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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Caridade, a filha dileta do amor


Toda assistência que dispensarmos a alguém será uma ação meritória, mas não necessariamente caridosa se não for inspirada no amor
 •  F. Altamir da Cunha
Se perguntássemos o que é a caridade, com certeza seriam apresentados vários conceitos, suficientes para enlevar e emocionar qualquer pessoa. Em termos práticos, seriam citados: doação de pão para mitigar a fome, de roupa para vestir o nu, desprendimento dos bens que possuímos em favor dos necessitados, ou até mesmo o sacrifício da própria vida em benefício do próximo.
Sem sombra de dúvida, a caridade poderá refletir-se na prática de todas estas ações, mas nem sempre elas atestam a prática da verdadeira caridade.
Na literatura árabe é conhecida a afirmação de que Deus valoriza mais o advérbio do que o verbo em si. Isso nos conduz a uma profunda reflexão, por sabermos que o verbo representa ação, e o advérbio o modo como a realizamos; ou seja, é o sentimento que move o agente à prática da ação.
O amor é um sentimento, e porque não dizer, o mais puro sentimento! Daí concluirmos que toda assistência que dispensarmos a alguém será uma ação meritória, mas não necessariamente caridosa se não for inspirada pelo amor, pois a caridade é o amor em ação. Esse entendimento não é sem lógica ou sem respaldo, ele é o mesmo sustentado por Paulo de Tarso em I Coríntios 13:1-8. Paulo disserta de forma simples, mostrando o que é e o que não é caridade, na tentativa de fazer-nos compreender que ela não pode ser dissociada do amor:
a) O que não é caridade
1 -“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.”
2 -“E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.”
3- “E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”
É inegável que muitas vezes ações generosas podem se manifestar, com o propósito de minimizar as provações de um indivíduo ou de uma coletividade, mas é comum essas ações serem apenas circunstanciais. A caridade legítima é praticada com abnegação, independe de circunstâncias e é surda à voz dos interesses mesquinhos; somente o amor pode inspirá-la.
Paulo não desconhecia a astúcia dos que praticam a caridade de fachada, em lugar de promoverem a caridade, se promovem com o nome da caridade, por isso advertiu que nada adiantaria falar a língua dos homens e dos anjos, ter o dom da profecia ou distribuir os bens para o sustento dos pobres, se não tivesse amor. Somente com amor é possível vencer as barreiras da vaidade e do egoísmo para praticar a caridade sem a mescla dos interesses pessoais.

b) O que é caridade
4 - “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece,”
5 - “não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal;”
6- “não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade;
7- “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
8- “O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;”
Paulo exaltou a benignidade do amor e reconheceu-o como incompatível com a inveja, a vanglória, a irritação, a injustiça ou quaisquer outros vícios ou fraquezas humanas. Não poderia ser diferente; todas as fraquezas humanas são sombras transitórias que habitam a alma enquanto nela não desperta a luz divina do amor.
O apóstolo dos gentios atestou a perenidade do amor quando afirmou que ele jamais se acaba.
O amor é a presença do Criador na criatura; quem verdadeiramente ama tem a certeza de que tudo passará, mas o amor permanecerá; assim compreendendo tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, mas não desiste de praticar a caridade.
Finaliza Paulo ensinando que o amor dispensa profecias, línguas e ciência.
Não há quem possa contestar, o amor é um sentimento transcendente e atemporal que foge a qualquer limitação da matéria. No amor, passado, presente e futuro se fundem num só estado – o pleno conhecimento; nesta condição, é dispensável a profecia, o dom de línguas e a ciência dos homens.
Ante essa excelsitude do amor e sua filha dileta, a caridade, foi que Tiago ensinou: “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta”, e a Doutrina Espírita instituiu como estandarte: “Fora da caridade não há salvação”
http://www.oclarim.org/site/

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