Fernando A.
Moreira
“Pois o que
aproveitará o homem, se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida ou causar
dano a si mesmo?”
(Lc 9:25, Mc
8:36)
Suicidar-se é causar a própria ruína.
Indagados, sabiamente por Kardec, se seria
suicida o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe
haviam de apressar o fim, os Espíritos responderam:
“É um suicídio moral.”
(1)
Na interrogação seguinte, para situar a gravidade deste
comportamento em relação à culpa do que tira de si mesmo a vida, num ato de
desespero, os Espíritos, referindo-se ao primeiro, esclareceram:
“É mais culpado, porque tem tempo de refletir
sobre o seu suicídio.” (1)
No suicídio direto ou intencional, o suicida num
momento de insanidade e desespero, emprega um veículo de ação imediata; uma
arma de fogo disparada e endereçada a um centro vital, um instrumento
cortante para lesar os punhos, a ingestão de veneno corrosivo ou tóxico, se
precipita de grandes alturas ou promove o próprio enforcamento. São todas
formas, além de outras, de provocar sinistramente a cessação da vida
material, instantaneamente.
“O suicídio não consiste somente no ato
voluntário que produz a morte instantânea, mas em tudo quanto se faça
conscientemente para apressar a extinção das forças vitais.” (2)
Aqui o suicídio é indireto ou não intencional, porque embora
exista a consciência de se estar causando um mal orgânico, por
inconseqüência não se consegue a ele resistir, devido à vinculação por
hábito ou vício a este fator desencadeante, que vai corroendo o organismo
aos poucos, ou o coloca em risco desnecessário, acabando por provocar a
morte física. Também aqui, o muito é feito de muitos poucos. Neste caso,
creio que os termos intencional ou não intencional
sejam mais apropriados do que involuntário ou inconsciente, porque a
prática do suicídio direto ou indireto, exige justamente vontade e
consciência, como foi definido acima. No primeiro caso existe a nítida
intenção de se extinguir a vida com brevidade, no segundo, mesmo não
existindo, chega-se a este fim; é como se ingerisse um veneno em dose única,
letal, ou em doses fracionadas, homeopaticamente, respectivamente, com plena
consciência destes malefícios.
Cometem, neste último caso, suicídio não
intencional, os que se entregam aos vícios do tabagismo, do etilismo, das
drogas alucinógenas, dos jogos de azar; são ainda suicidas, “os gastrônomos
e filopanças, que não comem para viver, mas vivem para comer,”(3)
ocasionando, devido a dieta desregrada, acúmulo de substâncias
indesejáveis no organismo (colesterol, glicose, lipídios, etc.) que
irão propiciar o desencadeamento de doenças (arteriosclerose, diabete,
obesidade, etc.), com todas as suas conseqüências, que podem assim levar em
longo prazo, à morte prematura.
“Antes de se fazer perceptível na organização
física, a doença, como disfunção dos centros vitais, já se encontrava
instalada no perispírito.” (4)
Tais sintonias repercutem-se no psicossoma, causando ou
desencadeando doenças nos órgãos predispostos, como nos relata André
Luiz em “Nosso Lar” (5), quando foi considerado suicida por ter levado
uma vida desregrada, à custa de excessos de alimentação e bebidas
alcoólicas, além de descomedimentos que lhe ocasionaram a sífilis; os
centros vitais assim atingidos vieram ocasionar seu desencarne precoce, por
isso considerado um suicida, advertindo ainda o mentor espiritual que lhe
orientava, de que “(...) tua posição é de de suicida inconsciente(...);
centenas de criaturas se ausentam diariamente da Terra, nas mesmas
condições.” (5)
Cometem também suicídio os que imprimem,
desnecessariamente, altas velocidades em seus veículos, sujeitando-os a
colisões e colocando suas vidas em alto risco, os torcedores fanatizados que
levam às últimas circunstâncias suas paixões clubísticas e os praticantes do
sexo desregrado.
“Mas não é somente aí, no domínio das causas
visíveis, que se originam os processos patológicos multiformes. Nossas
emoções doentias mais profundas, quaisquer que sejam, geram estados
enfermiços.(...) Tendo-se presente que a mente é geradora de saúde e de
doença, mágoas, ressentimentos, desesperos,
atritos e irritações entretecem crises do pensamento, estabelecendo lesões
mentais que culminam em processos patológicos.” (4)
Atentam ainda contra a vida os que anseiam a morte, desejando
que se concretize a cada instante e solicitando-a constantemente ao
Criador, na tentativa de burlar a Lei Natural, num ultraje ao Senhor da
Vida.
Assim, tais pensamentos e tais vontades têm uma
aparência fluídica que imprimem marcas significativas no perispírito a se
transmitirem ao corpo físico.
“O invólucro fluídico do ser depura-se,
ilumina-se ou obscurece-se segundo a natureza elevada ou grosseira dos
pensamentos em si refletidos. Qualquer ato, qualquer pensamento,
repercute-se e grava-se no perispírito.”
(6)
O Espírito vai assim calcando sua marca vibratória no
perispírito e este, por sua vez, no corpo físico e via pineal
repercutindo-se finalmente nos bióforos, “unidades de força
psicossomática atuando no citoplasma e através dos quais são projetadas
sobre as células os estados da mente, determinando inclusive a saúde e a
doença.” (4)
Tais perturbações energéticas alterando progressivamente as
células, podem acabar por ocasionar a cessação da vida
orgânica.
A ciência vem provando que emoções negativas e a depressão
(raiva, medo ou tristeza) enfraquecem a resposta do sistema imunológico, que
produz menos anticorpos, com conseqüente queda das defesas orgânicas. Nada
mais do que , nós espíritas, já sabíamos.
“A glândula pineal regula, provavelmente, esta atividade
imunológica; exerce sua ação no mais importante centro de integração do
sistema vegetativo e do sistema nervoso cerebroespinhal: o hipotálamo.”
(7)
Todas são formas de, negligenciando o corpo, abreviar a estada
terrena, com sérias conseqüências espirituais, denotando o assim suicida,
covardia moral, que há de ser combatida com urgência, pela coragem moral e
amor à vida, e zelando por ela, utilizaremos deste empréstimo divino, não
para o destruir, mas para construir sobre ele a depuração de nosso
Espírito.
“Preserva o teu corpo, preparando-o para
servir de domicílio pelo período mais longo possível, a fim de que não te
encontres entre aqueles que chegaram à Pátria espiritual antes da hora, pelo
nefando instrumento do suicídio indireto.” (8)
BIBLIOGRAFIA
(1) KARDEC, Allan.
O Livro dos Espíritos. 68ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987, p.
442, perg.952.
(2) KARDEC, Allan.
O Céu e o Inferno. 37ª ed. Rio de Janeiro:FEB, 1991, pg
300.
(3) VALLE, Waldo Lima
do. Morrer e Depois? 2ª ed. João Pessoa: ed. A União, 1997,
pg. 239.
(4) ZIMMERMANN,
Zalmiro. Perispírito. 1ª ed. São Paulo: CEAK, 2000, pg. 366,
375, 376, 508.
(5) XAVIER, Francisco
Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Nosso Lar. 6ª ed. Rio de
Janeiro: FEB, pg. 27, 28.
(6) DENIS, Léon.
Depois da Morte. 18ª ed.Rio de Janeiro: FEB, 1994, pg.
208.
(7) NOBRE, Marlene R.S.
Obsessão e Suas Máscaras. 7ª ed.: Ed. Jornalística Fé, 1997,
pg. 230
(8) FRANCO, Divaldo. Pelo
Espírito Joanna de Angelis. Reformador, setembro/2003, pg.
20.
(Trabalho
publicado no Reformador)
Portal A ERA DO ESPÍRITOhttp://www.aeradoespirito.net/
Planeta ELIO'S (Temas Espíritas)
http://emollo.blogspot.com.br/
Planeta ELIO'S (Temas Espíritas)
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