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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mediunidade e Evangelho - Jesus é o Senhor


 Mediunidade e Evangelho - Jesus é o Senhor (1 Coríntios, 12: 3)
Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.
A preocupação de Paulo para com os seus amigos de Corinto era porque estes, por serem acostumados ao culto pagão, culto que definia sua autenticidade pela existência de fenômenos violentos e desordenados, eram facilmente iludidos por espíritos ligados às trevas e que queriam desarmonizar o movimento nascente através das contradições e ilusões comuns aos menos afeitos às manifestações mediúnicas.
Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! Falando deste modo, Paulo corrige um modo de se expressar constante da Torah – Pentateuco Mosaico – e dos Livros dos Profetas, em que Deus fala diretamente às criaturas. Não é possível Deus se expressar por palavras diretamente aos homens, pois Deus é a Inteligência Suprema1, e não um Ser inteligente, os Espíritos é que são os seres inteligentes da criação.2
Assim, são os Espíritos que se manifestam e comunicam-se com os homens, e como nos mostra Kardec e os autores espíritas em geral, podem estes serem ligados ao bem ou não. É importante notar, que essa preocupação é bem anterior ao surgimento do espiritismo, pois além de Paulo, João também em sua 1ª epístola afirmou:
Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.3
A palavra anátema, que corresponde ao hebraico herem, em se tratando de Novo Testamento tem por significado amaldiçoado.4
Jesus é o Espírito mais evoluído que já passou por nosso orbe, Nele há a perfeição no mais alto grau que seres em nosso estágio evolutivo têm possibilidade de alcançar. Como pode esse Ser que de tão especial foi confundido com o próprio Deus, ser amaldiçoado? Portanto, se algum Espírito diz isso Dele, este não pode ser um Espírito que fala em nome do Criador. Essa é a conclusão baseada na fé operante a que chegou o discípulo de Gamaliel.
Nos dias de hoje, em nossas reuniões espíritas temos de ter o mesmo cuidado. Nenhum Espírito que se preze, mesmo entre os contrários à implantação do Reino no coração das criaturas, diz: Jesus é anátema, todavia por meio de maiores sutilezas, tentam expressar a mesma ideia. Assim, devemos ter toda cautela com a divulgação de mensagens vindas do plano espiritual, se estas em algum ponto, por menor que seja, contrariarem a iluminada proposta reeducativa do Sermão do Monte, devem ser por nós rechaçadas, mesmo se com belas palavras, ou se fazendo passar por conteúdo de grande beleza espiritual. A indicativa de que boa é a procedência da mensagem não é pelo número de palavras de difícil entendimento que possuem, muito antes pelo contrário.
Os Espíritos superiores se exprimem com simplicidade, sem prolixidade. Têm o estilo conciso, sem exclusão da poesia das ideias e das expressões, claro, inteligível a todos, sem demandar esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque cada palavra é empregada com exatidão.5
E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. "Espírito Santo" é o Espírito que se santificou através da Lei de Evolução. Podemos aqui, neste caso, entender também como sendo nossa consciência profunda ou a manifestação de nosso superconsciente.
Ter Jesus como Senhor não é simplesmente andar com ele na boca, repetindo Suas palavras, ou estampado em nossas camisetas. É responsabilidade que vai muito além.
Ao nosso senhor obedecemos, por ele tudo fazemos servindo-o com lealdade; ele é para nós o que há de mais importante, de ordinário ele é que nos dirige.
Será que podemos, analisando nosso comportamento, dizer que Jesus tem essa representatividade, conforme o exposto acima, em nossa vida? Ou seja, será que O temos como Senhor, acima de outros senhores tão dominantes, como o dinheiro, o poder, ou os vícios e hábitos negativos que possuímos?
Deste modo, só o Espírito que se fez santo pode com veracidade dizer ser Jesus o Seu Senhor, essa é sem dúvida a nossa meta, situa-se ainda, como dissemos, em nosso superconsciente. Portanto, tenhamos cautela com aqueles que dizem em demasia: “Senhor Jesus, Jesus meu Senhor….” É preciso ter autoridade para assim se manifestar. Nunca é demais relembrar o evangelista quando diz:
Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.6

Cláudio Fajardo
1 O Livro dos Espíritos, questão nº 1
2 Idem, questão nº 76
3 1 João, 4: 1
4 No antigo Testamento significa prática religiosa antiga, pela qual pessoas ou coisas exigidas por Deus ou dedicadas a ele eram destruídas. Conforme Josué, 6: 18 e 21.
5 O Livro dos Médiuns, item 267/9°
6 1 João, 4: 1



Claudio Fajardo de Castro (Juiz de Fora/MG)
Cláudio Fajardo é bancário, escritor desde 1997, dedica-se ao estudo do Novo Testamento à luz da Doutrina. Coordenou curso de Espiritismo no Centro Espírita Amor e Caridade em Goiânia – GO, denominado de Curso de Espiritismo e Evangelho. A partir daí surgiram seus livros: O Sermão do Monte, Jesus Terapeuta I e II, O Sermão Profético e O Sermão do Cenáculo, todos publicados pela Editora Itapuã.

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