinha me esquecido... Bença, Pai Joaquim!
Pai Joaquim – Deus te abençoe, minha fia, que ele te proteja, que ilumine bem essa sua cabecinha e lhe dê juízo.
Rosa – Ué, Pai Joaquim, e eu não tenho juízo não?
Pai Joaquim – Tem não, nem um pingo.
Rosa (rindo) – Tá bom, então. Mas eu vim aqui pra conversar com o senhor, porque eu tô com uns probleminhas aí e quero que o senhor me ajude.
Pai Joaquim – Claro, minha fia, claro, o pai véi taqui pra ajudar ocêis. Diga o que está se sucedendo com ocê.
Rosa – O senhor sabe, né? Os velhos problemas com o meu marido, eu tô que não agüento mais.
Pai Joaquim – E o que o seu marido ta fazendo com ocê, minha fia?
Rosa – Ele não pára em casa, fica se engraçando com tudo quanto é mulher por aí, não tem ligado muito pra mim e eu desconfio que ele tem outra mulher.
Pai Joaquim – Ocê quer o seu marido em casa o dia inteiro, minha fia? Pra quê? Como é que ocê quer que ele fica com as amigas dele?
Rosa – Eu não gosto, pai véi. Se ele é meu, tem que ser só meu.
Pai Joaquim – Ocê acha que agindo com ciúme, desconfiança, cobrança toda hora, mal humorada que nem o cão, como ocê vive, vai conseguir conquistar seu perna de calça?
Rosa – Ah, pai Joaquim, o senhor quer que eu fique como? Arreganhando os dentes pra ele, o tempo todo, se ele não liga pra mim?
Pai Joaquim – Rosa, minha fia, eu conheço sua casa, eu vejo como ocêis vive lá. Ocêis não me vê, mas eu vejo ocêis. Ocê é pirracenta, menina, vive provocando briga o tempo todo, briga com ele, briga com as criança, como é que pode querer receber carinho e atenção? Experimenta chutá aquele seu cachorrinho seu, todo dia, vai fazendo isto o tempo todo, e veja o que vai acontecer. Você acha que ele vai querer ficar perto de ocê?
Ele vai é arreganhar os dente na hora que ocê quiser coisa com ele, não é assim?
Rosa – Ah, mas ele é bicho, né? Não tem nada a ver.
Pai Joaquim – Os homens são tudo igual os animais, minha fia. Eles tem sentimento do mesmo jeitim que ocê tem. É da natureza, Rosinha.
Rosa – Pensei que o senhor ia me ajudar, mas pelo que to vendo o senhor ta é do lado dele.
Pai Joaquim – Eu quero te ajudá, sim, eu gosto docê minha menina. Mas ajudá não é concordar com a sua cabecinha que ta oca não. Ocê precisa acordá, fia. Quando eu desejei que Deus te dê Juizo, é porque eu conheço essa cabecinha.
Ocê tem se cuidado? Tem tratado de ficar melhor com ocê mesma?
Rosa – Claro que eu tenho me cuidado.
Pai Joaquim – Tem não, Rosinha, ocê não tem se cuidado não. Olhe no espelho, minha fia, veja bem como ocê ta, mas olhe bem profundo. Não é pra olhar pra cabelo, pra batom e pra roupa não, é pra oiá pra ocê mesma, óio nos óios.
Rosa – Mas eu to bem...
Pai Joaquim – Tá não. Ocê já viu gente ciumenta ta bem? Gente que não confia nem em si mesma não pode estar bem de espírito, minha fia. Aprenda a se amar, pra poder aprender a amar os outros. Daí ocê vai poder ser uma pessoa mais atraente e certamente poderá ser amada.

E nesse ritmo o espírito manteve o diálogo com Rosa, pacientemente, compreendendo os seus desequilíbrios, mas não se compactuando com eles, procurando orientá-la sempre a rever o seu comportamento, a modificar-se a si mesma, com atitude paterna e protetora.
Depois da Rosa veio a Solange, a Tânia, o Zé Brandão, a Cleide, a Marlene e vários freqüentadores daquele local, onde o trabalho começou às oito da noite e se estendeu até depois da meia noite.
Teve vela, teve defumação, teve indicação de banho de ervas e tudo aquilo que é comum na umbanda, que não existe no espiritismo.


Mediúnica 2 – Esta ocorre em um centro espírita, mais conhecido pelo leigo como Kardecista.

Centenas de pessoas frequentam o centro e há quem diga que mais de mil pessoas passam lá todas as semanas. Mas apenas doze podem participar da mediúnica. Fazem parte da equipe da casa, altamente selecionada para tal.
A mediúnica começa às oito da noite, em ponto, e tem que terminar às nove, exatamente às nove, quando o ponteiro grande estiver indicando 21:00, em nome da disciplina.
Nenhum dos participantes pode sorrir, porque o sorriso ali é considerado como desrespeito ao ambiente que deve ser SÉRIO.
Uma pessoa como a Rosa jamais pode pensar em participar de uma mediúnica daquela.
Mas até aí, tudo bem. Vai haver uma reunião, embora com poucas pessoas, para conversar com os espíritos amigos.
Não! Não! Não é nada disto!
Mas..., como não? A reunião não é para conversar com os espíritos amigos?
Não, a grande maioria das mediúnicas dos centros espíritas destina-se a atender a espíritos sofredores e neste objetivo ocupam 75 a 85 por cento do seu tempo. Ou seja, se a reunião é prevista para durar uma hora, de 45 a 50 minutos do tempo é para intercâmbio com sofredores.
Mas não foi isto que Allan Kardec ensinou e nem sugeriu para que os espíritas fizessem!
Não importa, mas é isto que o movimento estabeleceu. Se está de acordo ou em desacordo com Kardec, não tem a menor importância.
E os espíritos amigos, aqueles que desejam conversar com as pessoas, orientar, trocar idéias e falar da doutrina, não participam?
Os que desejarem participar, poderão, no máximo, fazer uma rápida saudação e pronto. Não podem falar muito porque o pequeno espaço de aproximadamente dez minutos deve ser usado para outros companheiros que, por educação e respeito ao direito dos outros se manifestarem, preferem mesmo só fazer a saudação e mais nada.
Gente, mas isto não tem nada a ver com o que Allan Kardec praticou. Não foi desse jeito que ele ensinou, está claríssimo na Revista Espírita.
Ihhhhh, você agora vem querer falar em Revista Espírita? Acho bom você calar essa sua boca, senão vai ser considerado polêmico e se não calar por bem vão tentar fazer você se calar por mal.
Mas... como??? apenas considerar-me como polêmico, e nada mais? Não se discute, não se aprofunda no assunto e fica tudo por isto mesmo?
É assim mesmo. Quando não há competência e capacidade para enfrentar um companheiro, discutindo olho no olho, de livro aberto, é mais cômodo qualificá-lo apenas como polêmico, porque aí sai-se pela tangente e não há risco de expor muito a carência doutrinária de alguns.
E assim a mediúnica 2 se encerra, sem ninguém aprender nada de novo, sem haver qualquer avanço no conhecimento da doutrina, sem que os espíritos sejam ouvidos para nada, já que a presença deles não tem a menor relevância.

Conclusão

Fica aí a conclusão para ser tirada pela sua inteligência.
Onde há mais humildade, em se comparando os dois ambientes?
Onde há mais amor, mais carinho e mais afeto?
Onde há mais disposição de trabalho com os espíritos?
Onde as pessoas têm mais consciência de que os espíritos desencarnados são as mesmas pessoas que viveram entre nós e que a relação deve ser normal, sem reverências e sem formalidades?
Onde melhor pode se definir a palavra Caridade?

Detalhe: Não sou umbandista, sou espírita, mas também não sou cego e muito menos burro.
Para finalizar, me responda uma pergunta:
Onde é que estão, mesmo, os nossos irmãos inferiores?
          Abração a todos.

                           Alamar Régis Carvalho
          Analista de Sistemas, Escritor e ANTARES Dinastia

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