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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O espírita que acha que não vale nada



Allan Kardec deixou bem claro que toda polêmica em torno dos assuntos que dizem respeito ao espiritismo e a sua prática, será bem vinda e chegou a afirmar que dela ele não foge nunca. Esclareceu, também, que devemos evitar a polêmica caracterizada como inútil e vazia, ou seja, aquela que não tem fundamento nenhum, que não leva a coisa alguma e que não acrescenta nada.
Lamentavelmente muitos espíritas, por desconhecerem o Codificador enquanto espírita, porque estreitaram as suas mentes em apenas verem o seu nome como “autor” dos livros das obras básicas, abrindo o Evangelho apenas em ritual religioso, lendo o “Livro dos Espíritos” apenas por ler e decorar algumas questões, porque ouviu dizer que ele é o básico da obra básica, chegam ao absurdo de considerar a polêmica, de um modo geral, como alguma coisa inútil e até proibitiva em nosso meio, chegando ao ponto de restringir determinados expositores e escritores sob a ridícula argumentação de que são “polêmicos”, sem se darem ao trabalho de consultar as suas inteligências(se é que tem) para verificar caso a caso e discernir sobre qual assunto está sendo levado em questão.
É uma pena que essa acefalia esteja instalada em grande parte do nosso meio espírita, que insiste em colocar freios no avanço do Espiritismo, contrariando totalmente ao desejo de Allan Kardec.
Mas vamos ao assunto de hoje, que para algumas mentes de minhoca nada mais representa do que “polêmica”.
E aqui vai a pergunta base de hoje:
Por que espírita sempre acha que ele não vale nada, não tem qualificação nenhuma, não tem competência e nem mérito nenhum?
Vocês já perceberam isto?

“Eu estou melhor do que mereço, meu irmão”, é uma das frases mais idiotas pronunciadas por muitos espíritas de tudo quanto é canto.
Quando alguém diz que está melhor do que merece, implicitamente quer dizer que anda cometendo muitos erros, muitos deslizes e talvez até muitos crimes e, consequentemente, protestando contra Deus que está permitindo que ele esteja em um padrão de vida o qual não é merecedor. Isto quer dizer que Deus é injusto e não a Perfeição e Justiça Infalível. 

Eu, particularmente, adoro citar as coisas boas que as pessoas fazem, adoro enaltecer, elogiar e aplaudir as realizações do meu semelhante e não meço esforços em me levantar para aplaudir de pé alguém que realiza qualquer trabalho notável. Não sofro do ridículo e vergonhoso comportamento sugerido pelo movimento espírita... não pelo Espiritismo... de que devemos ser frios e indiferentes em relação aos méritos dos outros, a ponto de não reconhecermos as tarefas no bem, evitando elogiar e aplaudir. Já disse isto várias vezes em meus escritos.
É uma das recomendações mais vergonhosas que, por incrível que pareça, ainda está em vigor em nosso movimento.
Por causa disto é natural que, quando estou em algum evento ou programa de televisão e vou apresentar algum espírita para o público, obviamente por eu não ser uma pessoa fria, costumo citar quem realmente a pessoa é, as coisas boas que ela faz, as suas realizações, o seu histórico digno e honrado de vida e tudo de bom que ela tem.
Em muitas vezes, na grande maioria das vezes a pessoa em questão pega o microfone e diz para o público:
- “Relevem tudo isto que o Alamar falou, eu não sou nada disto, o Alamar é muito exagerado, é bondade dele...”
Sinceramente, tem hora que me dá vontade de tomar o microfone e dizer para o público:
- “Olha gente, vocês me desculpem, mas eu errei. Esse cara aqui é um salafrário, um incompetente, não tem capacidade para nada, não produz porcaria nenhuma e é comprometido do ponto de vista moral”.
Sinceramente de novo: será que ele iria gostar disto?
É claro que não iria gosta. Então por que esse tipo de reação em nosso meio?
Será que não existe nem um bom advogado espírita, bom médico espírita, bom engenheiro espírita e bom profissional espírita em coisa nenhuma, porque todos se acham porcarias?
Será que todo espírita necessariamente foi bandido e praticante de crimes terríveis, nas encarnações passadas?
Vamos raciocinar um pouquinho:
Faz de conta que todos nós, espíritas, que estamos aqui encarnados hoje, tivemos a nossa mais recente encarnação no século 19, entre 1800 e 1899. Atenção, precipitados: Eu estou falando em “faz de conta”, apenas.
Será que todas as pessoas que viveram naquele período eram desonestas, pilantras, picaretas, salafrárias e bandidas?
Será que não houve ninguém digno, que não fosse bandido, entre 1800 e 1899?
Sabemos muito bem que as pessoas que viveram naquele tempo eram cidadãos absolutamente como os de hoje, com diferença apenas no avanço tecnológico e científico. Não tinham fogão a gás, geladeira, internet, forno micro-ondas, rádio, televisão, avião, carro e essas coisas que a gente tem hoje. Não iam a supermercados, como a gente vai hoje e passa o nosso cartão de crédito ou de débito, mas iam, sim, aos mercados, inclusive grandes mercados que vendiam variedades, e pagavam com a moeda da época, levavam os gêneros para casa normalmente.
Alguns parentes brigavam, como brigam nos dias de hoje, outros se amavam e eram carinhosos, como muitos são nos dias de hoje... etc.
Por que então, esse entendimento maluco de achar que sempre éramos bandidos e delinqüentes quando vivemos naquele tempo? 
Você já viu em algum momento da literatura espírita Allan Kardec dizer que ele não valia nada, que ele era um professor medíocre, um semi-analfabeto, um verme e uma porcaria?
Teve uma criatura que, certa vez, avançou pra cima de mim e tomou o microfone da minha mão, quando eu fazia a sua apresentação, dizendo energicamente:
- “Alamar, pare com isto!”
Eu estava simplesmente citando os feitos que ela realizava, por sinal uma mulher notável, trabalhadora gigante numa obra extraordinária, criada por ela mesma, mas, coitada, apesar de militante por mais de quarenta anos no espiritismo, estava também contaminada por isto que eu chamo de frescura espírita.
- “Olha gente, eu sou um modesto trabalhador aqui da casa”.
- “Meu irmão, não repare, o nosso centro é simples, é pobre”.
Espírita adora dizer que o seu centro é pobre. É uma mania de pobreza desgraçada, que dá vontade até de ir à padaria da esquina comprar alguns pães com manteiga e distribuir para os diretores da casa que, certamente, devem viver morrendo de fome de tanta pobreza.
O engraçado é que, em alguns casos, o dirigente quando sai do centro, o qual faz questão de dizer que é simples e pobrezinho, vai ao estacionamento e pega o seu carrão pra voltar pra casa, que não tem essas pobrezas todas.
- “Que nada, meu irmão, eu apenas vivo fazendo um esforço enorme para tentar ser espírita”. O infeliz está a mais de vinte anos no centro espírita e ainda não se acha espírita. Está fazendo esforço.
- “Vocês deveriam parar com essa divulgação de títulos de brasileiro do século, para Chico Xavier. Ele não iria gostar de nada disto”.
Na cabeça de muitos espíritas o Chico era um masoquista e mal humorado.
Já recebi sugestões, diversas, de alguns espíritas recomendando-me para não apresentar ninguém como doutor no meu programa de televisão.
Ora, por que não? Eu sei muito bem que o título de doutor, pelo certo, só deveria caber a quem de fato fez doutorado no seu campo profissional, todavia todos sabemos que a cultura popular instituiu, há muito tempo, chamar todo aquele que conclui um curso universitário de doutor. Todo médico é doutor, para as pessoas, todo advogado é doutor, então se é assim no trato da sociedade por que não pode no meio espírita?
Só para não reconhecer o mérito da pessoa, porque a ordem é diminui-la ao máximo, em nome da humildade?
- Olha, Alamar, esta aqui é a dona Izaura, nossa diretora doutrinária.
- Que nada, meu irmão, eu não sou diretora de nada, sou uma modesta trabalhadora desta casa, tentando aprender um pouco mais.
É muita frescura, gente, que se vê por aí por esse nosso abençoado meio espírita.
O que custa a pessoa agradecer, quando é elogiada e reconhecida nos seus méritos?
Por que sempre essa palhaçada que nada tem a ver com o Espiritismo, que é uma doutrina de verdade e de autenticidade?
Imagine como deve ficar um frequentador do centro que ainda está no ensino fundamental ou até que não pode dar continuidade aos estudos, quando vai escutar uma palestra e vê o palestrante, que ele sabe que é médico, possuidor de curso superior e reconhecido na cidade dizer que é um verme, que não sabe nada e que anda com muitas dificuldades para ter algum conhecimento.
- “Uai, se o doutor Alberto não significa nada, eu devo ser, então, o verme do cocô do cachorro lá de casa”
E muita sai mesmo do centro espírita se achando uma porcaria, quando volta para casa.
Outro dia eu mandei um e-mail para os amigos, sobretudo os que são empresários nas diversas áreas, sugerindo o nome do ilustre Alkíndar de Oliveira, para mim um dos maiores e lúcidos expositores espíritas do Brasil, daqui de São Paulo, mas que também é genial, profissionalmente, nos cursos que ministra para grandes empresas, inclusive mega indústrias conhecidas em nível nacional por todo mundo, quando eu recomendava que o contratassem, porque conheço o depoimento das empresas que foram beneficiadas pelos seus serviços.
Algumas pessoas me mandaram e-mails protestando veementemente, pelo fato de ter feito propaganda de um companheiro, no campo comercial. Outras me agradeceram pela dica, que valeu muito.

O espírita precisa aprender a agradecer.

O que custa o espírita dizer muito obrigado, quando alguém lhe tece um elogio e reconhecimento por algo que ele realmente é?
Por que tem que ficar com essa palhaçada de dizer que não vale nada e que tudo é exagero de quem elogia?
É claro que se alguém vir a dizer que eu fui o MELHOR professor de Matemática do Pará eu, conscientemente, vou dizer: alto lá! Aí você está exagerando!!!
Neste caso não é humildade teatralizada, é coerência com a verdade verdadeira.
Que eu fui um bom professor, isto tenho consciência que fui, podendo dizer até que fui excelente, respaldado pelos extraordinários índices de aprovação que eu conseguia dos meus alunos no tempo em que os preparava em meu cursinho para as escolas militares. Mas daí a alguém vir falar em MELHOR, há uma diferença muito grande. O melhor professor de Matemática e Física do Pará era o meu amigo Hélio Dourado.
É questão apenas de consciência e de bom senso.

O contrário da coisa.

É da coisa mesmo.
Se eu vou fazer uma palestra ou proferir um seminário num evento espírita, como muito acontece, e o organizador pede o meu currículo para apresentar-me para o público, e eu digo:
Coloque aí que eu sou um grande professor de matemática e física, um grande piloto, omaior apresentador de televisão espírita, etc... aí eu estaria envolvido por um elevado espírito de babaquice e desequilíbrio.
O pior é que existem muitos que adoram aproveitar esses momentos para se auto valorizarem. 
Cito, novamente, os discursos que foram feitos por três amigos, no cemitério, diante do caixão onde estava o corpo de Allan Kardec para ser sepultado. Todos elogiosos e citando-o como um grande homem, um grande professor, um grande mestre, inclusive o Flamarion chamando-o de “o bom senso encarnado”.
Não demorou, o próprio Allan Kardec veio, numa mediúnica, e AGRADECEU aos amigos pelos elogios e reconhecimentos àquilo que ele foi.
Em momento algum ele disse que não era merecedor daquelas palavras, que os amigos haviam exagerado, que era bondade do Flamarion chamá-lo de bom senso encarnado, que ele era um simples professorzinho que ainda fazia muito esforço para aprender a dar uma aula e toda essa palhaçada que hoje os espíritas adoram fazer.
Gente, o Espiritismo bem praticado, com firmeza e autenticidade é bonito demais e atrai as pessoas inteligentes. Não precisamos desses adereços malucos que não melhoram em nada e, muito pelo contrário, só expõe a nossa doutrina ao ridículo. 
Abração a todos.


                           Alamar Régis Carvalho
          Analista de Sistemas, Escritor e ANTARES Dinastia

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