a partir de maio 2011

sábado, 9 de fevereiro de 2013

A Bíblia e o Espiritismo


A BÍBLIA E O ESPIRITISMO.
Por Paulo Artur Gonçalves

INTRODUÇÃO:
  A Bíblia, apesar de ser um dos livros mais vendido no mundo, não faz parte da literatura espirita como livro sagrado e de fé religiosa.
  Kardec fez citações de falas de alguns profetas objetivando mostrar a existência da crença na reencarnação, devidamente documentada, desde as mais remotas épocas já que a bíblia é um livro milenar.
  Antes de apresentar as razões vamos conceituar como será usada a palavra Deus neste artigo.
  Deus, com “D” maiúsculo para significar “Inteligência Suprema do Universo, causa primária de todas as coisas” (Kardec) ou “A Lei e o Legislador do Universo” (Einstein), ou simplesmente Ser Supremo como muitos o fazem.
  Deus, com “d” minúsculo para significar intermediário entre Deus e o homem podendo este intermediário ser chamado de deus, santo, guia, orixá, mentor ou nomes próprios de divindades atuais e antigas.
  Passamos a grafar as referencias a este “intermediário” como “guia (deus)”.
  No original da bíblia esse deus se apresenta com seu nome próprio Iahweh.
  No primeiro mandamento do decálogo de Moisés está:

  1. ”Eu sou o senhor, vosso guia (deus), que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros guias (deuses) estrangeiros. - Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano, porque eu, o senhor vosso guia (deus), sou guia (deus) zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta gerações daqueles que me aborrecem, e uso de misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.”
  O próprio guia (deus) de Moisés diz explicitamente que existem outros guias (deuses).
OBS: Quanto aos 10 mandamentos convém frisar que não são lei de Deus e sim do deus (guia) de Moisés.
  Esta lei do deus (guia) de Moises contem três partes.
  A primeira parte são os dois mandamentos iniciais onde no primeiro esse deus(guia) cobra respeito e fidelidade a si próprio e no segundo exige respeito ao usar seu nome.
  Na segunda parte cria, no terceiro mandamento, um feriado nos sábados.
  Na terceira parte, do quarto ao decimo mandamento (Honrar pai e mãe, Não matar, Não cometer adultério, Não roubar, Não prestar falso testemunho. Não desejar a mulher do próximo, Não cobiçar as coisas alheias) está um conjunto de leis sociais fáceis de memorizar muito adequadas a um povo primitivo.
  Estas leis são incompletas visto que nada fala sobre orgulho, egoísmo, ganancia etc. que estão contidos na doutrina de Jesus.
  As leis morais que o espiritismo ensina são as pregadas por Jesus em sua doutrina conforme está no Evangelho Segundo o Espiritismo.
  Estas é que na realidade são as leis de Deus.
  As leis de Deus estão escritas, de forma latente, no único livro sagrado que existe que é a consciência do homem. 
  É necessário fazer aflora-las e foi exatamente isto que Jesus objetivou com sua doutrina.
  O espiritismo difere das demais religiões cristãs ao apresentar estas leis sem nenhum dogma que as tire de evidencia.

2. COMO O VELHO TESTAMENTO SE INCORPOROU AO CRISTIANISMO.
  Não se tem noticia de Jesus fazendo referencia aos livros da lei dos profetas contida nos cinco livros do Torá: Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, e outros como Profetas, Reis, etc.
  Estes livros são a base do Velho Testamento.
  Tem-se varias passagens no Evangelho dos doutores da lei (sacerdotes) tentando fazer, sem sucesso, Jesus contradizer estas leis.
  Também sabemos que Jesus foi preso, flagelado e crucificado por ação destes doutores da lei. Eles temiam perderem seus privilégios de serem os representantes do guia (deus) dos hebreus.
  A pergunta é como estes livros vieram e permearam o cristianismo sendo que para algumas religiões cristãs eles são mais importantes que os ensinamentos do próprio Jesus?
  Os apóstolos e primeiros seguidores de Jesus eram judeus e tinham a lei dos profetas, ritos e dogmas como vindos de Deus.
  Se Jesus separava bem as coisas, eles não.
  A consolidação da incorporação destes livros ao cristianismo se deu por Santo Agostinho incentivado por santo Ambrósio, bispo de Milão no século V.
  Isto ocorreu logo após São Gerônimo ter feito uma tradução dos textos judaicos para o latim que passou a se chamar Vulgata.
  O argumento utilizado foi:
  “Para pregar o novo Evangelho, é indispensável conhecer a fundo as Escrituras, que só podem ser bem interpretadas através da fé, pois apenas esta sabe ver ali a revelação de verdades divinas”.

3. INTERPRETANDO ALGUNS TRECHOS DO VELHO TESTAMENTO.
  Alguns textos do velho testamento induzem um culto a um guia (deus) pessoal que quer ser venerado em troca não castigar e ainda ser “fiel” ao crente ajudando-o com milagres a resolver casos amorosos curar doenças e ainda resolves problemas financeiros.
  Dizem os seguidores da Bíblia que estes textos devem ser corretamente interpretados.
  Entretanto para alguns trechos destes cinco livros não há interpretação que os conserte. Vejamos:
  Deuteronômio cap. 20 v 10 a 16:

  *Quando de aproximares para combater uma cidade, oferecer-lhe-ás primeiramente a paz.
  *Se ela concordar e te abrir as portas, toda a população te pagara tributo e te servirá.
  *Se ela te recusar a paz e começar a guerra contra ti, tu a cercarás, e quando o senhor, teu guia (deus), te houver entregado nas mãos, passará a fio de espada todos os varões que nela houver.
  *Só tomarás para ti as mulheres, as crianças, os rebanhos e tudo o que se encontrar na cidade, e comerás os despojos dos teus inimigos que o senhor, teu guia (deus), te tiver dado.
  *Farás assim a todas as cidades muito afastadas, que não são do numero destas nações.
  *Quanto às cidades daqueles povos cuja possessão te há de dar o senhor, teu guia (deus), não deixará nelas alma viva.
OBS: A única interpretação possível para isto é crime e ainda por cima hediondo.
  *Cobrou impostos em dinheiro (Êxodo cap. 30 v 11 a 16) como condição para que o fiel não sofra flagelo (v. 12);
  *Determinou que todo ouro, prata, objetos de bronze e ferro saqueados na tomada de Jericó passassem a integrar seu “tesouro sagrado” (Josué – Tomada de Jericó, Cap. 6 v 19);
  *Fez aliança, exigindo uma arca de ouro (Êxodo cap. 24 v 10 a 23), é fiel, castiga, premia e exige fidelidade proibindo alianças com outros guias (deuses) (Êxodo – várias passagens);
OBS: Isto não é a base para os representantes de guia (deus) tornarem seu negócio lucrativo?

  Os espíritos, na codificação de Kardec, tampouco tentam interpretar estes livros.
  Está certo que o velho testamento da Bíblia cita comunicações com espíritos.
  Também outros livros ditos sagrados de outras religiões o fazem.
  Os espiritas sabendo que esta comunicação existe e devem se ater em estuda-las para fazer melhor uso delas. Isto é muito mais útil.
  Sem nenhum desrespeito, é pura perda de tempo ficar fazendo estes estudos bíblicos que não fazem parte dos livros espiritas.
  O espiritismo se propõe a ser uma religião cristã pura baseando-se nos ensinamentos de Jesus como ele os pregou.

A BÍBLIA É O ÚNICO LIVRO “SAGRADO”?
  Não é! A Bíblia só alcança as religiões Abraâmicas tais como o Judaísmo, Islamismo e cristãs modificadas.
  Como cristãs modificadas estão os católicos, protestantes tradicionais, ortodoxos, evangélicos, etc. Não inclui o espiritismo.
  Elas são modificadas porque a Bíblia acrescentou ao evangelho de Jesus os textos do Velho Testamento e ainda muita coisa como Novo Testamento.
  Os textos do Velho Testamento, até então chamados lei dos profetas contem muita coisa que nada tem a ver com o cristianismo e produziram dogmas a ponto de, em algumas delas, se tornarem maiores que o ensinamento do próprio Jesus.
  Outros povos têm outros livros, ditos sagrados.
  Um exemplo disto é o Hinduísmo com os Vedas.
  Como a Bíblia, é dito que os Vedas também foram inspirados por um guia (deus).
  Se ambos tivesse sido inspirados por Deus e em sendo Ele único seria natural que ambos contivessem ensinamentos convergentes.
  Ao compara-los no que diz respeito à gênese do universo e do homem, temos:

4.1 - Gênese do Universo:
4.1.1 - Segundo Velho Testamento da Bíblia.

DIA 1
   Manhã: Criou terra e o céu vazio e escuro.
   Tarde: Criou a luz. Separou luz de trevas

DIA 2
   Manhã: Criou um firmamento no meio das águas. Tendo água do céu e águas de baixo
   Tarde: Entre as águas de baixo criou o elemento seco... Terra.

DIA 3
   Criou árvores e plantas que passaram a produzir
   OBS: Como as árvores puderam produzir sem a fotossíntese visto que a luz só foi criada na etapa seguinte?

DIA 4
   Criou lumiares no Céu. Sol para o dia. Lua para a noite. As estrelas para o céu.

DIA 5
   Criou peixes nas águas e aves no céu

DIA 6
   Criou animais domésticos, repteis animais selvagens.
   Criou o homem e mulher a sua imagem.

DIA 7
   Descansou

4.1.2 - Segundo os Vedas (1).
  O universo é um sonho de Deus (Brahma).
  Apos um século de Brahma (314 trilhões de anos) o universo se dissolve num sonho sem sonhos. 
  Ai recomeça. Ele recompõe-se num novo sonho. 
  É o sonho cósmico de Deus que é um ciclo sem fim de renascimentos e mortes.
  São muitos os guias (deuses) Hindus que cooperam (Intermediários que trabalham sob a coordenação de) com Brahma.
  Shiva e Vishnu principais auxiliares de Brahma. 
  Shiva na criação do Universo e Vishnu na do homem.
  Nosso universo é o sonho cósmico de Shiva
  Enquanto isso... Em outro lugar... Há um número infinito de outros universos... Cada um com seu próprio deus (outros Shivas?)... Sonhando o sonho cósmico.
OBS:
  Na antiguidade a visão de universo era muito restrita.
  Assim, entende-se que Shiva é o auxiliar de Deus na formação terra e talvez do sistema solar.
  Nesta linha de pensamento é bem admissível que existam outros Shivas cooperando com Deus na formação de outros mundos (universos).

4.1.3 - Segundo a ciência.
  Criação significa partir de um principio e Lavoisier nos ensina que nada se cria nada se perde tudo se transforma.
  Einstein nos ensina que Deus é a Lei e o Legislador do universo.
  A ciência fala de um Big Bang, agora atrelado a Teoria das Cordas.
  Pela teoria das cordas existem 11 Branas (planos ou dimensões paralelas) que se movimentam e a cada 3 trilhões de anos se tocam em algum ponto.
  Neste ponto em que se tocaram se forma um Big Bang em cada um destes Branas que se tocaram.
  Assim temos uma sequencia eterna de Bigs Bangs que se formam, expandem, esfriam e se diluem. 
  O espiritismo nos ensina que Deus é a Inteligência Suprema do Universo, Causa Primária de todas as coisas.
  O hinduísmo diz que o universo é sonho (forma pensamento) de Deus e é um ciclo sem fim de nascimentos e mortes. (1)
  Tendo sido Sidarta um príncipe nascido em Gautama (região da então Índia) teve acesso a esses ensinamentos.
  Sidarta é o nome do primeiro Buda e fundador do budismo.
  O Budismo chama isto de gênese continuada.
  O espiritismo deixa esses assuntos com a ciência.

4.2 - Gênese do homem:
4.2.1 - Segundo o Velho Testamento da Bíblia:
  É o conto de Adão e Eva, já de conhecimento de todos.

4.2.2 - Segundo os Vedas (1):
  Na gênese do homem o guia (deus) Vishnu se apresenta em dez reencarnações  (melhor trocar a palavra reencarnações por interações) com vários outros nomes, que bambem são chamados de guias(deuses). Vejamos:
  Estas 10 reencarnações do guia (deus) Vishnu recebem o nome de "Dasa Avatar".
  Em cada uma delas o guia (deus) Vishnu é apresentado com uma forma e recebe um nome auxiliar ou um apelido,
(OBS: No panteão de guias (deuses) hindus acabam por serem confundidos com guias (deuses) diferentes).
As dez etapas são:

1- Primeira:
  A vida se formou na água.
  “A representação é de um Peixe com o nome de ‘Matsya Avatar”

2- Segunda:
  A vida saiu da água para a terra.
  A representação é de uma tartaruga com o nome de "Kurma Avatar”

3- Terceira:
  Desenvolveram-se os animais na terra.
  A representação é de um Javali com o nome de "Varaha Avatar”

4- Quarta:
  O homem evoluiu do animal.
  A representação é de um ser metade homem metade animal, com o nome de “Narasimha Avatar”.

5- Quinta:
  O homem desenvolve a inteligência
  “A representação é de um Anão com o nome de ‘Avatar Vamana”.

6- Sexta:
  O homem desenvolve as ferramentas (machado) na idade da pedra.
  A representação é do homem da floresta, com o nome de "Parasuram.”.

7- Sétima:
  O homem desenvolve armas – Arco e Flecha.
  A representação é de um homem com arco e flecha, com o nome de “Ram”.  Representa também as primeiras vilas e comunidades;

8- Oitava:
  O homem desenvolve a agricultura.
  A representação é de um homem com o arado com o nome de Balarama. 
OBS: 10.000 AC. o homem domina a agricultura (fim da era do gelo), sendo:
  Mesopotâmia = trigo
  China =Arroz
  América Central = Milho

9- Nona.
  O homem domestica os animais.
  Representado pelo homem associado com vacas como nome de Krishna. 
OBS: 10.000 AC os animais domesticados são:
  Oriente médio = boi e ovelha
  China = porco e galinha

10- Decima:
  Destruição / 10ª “interação” do guia (deus) Vishnu é Kalki e ainda está para chegar. 
  Acredita-se que montado em um cavalo Devadatha destruirá o mundo. 
  Uma indicação clara de que os seres humanos trarão á um fim à vida na Terra. 
  Após a completa aniquilação, o senhor Vishnu flutua, com seu cavalo branco, sobre escombros da civilização - talvez a última forma de vida restante. 

4.2.3 - Segundo a ciência:
  Da mesma forma que na cosmologia a ciência, nos dois últimos séculos, avançou consideravelmente no campo da biologia e arqueologia.
  Isto transformou a gênese bíblica em lenda, embora muitas religiões ainda insistam nela por estar na Bíblia.
  A arqueologia comprovou que o homem esta incluso na evolução das espécies de Darwin a partir do homo sapiens.
  A cosmologia mostra que a vida evoluiu de uma forma mono celular que surgiu na agua.
  Não vamos fazer aqui um tratado. Vamos apenas citar a cronologia desta evolução, pelo lado da biologia.
  Ela é:

1859 – Charles Darwin - A origem das espécies (Evolução pela seleção natural);
1910 – M.T. Morgan - Seleção natural e a teoria cromossômica da herança;
1918 – Ronald Fischer – Modelo matemático da herança genética;
1937 - Theodosius Dobzhansky – A genética e a origem das espécies;
1942 - Julian Huxley – Evolução: a síntese moderna;

  Anos 60 – Vários autores - DNA e a genética que permitem análises rigorosas;
  Atual – Vários institutos – Clonagem – criação de novas espécies, etc.
OBS: O espiritismo acompanha a ciência!

A BIBLIA FOI INSPIRADA POR DEUS?
  O mesmo ser não poderia produzir dois conceitos tão diferentes, sendo que o Bíblico está totalmente destoante das descobertas da ciência;
  Logo se conclui que nenhum deles foi inspirado por Deus, sendo cada um deles inspirado por guias (deuses) diferentes.
  Se o guia (deus) da Bíblia inspirou um conto infantil e inverídico o guia (deus) dos Vedas inspirou algo que está mais próximo do que a cosmologia esta desvendando, com o Big Bang atrelado a teoria das cordas, e a biologia com a evolução até o homem.
  Não há mais espaço para ficarmos nos prendendo a ensinamentos infantis da Bíblia para este caso.
  A Bíblia foi inspirada pelo guia (deus) dos hebreus (espirito guia deste povo) e não por Deus.

SOBRE O NOVO TESTAMENTO.
  O Novo Testamento contem os quatro Evangelhos (Marcos, João, Mateus e Lucas) e ainda uma serie de documentos (atos, epístolas, etc.).
  O conteúdo do Novo Testamento transcende em muito a doutrina de Jesus tal como ele a pregou, introduzindo dogmas doutrinas etc. que absolutamente Jesus não ensinou nem referenciou.
  Para entender como estes credos chegaram até os dias de hoje é necessário conhecer uma pouco da vida do Imperador Constantino (272 a 337 DC).
  Ele foi o primeiro imperador romano cristão e patrocinador do Concilio de Niceia em 325, o primeiro deles.
  Encontramos uma suposta explicação (2) que descreve desavenças de credos em que se envolveram os cristãos a partir da morte de Jesus e faz um resumo parcial de fatos da vida de Constantino.
  Sobre a desavença de credos temos:
  (2) Nos três primeiros séculos do cristianismo os cristãos estavam supostamente divididos em dois grupos sendo:
  - O primeiro grupo, denominado Paulista (seguidores de São Paulo), que não teve contato direto com a pregação de Jesus.
  Este grupo defendia a divindade de Jesus, santíssima trindade, pecado original, redenção dos pecados pela fé em Jesus (morreu na cruz para pagar nossos pecados), etc.
  - O segundo grupo, denominado Apostólico (seguidores de São Pedro, Barnabé e outros) que tiveram contato direto com a pregação de Jesus.
  Este grupo Apostólico rejeitava alguns dogmas do grupo Paulista como a divindade de Jesus e a santíssima trindade, por ser fiel ao ensinamento da Unicidade de Deus. Por outro lado, ele introduzia ensinamentos da lei judaica tais como circuncisão, tipos que carnes proibidas etc. que o grupo Paulista não aceitava.
OBS: É muito difícil estabelecer com precisão o conteúdo exato destes textos, pois há quem afirme que houve alteração (3) no primeiro artigo de fé do “Credo” - “Eu creio em Deus Pai Todo-Poderoso...” onde a palavra “Pai” foi acrescentada entre 180 e 210 D.C. Se houve uma alteração pode ter havido mais.
  Sobre a vida de Constantino temos:
  (2) Constantino, para assegurar sua própria posição de Imperador, mandou matar o seu filho mais velho Crispus que estava muito prestigiado para sucedê-lo. (OBS: Há outras versões dos motivos pelos quais ele mandou matar o filho)
  Colocou a culpa no enteando e também mandou mata-lo. 
  Acuado pela rainha e seus seguidores, ele foi pedir ajuda dos padres do tempo romano e ouviu dos sacerdotes de Júpiter, que se recusavam a apoia-lo, que não existia oração ou sacrifício que apagassem estes crimes.
  Ficando em situação insustentável em Roma e ele se mudou para Bizâncio rebatizando-a com seu nome...  Constantinopla.
  Lá conheceu o cristianismo (Obs.: Provavelmente pelas mãos de sua mãe Helena que era simpatizante do cristianismo) e aprendeu que com arrependimento e penitencias seus pecados seriam perdoados.
  Aliviou a sua consciência com a confissão e continuou sua saga como imperador pagão.
  Vendo a importância politica de ter os cristãos ao seu lado os apoiava e, da mesma forma, a igreja passou a tirar partido do poder.
  Os padres dos cristãos lhes foram muito uteis nas guerras menores em que venceu atuando até como seus espiões.
  (4) Disputando o controle do Império Romano com Magêncio, Constantino sonhou que se pintasse duas primeiras letras gregas do nome de Jesus Cristo ("X" e "P" superpostos) nas suas armas venceria.
  Fez isto e venceu Magêncio na Batalha da Ponte Mílvio, perto de Roma, tornando-se, no ano 312 DC, imperador do Império Romano.
OBS 1:Na antiguidade a crença de que os guias(deuses) ajudavam nas batalhas era forte.
  Assim, Constantino acreditou que a batalha foi vencida com ajuda do deus (guia) dos cristãos, Jesus.
OBS 2: É crença de alguns de que este fato marcou a conversão de Constantino para o cristianismo, entretanto há outras versões (4) e (5) de que Constantino só se tornou cristão no final de sua vida. O batismo oferecia a absolvição a todos os pecados anteriores. Constantino, por força do seu ofício de imperador, pode ter percebido que suas oportunidades de pecar eram grandes e não desejou "desperdiçar" a eficácia absolutória do batismo antes de haver chegado ao fim da vida.
  (2) Como apoio aos cristãos e para diminuir o poder dos padres do Templo de Júpiter em Roma, que não o apoiaram, Constantino incentivou os cristãos a criarem uma igreja em Roma.
  Ele continuou pagão porem as disputas das duas correntes do cristianismo o incomodava,  já que não se entendiam e hostilizavam entre si.
  Desta forma em 325 ele convocou o Concilio Ecumênico de Niceia congregando os dois grupos.
  Constantino assumiu a coordenação geral este Concílio embora fosse pagão e nada entendia de assuntos religiosos.
  Neste Concilio supostamente se entrou com pouco mais de 270 evangelhos, dos dois grupos, dentre os quais foram escolhidos os 4 (quatro) evangelhos canônicos atuais.
  Como critério de escolha a narração é bizarra, porem vamos a ela:
  Cocaram todos os textos debaixo de uma mesa e todos os bispos rezaram para que no dia seguinte os escolhidos estivessem em cima da mesa e se retiraram, fechando a sala.
  No outro dia estavam em cima da mesa os quatro evangelhos canônicos atuais, por milagre, provavelmente de quem tinha chave da sala (cópia ou original) ou tinha outra forma de entrar.
  Os demais viraram cinzas porem algumas copias existiam sendo fragmentos de algumas delas (evangelhos apócrifos) foram achadas nas cavernas das montanhas do Jordão, perto do Mar Morto... Estão entre os Pergaminhos do Mar Morto.
  Todos os bispos presentes assinaram o decidido em Niceia, como respeito ao imperador.
  Neste concilio, além da divindade de Jesus, existência da santíssima trindade, pecado original, redenção dos pecados etc., ainda referendou-se que:
  - O Sabah cristão passava do sábado para o domingo, dia do deus Sol Invictus.
  - O dia 25 de dezembro, data da comemoração do deus Sol Invictus, seria comemorado o Natal, nascimento de Jesus.
OBS: Com isto Constantino, que cunhava a esfinge de deus Sol Invictus em suas moedas (4),  unificou as principais datas comemorativas dos cristãos e dos pagãos. A partir da batalha de Ponte Mílvio passou a cunhar X superposto ao P.
  (2) O grupo dos Apostólicos assinou as decisões de Niceia sem concordar e continuou não concordando.
  Alguns deles pagaram a heresia da continuidade do culto de suas crenças com a morte, sendo então mártires em continuidade da pratica então existente de martirizar os que não aceitavam as religiões pagãs. 
  Nos anos seguintes o Papa se transferiu para Roma onde o grupo Paulista não tinha opositores e estava bem relacionado com poder.
  Assim, os dogmas e teologias do grupo Paulista foram os escolhidos e persistem até hoje.
  A Igreja Católica foi ganhando força e poder e Lutero e Calvino se rebelaram.
  Eles não contestaram os dogmas principais do grupo Paulista e sim secundários como a adoração de imagens de santos e outros, que não deixa de ser uma continuidade da idolatria das religiões primitivas.

CONCLUSÃO.
  Albert Einstein dizia:
  “Deus é a lei e o legislador do Universo”.  
  “A religião do futuro será cósmica e transcenderá um guia (deus) pessoal, evitando os dogmas e a teologia”.
  Estamos no principio de uma nova era e nela as pessoas tendem a buscar religiões que buscam ser cósmicas, como disse Einstein.
  Religião cósmica busca Deus e não um guia (deus) pessoal que, se louvado, atende pedidos (amorosos, financeiros, etc.) pune, agracia, etc.
  Religião cósmica é isenta de dogmas, teologias, ritos, hierarquia (sacerdotes/pastores bispos, ministros etc.), e não tenta sobrepor suas crenças as descobertas da ciência, nem distorcê-las.
  Um exemplo de distorção é dizer que Darwin afirmou que o homem descende do macaco para ridiculariza-lo. Darwin afirmou que homem e macaco tem um ancestral comum e isto é outra coisa.
  O espiritismo é o que mais se aproxima disto, com seu conceito de fé raciocinada e seu respeito/aderência às descobertas da ciência.
  O velho testamento da Bíblia e os Vedas induzem ao culto de guia (deus) pessoal, que na Bíblia é único e nos Vedas são muitos.
  A seguir os comentários de Abhilash Rajendran em seu blog:
  “Muitas pessoas acham difícil entender o hinduísmo por causa das inúmeras divindades, escrituras e escolas de pensamento. 
  A dificuldade é principalmente devido ao conceito popular de guia (deus) de que existe um guia (deus) sentado em algum lugar nos céus controlando os acontecimentos na Terra. 
  A maioria dos hindus também acreditam em um “Deus Supremo”, porem um hindu pode escolher um guia (deus) pessoal ou guias(deuses) das numerosas divindades do panteão hindu, que são representantes do Ser Supremo – Brahma”
  Isto não é muito diferente entre as religiões cristãs modificadas onde os católicos, além do guia (deus) pessoal herdado dos hebreus apresentam um panteão de santos (intermediários).
  Já os protestantes tradicionais e evangélicos só apresentam um único guia (deus) pessoal, o dos hebreus.
  Por outro lado, Friedrich Nietzsche, Filosofo Alemão do Sec. XIX dizia:
  Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo.
  Na codificação Kardec não incluiu o Velho Testamento da Bíblia e do Novo só incluiu a doutrina de Jesus.
  O espiritismo não ensina a divindade de Jesus.
  Fica claro a sabedoria dos espíritos e Kardec ao incluir, dos quatro evangelistas, no Evangelho Segundo o Espiritismo só o referente à doutrina de Jesus e nada mais referente ao Novo Testamento.
  Os espiritas se dedicam ao estudo da codificação de Kardec e da Bíblia ela só inclui a doutrina de Jesus como ele pregou.
  No Evangelho Segundo o Espiritismo os espíritos vão mais além apresentando Sócrates como precursor de Jesus e não os profetas.
  A proposta do Espiritismo é estudar e aplicar a Doutrina de Jesus! Isto é continuidade da “doutrina de Jesus como ele pregou”, o que é bem diferente de como pregaram por ele e/ou em nome dele.
  A codificação inclui e conceitua coisas que passam no crivo da fé raciocinada  como por exemplo as leis naturais de Deus e explicações do funcionamento e relacionamento dos mundos dos vivos e mundo dos mortos e, esta pronto a mudar caso a ciência demonstre a necessidade disto.
  Melhor assim. A mente que se esclarece nunca mais será a mesma.
  Para encerrar estamos repetindo o que já colocamos na introdução:
  As leis de Deus estão escritas, de forma latente, no único livro sagrado que existe que é a consciência do homem. 
  É necessário fazer aflora-las e foi exatamente isto que Jesus objetivou com sua doutrina.
  O espiritismo difere das demais religiões cristãs ao apresentar estas leis sem nenhum dogma que as tire de evidencia.

Referencias:
(1) Blog de Abhilash Rajendran
(2) “Jesus Um Profeta do Islã”, de Muhammad`Atá Ur-Rahim
Tradução da Dra. Ana Maria de Azeredo Lobo Novais.
(3) Articles of the Apostolic Creed. Theodore Zahn, pp 33-37
(4) Wikipédia.
(5) Cf. Paul Veyne, Quand notre monde est devenu chrétien, Paris, Albin Michel, 2007, pgs.111/114

Nenhum comentário:

Postar um comentário