De onde vêm os Espíritos?
Esta pergunta nos veio da Austrália.
Lembremos, inicialmente, que os Espíritos são os seres inteligentes da criação; é assim que O Livro dos Espíritos se refere ao assunto na questão 76.
“São eles obra de Deus”, diz-nos a questão 77 do mesmo livro.
Em sua origem, o Espírito é tão-somente um princípio inteligente, que se elabora e se individualiza pouco a pouco em uma série de existências que precedem o período a que chamamos humanidade, como nos é dito na questão 607 da obra mencionada.
Eis o texto integral da questão 607:
607. Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento? “Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
a) Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não? “Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.” (O grifo é nosso.)
b) Esse período de humanização principia na Terra? “A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção.”
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No cap. VI do livro A Gênese, de Kardec, Galileu (Espírito) confirma o que acabamos de ler afirmando que o Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Apenas a contar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades.
Gabriel Delanne e outros autores, como André Luiz, ratificaram tal entendimento, o que nos permite concluir que é passando pelos diversos graus da animalidade que o Espírito se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades.
Chegado, então, ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ele recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana, fato que elucida, segundo nosso entendimento, a dúvida que nos foi apresentada
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