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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Espiritismo Atual


Carlos de Brito Imbassahy
cbimbassahy@terra.com.br
   
  Tradicionalmente, diz-se que o Espiritismo possui um tríplice aspecto, filosófico, científico, religioso, em decorrência de suas raízes nestas respectivas áreas.
  Modernamente, o conhecimento humano evolveu classificatoriamente para dois conceitos: O científico e o religioso, a partir da origem das palavras latinas correspondentes. Senão, vejamos:
  No velho Lácio, segundo os grandes escritores como Virgílio, Cícero, Plauto e outros, o termo sciens, entia - ciência - definia o conhecimento humano e, como tal, a palavra "filosofia" de origem grega - philos + ophia = amantes do saber -, acabava encerrando o mesmo conceito, daí, para estes novos classificadores, teremos, além das ciências exatas, ciências sociológicas, ciências biológicas, etc., as ciências filosóficas.
  Em contrapartida, o termo religio, onis também de origem latina, definia o estudo da vida e das obras dos deuses - eles eram politeístas - bem como seu culto, ritual e que mais, correlato com estes mesmos deuses.
  Ora, portanto, a Religião se contrapõe à Ciência porque, enquanto esta se preocupa com o saber puramente humano, aquele cuida das coisas divinas.
  No Espiritismo vamos encontrar sua parte religiosa no cap. I do LE e no cap. III da Gênese, definindo a doutrina pela linha monoteísta seguida pela Igreja, em contraposição com os gnósticos, contemporâneos de Jesus e seus verdadeiros seguidores, que eram dualistas, ou seja, admitiam duas divindades, a do bem, que enviara Jesus à Terra para encaminhar seus fiéis seguidores, e a do mal, representada pela vida material.
  Não se pode garantir qual seria o verdadeiro pensamento de Kardec, apenas, cabe analisar sua obra e nela, a impressão que se tem é que o mestre não pretendia escandalizar a sociedade negando abruptamente seus valores impostos pela religião. Basta ver o que ele diz no item 10 do cap. IV - Gênese - em sua versão francesa, condenado o entrave da religião ao progresso da ciência. Ele não quis, deveras, impor uma posição irreconciliável que afastasse o religioso do seu estudo, daí, provavelmente, contemporizar certas posições, limitando-se, apenas, a dizer que os dogmas que não se firmarem pela pesquisa acabarão por ruir.
  Ora, pois, o que se tem em vista é que ele pretendesse admitir que, com o advento das novas descobertas científicas, o Espiritismo as acompanharia para se reformular nos termos mais sensatos e atualizados com a verdade conhecida, ou seja, a codificação avançaria com o progresso e jamais poderia pensar que ela desse um passo atrás, no retrocesso das coisas, isto é, que voltasse a ser um religiosismo fanático de crentes que aceitassem uma imposição religiosa em detrimento do progresso. Que voltasse aos tempos da imposição da Igreja onde os textos por ela emitidos eram sagrados e não se admitia contestação.
  Enfim, que o Espiritismo desse um passo atrás e viesse a ser mais uma seita evangélica, tão combatida por ele em suas sutis observações feita no próprio livro dedicado ao Novo Testamento.
  Enquanto a Ciência, com suas novas descobertas, caminha para dar razão a Kardec, estando a um passo de descobrir o novo domínio das formas que modula o nosso universos material dando-lhe origem a tudo, inclusive à vida, militantes espíritas atuais, justamente, opondo-se a este avanço, querem impor uma nova instituição doutrinária nos moldes eclesiásticos passados, deixando de lado o progresso e os novos conhecimentos, para defender a fé salvadora.
  E os que insistem em dar prosseguimento aos estudos do codificador, estes passam a ser considerados hereges, negadores do Deus bíblico, evidentemente, incompatível com o que já sebe a respeito da formação cósmica dos mundos e de tudo mais mergulhado nesse espaço sideral que nos envolve.
Fonte: AERA do Espírito

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