a partir de maio 2011

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A baixa frequência nos Centros Espíritas



Afinal, os frequentadores e trabalhadores de qualquer Centro Espírita têm conhecidos, amigos e parentes que naturalmente seriam convidados a conhecê-lo.
A tendência normal da população é crescer, nascendo mais pessoas do que morrendo. Assim, com mais pessoas, mais livros são lidos, ocorrem mais acessos a Internet, mais pessoas trabalham, fazem compras, vão ao cinema, e frequentam suas religiões ou entidades filosóficas e altruístas.
No Estado de São Paulo tivemos um aumento da população entre os Censos de 2000 e 2010 de 11,4% e, dos 645 municípios 542 tiveram aumento (84%) e apenas 103 (16%) apresentaram queda na população. Também os espíritas nesse estado tiveram um aumento expressivo de 74%.
Dessa forma, se o Centro que você trabalha ou frequenta não apresentou nos últimos anos um aumento de pessoas nas reuniões públicas e em outras atividades é sinal de alarme. Devem ser mestudadas as possíveis causas e tomadas às medidas para a normalização.
É uma grande responsabilidade administrar um Centro Espírita, tanto do ponto de vista legal e cívico, como sob a ótica moral e espiritual. O objetivo dos gestores será sempre obter o máximo de resultados com o menor contingente de recursos. Isso significa atender bem o maior número de pessoas possível.
Na busca das possíveis causas de o Centro não ter apresentado crescimento, os dirigentes irão enfrentar o desafio de procurarem realmente as razões mais plausíveis que influenciaram de fato para que a instituição não tenha conseguido aumentar a participação de pessoas, ou tenha conseguido em índices baixos. A tendência do ser humano é se defender e procurar mais se justificar do que encontrar soluções, por isso devemos invocar nossos melhores sentimentos visando o bem maior e comum a todos os envolvidos, do que os nossos próprios interesses.
O primeiro ponto a ser analisado é como as pessoas se sentem na casa. O clima que domina o ambiente é transmitido pelos dirigentes e mais ou menos reforçado pelos trabalhadores. Refletem a prioridade dos valores comuns. Em um Centro, por exemplo, os dirigentes podem dar mais importância à disciplina do que a fraternidade. Em outro, podem valorizar mais o dever (obrigação) do que o ideal (fazer por amor). O relacionamento com o público pode ser até correto, eficiente e educado, mas mesmo assim ficar longe do sentimento de fraternidade e de amizade com sua carga de afeto característica.
O segundo ponto a ser ponderado é o conteúdo e o tipo de comunicação que o Centro produz. Não é fácil de ser analisado, pois nos acostumamos com a instituição que trabalhamos e deixamos de perceber o que ela comunica aos seus participantes.
Tudo transmite e contribui para a formação da cultura de cada casa e a da imagem que todos criam da instituição e da própria doutrina. A fachada da casa, seu jardim, sua percepção de limpeza, sua decoração e, naturalmente, o comportamento dos seus dirigentes e trabalhadores. O tom utilizado nas conversas e nas palestras pelos principais formadores de opinião, acabam sendo imitados inconscientemente pela maioria dos trabalhadores sem que eles consigam notar esse padrão, que por vezes pode ser bastante inadequado, como o tom piegas, autoritário, de admoestação, de deslumbramento etc.
Uma análise interessante pode ser feita, verificando quem é o público do Centro. O tipo predominante das pessoas que foram atraídas para a instituição tende a refletir o que realmente a casa está comunicando no conjunto de suas ações. Um Centro autoritário que prioriza a disciplina tende a atrair pessoas condicionadas a obedecer e nunca questionar ou divergir. Centro focado apenas no âmbito religioso tende a reunir pessoas com a mesma mentalidade. Centro que não busca outros conteúdos e sua comunicação não sai do lugar comum, costuma atrair pessoas sem interesse intelectual.
De qualquer modo, as medidas que seguem certamente trarão benefícios para qualquer instituição que se disponha a implementá-las:


  • Mudar postura dos dirigentes e trabalhadores para os aspectos identificados.
  • Incrementar a cordialidade e a fraternidade no relacionamento com as pessoas.
  • Pesquisa sobre satisfação com os frequentadores.
  • Oferecer modelo de Carta ou folheto apresentando o Centro para os vizinhos.
  • Melhorar a comunicação visual (placa, mural, cartazes).
  • Realizar palestras com oradores selecionados.
  • Realizar apresentação de filmes com comentários.
  • Implantar seminários e cursos rápidos.
  • Melhorar a aparência (limpeza, pintura, fachada, jardim).
  • Criar um Serviço de Informações para os novos frequentadores.
  • Criar ou melhorar um Serviço de Atendimento buscando ouvir os frequentadores.
  • Criar ou melhorar homepage.
  • Criar um serviço de receber os comentários, críticas e elogios.
  • Renovar o conteúdo e a forma de ministrar os cursos.
  • Pedir a participação de todos na elaboração de conteúdos e apresentações dos trabalhos.
  • Aproveitar os médiuns psicógrafos, incentivando o exercício dessa mediunidade, exercendo análise, direcionamento e utilizando o melhor conteúdo para divulgação.
  • Criar Centro de Estudo reunindo aqueles que já concluíram os cursos existentes para trabalhos em grupo e aprofundamento de temas.


A falta de crescimento é um indicador importante que não deve ser negligenciado para fazer jus a responsabilidade intrínseca da gestão da casa espírita. Criatividade, inovação e interesse pelo próximo são elementos renovadores que tornam o ambiente propício a novas atividades e estudos com melhor acolhimento e resultados. Assim como crescemos em conhecimento e sentimentos, a instituição também deve acompanhar a evolução dos seus participantes.

Publicado originalmente em: http://www.correiofraterno.com.br

Ivan Franzolim é escritor e comunicador espírita, membro fundador da ADE-SP Associação de Divulgadores do Espiritismo de São Paulo. Mantém o blog: http://www.franzolim.blogspot.com.br/

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