O espírito
sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai;
assim é todo aquele que foi gerado do Espírito. (Jesus - João 3:8)*
No diálogo com Nicodemos, o Doutor da Lei, Jesus diz
que o Espírito sopra onde quer.
O fato de querer nos remete a idéia de consciência a
respeito do que se quer, e por isso mesmo quem quer algo ou alguma coisa tem
motivos, necessidades, objetivos.
Depreende-se do texto que a imortalidade é
apresentada, com a existência do espírito antes e depois da formação e
decomposição do corpo físico, e que o espírito tem consciência daquilo que está
querendo. Por extensão, se o espírito quer soprar a vida em determinado lugar,
tem consciência de quem serão seus pais, se há irmãos o aguardando, a posição
moral de todos, condição social, educacional, material e financeira, a religião
praticada pela família, etc.
Com isso podemos dizer que o espírito sabe onde vai
reencarnar, e quais as condições externas gerais que o aguardam, e como há
reencarnações em todos os tipos de famílias e condições, das mais favoráveis às
mais críticas, podemos ainda deduzir que quanto às dificuldades, os espíritos
as escolhem em função de suas necessidades e objetivos.
Esta interpretação nos remete a questão 258 e
seguintes de O Livro dos Espíritos, onde o Codificador interpela a
Espiritualidade Superior sobre o conhecimento, por parte do espírito, do tipo
de vida que terá em sua próxima reencarnção, e a resposta é afirmativa, e que o
próprio espírito planeja sua futura existência, baseado na sua condição atual,
e quanto e o que lhe falta para se aproximar da perfeição. Planeja então suas
provas e expiações, visando seu progresso.
Naturalmente, pode-se entender, que o espírito não
pode simplesmente determinar sua vida futura, sem consultar os envolvidos,
porque estes também têm seus planejamentos, seus direitos e livrearbítrio. Isto
significa que temos que “negociar” nossa presença em programas alheios, a
começar pelos pais, mas principalmente pela mãe, quando não, pedir , ou até
mesmo implorar pelo aceite de nossa participação em suas vidas, o que nos leva
a necessidade de sermos gratos àqueles que caminham conosco em nossas vidas,
principalmente os que nos causam problemas e repulsões, porque estes representam
a Misericórdia Divina nos concedendo a oportunidade de nos reconciliarmos
“enquanto estamos a caminho”.
Portanto, as provas e expiações que se apresentam em
nossas vidas foram escolhidas por nós mesmos, em função de nossas necessidades
espirituais, visando uma condição melhor para nossos espíritos no futuro, e
foram concedidas por Deus a fim de que possamos nos aproximar da perfeição.
Não podemos reclamar de nada e de ninguém, senão de
nós mesmos, entendendo que só há uma saída para as dificuldades que nos
envolvem: adaptarmo-nos à Lei de Amor, que nos remete a necessidade de
espalharmos o Bem em todas as oportunidades de nossas vidas, para todas as
pessoas, e à Lei de Progresso, que nos dá ensejo de crescermos primordialmente
como espíritos e não necessariamente como ser social.
Temos teimado, até agora, em reclamar e acusar,
desculpando-nos baseados em comportamentos alheios, fugindo de nossos próprios
compromissos espirituais, mas o Consolador nos dá, de maneira clara e lógica, a
explicação necessária para que nos assentemos no compromisso que assumimos
antes de encarnarmos, e a consciência de que somos os construtores de nossa
própria felicidade ou desgraça, que é ratificada por Jesus no ensinamento “a
cada segundo suas obras”.
Pensemos nisso, e tomemos a decisão de vivermos a vida
como ela se nos apresenta, buscando soluções inteligentes, fundamentadas no
Evangelho, e seremos mais felizes desde já, porque agindo no bem alivia-se a
consciência, e esta, por sua vez, nos proporcionará a felicidade possível nesta
terra de expiação e provas.
*Novo Testamento – Tradução de Haroldo Dutra Dias
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