a partir de maio 2011

domingo, 24 de junho de 2012

Jesus e a felicidade



1.       O CRISTO CRUCIFICADO

Queridos presentes,
Que Jesus nos abençoe!
Começaremos hoje falando da nossa cultura, cujo representante maior, o Cristo, costuma ser figurado de uma maneira sugestiva: crucificado. A imagem, embora faça referência ao supremo gesto de amor de Jesus, capaz de doar a própria vida pela missão evangélica, sugere muito mais uma profunda tristeza. É a figura do Redentor sisudo, de olhar melancólico e expressão austera, que frequentemente encontramos.
A lamentável verdade é que na cultura cristã, a noção da virtude está profundamente relacionada à tristeza.
O riso, a alegria, a abundância são execrados como sinais de frivolidade.

2.       A BOA NOVA
Parece que esquecemos que Evangelho significa Boa Nova, ou seja, Boa Notícia. Foi para o que Jesus veio ao mundo, para anunciar novidades agradáveis. Como boas notícias poderiam causar tristeza?
 O Deus Pai foi uma das alegrias anunciadas por Jesus. Até então Deus era Juiz, um Grande Julgador. Mas Jesus nos apresentou o Deus Misericordioso que sem deixar de ser Justo, oferece infinitas oportunidades aos seus filhos, como fazem os pais da Terra. Tanto que diz o Cristo:
“Qual o pai que o filho lhe pede pão e lhe oferece uma pedra, pede peixe e lhe oferece uma espada? Se vós que sois maus sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, o que mais não fará vosso Pai que está no Céu, ó homens de pouca fé?”
Eis uma excelente novidade! Deus é Pai. E melhor, como Pai, nos faz herdeiros do seu Reino!
Em todas as passagens que Jesus fala do Reino de Deus, é comparando-o com uma festa, um banquete, com sementes etc., símbolos da alegria e da fartura. Pois é isto que a mensagem de Jesus anuncia: alegria, fartura, felicidade!
Realmente, nenhuma boa notícia pode gerar infelicidade...

3.       PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO
Há entre os ensinamentos de Jesus uma parábola bastante representativa do significado da Boa Nova: a Parábola do Filho Pródigo.
Trata-se da história de um homem que tinha dois filhos e um destes pediu adiantada sua parte na herança que lhe caberia futuramente. O pai concedeu e este filho, o pródigo, saiu de casa para viajar por lugares distantes e desconhecidos, esbanjando a fortuna recebida. O outro filho, o prudente ou fiel, ficou em casa, com o pai.
Passou-se o tempo e, gastando sem trabalhar, o filho pródigo viu acabar toda sua riqueza. Com ela, desapareceram os amigos. Sozinho e necessitado, decidiu buscar trabalho para sustentar-se. Mas era uma época de seca e o trabalho estava difícil. Tudo o que conseguiu foi cuidar de porcos na fazenda de um senhor muito avaro. Ali, tinha que comer do resto do alimento dos porcos. Por isso, humilhado e sem recursos, o rapaz resolveu voltar para casa do pai, a fim de lhe pedir emprego. Pois o pai era um bom patrão e nenhum de seus vassalos vivia em condições piores que as que amargava agora.
Voltando para casa, para sua surpresa, foi recebido com um forte abraço pelo pai, que mandou preparar uma festa em sua homenagem. O filho fiel, sabendo disso, chateou-se e foi ter com o pai, reclamando de nunca ter recebido uma festa, embora mantendo-se sempre ali, trabalhando. O pai, surpreso com sua reação, disse: “Mas filho, tudo o que é meu é teu! Porém este outro estava perdido e foi encontrado, estava morto e reviveu!”

4.       SOBRE A FELICIDADE

4.1) Não consiste em ter, mas ser: Na parábola mencionada, ambos os filhos, o pródigo no início e o fiel em toda a história, possuem bens na casa do pai, mas sentem-se infelizes, incompletos. Através da perda e da dor o pródigo se transforma e, retornando ao pai, assume outra postura. Ele, agora, é feliz, consciente de sua felicidade.

4.2) Está no aqui-e-agora: O filho pródigo foi procurar a felicidade fora, nas coisas exteriores. Depois descobre que ela sempre esteve na casa do pai, no aqui-e-agora. Quantos de nós não fazemos assim? Porém há os que ficam em casa, como o filho fiel. Contudo este filho não ficou por sentir-se completo, pois tem necessidade de uma festa, não compreende que estar com o seu pai já é uma festa. Não está no aqui-e-agora. Não saiu de casa, talvez por medo, por apego, mas com certeza não ficou por consciência de que ali era o melhor lugar. Há passagens em que Jesus faz referência ao presente como o “lugar” da felicidade:
“Porque onde estiver o teu tesouro aí também estará teu coração".
“Olhai como crescem os lírios do campo que não trabalham nem fiam, mas ainda assim, Salomão, em toda sua glória, jamais se vestiu como um deles.”
“Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois a cada dia já basta o seu mal.”
“Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos Céus.”
As crianças, os lírios do campo possuem em comum a autenticidade e a presença. São o que são, estão onde estão. A criança chora quando está triste e sorri quando está contente. Isto é congruência, harmonia. Depois que crescem é que as crianças aprendem a dizer não quando querem dizer sim, a dizer sim quando querem dizer não. E Jesus disse, a favor da congruência:
“Que seja o seu sim, sim e seu não, não.”

4.3) Felicidade é harmonia, é não resistência:
“Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se alguém vos bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo e tirar-lhe a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.” Mateus 5:39-42.
Esta passagem é uma sugestão de entrega, de aceitação. O filho pródigo chega a este ponto ao final da parábola, quando resolve entregar-se ao pai, para que este faça dele o que achar justo. Sujeita-se a tudo que vem do pai, não dos outros, reconhecendo neste primeiro o poder maior, a sabedoria, o amor e a justiça.
Assim também nós, quando a vida apresentar-nos um revés, devemos não resistir.
Felicidade não consiste em resistir ao sofrimento, mas justamente no contrário, em aceitá-lo. Não uma aceitação passiva, mas ativa, nascida da compreensão do sentido e da fugacidade da dor. Felicidade não é o oposto do sofrimento. A esse respeito falou um guru indiano:

“Felicidade não é o contrário de sofrimento; felicidade é uma qualidade que você pode trazer a qualquer coisa, seja o que for – até mesmo para o sofrimento.” Osho.

5.       FELICIDADE NA TERRA

A partir destas elucidações, podemos crer numa felicidade na Terra. Há uma passagem que diz, em O Evangelho Segundo o Espiritismo: “A felicidade não é deste mundo”. Verdade. Não pertence ao mundo material, mas ao espiritual. Nosso engano está em pensar que o mundo espiritual é algo inefável que nos aguarda após a morte. Mas, se nós somos espíritos, o mundo espiritual somos nós, mesmo estando encarnados. Como disse Jesus:
“O Reino de Deus está dentro de vós”.
A felicidade, o Reino, pertence ao mundo essencial, e não à aparência. Começa em nós, no nosso coração de espíritos imortais, e é constituída não de benefícios exteriores, mas de como vemos o mundo:

“Se teu olho estiver são, todo teu corpo ficará iluminado; mas se estiver doente, todo teu corpo ficará escuro.” Mateus, 6:26.

Fica, então, o convite para acolhermos a Boa Nova e sermos felizes. Não é fácil ser feliz, porque a pessoa feliz responsabiliza-se. Ela não se sente vítima, não fica culpando os outros. Ela tem o corpo iluminado e consegue ver luz nas trevas. Foi por isso que Jesus reuniu entre seus seguidores pessoas que eram tidas como de má vida. Ele simplesmente via dentro delas, seu olho são enxergava além das aparências e do preconceito.
Pessoas felizes não são felizes porque tudo dá certo, porque possuem o que querem... Elas simplesmente sabem aproveitar e sorrir do que a vida lhes oferece, olham além, como crianças!
Jesus, portanto, apesar de crucificado, foi um homem feliz. Ele encerrou com sucesso sua missão. Talvez na hora da cruz parecesse um fracassado, mas nós sabemos, hoje, que ele não o foi. Porque conseguimos ver além! Temos este dom... Não seria maravilhoso usá-lo em nós mesmos?
Enfim, este é o convite. Muita paz!

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