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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O anti-Cristo invadiu o Espiritismo II

Queridos Irmãos, em primeiro lugar quero agradecer a todos os que leram e comentaram o artigo, independentemente de concordarem com a minha opinião ou não. A realidade que melhor conheço é a de Portugal, muito embora através de outros irmãos que comigo partilham ideias tenha conhecimento de como vai o Espiritismo noutros lugares. Uma vez mais este texto teve que ser dividido em dois para não exceder o número de carateres permitido no forum. Irei responder ao argumento de alguns irmãos, mas já agora aguardo que leiam a segunda parte do artigo. Muita Paz para todos. Um abraço fraterno
Margarida

Por outro lado, a afirmação de que a Bíblia não serve para nada significa entrar em conflito com as organizações religiosas que a têm como o seu texto sagrado. Sendo o Espiritismo uma doutrina aberta e respeitadora de todas as ideologias religiosas, esses que fazem tais afirmações dão uma imagem falsa do movimento espírita, além de manifestarem uma profunda falta de respeito pelos parceiros religiosos das outras confissões.

Entregues à avidez de protagonismo, dito em português suave, subdividiram o movimento em tantos grupos quantos os interesses de quem pretende denegrir uma doutrina respeitável.

Assim, temos as associações de tudo e mais alguma coisa, dirigidas por magníficos, por extraordinários, por grandes tribunos, por excelentes cuja presidência foi conquistada à custa de horas perdidas em reuniões onde toda a gente “botava faladura”, e onde todos queriam chegar ao nobre cargo. Mas como a porta é estreita, claro está que só os mais, os super bons atingiram o tão almejado podium.

Temos assim os excelentíssimos senhores e as excelentíssimas senhoras presidentes, que escrevem muitos livros ditados por Entidades famosas, que não dão vazão a tantas solicitações, que correm seco e beco a ensinar como dirigir, mandar, modernizar, desenvolver tudo e mais alguma coisa dentro do movimento; que criam normas e máximas que todos devem cumprir, sob pena de estar tudo em muito mau astral. São eles que fazem as limpezas morais dentro do Espiritismo, que se encarregam da nobre missão, e tão nobre que ela é, de expulsar tudo o que está podre, excumungando gente séria. São “venerados e adorados, os protegidos” dos Espíritos superiores, cujas comunicações são incontestavelmente escritura sagrada. Têm sempre a última palavra, nada têm a aprender, são correctíssimos, pois a sua nobilíssima missão confere-lhes uma aura protectora de tal modo forte que não há nada negativo que entre com eles. 

Promovem encontros de trabalho em locais caros de ambiente hollywoodesco, onde se paga bem, pois não brincam em serviço; maldizem de quem se lhes opõe, vendo em tudo e todos um inimigo em potência, uma vez que pode fazer vacilar a sua permanência no cargo ou denunciar a sua inutilidade.

Esses falsos espíritas não acreditam no Espiritismo nem o compreendem. São forças ao serviço do Mal. Não tenho dúvidas de que se muitos os vissem nas suas auras, bem como àqueles a que dão crédito, fugiam a sete pés. São desconfiados e vaidosos, usam uma linguagem confusa e pouco ou nada sabem da Doutrina. O que pensam saber é para ser usado contra os irmãos que abnegadamente trabalham com dedicação na Casa espírita. São manipuladores, perigosos, mentirosos e facilmente levantam falso testemunho de quem quer que seja. Não olham a meios para atingir os fins. Alguns falam com voz mansa, muito terna; são os mais disciplinados nos Centros porque fanáticos na intransigência. Têm resposta pronta para todas as perguntas, resolvem todos os problemas porque, no seu pensar mesquinho, tudo é por demais ridículo. Possuem uma lógica insana e justificam os problemas de forma fria, calculista e culpabilizadora, terminando os seus discursos com, mais ou menos repticiamente, alusões ao fim do mundo, no intuito de assustar o auditório tentando fazer da Doutrina um movimento apocalíptico.

Este grupo está a ganhar adeptos de dia para dia, força e solidez na tentativa de deitar por terra o Espiritismo. Mas, como quem por Deus anda por Deus acaba, não tenho a menor dúvida de que o outro lado, aqueles que lutam pelo bem, que pretendem seguir e dar exemplo de um Jesus verdadeiramente tolerante, criador de uma doutrina baseada no amor entre todos os seres da Criação, integralista e pluralista, vencerá pelo seu silêncio, pelo muito trabalho em prol do próximo e da verdade, da fraternidade e da paz entre todos os povos.

Quem não entender que Jesus veio dar o exemplo de um amor incondicional, muito para lá das doutrinas, e que transcende esta mesma existência, donde a sua morte foi um acto de amor sublime, e a sua reaparição três dias depois a maior esperança e certeza de uma vida que não se esgota na morte; quem não entender que não somos nada neste emaranhado complexo que é o universo que nos rodeia; quem não entender que não passamos de meros aprendizes e que só com o outro somos seres éticos, quem não perceber que a caridade só salva quando feita com amor e quando exercida com um intuito libertador para aquele que a recebe; quem não entender que o outro não é um meio mas um fim, que ele não pode ser usado como chave-mestra dos males que lhe são alheios; quem não perceber que o outro não é sabão para limpar a alma de ninguém; quem ainda teimar em continuar a usar a Doutrina como um processo de comunicação com os Espíritos privilegiado face às outras doutrinas, quem não entender isso é uma força das trevas, um ser perigoso, um agente ao serviço do Mal.

Não se pense que os há apenas dentro do Espiritismo. O modus operandi dessas Entidades encarnadas é idêntico em todas as doutrinas, o que está a levar à crise de vocações, de valores, de objectivos verdadeiramente santificantes. O que estou a dizer do Espiritismo digo-o para todas as correntes religiosas. As Entidades negativas e os respectivos comparsas encarnados agem em todas as frentes. Os religiosos convictos sabem perfeitamente que o mundo precisa do pluralismo religioso para conduzir a Humanidade a bom porto; que ninguém caminha sózinho e as doutrinas, enquanto meios, caminhos, hipóteses também não. O fanatismo e o fundamentalismo estão a criar a insegurança, a pôr em causa os princípios de fraternidade, coexistência pacífica e harmoniosa entre as doutrinas. Os espíritas têm que perceber que o Espiritismo não é o futuro da Humanidade, como não o é qualquer outra doutrina à face da terra. Como será o futuro religioso e a espiritualidade ninguém o sabe. Os movimentos existentes são todos caminhos para Deus em idênticas condições. É o bem que cada um faz que o ergue às mais altas falanges, e não o facto de pertencer a esta ou àquela doutrina. A nossa diferença nos caminhos que seguimos é uma questão de sensibilidade, não de evolução, como se diz à boca cheia dentro do Espiritismo. Se os seres das trevas agem de forma idêntica em todos os grupos, o mesmo acontece com os que estão ao serviço do Bem pois que Deus está em toda a parte. Se todos estamos neste mundo é porque estamos sensivelmente ao mesmo nível. Não há superiores nem inferiores.

Assim sendo, permita-me, amigo Leitor, que diga o seguinte:

O Espiritismo é uma doutrina de paz e esperança. Não é uma doutrina apocalítica e como tal não pretende angariar adeptos à custa do medo do fim do mundo. O Espiritismo combate o medo, fortalecendo cada um na sua fé. Como? Primeiro, ao defender que a vida não começou nem acaba neste mundo terreno em que vivemos; segundo, que somos portadores de vivência, experiências acomuladas, saberes que fomos conquistando ao longo de tempo imemorial; terceiro, que vale a pena lutar por nos tornarmos melhores. Em que se baseia o Espiritismo para promover tais princípios? Em primeiro lugar nas máximas de Jesus, donde Kardec foi um dos seus leitores, acolitado por Entidades que vieram dar, à altura, os esclarecimentos às questões que se colocavam na época (séc. XIX) tendo-se prolongado algumas até aos nossos dias. 

Esta doutrina é um movimento no mais amplo sentido do termo. Está aberta a toda a gente, não discrimina ninguém, uma vez que o Centro espírita é uma casa de oração, de recolhimento e de bem-fazer. 

Quanto aos que trabalham ao serviço das trevas, a oração benevolente encarrega-se de esclarecer aquele que ora, em todos os grupos religiosos. A aura protectora da oração e do bem fazer baseia-se no desmascarar de quem trabalha ao serviço das negatividades. Por isso, é de oração que o mundo precisa.
Margarida Azevedo

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Bibliografia

KARDEC, A., O Evangelho Segundo o Espiritismo, CEPC, Lisboa, 1987, Introdução, p.18, cap.IV, p.69, cap. XIV, p.159.

Bíblia, tradução de João Ferreira de Almeida 

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