a partir de maio 2011

domingo, 16 de setembro de 2012

Terra: uma casa em reforma

 •  Postado por Pedro Valiati

Emmanuel, no livro Encontro Marcado (psicografia de Chico Xavier), capítulo intitulado “Idiotia”, revela-nos a bondade divina atuando no mapa programatório daqueles que foram os déspotas da humanidade. Aponta as consequências malditas dos tiranos, os carrascos da humanidade, aqueles que preferiram utilizar o poder, a eles investido, em atitudes de apego e satisfação do próprio ego, ao invés de cumprir o mandato de ascensão popular. Por muito sofrerem, após o desligamento carnal e por solicitação própria, detêm-se em estágios de limitações mentais, principalmente nas idiotias, para atender ao tríplice propósito de não acumular mais débitos a curto prazo – como uma medida a não dilatar-lhes a respectiva culpa pelos atos extremos, trabalhar a humildade e, principalmente, suportar a carga obsessiva, os petardos mentais dos milhares de prejudicados, através da proteção da roupagem carnal.
Tal “receita” parece ser bastante apropriada, exemplos não nos faltam. Podemos citar aquele que, na minha opinião, foi a figura bíblica mais negativa de todas, considerando o Novo Testamento apenas: Herodes. Muitos falam de Judas, pela dita traição, porém, segundo informações do livro Palavras do Infinito, psicografia de Chico Xavier pelo Espírito Irmão X (Cap V), Judas, cerca de dezenove séculos após a crucificação, revela ter entregado o Cristo com a intenção de causar uma revolta popular, alçando-o ao poder pela ação do povo. Não entendeu a nobreza moral do Mestre. Outros falam de Pilatos, porém este foi apenas populista e egoísta, chegou ainda a fazer algum esforço para salvar o Cristo, descrito em Lucas 23:22. No entanto, cedeu, por pura conveniência, à rogativa da acalorada turba de invejosos e hipócritas a pedir a crucificação do Mestre.
Herodes, O Grande, rei da Judeia, era diferente. Dispunha dentro de sua personalidade torpe e mente doente as características mais perigosas que um líder público pode ter: vaidade e apego ao poder a qualquer custo. Este, por desejar bajular os Judeus, e ficar marcado pelos tempos, em fenômeno populista, decidiu reconstruir o Templo de Jerusalém, construído ainda na época do rei Salomão. Após levantar o templo, ainda mais suntuoso em comparação com o primeiro, entregou-o aos comerciantes, transformando a casa de Deus em um covil de ladrões – Lucas 19:46.
Entretanto, quando cruza-se a tênue linha entre o poder exercido nobremente, dentro das diretrizes de consciência sadia, e o poder pela vaidade e o apego, o escrúpulo dilata-se. Então, Herodes, embriagado de si, tomou a atitude covarde em mãos ao saber, através das profecias, que estava para nascer na Judeia aquele que seria chamado de Rei dos Reis, e cuja mensagem seria conhecida em todos os lugares através dos tempos. Herodes, O Grande, não poderia permitir tal façanha, não poderia conceber alguém maior que si, quando assinou, através do assassinato coletivo de grávidas e crianças, a sentença expiatória que perduraria por mais de 15 séculos, até a rediviva, a reencarnação na figura de São Vicente de Paula, cobrindo de amor a multidão de pecados – I Pedro 4:8 – Informação constante no livro Mães, Chico Xavier, em mensagem de Humberto de Campos.
A relação entre a lei de causa e efeito e o abuso de poder nos revela as fases da recuperação de débitos diante da misericórdia divina. Muitos acreditam que o arrependimento é o suficiente, quando na verdade este é a fase inicial do mapa expiatório. Arrepender-se é necessário, pois sem este, todo e qualquer processo reeducativo torna-se inerte, sem sentido. Como reeducar sentimentos não considerados errados, e dos quais não queremos nos desfazer? O arrependimento é a primeira fase, é reconhecer que algo está errado e necessita ser alterado. É quando inicia-se o processo de conhecimento de si e reeducação do sentimento, muito divulgado entre nós como reforma íntima. Trocam-se vícios, no caso de Herodes, vaidade e pouca valorização da vida, por virtudes. Preparando o espírito, desta vez transformado e preparado para as lides porvindouras, imbuído de virtudes, para a terceira e última fase do processo expiatório: o ressarcimento, a devolução, através do amor, dos atos perpetrados contra o próximo.
Importante destacar a grande obra divina em, através da transformação moral, quitar o mal com o bem, nunca através do sofrimento, pois a ação da dupla, maldade e sofrimento, apenas dilatariam a carga negativa do orbe. A ação da espiritualidade é mais nobre, é trazer à tona todo espírito renitente no mal – renitência esta causadora da dor –, as sementes da virtude, para gabaritar-lhe a retomada do caminho evolutivo, através do amor. A dor fará parte dos currículos espirituais quando a disposição no mal for característica, a indolência em movimentar o espírito nos manter moralmente inertes e/ou quando a revolta cristalizar-se nas paragens mentais.
Assim, tal como Herodes, nós nos reajustaremos perante a obra do Pai, nos credenciaremos, através dos esforços íntimos, às lides renovadoras, inicialmente por conta do fenômeno expiatório e, posteriormente, pela ação probatória, a angariar novos valores morais, sob a égide do amor.
Buscando outros exemplos, temos a figura do Führer Alemão da Segunda Guerra Mundial. Seria até injusto acreditar que a obra de Hitler tenha sido plano de um homem só. O fanatismo de Hitler encontrou respaldo não apenas na respectiva equipe, porém, igualmente, ressoou na tendência bélica de um povo. Um verdadeiro plano, arquitetado na espiritualidade e executado no lado material, como nos relata Hermínio de Miranda no texto “O Médium do Anticristo”, veiculado na revista O Reformador. O referido texto nos traz detalhes espirituais e a sutil ação da espiritualidade amiga, a atingir o estratagema das tropas alemãs.
Hitler e sua equipe terão a oportunidade de ressarcir os atos irresponsáveis perante a humanidade através de longo caminho expiatório, caminho este no qual a marcha evolutiva do orbe não pode aguardar. O líder alemão da Segunda Guerra terá, conforme desejava, a oportunidade de agir em prol da purificação das raças, porém, não pelo arianismo, como imaginara, mas através da promoção da evolução intelectual e moral de povos recém-saídos do primitivismo, em fenômeno de transmigração planetária similar ao sofrido pela Terra, quando tornou-se a nova casa dos habitantes de Capela, livro Exilados de Capela (Edgard Armond).
No ano passado nos deparamos com os acontecimentos no Oriente Médio, a Primavera Árabe, onde uma onda popular derrubou regimes decênios, tidos como “inderrubáveis”. Quem diria, há cinco anos, que os ditadores do mundo cairiam um a um, através das manifestações populares. Ainda restam alguns, é bem verdade, porém os acontecimentos recentes nos mostram que neste mundo não há mais espaço para tal regime político. Quem diria, há cinco anos, que acompanharíamos o declínio financeiro europeu, especialmente na zona do euro. Especialistas apontam que o valor gasto em atividades bélicas na Europa nos últimos 70 anos cobririam em muito a necessidade atual. A vida, cedo ou tarde, nos cobrará as escolhas, mesmo as coletivas. 
Como nos diz Emmanuel, a Terra é uma casa em reforma. Interessante, porém, que tais mudanças e avanços, principalmente nas áreas da tecnologia, saúde, educação e comunicação não tenham traduzido-se em paz social e íntima. Interessante analisar que as novas técnicas não tenham alterado as estruturas do coletivo. A drogatização avança e assassina consciências, apesar da ampla divulgação de informações. A depressão consome almas, apesar das novas técnicas da psicanálise e dos psicotrópicos de última geração. O número de divórcios aumenta, de acordo com o último censo, deixando um exército de filhos em famílias capengas, e banalizando os relacionamentos ditos estáveis.
A transição planetária é um fenômeno coletivo, porém não poderemos cobrar o todo sem efetivar as mudanças individuais. Não estaremos coletivamente preparados enquanto o individual patinar nas respectivas lutas morais. Não poderemos cobrar o mundo de regeneração enquanto o mesmo não habitar os nossos espíritos.

http://www.oclarim.org/

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